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segunda-feira, 19 de setembro de 2022

De vira-lata, virei um homem caranguejo tal qual a metáfora criada pelo escritor Josué de Castro Rennat Said.. FLAGRA DO FACEBOOK 12.09.22

FOTO FACE SEM OUTRO CRÉDITO https://bit.ly/3BA06rm Rennatsaid Said 8 h ·

 A primeira vez que vi o Recife e suas pontes no inicio da década de 80 foi através de um cartão postal e a cidade me encantou , me enfeitiçou como fez com tantos forasteiros . Mas uma cidade de cartão postal está longe da realidade, mesmo assim vim para cá de mala e cuia e pelas ruas e becos do centro da cidade fui aprendendo a me tornar pernambucano. 

 Nasci aos 20 anos na rua Bispo Cardoso Ayres,no incendiário bairro da Boa Vista, numa pensão cheia de ácaros e personagens que iam de loucos, músicos, caixeiros viajantes , fracassados e aspirantes a vadiagem e a bebedeira como eu. Era e fui com muito orgulho um vira-lata. A poesia do Recife começava nas suas bibliotecas de calçadas, sebistas autodidatas como Melquisedek , Brandão e outros nichos culturais como a famosa livro 7 de Tarcísio apresentavam a cidade para os de fora. 

 De vira-lata, virei um homem caranguejo tal qual a metáfora criada pelo escritor Josué de Castro e hoje depois de mais de trinta anos continuo fincado na lama desses aterros com a benção dos Santos e dos Orixás. É de Ledo Ivo o poema abaixo: Amar mulheres, várias, amar cidades, só uma --- Recife. E assim mesmo com as suas pontes e os seus rios que cantam E seus jardins leves como sonâmbulos E suas esquinas que desdobram os sonhos de Nassaus. 

A ligação desta cidade com as águas é outra coisa comovente, Valdemar de Oliveira dizia que no Recife o que não é água, foi água ou lembra a água. O colar de pedras que defende a cidade das ondas do atlântico possui cerca de 10 km de extensão e divide-se em dois blocos, o primeiro ao sul vai da praia do pina a Boa Viagem (4km), o segundo ao Norte vem do Pina em direção ao Marco Zero (6km) e mesmo na maré alta essa defesa natural é capaz de proteger a cidade contra as ressacas do mar bravio O historiador Pereira da Costa explica que Arrecifes ou Recifes são a extensa linha de pedras que emerge do oceano e contorna uma grande parte do litoral do Brasil, em maior ou menor distância e que se estende desde as proximidades da Bahia, ao sul, até o Cabo de São Roque no Rio Grande do Norte, ora submergidos , ora ao nível do mar ou pouco mais elevado, oferecendo algumas interrupções cujas aberturas formam barras e entradas para os portos de toda aquela extensão. 

Quando Charles Darvin visitou o Recife entre as poucas coisas simpáticas que disse dessa cidade destacou que o objeto mais curioso que observou foi o recife que formava o ancoradouro, assegurou que duvidava de que em todo o mundo houvesse outra estrutura natural que apresentasse aspecto tão artificial como o referido colar de pedras que protege a cidade. Com essa imensa dádiva da natureza como proteção ,nasce o Recife,inicialmente, como uma praia de pescadores e ancoradouro de Olinda. O poeta Carlos Pena filho dizia a respeito da fundação do Recife: “No ponto onde o mar se extingue e as areias se levantam, cavaram seus alicerces na surda sombra da terra e levantaram seus muros do frio sono das pedras.” 

Muito antes de ser uma verdadeira planície , o atual sitio urbano do Recife foi um delta de muitos rios que se ligavam através de múltiplos canais Literalmente, vivemos sobre as águas, como no milagre escrito na bíblia, No livro Roteiros do Recife de Tadeu Rocha escreve que esta cidade está situada à beira do Atlântico, de clima tropical onde os dias são geralmente mais longos do que as noites, onde o sol quase sempre brilha em um céu muito azul e onde sopra uma brisa do quadrante leste, carregada de odores marinhos. E onde tem rio tem ilhas e são tantas as ilhas em que vivemos e hoje se ligam por pontes que já nem damos conta, Ilha do Retiro, do Leite, do Maruim, de Joana Bezerra, do Pina, da Boa Vista, de Santo Amaro, de Santo Antônio.

