sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Galo é o dono da Folia no Centro do Recife
SÁBADO DE ZÉ PEREIRA
Galo é o dono da Folia no Centro do Recife
Do JC Online
Galo espera súditos para a festa no Centro
Foto: Alexandre Severo / JC Imagem
A espera está prestes a terminar. Com o raiar do Sábado de Zé Pereira, o personagem mais ilustre do dia entrará em cena para o gigantesco pontapé inicial da folia de Momo. Pelo 33º ano consecutivo, o Galo da Madrugada promete encher as ruas do Centro do Recife e este sábado resolveu abrir uma exceção. Além do frevo, já tão tradicional no desfile do clube de máscaras, a agremiação irá homenagear os diversos ritmos e manifestações culturais do Estado. Um reconhecimento ao título de Patrimônio Imaterial de Pernambuco, recebido em fevereiro do ano passado. Papangus, caboclinhos, maracatus, caiporas... Todos terão vez no desfile.
Nesta edição, 25 trios e 15 carros de apoio irão animar a festa. Nomes de peso como Alceu Valença, Elba Ramalho, Quinteto Violado, Jair Rodrigues, Petrúcio Amorim, Maciel Melo e Fafá de Belém prometem não deixar a peteca cair durante toda a folia, que se estende das 9h às 18h30. Músicos convidados para o camarote oficial, como Emílio Santiago e Emanuelle Araújo também devem subir aos trios para dar uma canja. Além das atrações, o desfile conta com quatro carros alegóricos especialmente decorados, além de uma cabeça gigante do galo, que promete saudar os foliões da Praça Sérgio Loreto à Avenida Guararapes.
CONFIRA
» Programação completa do Galo
SEGURANÇA - Quem estiver a caminho do Centro deverá se preocupar apenas em curtir a festa. Pelo menos é o que garante a Secretaria de Defesa Social. Este ano, 34 câmeras irão monitorar os passos nos principais pontos do desfile, 11 a mais do que em 2009.
Também três helicópteros estarão monitorando a multidão que toma conta das ruas do Recife. Somente no Galo da Madrugada, haverá um efetivo de 4.740 policiais e bombeiros. A Polícia Militar vai montar 14 pontos de bloqueios, onde os foliões serão revistados. Haverá também seis pontos de detenção e triagem, além de 26 plataformas de observação.
E a festa este ano não termina no sábado. Com o intuito de tentar reviver o Carnaval do bairro de São José, o Galo, pela primeira vez, terá atrações na segunda e terça-feira. Destaque para o lançamento do bloco infantil Pinto da Madrugada, na terça (16), às 10h, na sede da agremiação (Praça Sérgio Loreto). Ainda na terça, haverá encontro de blocos, às 15h, no mesmo local. Outra atração será o Encontro de Gigantes, com os tradicionais bonecos de Olinda e do Galo da Madrugada, na segunda (15), das 9h às 12h, também na Praça Sérgio Loreto.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Mais uma do Zé Alagão.
Lula dá de 10 a 0 em FHC!
Como o PiG(*) está muito aflito e começou a acreditar nos números que o FHC colheu numa cerimônia de voodoo, o Conversa Afiada republica singela tabelinha que compara os anos cinzentos de um com os anos ensolarados de outro :
Dados atualizados:
Governos Lula X FHC!!
1) Juros Nominais (Taxa Selic):
FHC (2002): 25% ao ano;
Lula (2008): 8,75% ao ano;
2) Inflação (IPCA):
FHC – 12,5% (2002);
Lula – 4,3% (2009);
3) Transações Correntes:
FHC – Déficit de US$ 186,5 Bilhões (1995-2002);
Lula – Superávit de US$ 44 Bilhões (2003-2007);
4) Exportações:
FHC – US$ 60 Bilhões (2002; crescimento de 39% em 8 anos);
Lula – US$ 153 Bilhões (2009; crescimento de 155% em 7 anos));
5) Crescimento Econômico:
FHC – 2,3% ao ano (1995-2002);
Lula – 5,3% ao ano (2004-2008);
6) Empregos Formais:
FHC – 1.700.000 (1995-2002);
Lula – 9.700.000 (2003-2009);
7) Balança Comercial:
FHC – Déficit de US$ 8,7 Bilhões (1995-2002);
Lula – Superávit de US$ 237 Bilhões (2003-2009);
8) Taxa de Desemprego:
FHC – 10,5% (Dezembro de 2002);
Lula – 6,8% (Dezembro de 2009);
9) Risco-País:
FHC – 1550 pontos (Dezembro de 2002);
Lula – 220 pontos (Janeiro de 2010);
10) Reservas Internacionais Líquidas:
FHC – US$ 16 Bilhões (Dezembro de 2002):
Lula – US$ 241 Bilhões (Janeiro de 2010);
11) Relação Dívida/PIB:
FHC – 51,3% do PIB (Dezembro de 2002);
Lula – 43% do PIB (Novembro de 2009);
12) Déficit Público Nominal (inclui despesas com juros):
FHC – 4% do PIB (2002):
Lula – 2% do PIB (2008);
13) Dívida Externa:
FHC – US$ 210 Bilhões (Dezembro de 2002) – 45% do PIB:
Lula – US$ 205 Bilhões (Janeiro de 2008) – Negativa em US$ 36 Bilhões;
14) Salário Mínimo em US$:
FHC – US$ 56 (Dezembro de 2002);
Lula – US$ 275 (Janeiro de 2010).
15) Inflação Acumulada (IPCA):
FHC – 100,6% (1995-2002);
Lula – 45% (2003-2009);
16) Pronaf:
FHC – R$ 2,5 Bilhões (2002);
Lula – R$ 15 Bilhões (2010);
17) ProUni:
FHC – Não existia;
Lula – 470 mil estudantes beneficiados;
18) PIB (em US$):
FHC – US$ 459 Bilhões (2002):
Lula – US$ 1,8 Trilhão (2009):
19) Produção de automóveis:
FHC – 1.791.000 (2002);
Lula – 3.130.000 (2009; crescimento de 74,8%);
20) Produção de máquinas agrícolas:
FHC – 52000 (2002):
Lula – 65000 (2007; crescimento de 25%);
21) Vendas de automóveis zero KM:
FHC – 1.465.000 (2002);
Lula – 3.140.000 (2009; crescimento de 114%);
22) Pagamento de juros da Dívida Externa em % das Exportações anuais:
FHC – 20,3% (2002);
Lula – 10,1% (2009);
23) Renda Per Capita:
FHC – US$ 2859 (2002);
Lula – US$ 9.300 (2009).
24) Coeficiente de Gini (Indica a Distribuição da Renda do Trabalho; quando mais próximo de 0 menor é a concentração da renda):
FHC – redução de 0,602 (1993) para 0,593 (2002);
Lula – redução de 0,593 (2002) para 0,544 (2008).
25) Indice de Pobreza:
FHC – 38,6% (1995); 38,2% (2002) – queda de 0,6 p.p.;
Lula – 38,2% (2002); 25,3 (2008) – queda de 12,9 p.p..