 Uma cidade entrecortada de rios, de riachos e córregos. E foram eles que propiciaram a vida nesta cidade segundo o texto histórico abaixo: “ No principio, era o Mar, a baía. Onde está localizada a planície flúvio-marinha do Recife, estendia-se da ponta rochosa do Cabo de Santo Agostinho ao Sul, até o sopé das colinas de Olinda ao Norte. E foram as terras de aluvião trazidas pelas enxurradas dos deltas dos rios Beberibe, Capibaribe, Tejipió, Jaboatão e Pirapama, durante 5 milhões de anos que formaram os arrecifes de corais que detém a fúria do mar.” Assim, comecemos pelo maior , o mais caudaloso, pelo Cão sem plumas do poeta João Cabral de Melo Neto, o Rio das Capivaras, e iniciemos com essa frase abaixo que entre aspas mostram que não sei a quem pertence, mas provavelmente é de Carlos Pena Filho: “Capibaribe, meu rio, que vida levamos nós¿ Tu corres, eu rodopio.” Esse rio hoje tão poluído que já propiciou em outros tempos banhos medicinais e onde as madonas tomavam banhos nus envolve a cidade num grande abraço que se prolonga das colinas da Várzea aos arrecifes do porto, vindo de longe lá das terras do Agreste no planalto da Borborema.

 Mas além do Rio das Capivaras, Pernambuco ainda tem, o Beberibe, o Tejipió, o Jaboatão, o Pirapama e muitos outros menores, como o Parnamirim, o Jiquiá, o Jordão, o Pina e mais riachos e córregos, Para tanta água doce e salgada que se misturam também há as pontes que ligam as misérias e grandezas, as dores e alegrias das gentes de Pernambuco, e também são tantas , tantas, ora construídas pelos invasores holandeses que colocaram um boi para voar, ora pelos colonizadores e seus filhos políticos das famílias abastadas que até hoje se perpetuam no poder, eleições após eleições. 

As pontes que ligam vidas e ilhas, península e continente, vai contando aí , ponte velha, da Boa Vista, Giratória, Mauricio de Nassau, Buarque de Macedo, de Sta Isabel, Duarte Coelho, do Limoeiros , de Sto Amaro, do Retiro , da Agamenon Magalhães, da Madalena, do Derby, do Lassere, da Torre , da Caxangá, a motocolombó , tem mais, visse, sobre o canal do Derby ainda tem a do Paiçandu, das fronteiras, a ponte pequena do Derby, tem 3 do Parque Amorim, a do Espinheiro, a da João de Barros, a do Maduro a da Tacaruna , algumas chamadas de travessas e a mais genial de todas foi a ponte do Mangue Beat criada por Chico Science a qual juntou diversos gêneros musicais, unindo ritmos regionais, como o maracatu, o rock, hip hop, funk e a música eletrônica, retomando a metáfora de Josué de Castro do Caranguejo com cérebro para gritar por uma nova consciência de ritmo e de meio ambiente, algo tão grandioso que até hoje continua sendo estudado para se entender sua complexidade. 

E eu continuarei por aqui até o mangue e a terra me reclamar de volta. Viva o Recife e eu nem falei do Frevo, visse, quem sabe noutro texto. 
Rennat Said

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Rainha Elizabeth 2ª serviu para "dissimular" colonialismo britânico...BRASIL DE FATO

Rainha Elizabeth 2ª serviu para "dissimular" colonialismo britânico, Reginaldo Nasser, professor da PUC, destaca que a monarquia cumpre uma função política dentro do colonialismo Thales Schmidt Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 08 de Setembro de 2022 às 18:00
FOTO POR A.DENNIS AFP https://bit.ly/3B5H2iY Embora seja lembrada por sua "educação" e "gentileza", a Elizabeth II fez parte de um "jogo político" para que os olhos não se voltassem para as colônias do Reino Unido. A avaliação é de Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). A mais longeva monarca britânica faleceu aos 96 anos nesta quinta-feira (8). De acordo com o Palácio de Buckingham, a rainha Elizabeth II "morreu em paz". O príncipe Charles, de 73 anos, é o próximo herdeiro do trono e deve ser coroado em breve. Elizabeth II assumiu o posto de rainha em 1953, em um momento em que o mundo registrava a consolidação dos Estados Unidos como principal potência mundial, mas em que os britânicos ainda desfrutavam de uma longa coleção de colônias. Quando de sua coroação, a lista de colônias britânicas tinha países como Uganda, Quênia, Kuwait, Nigéria e Bahamas. Ainda assim, destaca o professor da PUC-SP, a família costumava, e costuma, ser lembrada por seu "mundo mágico" de casamentos e batizados amplamente divulgados e festejados. "A monarquia acabou tendo esse tipo de representação, de um imaginário, e a figura da rainha, acho que era uma ideia de dissimular todas as associações do império britânico. Então por exemplo a guerra com Egito, não foi guerra. Invadiram o Egito. Inglaterra, França e Israel, na guerra do Suez em 1957 [invadiram o Egito]", destaca Nasser. "Mas isso tudo ficava com o primeiro-ministro, a rainha paira sobre o bem e o mal. Então se é uma função política que ela tem nesse momento do colonialismo é justamente não olhar para o colonialismo". A Estátua de Emancipação em Barbados, antiga colônia britânica. Em 2021, o país da América Central retirou o título de chefe de Estado da rainha Elizabeth II / Joe Raedle / Getty Images via AFP O pesquisador de relações internacionais também destaca que as práticas coloniais britânicas na virada do século 19 para o 20 foram precursoras ao que os nazistas fizeram na construção da morte em escala industrial na ditadura de Adolf Hitler. "A Inglaterra fez genocídio, teve campo de concentração, a escravidão nas colônias serviu como acumulação primitiva para desenvolver o capitalismo, mas se olha para quem? Para a Rainha, para as liberdades constitucionais na Inglaterra, que a Inglaterra não é monarquia absoluta, que a Inglaterra lutou contra o nazismo. Aliás, veja a apologia que se faz recentemente ao [Winston] Churchill, vários filmes", destaca o professor da PUC-SP. Esse "jogo de cumplicidade" e ocultamento feito com a família real deverá ser repetir agora, diz Nasser, para tentar esconder a crise inflacionária que o Reino Unido vive. A inflação no Reino Unido atingiu a maior marca em 40 anos em julho e a recém-empossada nova primeira-ministra, Liz Truss, assume o cargo acossada pelo aumento do custo de vida. "Agora vão jogar peso nessa discussão da rainha, da sucessão, pode saber que vão ter várias cerimônias, é o que sempre se fez e estão voltado a fazer", diz o pesquisador. Edição: Arturo Hartmann

domingo, 4 de setembro de 2022

Genoino: “As elites querem impedir vitória de Lula no 1º turno para arra...

Brasileiro tentou matar Cristina Kirchner | Entrevista com o ator Pedro CARDOSO ...


SENSACIONAL A ENTREVISTA DO ATOR PEDRO CARDOSO,ACERCA DE MUITAS COISAS ,MAS ENTRE ELAS, O FASCISMO E AS REDES SOCIAIS.
A TECNOLOGIA COMO FORMA DE TORNAR O SUJEITO- UM OBJETO MANIPULÁVEL,TRAZENDO INSEGURANÇA AO SUJEITO-O HOMEM-.
A WEB ATRAVÉS DAS GRANDES BIGTECHS TORNOU-NOS INSEGUROS ,DEPRESSIVOS,
ENFIM O CAPITALISMO CRIOU A MORTALIDADE DA SUBJETIVIDADE.
É A MORTE DOS LAÇOS SOCIAIS E EMPATIA.
PEDRO COMENTA MUITO BEM ISTO TUDO E APOSTA NO SEU LIVRO.
A IMAGEM NOS DEVOROU,PELA SELFTESUDA- SEGUNDO PEDRO, BRAVO..

A TV NOS CAPTUROU PELA PUBLICIDADE E AGORA -VIA WEB-PELAS FALSAS REDES SOCIAIS, NÃO SABBEMOS  MAIS QUEM SOMOS.
OS BANCOS NOS DEVORARAM,O FONE É NOSSA IDENTIDADE,UM SIMULACRO DO SOCIAL.
É A MORTE DO SOCIAL,LOGO DO HOMEM.
A MÁQUINA ASSASSINOU O  TRABALHADOR, LOGO O DESEMPREGO..
BAUDRILLARD TINHA TODA RAZÃO - HOMEM OBJETO,SIMULACRO E O CONSUMO DE SI MESMO.
SOMOS ENGANADOS, AGORA NÃO MAIS,NEM SABEMOS O QUE SOMOS.
VEJAM O VIDEO ATÉ O FIM ......HAVERÁ UMA PANE, MAS VOLTA,É SO AGUARDAR,POIS FOI DEVIDO A GRAVAÇÃO DA ENTREVISTA COM  O PEDRO CARDOSO. 