26) Gastos Sociais Públicos (% do PIB):
FHC – 19,2% (1995);
Lula – 21,9 (2005).
27) Pobreza Extrema (fonte: IPEA)
FHC – De 17,3% (1995) caiu para 16,5% (2002) (queda de 0,8 p.p.);
Lula – De 16,5% em 2002 caiu para 8,8% (2008) (queda de 7,7 p.p.).
28) Renda per capita mensal dos 10% mais pobres:
2001 – R$ 34
2008 – R$ 58 (crescimento de 70,6%);
29) Renda per capita mensal dos 10% mais ricos:
2001 – R$ 2316
2008 – R$ 2566 (crescimento 10,8%).
Obs: Assim, entre 2001 e 2008, a renda dos mais pobres cresceu 6,5 vezes mais do que a renda dos mais ricos.
Fontes: Banco Central, IBGE, IPEA
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
A cobertura (omissa) das políticas sociais
Os leitores de Veja, O Globo e O Estado de S.Paulo se depararam, nos últimos dias, com uma série de matérias contendo dados equivocados e juízos de valor que não se sustentam em se tratando do Programa Bolsa Família, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Em comum às três matérias, além dos equívocos, uma nítida tentativa de vincular o programa – que é referência nacional e internacional em redução de pobreza – com ações eleitoreiras e até mesmo com o que denominam de "terrorismo eleitoral".
A primeira matéria coube à revista Veja que, na edição 2149 (de 24/1/2010), sob o título de "Bolsa-Cabresto", publicou duas páginas onde, no lugar de informações para o leitor, lançou mão de dados equivocados, chegou a números fantasiosos e nem se deu ao trabalho de ouvir o MDS antes de publicar a sua "tese" sobre o assunto. Na segunda-feira (25/1), a Assessoria de Comunicação do MDS enviou à Veja uma nota de esclarecimento, na qual rebatia todos os pontos da matéria e solicitava que a revista a publicasse na próxima edição. Na terça-feira (26), a repórter de Veja que assina a matéria, Laura Diniz, fez contato com a Assessoria de Comunicação do MDS e solicitou mais alguns dados, no que foi prontamente atendida.
Na oportunidade, a assessora responsável direta pelo Programa Bolsa Família, jornalista Roseli Garcia, informou à repórter de Veja que o MDS havia enviado a nota de esclarecimento e que aguardava a publicação. Em resposta, ouviu que a nota estava "grande demais" e que "dificilmente seria publicada". Na noite de quarta-feira (27), a repórter encaminhou para o MDS um texto com a proposta de retificação por parte da revista Veja. A nota, num total de quatro linhas, nem de longe contemplava as correções apontadas pelo ministério na matéria publicada por Veja.
Diante disso, a Assessoria de Comunicação encaminhou, na quinta-feira, ao diretor de redação de Veja Eurípedes Alcântara e ao redator-chefe, Mario Sabino, uma mensagem contendo todo o ocorrido e solicitando, em respeito aos leitores e à verdade, a publicação da resposta na íntegra. Não recebemos retorno por parte dos dois dirigentes da revista. Aliás, as duas mensagens foram descartadas sem terem sido lidas. Na sequência, a repórter responsável pela matéria telefonou para Ascom/MDS solicitando uma diminuição no tamanho da nota. Atendendo a esse pedido, essa redução foi feita de forma a contemplar explicações mínimas que pudessem fazer o leitor entender o equívoco cometido pela revista. Essa nova nota foi encaminhada na noite de quinta-feira (28/1).
Na sexta-feira, a repórter liga novamente para Ascom/MDS dizendo que a carta "continuava grande demais" e que tinha preparado uma correção, pois considerava "melhor para o ministério" a retificação da revista do que a publicação da carta. A ela foi respondido que preferíamos a carta, por esclarecer melhor o caso aos leitores.
Veja optou pela correção que ela própria fez, publicada em corpo minúsculo sem ter respondido aos principais equívocos apontados pela Ascom/MDS. Além disso, em destaque, publicou duas cartas de leitores que continham críticas ao Programa Bolsa Família a partir de uma matéria repleta de erros. Vale dizer: amplificou, novamente, o próprio erro, sem aceitá-lo como tal.
Campeões da democracia
Já no dia 1º de fevereiro, o MDS é novamente surpreendido. Em editorial, intitulado "Bolsa Família e eleição" o jornal O Estado de S. Paulo, utilizando os mesmos argumentos usados na matéria da revista Veja, afirma que não haveria exclusão de beneficiários do programa em 2010. O que é um equívoco, pois já em fevereiro estão sendo cancelados 710 mil benefícios por falta de atualização cadastral. A Ascom/MDS encaminhou carta ao Estado de S. Paulo explicando que o editorial fazia uma análise equivocada da instrução operacional do MDS – que apenas detalha o trabalho as ser feito pelos gestores do Programa Bolsa Família em 2010 – idêntica à cometida pela revista Veja.
No dia seguinte, o jornal publicou a íntegra da carta e questionou o seu conteúdo, afirmando que o documento "não permite conhecer a fundo os critérios estabelecidos pelo programa, o erro não é do jornal, mas do Ministério". Como rege o bom jornalismo, se um documento não está claro, cabe ao jornalista estudar o assunto e informar de maneira clara aos seus leitores. Em outras palavras, faltou ao Estado de S.Paulo ater-se a uma regra básica no jornalismo: a apuração. Nesse ponto, aliás, O Estado de S.Paulo, O Globo e Veja se assemelham: estão deixando de apurar e publicando o que acreditam ser a verdade.
Na mesma segunda-feira (1/2), devido ao editorial de O Estado de S.Paulo, a Ascom/MDS foi procurada pela reportagem de O Globo. Todas as explicações dadas à Veja e ao Estado de S.Paulo foram repassadas a O Globo, mostrando os equívocos cometidos pelas duas outras publicações. Mas o jornal, lendo a instrução normativa – que trata apenas de procedimento em relação à atualização cadastral – encaminhada pelo MDS aos gestores, abordou outro aspecto também de forma incorreta. O Globo classificou essa norma, em manchete, como: "Governo faz ameaça eleitoral ao recadastrar Bolsa Família".
Mais uma vez a Ascom/MDS encaminhou carta ao jornal, que foi utilizada na matéria do dia seguinte em texto intitulado "Tiroteio com o Bolsa Família". Neste texto, o jornal utiliza as declarações de parlamentares de partidos da oposição ao governo para sustentar a polêmica criada pelo próprio veículo.
O assunto repercutiu em vários veículos nacionais e também na imprensa regional, criando uma situação no mínimo curiosa para quem é leitor atento ou para aqueles que se interessam pelo comportamento de parte da mídia brasileira. Nos dias atuais, a mídia tem deixado de lado o papel clássico de informar, interpretar e opinar (nos espaços devidos) para, ela própria, tornar-se a origem da informação e, não raro, ator no cenário político nacional.