580 dias - A prisão e a volta triunfal de Lula - por 247 de Joaquim de Carvalho

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

DEBATE NA BAND: PRESIDENCIAL 2022 MORNO -FLASH DE DE FALAS- DAS MÍDIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS

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DEBATE MORNO,NÃO ACRESCENTA NADA-ESTRUTURA VELHA, ULTRAPASSADA, AUDIÊNCIA NADA EXCEPCIONAL
ESCORREGOS, MENTIRAS DO CANDIDATO BOZO,ATAQUE   A JORNALISTA DE DIREITA,VERA MAGALHÃES,
CIRO MAIS EQUILIBRADO,SE SAIU BEM JUNTO COM TEBETI.
O ÁVILA-DA FARIA LIMA E SORAYA QUE APOIOU O BOZO UM TERROR.
LULA COM PERFORMANCE DE UMA FIGURA INTERNACIONAL-DIPLOMATA TEVE CONDUTA EXEMPLAR.
OBSERVE-SE A PUBLICIDADE NOS INTERVALOS IMPLICANDO A EMISSORA...O VEIO DA...E A VACINA MONKEYPOX
JORNALISTAS DA BAND -OINEGUE E ADRIANA - TERRÍVEIS ,DESASTRE,OS OUTROS DA UOL MELHORES,DESTAQUE-SE FABIOLA SIDRAL E COBERTURA FINAL DO GRANDE KENEDY ALENCAR


FLASH DE DE FALAS POR MÍDIAS




INTERNACIONAIS



ROCK IN RIO -Agenor Vasconcelos- A música das cachoeiras

 










O pesquisador , doutor pela UFAM, Agenor Vasconcelos estará no ROCK IN RIO- nada como pesquisa,perseverança e defesa pelo meio ambiente-cultura e arte dos povos originários do Brasil-abaixo sua declaração no seu FACEBOOK





Agenor Vasconcelos está em Rio de Janeiro.

Favoritos 16 h 
Ainda sem palavras pra descrever isso aqui. Depois de 10 anos do projeto a A música das cachoeiras, suas imagens e sons vão parar na Nave do Rock in Rio. Isso mesmo gente, pesquisa, música indígena e rock combinam sim. Quando o pensamento é inclusivo, tudo está conectado.
A Amazônia contemporânea vai transbordar na Cidade do Rock! Tenho orgulho de anunciar que faço parte do line up que vai compor a NAVE, atração do @rockinrio co-criada com a @naturabroficial , que tem a direção artística de @robertacarvalhooo , direção musical de @ailamusic , argumento de @karlotadoacre e cenografia de @daniela_thomas_ e participação de dezenas de artistas da Amazônia✨🛸
Será uma experiência inédita, imersiva, sensorial e musical nunca antes vista no festival.
Sessões diárias a partir das 14h30. Não percam!

domingo, 31 de julho de 2022

Miró: Preto, Pobre, Poeta e Periférico (2008) Wilson Freire (documentári...


POR JORNAL DO COMÉRCIO -Adriana Guarda
https://bit.ly/3OOzbuU
Cadastrado por
Adriana Guarda
Publicado em 31/07/2022 às 18:58 | Atualizado em 31/07/2022 às 19:02
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM/@mirodamuribeca
Cronista e poeta Miró da Muribeca. - FOTO: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM/@mirodamuribeca
Leitura: 7min

Miró da Muribeca partiu na manhã deste domingo (31). Foi fazer poesia no céu. Fico imaginando que versos recitou para São Pedro no momento da sua chegada. Talvez tenha falado de amor: - "Apesar dos efeitos colaterais. O amor ainda é o melhor remédio". E São Pedro teria dito com graça: - "Entra, 'Miró'. Você não precisa pedir licença".

O 'recital de despedida' do poeta será nesta segunda-feira (1), no Cemitério de Santo Amaro, com a presença de amigos e admiradores. Às 10h30 terá um ato ecumênico na capela e o enterro está marcado para 11h. A partir das 17h deste domingo o corpo de Miró já estava no local para receber homenagens.

Cronista da realidade urbana, Miró lutava contra um câncer de próstata. O tumor desenvolveu metástase e espalhou-se por outros órgãos. A gravidade da doença fez com que decidisse ser cuidado em casa, por amigos-família. Sua vontade foi respeitada e ele "encantou-se" (como descrito nas suas redes sociais), no Hotel Central, no Recife, onde morava nos últimos tempos.

O artista também fazia tratamento contra o alcoolismo e passou por um quadro severo de covid-19 no final de 2020. Nascido em agosto de 1960, o leonino Miró completaria 62 anos no próximo sábado (6) e os amigos estavam organizando uma festa de aniversário para ele.

Miró foi um poeta assombrosamente intenso, capaz de sentir e ouvir a voz das ruas e de transformar tudo em lirismo. Espectador dos becos, das pontes, das ruas, dos botecos, da periferia e seus flagelos, ele fazia da arte sobrevivência, enquanto nos atravessava com seus versos.

Início de Miró na poesia

Foi uma cena de violência urbana que inspirou uma das primeiras poesias de Miró. Até então, o filho de Dona Joaquina, João Flávio Cordeiro da Silva (seu nome de registro) pensava em ser jogador de futebol. Ele estava no Centro da Cidade quando presenciou uma batida violenta da polícia contra uns jovens.

Daquele episódio, presenciado nos anos 1980, escreveu "Quatro horas e um minuto", em referência ao horário em que aconteceu o fato. A partir dali, não abandonou mais a poesia. O que talvez ele ainda não soubesse é que se tornaria um dos maiores nomes da poesia urbana brasileira, com uma vasta obra.

Foi no futebol onde recebeu o apelido que se tornaria seu nome artístico. Embora fosse torcedor do Sport, o apelido veio de um jogador do adversário Santa Cruz. Bom de bola, João Flávio era comparado a Mirobaldo, craque tricolor dos anos 1970. O nome pegou, foi abreviado para Miró e se transformou em sua 'marca'.

Vida pela periferia

Miró morou em vários bairros da Região Metropolitana do Recife (RMR), além de passar oito anos em São Paulo. Dessas vivências buscava inspiração e extraia matéria-prima para sua poesia urbana, solitária, pulsante, desesperada, caótica, irônica, viva. Performático, quem um dia teve a chance de acompanhar uma apresentação do poeta, não se esquece jamais.

Diante do Recife, a capital mais desigual do Brasil, a produção de Miró foi vasta. O primeiro livro dele foi "Quem descobriu o azul anil", uma produção independente de 1985. Nas décadas que se seguiram ele não ficou parado, lançando e declamando títulos reunidos em "Miró até agora", de 2013. A obra foi reeditada em 2016 pela Cepe e esgotou os 5 mil exemplares das cinco edições colocadas à venda.

"O Recife e o Brasil perdem um dos seus grandes poetas. Um poeta vital, necessário. O céu hoje vai estar em festa, porque eu acho que França, Chico Espinhara e Erickson Luna vão estar todos esperando Miró", diz Cida Pedrosa, autora do vencedor do Jabuti Solo para vialejo (2019) e grande amiga do poeta.

Cida assina o prefácio de "O céu é no sexto andar" (2021), livro de Miró lançado no final de 2021 com poemas escritos entre 2017 e 2018. Neste período, ele vivia entre o Hotel Central, no bairro da Boa Vista, e o Instituto Raid, no Sítio dos Pintos. Quando a doença se agravou, ele passou a viver, definitivamente, no Hotel Central.

Biografia e inéditos de Miró

A Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) está com duas produções engatilhadas sobre Miró para lançar. Uma é a biografia dele, escrita por Wellington de Melo e a outra é uma obra reunida com poesias inéditas. Wellington já havia adiantado que sua intenção era escrever um perfil literário de Miró. As obras ainda não têm data de lançamento.

Apesar de toda a sua importância para a poesia urbana de Pernambuco e do Brasil, Miró (assim como tantos outros poetas da periferia) não alcançou o reconhecimento financeiro que merecia. Os amigos fizeram uma vaquinha para conseguir dinheiro para fazer o enterro, assim como já vinham fazendo para ajudar no tratamento dele.