No caso do Programa Bolsa Família, as informações e a análise apresentadas pela mídia foram equivocadas e funcionaram como retroalimentação. Num dia um veículo publica algo equivocado. Não retifica o erro. No dia seguinte, outro veículo, tomando o que foi publicado como verdade, amplifica o erro. No terceiro dia, um novo veículo entra "na roda" e assim a "polêmica" está criada. Para confirmar os pressupostos da mídia, políticos de oposição são entrevistas e ganham destaque.
Essa situação em si é extremamente preocupante para o futuro das instituições e para a própria democracia no Brasil, porque deixa a parte atingida, no caso o agente público, sem condição para restabelecer a verdade. A preocupação torna-se maior ainda quando se sabe do papel central que a mídia tem na sociedade contemporânea.
No caso brasileiro, a censura oficial à imprensa foi abolida há décadas e a liberdade de informação e expressão encontra-se consagradas na Constituição de 1988. Mas, infelizmente, o que se percebe é que o poder de censura, que nos governos autoritários estava nas mãos do Estado, migrou para as mãos de um reduzido número de empresas e de articulistas que se auto-intitulam os porta-vozes da verdade e os campeões da democracia. Essa situação torna-se ainda mais difícil quando dentro dos grandes grupos midiáticos prevalecem as velhas ideologias do liberalismo do século 18 e 19.
Escolhas próprias
Nos três casos descritos, faltou muito mais do que o necessário restabelecimento da verdade. Faltou seriedade profissional e empresarial na cobertura de um tema da maior importância para a sociedade brasileira e que mexe com a vida de milhares de pessoas. Dia a dia, o que se verifica é que a mídia brasileira não percebeu que o Brasil mudou e que as políticas sociais estão instituídas enquanto políticas públicas, que demandam conhecimento e acompanhamento permanente em relação ao seu funcionamento. As políticas públicas na área social estão sepultando a cultura política da dádiva, contribuindo para a emancipação das pessoas e para a plena cidadania.
Com exceção de uns dois ou três jornalistas que se especializaram – por conta própria – na cobertura dos chamados programas sociais, não há, na mídia brasileira, quem acompanhe, com um mínimo de regularidade, a vida desses programas e, sobretudo, os seus resultados. Apesar da importância dos programas sociais, a mídia brasileira ainda não criou, sequer, uma editoria específica para a cobertura deles. E se no passado podia-se argumentar que as classes C, D e E não tinham peso no mercado, também esse argumento não mais se sustenta. A cobertura jornalística das políticas públicas é um dos grandes desafios e uma das maiores deficiências da imprensa brasileira.
Em anos de eleição, as dificuldades se acentuam mais. A disputa política envolve grandes riscos para os jornalistas. Se muitos temem se tornar instrumento de propaganda eleitoral de governos e candidatos, ao cobrir de forma acrítica o desempenho dos programas sociais, há igualmente o risco de dar a todas as políticas públicas um caráter e uma intenção eleitorais e, com isso, deixar de levar ao cidadão beneficiado as informações essenciais. Isso, sem falar na arrogância daqueles que se arvoram em "defensores do povo" sem, ao menos, dar a palavra a quem é de direito.
Voltando ao caso da revista Veja, chama atenção na matéria citada como os grandes ausentes do texto são os beneficiários do Programa Bolsa Família. Eles aparecem na foto que ilustra a matéria, mas não são ouvidos pela repórter. Se ouvidos, esses beneficiários teriam muito a dizer sobre o que está mudando em suas vidas. Mas, ao que tudo indica, isso não é interessante para os porta-vozes do nicho mais conservador da sociedade brasileira. Motivo pelo qual se prefere dar voz aos "formadores de opinião", sejam eles cientistas políticos ou articulistas.
A importância da mídia para a formação da opinião pública é inegável, mas a cada dia o cidadão e a cidadã se mostram mais conscientes e competentes ao fazerem as suas escolhas. Escolhas não só em termos eleitorais, mas escolhas sobre o que ler e onde buscar informações. Não é por acaso que a tiragem da mídia impressa brasileira tem apresentado acentuado declínio nos últimos anos, enquanto crescem exponencialmente os acessos aos sites e blogs.
Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=576IMQ004
Se o Brasil tivesse imprensa
Se o Brasil tivesse imprensa, TODOS os candidatos a presidente da República estariam sendo inquiridos e investigados, questionados por todos os seus atos e palavras e tendo seus desempenhos em cargos públicos devassados em cada detalhe.
Infelizmente, isso não acontece. Entre Dilma Rousseff e José Serra, apenas a ministra-chefe da Casa Civil é questionada e cobrada e investigada. E nem direi que, em sendo candidata – ou pré-candidata – à Presidência, Dilma esteja sendo mais cobrada e fiscalizada do que deveria. Não. O único problema é que seu principal adversário não está recebendo o mesmo tratamento.
Expoente de um governo exitoso, fato internacional e nacionalmente reconhecido por uma maioria massacrante, a ministra tem cada um de seus atos perscrutados com lente de aumento em todos os jornais, telejornais, rádios e programas de televisão possíveis e imagináveis. Todos os dias é acusada de tudo. Todos os dias é desmerecida. Todos os dias tem sua capacidade questionada.
Seu principal adversário, porém, recebe tratamento diametralmente diferente, a ponto de qualquer notícia negativa sobre ele na imprensa ser recebida com surpresa. Isso ocorre devido à total inapetência da imprensa brasileira em dispensar ao governador de São Paulo o mesmo tratamento que à sua provável principal adversária nas próximas eleições.
O Brasil precisa ser informado sobre os problemas da administração do Estado de São Paulo e da capital paulista tanto quanto é informado sobre os problemas do PAC, por exemplo. E não digo que não existam problemas nos dois lados. Seria impossível. No entanto, o governo de São Paulo que aparece nas tevês e nos jornais é quase que exclusivamente o da propaganda do governador.
E problemas não faltam. O Estado está submergindo em água misturada com excrementos; bairros inteiros estão alagados ininterruptamente há quase dois meses; no centro da capital, centenas de zumbis fumam crack à luz do dia e à vista de quem quiser ver; o metrô e o resto do transporte público estão colapsados; centenas de milhares de paulistanos estão sem água há quatro dias; quando chove, enorme parte da capital fica sem luz, às vezes por um dia inteiro...
Os problemas acima mencionados são apenas os mais dramáticos. Nem falei ainda do espancamento de vítimas dos alagamentos que foram para diante da prefeitura do indicado pelo governador paulista para sucedê-lo na administração da capital para pedirem providências por já não agüentaram mais continuar vivendo em casas inundadas por água suja e fezes, uma situação que já vai completando dois meses.
Se o Brasil tivesse imprensa em vez dessa máfia composta dos piores tipos de escroque travestidos de “jornalistas”, o governador José Serra certamente não se elegeria nem para síndico de prédio, pois sua administração é um desastre.
Enquanto isso, a imprensa se ocupa de criticar e difamar ininterruptamente programas e obras do governo federal mundialmente reconhecidos e que inclusive ajudaram o país a sair mais rapidamente da crise, mas só quando essa imprensa não está a repercutir os insultos desesperados dos aliados de Serra ao presidente da República e à sua pré-candidata a ocupar seu cargo a partir do ano que vem.