Doações para o enterro

Os interessados em contribuir podem fazer depósito ou transferência para a Caixa Econômica Federal - Agência 0050 - Operação 001, conta 0041588 - Ou PIX para o CPF: 846640704-97. A conta foi criada especialmente para este momento.
Miró nos deixa um legado, seu olhar singular para a vida nas cidades. Nos lembraremos dele no caos das ruas, que tão bem retratou, mas sem deixar de sorrir.

"Quando se está feliz, até as borboletas te levam até a esquina".

Vai em paz, Miró! Que os céus te recebam com versos.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

NÃO A UBER SUMIÇO DE VALORES DO CASH- VALOR DEPOSITADO NO APLICATIVO SOME




 NÃO USE UBER ----FIZ UM PIX DE 50,00 PARA CASH DA UBER EM 15.10.22,UTILIZO POUCO E MAIS AINDA DURANTE A PANDEMIA,HOJE 29.07.22 BUSQUEI USAR E ANTES FUI VERIFICAR MEU SALDO ERA ZERO 0,000,FIZ A RECLAMAÇÃO VIA APLICATIVO AJUDA E AGUARDO RESOLUÇÃO




sábado, 16 de julho de 2022

A guerra como continuação da política- A TERRA É REDONDA -

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Por VLADIMIR SAFATLE*

O terrível assassinato de Marcelo Arruda em sua própria festa de aniversário provavelmente não será o último

Infelizmente, há de se reconhecer que algo como o assassinato de Marcelo Arruda por um homem armado que entrou em sua festa de aniversário gritando “aqui é Bolsonaro” já era esperado. Esse caráter de algo já anunciado aumenta ainda mais o assombro e a amargura pelo ocorrido. Pois tal ausência de surpresa mostra de forma clara onde estamos, ou ainda o tipo de projeto de engenharia social ao qual estamos submetidos.

Já na eleição passada, o Brasil havia se deparado com pessoas mortas por apoiadores de Jair Bolsonaro, como o caso de Mestre Môa. Na ocasião, há de se lembrar qual foi a reação do senhor que ocupa atualmente a presidência da República. Nenhuma declaração pública de consternação e luto, apenas a afirmação de: “Mas quem levou uma facada fui eu”. Agora, o padrão é o mesmo: ausência completa de consideração a respeito da morte, apenas a reclamação de que o caso estaria sendo tratado de forma distinta da maneira com que fora tratado seu próprio incidente que redundou na famosa facada.

Esse padrão do governo não é estranho. Infelizmente, sua racionalidade é bastante evidente. Trata-se de naturalizar a lógica da guerra como forma de relação entre grupos sociais. Em uma guerra, não haveria razão alguma para demonstrar consternação pela morte de inimigos. Na verdade, em uma guerra é fundamental que tais mortes ocorram, pois elas podem produzir uma espiral de violência cuja verdadeira função é empurrar o país inteiro para uma tensão armada, consolidando as posições antagônicas. Daí a necessidade de minimizar tais assassinatos como “incidentes” não muito distintos de uma “briga de trânsito”, como insinuou o líder do governo na Câmara.

Essa generalização da guerra seria a situação ideal para o governo do sr. Jair Bolsonaro. Pois isso lhe permitiria afirmar que o país se encontra em uma situação de caos, abrindo espaço assim para um jogo duplo, a saber, tanto procurar criar as condições para uma saída golpista (ou algo parecido) quanto crescer no medo, recuperando setores conservadores que saíram de sua órbita, mas que podem sempre voltar se a lógica da guerra imperar. Ou seja, tudo isso nos lembra que o terrível assassinato de Marcelo Arruda em sua própria festa de aniversário provavelmente não será o último.

Alguns podem se perguntar como chegamos até aqui. E é sempre bom lembrar nesse contexto que o Brasil conheceu 13 anos de governo de esquerda sem nenhum caso de violência eleitoral que tenha terminado em assassinato perpetrado por apoiadores ou apoiadoras do antigo governo. Não há possibilidade alguma de falar em alguma forma de acirramento mútuo. Se mesmo diante da violência simbólica normal dos embates políticos nunca houve casos reversos é porque não há linha direta entre violência simbólica e violência real. Muitas vezes, a violência simbólica é, na verdade, um anteparo contra a violência real, pois ela desloca a violência para uma outra cena, com dinâmicas próprias.

Há de se insistir nesse ponto não para apagar a responsabilidade desse governo em atos dessa natureza. Ao contrário, trata-se de mostrar onde exatamente está tal responsabilidade. Pois se estamos em uma situação como essa agora, devemos procurar uma de suas causas principais na generalização da lógica de milícias que marca o fascismo popular de Jair Bolsonaro. O bolsonarismo provoca uma reordenação social cujo eixo central é a “quebra de monopólio” no uso estatal da violência. É essa reordenação a verdadeira responsável por assassinatos brutais como esse.

Já se notou que a base fundamental desse governo não é apenas as forças armadas, mas principalmente as forças policiais. A lógica de extermínio, desaparecimento e assassinato que compõe a espinha dorsal da polícia brasileira ganhou um elemento suplementar quando tais ações passaram a serem feitas sem necessidade de sombras, sem precisar se deslocar dos holofotes, como aconteceu nesse governo.

Algo de fundamental ocorre quando a mesma coisa é feita, mas sem a necessidade de mascaramento, com a certeza absoluta da impunidade e com aplausos do Palácio do Planalto. Nesse caso, o fundo miliciano da polícia brasileira aparece de forma completamente desrecalcada, podendo produzir uma dinâmica irresistível de contágio social. Ou seja, outros grupos sociais, ou mesmo indivíduos isolados, se vem cada vez mais autorizados a agirem como se estivessem em uma situação de guerra.

De fato, como em movimentos fascistas históricos, a base armada desse projeto político não vem exatamente das forças militares tradicionais, mas da organização da sociedade a partir da lógica de milícias. A milícia se torna então o modelo fundamental de organização social. Isso significa que o exercício da violência aparece como atributo fundamental do exercício da cidadania, por mais estranho que isso possa inicialmente aparecer. Ser cidadão, ser cidadã é, nessa lógica, poder usar a violência para se “autodefender”, sendo que sempre é bom lembrar (e isso a experiência colonial nos mostra claramente) que nem todos tem o pretenso “direito de autodefesa”. Alguns tem apenas a condição de corpos a serem alvejados.

Assim, não erra quem afirma que o objetivo maior desse governo é fazer de todo brasileiro e brasileira um miliciano potencial. Ou seja, fazer de todos os que se identificam com esse “Brasil”, com suas cores nacionais, sua história de apagamentos e genocídios, com seu agronegócio depredador, um miliciano reconciliado consigo mesmo.

Alguém indiferente a morte de “inimigos”, solidário a corrupção vinda dos seus, identificado a figuras brutalizadas de poder e força, ao mesmo tempo que se vê como o defensor armado do ocidente e seus valores. Esse não é apenas um projeto de poder, mas efetivamente um projeto de sociedade. Contra isso, precisaremos de algo do tamanho da força de outra imagem de sociedade.

*Vladimir Safatle é professor titular de filosofia na USP. Autor, entre outros livros, de Maneiras de transformar mundos: Lacan, política e emancipação

https://bit.ly/3o2izVW

segunda-feira, 11 de julho de 2022

FLASH DO TWITTER NA SEMANA

 







(5) yago 🧣 no Twitter: "FAZ O "L" MAMÃE! Em vídeo postado no tiktok, Avril Lavigne demonstra apoio ao candidato @LulaOficial, a surra nos bolsominions. ❤ https://t.co/rYfiWg8uYM" / Twitter

(5) Humberto Costa no Twitter: "Faz o L! Lula hoje está em Brasília e a festa tá linda. Vamos juntos pelo Brasil. https://t.co/eZIfZXoSdG" / Twitter

(5) Fábio Júnior no Twitter: "⚠️ Acabei de chegar no Diretório Municipal do PT Goiânia e fogo ateado em material ao lado da caixa de energia estava destruindo a parede e subindo pela rede elétrica, causando curto-circuito. O fogo foi apagado e vamos agora registrar o boletim de ocorrência. https://t.co/4pDCTsPOFq" / Twitter

Boulos vai assumir a coordenação-geral da pré-campanha de Lula em SP - 12/07/2022 - Mônica Bergamo - Folha (uol.com.br)

Episódios de violência contra lideranças políticas aumentam 23% em 2022, mostra levantamento | Eleições 2022 | O Globo

(5) Leonardo Monteiro no Twitter: "Essa onda bolsonarista que alimenta o ódio, a violência e a intolerância. Não é polarização. São ataques deliberados, estimulados, unilaterais. O nosso projeto é da paz, da democracia, do respeito. https://t.co/vEw3a89iid" / Twitter