E quando um único veículo ousa fazer o que nenhum outro fez, quando a TV Brasil pergunta a Serra quando as setecentas mil pessoas que estão há três dias sem água voltarão a poder tomar banho, o governador, o responsável por resolver essa situação, eleito para tanto, pago para tanto pelos cofres públicos, escandaliza-se e se diz vítima de perseguição.
Desacostumado a prestar contas de seus atos publicamente, Serra não pode conviver com o jornalismo e seus questionamentos naturais a ocupantes de cargos públicos. Para ele, para esse déspota dissimulado, quando o assunto é São Paulo jornalismo é não fazer perguntas e não pedir respostas.
O que é mais assustador é que há risco de alguém como Serra pôr as mãos no governo do país sem que reste ninguém para incomodá-lo. Sua eleição se constituiria no mesmo desastre que foi o governo FHC simplesmente porque o Brasil, como naquela época, continua sem imprensa e, assim, não terá como lhe pedir explicações, que se tivessem sido pedidas ao ex-presidente tucano poderiam ter evitado muito sofrimento.
Se o Brasil tivesse imprensa, toda ela estaria ao lado da TV Brasil e contra a atitude antidemocrática e arrogante do governador paulista contra a emissora pública. Infelizmente, o Brasil é um país onde a comunicação é controlada por bandidos.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Cerqueira César: Enchentes em SP refletem falta de governo
Júlio Cerqueira César Neto: "São Pedro e o lixo jogado na rua não foram os responsáveis pelas enchentes de 8 de setembro e 8 de dezembro em São Paulo"
por: Conceição Lemes
Filho feio não tem pai. Já se o rebento tem pedigree, sobram candidatos.
O governador de São Paulo, José Serra, é hors concours na área. Assume como dele a criação do Programa Nacional de DST/Aids, do Ministério da Saúde, considerado um exemplo no mundo. Só que os verdadeiros criadores são a doutora Lair Guerra de Macedo Rodrigues e o professor Adib Jatene.
“Serra, pai dos genéricos? PSDB, criador dos genéricos? Assumir como deles é um embuste!”, disse em junho ao Viomundo, o médico Jamil Haddad, falecido na semana passada, aos 83 anos. Ex- deputado federal, ex-prefeito do Rio Janeiro e ministro da Saúde de outubro de 1992 a agosto de1993, Jamil Haddad é o verdadeiro pai dos genéricos do Brasil.
Em compensação, Serra nunca é pai de perebentos. Inexoravelmente culpa os outros. Tanto que terceirizou a paternidade das inundações em São Paulo. Além do desplante de dizer que o noticiário negativo era obra do que chamou de PT Press, o governador afirmou que problema da enchente foi a enorme, anormal, atípica chuva.
Para colocar os pingos nos is, o Viomundo entrevistou o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto. Durante 30 anos – está com 80 – foi professor de Hidráulica e Saneamento da Escola Politécnica/USP. É considerado um dos grandes especialistas do Brasil nessa área.
Viomundo – Nos últimos dois meses, São Paulo submergiu duas vezes. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) e o governador José Serra (PSDB) culparam principalmente a “quantidade anormal de chuvas no período” e “ lixo jogado na rua pela população”. São Pedro e o povo são os responsáveis por essas duas inundações históricas?
Júlio Cerqueira César Neto – Não. Querendo dourar a pílula, as autoridades lançaram mão de vários parâmetros para confundir a opinião pública. Esses fatores realmente existem. Porém, São Pedro e a educação sanitária não são os causadores das enchentes de 8 de setembro e 8 dezembro.
Viomundo – São Pedro não teve mesmo culpa no cartório?
Júlio Cerqueira César Neto – Nas duas inundações deste ano, São Pedro está completamente isento. As duas chuvas [8 de setembro e 8 dezembro] não foram catastróficas, elas foram moderadas. Aliás, sempre que acontece uma enchente dessas, o prefeito, o governador, os secretários aparecem dizendo que São Pedro foi o responsável. Nada deixa a população mais irritada do que essa desculpa esfarrapada.
Viomundo – E o lixo jogado na rua?
Júlio Cerqueira César Neto – Prejudica um pouco, mas não é o principal. É só um fator colocado no debate pelas autoridades para confundir a opinião pública, e esconder os verdadeiros responsáveis.
Viomundo – Então quais as causas principais dessas enchentes?
Júlio Cerqueira César Neto – Uma delas, o assoreamento do Tietê. Assoreamento é o material sólido que vem na corrente líquida do rio: terra, erosão, lixo, entulho de obra. Na cidade de São Paulo, a declividade do Tietê é muito pequena e a velocidade, muito baixa. É como se o rio estivesse quase parado. Todo material sólido deposita-se, então, no fundo do canal, reduzindo a profundidade. Consequentemente, diminui também a capacidade de transporte de água na hora da chuva. É o que acontece com o Tietê. Em vez de ter espaço para passar, por exemplo, 1.000 metros cúbicos por segundo, só “cabem” 500. Os outros 500 transbordam.
Viomundo – Isso acontece também com os afluentes do Tietê?
Júlio Cerqueira César Neto – Pelo contrário. Eles têm declividade forte e velocidade grande de água e não assoreiam. Consequentemente, das cabeceiras até chegar ao Tietê, eles têm facilidade de transporte de material sólido. E como o Tietê tem velocidade muito baixa, esse material se deposita no canal do próprio Tietê.
Viomundo – Sempre foi assim?
Júlio Cerqueira César Neto – O Tietê sempre teve velocidade baixa. Não dá para modificar isso. É a conformação geológica e topográfica do rio.
Viomundo – Anualmente quanto de resíduos o Tietê recebe?
Júlio Cerqueira César Neto – Na cidade de São Paulo, entre a barragem da Penha [Zona Leste] e o Cebolão [Zona Oeste], aproximadamente 1,2 milhão de metros cúbicos de terra. Se você deixar isso no fundo do rio, a capacidade dele diminui. E o que o Departamento de Águas e Energia Elétrica, o DAEE do governo do Estado de São Paulo, tem feito? O DAEE faz a limpeza, mas tira apenas 400 mil metros cúbicos por ano.
Viomundo – O DAEE tira só um terço.
Júlio Cerqueira César Neto – Deixa, portanto, anualmente uma quantidade muito grande de sedimentos no Tietê, diminuindo capacidade de ele transportar as vazões de enchentes. No dia 8 de setembro, às 16h30m, no Viaduto da Casa Verde, um engenheiro mediu a quantidade de água que passava no rio. Deu 735 metros cúbicos por segundo. Ali, naquele trecho, se o canal do Tietê estivesse limpo, poderia passar mais de 1.000 metros cúbicos por segundo. Se o Tietê já transbordou com 735 metros cúbicos é porque estava assoreado.
Viomundo – Se o Tietê não estivesse assoreado, a inundação de setembro não teria havido?
Júlio Cerqueira César Neto – A inundação aconteceu porque o Tietê estava com mais da metade da sua capacidade obstruída por resíduos depositados no fundo do seu canal e que não foram limpos adequadamente pelo governo do estado.
Viomundo – E no dia 8 dezembro?
Júlio Cerqueira César Neto – Nenhum engenheiro foi lá medir. Mas pelas consequências a coisa foi muito semelhante à de 8 de setembro. Se a vazão não foi 735 metros cúbicos por segundo, foi de 835, 800, ou algo parecido. Se não houvesse assoreamento, a cidade não teria inundado. Houve inundação, porque o Tietê estava ainda mais assoreado do que em setembro. As causas que levam às enchentes são principalmente o assoreamento e a má limpeza do rio.
Viomundo – Ou seja, tem de se varrer todo dia o lixo da "casa"(rio). Se acumular, com o tempo a gente não passa mais...
Júlio Cerqueira César Neto -- Você tem um rio que deveria ter capacidade de 1.000 metros cúbicos por segundo. Se ele está sujo, a capacidade dele fica reduzida para 500, por exemplo. Assim, se a quantidade de água devido à chuva for de 700 metros cúbicos por segundo, ele extravasa. Não tem jeito. Encheu porque estava assoreado.
Viomundo – Alargar o Tietê, avançando sobre as marginais, resolveria as enchentes?
Júlio Cerqueira César Neto – Não acho que a solução seja por aí. Outro dia vi uma entrevista de um urbanista, dizendo que a prefeitura precisava tirar as marginais da várzea e colocá-las na encosta. No meu entender, tirar as marginais do lugar é algo totalmente fora de propósito.
Viomundo – E o que fazer?
Júlio Cerqueira César Neto – A calha do Tietê foi projetada há 20 anos. Na época, previa-se que a vazão de 1.000 metros cúbicos por segundo seria adequada para os nossos dias. Dez anos depois de iniciada a obra [levou 20 para ficar pronta], verificou-se que os 1.000 metros cúbicos já não seriam suficientes. Eram necessários 1.400. A urbanização foi muito mais intensa e mais rápida do que o imaginado. Ampliar o tamanho da calha não dá mais. A única forma de fazer com que a vazão voltasse a ser de 1.000 metros cúbicos por segundo é fazer piscinões. Infelizmente, pois são um mal necessário.
Viomundo – Por que infelizmente?
Júlio Cerqueira César Neto – Do ponto de vista hidráulico, os piscinões são perfeitos. Retêm o pico das cheias dos afluentes, diminuindo a quantidade de água que chega ao Tietê. É o único jeito de fazermos com que a vazão do Tietê baixe de 1.400 metros cúbicos por segundo para 1.000. Para isso, o governo do estado de São Paulo, via DAEE, projetou 134 piscinões. Entretanto, nos últimos dez anos, construiu apenas 43.
Viomundo – Um terço...
Júlio Cerqueira César Neto – Pois é. Com isso, não conseguiu baixar a vazão de 1.400 metros cúbicos para 1.000. Ou seja, mesmo que a calha do Tietê estivesse limpa, ela seria insuficiente para uma capacidade de 1.300 metros cúbicos por segundo, por exemplo, que são vazões que ocorrerão daqui para frente, no período chuvoso, que vai principalmente de janeiro a março.
Viomundo – Então até agora não choveu muito mesmo?
Júlio Cerqueira César Neto – As duas enchentes ocorreram com chuvas moderadas. São chuvas do período de estiagem. Ou seja, o pior está por vir.
Viomundo – E como resolver a questão das enchentes a curto prazo?
Júlio Cerqueira César Neto – A calha do Tietê tem duas deficiências importantes e não há como resolvê-las de pronto. Vamos ter de conviver com a insuficiência da calha por muitos anos ainda.
Viomundo – Por quê?
Júlio Cerqueira César Neto – Primeiro: temos de fazer 91 piscinões. Se eles levaram [o governo São Paulo] 10 anos para fazer 43, levarão mais 20 para fazer os que faltam. Segundo: o governo do estado não está disposto a gastar mais do que a limpeza [de resíduos da calha] de 400 mil metros cúbicos por ano, quando são necessários 1,2 milhão. São duas deficiências que precisam ser resolvidas. Ou o governo do estado faz mais piscinões e limpa a calha do Tietê ou vamos ter enchentes frequentemente.
Viomundo – O senhor disse que os piscinões são um mal necessário. Gostaria que me explicasse por quê.
Júlio Cerqueira César Neto – Nós temos um sistema que conduz o esgoto doméstico e outro, as águas pluviais. Chama-se sistema separador absoluto. Porém, há 30 anos, a nossa "magnífica" Sabesp constrói redes coletoras de esgoto que jogam o esgoto diretamente no córrego mais próximo. O córrego é do sistema de drenagem e não do sistema de esgotos. Então, todos os córregos da região metropolitana de São Paulo e o próprio rio Tietê – deste eu nem preciso falar para você – são esgotos a céu aberto. Os esgotos saem da rede, entram nos córregos. Portanto, quando se faz um piscinão num córrego desses, você retém não apenas a água da chuva mas a do esgoto também.
Viomundo – Quer dizer que o piscinão é um “esgotão”?
Júlio Cerqueira César Neto – Na prática, os piscinões são verdadeiros esgotos, sim. Ainda mais quando a água fica parada. Daí, sim, ela decanta, formando um lodo no fundo. É uma situação sanitária extremamente desfavorável. Esse é um dos aspectos pelos quais eu não gosto dos piscinões. Na sequência, eles se tornam um tremendo problema; são foco de proliferação de doenças na cidade.
Viomundo – Ou seja, do ponto de vista de saúde pública o piscinão é péssimo?
Júlio Cerqueira César Neto – Sim. Por isso eu digo que é um mal necessário. Só deve ser feito onde não há outra coisa a fazer. Não façam, pelo amor de Deus, piscinões para resolver alagamentos das cidades da região metropolitana, que são as enchentes das prefeituras. Deixem a água correr normalmente.
Viomundo – A curto prazo, o senhor já disse que não tem solução para o Tietê. Se o governo acelerar hoje a limpeza do rio, o resultado não vai aparecer amanhã. E agora?
Júlio Cerqueira César Neto – Esse trabalho tem de ser iniciado já. O governo do estado tem de passar a tirar 1,2 milhão metros cúbicos de resíduos do Tietê. Precisa colocar mais dinheiro no orçamento do ano que vem, porque essas obras não são feitas em uma semana. E esse trabalho de limpeza tem de ser feito o ano inteiro – de janeiro a dezembro. Ininterruptamente. É tirar, tirar, tirar, para evitar o acúmulo de resíduos no fundo do rio.
Viomundo – E se governo do estado de São Paulo não fizer a limpeza diária como tem de ser feita, nem investir os recursos necessários?
Júlio Cerqueira César Neto – Então que avise a população. Avise-a também que a cidade vai inundar. Quanto aos piscinões, em vez de levar 10 anos para fazer os que 91 que faltam, que faça em 5 anos.
Viomundo – E se o governo disser que não pode?
Júlio Cerqueira César Neto – Pode, sim. É só colocar dinheiro.
Viomundo – Isso implica estabelecer as enchentes como prioridade.
Júlio Cerqueira César Neto – Se é que é uma prioridade... Não me parece. Até agora, o governo de São Paulo não disse a que veio. Na quarta-feira, a Câmara Municipal aprovou o orçamento da Prefeitura. Para 2010, a verba de córregos e galerias para o sistema de drenagem pluvial da cidade foi cortada pela metade. E olha que provavelmente nem o orçamento inicial seria suficiente. Mas não cortaram a verba de publicidade da prefeitura. Com essas atitudes, o recado que deram é o de que enchente não é um problema importante.
Viomundo – Será que a Prefeitura e o Governo do Estado de São Paulo estão contando com a ajuda especial de São Pedro nos próximos meses?
Júlio Cerqueira César Neto – Eu não vejo com otimismo a nossa próxima estação chuvosa, não. Janeiro, fevereiro e março são os meses das grandes chuvas. E nós vamos ter situações piores do que as tivemos em setembro e dezembro.
Viomundo – Há quatro anos, quando foi concluído o bilionário rebaixamento da calha do Tietê, se propagandeou que São Paulo não teria mais enchentes. E agora?
Júlio Cerqueira César Neto – Essa informação de que não teríamos mais enchentes em São Paulo era simplesmente uma mentira. Primeiro, a calha não tem a capacidade que deveria ter. Segundo, faltam 91 piscinões. Terceiro, se o governo não se propuser a tirar do fundo do rio a quantidade necessária de resíduos, nós vamos continuar tendo mais enchentes . Portanto, é mentira que não teríamos mais enchentes aqui.
Viomundo – Mas não tem jeito mesmo de se evitar inundação nesses próximos meses em Sâo Paulo?
Júlio Cerqueira César Neto – A não ser que São Pedro se transforme num anjinho e diga: “Não chova mais na região de São Paulo, a não ser umas gotinhas...” Mas isso a gente não pode esperar, concorda?
Como Zé Alagão trata os alagados: a pau!
Um protesto envolvendo cerca de 200 moradores de bairros alagados da Zona Leste de São Paulo terminou em confusão em frente à sede da Prefeitura, no Centro, na tarde desta segunda-feira (8). Policiais militares usaram spray de pimenta e cassetetes para conter o protesto.
A manifestação começou por volta das 14h, quando o grupo chegou em frente à sede da administração municipal. Revoltados com a situação em que se encontram os bairros do Jardim Pantanal e do Jardim Romano, os moradores pretendiam ser recebidos pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). A assessoria da Prefeitura, porém, negou o encontro e afirmou que uma comissão receberia representantes do grupo.
De acordo com o assessor do gabinete da Prefeitura, Roberto Tamishiro, os moradores só seriam atendidos caso a manifestação fosse pacífica. Em seguida, soldados da Polícia Militar formaram um cordão de isolamento para afastar os manifestantes.
Houve desentendimento e os policiais usaram sprays de pimenta e deram golpes de cassetete nos manifestantes. Nesse instante, algumas lideranças do movimento foram atingidas e as pessoas começaram a se dispersar.
Segundo o major Marcos Rangel Torres, da PM, o uso do gás de pimenta e os casos de violência serão investigados. "Houve um acirramento da tensão e nesse momento foi necessário dispersar os manifestantes", afirmou.
“É mais fácil saírmos da Zona Leste do que o prefeito descer para falar com a gente?”, questionou Jackson Camilo, morador do Jardim Pantanal. Segundo ele, as únicas medidas imediatas tomadas foram a retirada de entulhos das ruas e o decreto de calamidade pública.
"O que nós queremos é saber como vai ficar a situação dos moradores da área legalizada", disse. "A enchente não atingiu apenas os moradores da várzea do Tietê".
A estimativa da organização do protesto é que mais 200 manifestantes cheguem ainda durante a tarde. Procurada, a assessoria de imprensa da PM informou que houve um princípio de tumulto, mas que a situação já havia se normalizado às 15h.
A corrupção é o que faz chover em São Paulo
Há 72 pessoas mortas.
O Bom (?) Dia Brasil mostrou hoje cenas de uma cidade desgovernada.
Uma entrevistada disse: “sete minutos de chuva e enche tudo.”
Outra ficou 1h45 à espera de um trem.
Um ficou três horas parado dentro de um taxi.
Um bairro ficou sem luz por 12 horas.
Na região do rio Tietê legiões de trabalhadores a pé em busca de uma condução que os levasse ao serviço.
Há dois corpos desaparecidos na Zona Leste, o Katrina do Serra.
Um dos entrevistados, finalmente, diz o que o Ali Kamel preferiria esconder: a culpa é do concreto.
Segundo a Folha(*), 13 vereadores e o poste que Serra elegeu prefeito de São Paulo podem perder o mandato por causa de corrupção.
Eles são acusados de receber doação ilegal de empreiteiras e da indústria da construção civil.
É o pessoal do “concreto”.
Nenhuma metrópole do mundo se corrompeu a ponto de permitir, como São Paulo, construir tantas peças de concreto num espaço sem verde.
São Paulo é um exemplo de como a corrupção destruiu o meio ambiente, impediu que a cidade respirasse, aumentou a temperatura e provocou chuva.
A corrupção é o que faz chover em São Paulo.
Um Presidente da República já disse que governar é “abrir estradas”.
Que Deus o tenha.
Zé Alagão governa para ser Presidente da República e, por isso, governa para arrecadar impostos (pedágios).
Ele não passa, como diz o meu amigo mineiro, de um “prático em contabilidade”.
José Serra escondeu-se no programa da Luciana Gimenez e na colona(**) da Eliane Catanhêde.
Ele não vai enfrentar a indústria da empreitagem.
Nem construir os 90 piscinões que faltam no rio Tietê.
Se puder, ele manterá os nordestinos nas sowetos alagadas.
Não adianta.
A chuva cospe os pobres na cara da elite.
Paulo Henrique Amorim.
Fonte: http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=26670
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Disney e Google miram participação em empresa chinesa de mídia
Por Reuters
Um consórcio encabeçado por Walt Disney está em negociações avançadas para comprar participação na maior empresa de mídia digital da China, um acordo que ofereceria à gigante norte-americana do entretenimento uma nova plataforma para promover seus produtos no país asiático, afirmaram fontes.
O Google, que no mês passado ameaçou deixar a China criticando censura e ataques de hackers, está entre os investidores no consórcio liderado pela Disney, disseram as fontes nesta segunda-feira.
O consórcio planeja comprar uma fatia entre 30 e 40 por cento na Bus Online por mais de 100 milhões de dólares através da aquisição de ações já em circulação e papéis novos a serem emitidos pelas empresa de forma privada.
HP E SUA INEFICÁCIA E DESRESPEITO PARA COM SEUS CLIENTES
CUIDADO COM A HP DESKEJET F4480.
COMPREI EM JANEIRO,FNAC- PAULISTA- NOTA FISCAL 175594-22.01.2010-SÉRIE F4400-NÚMERO DE SÉRIE BR9AVG3MMX05C5 - POIS MINHA ANTERIOR -TAMBÉM HP-PSC 1315- NÃO TINHA COMPATIBILIDADE COM O IMAC LEOPARDI-NEM DRIVER DISPONÍVEL,MUITO BEM, A NOVA-ELA IMPRIME,COPIA MAS NÃO DIGITALIZA.DANDO AVISO OCORREU UM ERRO DESCONHECIDO.
SEXTA DIA 04.01.2010 SOLICITEI POR FONE ORIENTAÇÕES E SOLUÇÕES- A HP-PEDIRAM-ME PARA VERIFICAR CABO ,PORTA USB, GARFO DE ENERGIA DIRETO NA TOMADA, TUDO CERTO,MAS NÃO DIGITALIZA. FIZ O PEDIDO DE ORIENTAÇÕES E FICARAM DE ME DAR ALGUMA POSIÇÃO COM 48 HORAS.ESTAS SE PASSARAM; MANDEI EMAIL E ATÉ AQUI NADA.TENHO NÚMERO DE PROTOCOLO 80335092595.
ESTE É O PAÍS DAS MULTINACIONAIS QUE NÃO RESPEITAM O CONSUMIDOR E FAREI ATENTAS RECLAMAÇÕES PONTUALMENTE TODA SEMANA PARA QUE ECOE O GESTO DESTA EMPRESA QUE DESRESPEITA CLENTE, CONSUMIDORES, NESTE PAÍS EM QUE ABUNDA O DESRESPEITO AO MUNDO DO CONSUMO E SEUS PRODUTOS.
FAREI DENÚNCIAS PONTUAIS EM SALA DE AULA PARA QUE SE MULTIPLIQUE O QUE É A H P
domingo, 7 de fevereiro de 2010
FALECE A GRANDE AMIGA E INTELECTUAL PARAIBANA ROSA TÂNIA BARBOSA DE MENEZES
AO CENTRO DE ÓCULOS por ocasião do Programa de Artesanato da Paraíba quando, foi apresentar uma palestra sobre as Louceiras da Paraíba,aqui em SP, consultora técnica e assessora especial do Programa, onde ela expôs uma síntese do programa.
Atualmente a mesma fazia parte do corpo docente Centro de Ensino Superior e Desenvolvimento – Cesed,da Facisa, da FCM e da Esac-Campina Grande Paraíba.
Rosa sua falta será sentida e jamais esquecida.
Desaparece en la India la lengua bo con la muerte de su última hablante
SE APAGO UN MUNDO. "Como era la última hablante se sentía muy sola, porque no tenía a nadie con quien conversar... Boa Sr tenía mucho sentido del humor y su risa a mandíbula batiente era contagiosa", dijo sobre la fallecida bo la lingüista Anvita Abbi.
Boa Sr, de 85 años, murió la semana pasada, y al hacerlo puso fin al largo viaje de su tribu, cuya existencia se inició hace unos 65.000 años en las islas de Andamán, en el sureste de la India.
La lengua bo, uno de los diez idiomas del grupo tribal gran andamanés, de la India, ha quedado extinguida con la muerte de su última hablante, informó hoy en un comunicado la organización Survival International.
"Descendientes de una de las culturas más antiguas de la Tierra", los bo pertenecen a un grupo tribal que ahora, con el fallecimiento de Boa Sr, tiene sólo 52 miembros, frente a los 5.000 que poblaban las islas cuando llegaron los colonizadores británicos, en 1858.
El director de Survival, Stephen Corry, pidió que la desaparición de los bo sirva de "recordatorio de que no se puede permitir que esto suceda con las otras tribus de las islas Andamán".
"Los grandes andamaneses fueron, primero, masacrados y, luego, exterminados con políticas paternalistas que causaron estragos por las epidemias, y les robaron su tierra y su independencia", censuró Corry.
Las islas Andamán y Nicobar, situadas a unos 1.000 kilómetros del subcontinente indio, eran hasta la época del colonialismo escasamente visitadas, por lo que las tribus pudieron mantener intacta su forma de vida, basada en la caza de jabalíes y lagartos.
La progresiva invasión de colonos indios en las islas amenaza cada vez más la subsistencia de estas tribus, por la construcción de carreteras, la introducción del alcohol y enfermedades para las que la población local no está preparada.
En la actualidad, los grandes andamaneses residen en asentamientos habilitados por el Gobierno indio, del que dependen para obtener su comida y refugio, aunque todavía queda una tribu, la de los jarawa, que mantiene su modo de vida prehistórico en los bosques.
"Como era la última hablante se sentía muy sola, porque no tenía a nadie con quien conversar... Boa Sr tenía mucho sentido del humor y su risa a mandíbula batiente era contagiosa", dijo sobre la fallecida bo la lingüista Anvita Abbi, en el mismo comunicado.
Según rememoró Abbi, Boa Sr le dijo una vez que los jarawa tenían suerte de vivir en la selva, lejos de los colonos indios.
Boa Sr sobrevivió al tsunami que barrió el Índico en diciembre de 2004 e hizo temer por la extinción de estas tribus, que sin embargo apenas sufrieron sus efectos, guiadas por sus propios sistemas de alerta y protegidas por la selva.
"Todos estábamos allí cuando ocurrió el terremoto. El más anciano nos dijo: 'La tierra se partirá, no huyáis ni os mováis'. Los ancianos nos lo dijeron'", dijo a los lingüistas la última de los bo.
Fuente: EFE
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sábado, 6 de fevereiro de 2010
O Brasil do passado ditatorial lança frieza entre Lula e o exército
Par CHANTAL RAYES SAO PAULO, de notre correspondante
"É tempo de calma entre o presidente brasileiro, Lula e seu exército. No final de dezembro, os chefes dos três exércitos, imitado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, ameaçou demitir-se devido a um decreto criando uma "Comissão Nacional da Verdade" para lançar luz sobre as violações dos direitos humanos durante a repressão política ", ou seja, a ditadura militar (entre 1964 e 1985). Para eles, o texto "excessivamente abusivos, agressivos e vingativos - ele já foi reformulado por Lula - pode levar a uma revisão da anistia de 1979.
Então chegou a vez do Secretário Nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi para colocar a sua demissão na mesa, se o decreto, que foi o autor, foi desfigurado. Membro do Partido dos Trabalhadores de Lula, Paulo Vannuchi vem dos rebeldes de esquerda que lutou contra a ditadura. Em seu retorno de férias, 11 de janeiro, o presidente admitiu ter assinado o decreto sem ler ... pois, Lula disse que não tinha intenção de retornar à anistia. Ele suprimiu as palavras "repressão política" do objeto da comissão, abrindo o caminho, como desejado pelo exército, que os atos da guerrilha também são discutidos. Ele deve, no entanto, que o Congresso aprove a criação de comissão de verdade. "A comissão é necessária, porque o Brasil é o único país da região que não revelou o seu passado ditatorial", disse Victoria Grabois, Tortura associação Nunca Mais (Tortura Nunca Mais "). "Mas, acrescenta ele," não sabemos se os horrores dos arquivos militares não estão abertas. "No entanto, os militares afirmaram ter destruído. O governo Lula pediu provas, sem resultado.
Como seus predecessores, o líder de esquerda é ter cuidado para não perturbar o militar. Para o cientista político David Fleischer, é devido ao carácter específico da transição democrática no Brasil. "O esquema começou em si, uma abertura política [para o retorno gradual à democracia, a nota do editor], disse ele. O exército está fora menos vergonhoso do que outros para a ditadura. "Especialmente desde que o seu recorde é muito mais leve do que na Argentina ou Chile: 400 mortos e desaparecidos, mas ainda 20 000 pessoas torturadas.
Até agora, os policiais não foram julgados porque a lei de anistia deve abranger a mesma forma que os antigos guerrilheiros. Mas, a pedido da Ordem dos Advogados, a Suprema Corte deve decidir neste ano se a anistia se aplica quando funcionários do Estado que tenham praticado tortura, um crime considerado inalienável.
Cristina Fernández de Kirchner en otro de sus embates contra los medios
En otro de sus embates contra los medios, la presidenta Cristina Fernández de Kirchner acusó al canal de cable Todo Noticias (TN) de "censurarla". La mandataria dijo que, durante la conferencia de prensa del miércoles pasado, sus ataques a l os directivos del grupo Clarín no habían sido televisados por la señal. Lo extraño del asunto es que TN transmitió los más de 41 minutos de conferencia sin ninguna clase de cortes o interrupciones. Quizás Cristina se confundió con lo que sucedió en canal 7, porque la emisora estatal sí la sacó del aire. Las cámaras del canal público cortaron la televisación justo cuando el periodista acreditado de Clarín en la Casa Rosada le preguntaba a la presidenta sobre los US$ 2 millones que compró su marido (Néstor Kirchner) en octubre de 2008
http://www.clarin.com/diario/2010/02/06/um/m-02134794.htm
Cartas a Uma Ditadura
No cinema português, se há coisa que eu receie é o documentário histórico. Sabem porquê? Porque nós, em geral, somos analfabetos em História, essa História que nos últimos dois séculos foi chulada por todos os regimes
Rodrigues da Silva
15:19 Sexta-feira, 29 de Jan de 2010
No cinema português, se há coisa que eu receie é o documentário histórico. Sabem porquê? Porque nós, em geral, somos analfabetos em História, essa História que nos últimos dois séculos foi chulada por todos os regimes (do vetusto constitucionalismo monárquico à actual democracia republicana, passando pelo luso-fascismo), o que levou a que ela, por assim dizer, perdesse o crédito. Assim sendo e apesar das melhores intenções do documentarista, um documentário histórico português ou é muito bem contextualizado, ou arrisca-se a confundir em vez de esclarecer.
Cartas a Uma Ditadura, de Inês de Medeiros, Melhor Filme Português do DocLisboa 2006, tanto esclarece quanto confunde. O ponto de partida é um achado (achado, no sentido literal): uma centena de cartas, escritas por mulheres portuguesas em 1958, em resposta a uma circular emanada de um Movimento Nacional das Mulheres Portuguesas que não se sabia ter existido. Mas existiu, de facto, conforme estas cartas, encontradas há anos num alfarrabista, o documentam. Dirigido provavelmente por mulheres de uma elite social afecta ao regime, o tal Movimento, através de vários canais postos ao seu dispor, terá tentado criar uma rede feminina "de apoio de retaguarda" a Salazar.
Nestes termos, a primeira coisa que o filme devia ter feito era, pois, contextualizar este Movimento no seu tempo, o que teria permitido perceber que, pretensamente espontâneo, ele visava responder ao perigo Humberto Delgado, surgido nesse ano de 1958, o das célebres eleições presidenciais burladas pelo regime.
O filme alude a isto, mas a meio, não no início. Porque no início o que vemos é uma imensa manifestação de mulheres de apoio a Salazar. Só que não se diz que tal manifestação ocorreu no final da II Guerra (1945), o que leva a estabelecer um nexo de continuidade entre a manifestação e as cartas (de 1958). Nada de mais falso, porque se no imediato pós-guerra Salazar (por Portugal ter sido poupado aos horrores do conflito) teve algum apoio de massas, uma década e pouco depois (devido à fractura causada pelas eleições) isso já não acontecia. E é decerto porque não acontecia que surge este Movimento Nacional das Mulheres Portuguesas, telecomandado sabe-se lá por quem, mas sem grandes efeitos práticos. Não é por acaso que nalgumas cartas há mulheres que dizem que sim, que apoiam Salazar e o Movimento, sem tempo para mais, porém, porque têm de ganhar a vida a trabalhar.
O abismo entre as anónimas autoras da circular e algumas bases a que se dirigem é notório. Não em termos ideológicos (chamemos-lhe assim), mas nos do real quotidiano. O que, 50 anos depois, continua patente: entre algumas tias e a ti Belmira, o discurso diverge como do dia para a noite.
O filme teria ganho, aliás, em explorar visualmente este filão, opondo os dois universos femininos em contraste, em lugar de, por mais duas vezes, ter feito um uso abusivo de documentários de época: casos da manifestação de apoio a Salazar em Braga (em 1936, no 10.º aniversário do 28 de Maio) e da inauguração do Estádio Nacional (em 1942). O que é que qualquer deles tem a ver com as cartas de 1958? Absolutamente nada, e, metidos no filme, sem indicação sequer das datas, só baralham.
Tudo isto parte de um equívoco: o de que a História se pode fazer apenas com documentos. Ora, não pode: os documentos são necessários (indispensáveis até), mas não suficientes. Porque sem um estudo estruturante que os enquadre não passam de material avulso, em bruto. O mesmo se pode dizer das fontes orais: para a História são um documento precioso, sobre o qual importa, no entanto, lançar um filtro crítico. O que neste caso não acontece: as autoras das cartas, confrontadas, meio século depois, com o que escreveram, têm respostas obviamente contraditórias. E não faz o menor sentido perguntar-lhes hoje o que significam para elas as palavras "democracia" e "ditadura".
Um filme inútil, este Cartas a Uma Ditadura? Não: um filme útil... para quem já sabe alguma coisinha do nosso passado recente. Porque quem não sabe é bem capaz de ficar na mesma, eventualmente com maior repugnância pelo salazarismo, que, no entanto e muito à portuguesa, nem saberá ao certo quando é que ocorreu, situando-o assim "no tempo dos Cabrais". As reportagens sobre o nosso saber da História pátria, divulgadas via TV no último 25 de Abril, são elucidativas. Estão, aliás, em perfeita consonância com o generalizado desinteresse pela pátria política, manifestado, numa sondagem, pela maioria dos jovens.
Diga-se, contudo, que o cinema (mesmo o documental) não tem de ser pedagógico e muito menos de se substituir à Escola. E, em última análise, a culpa de Portugal ser historicamente analfabeto e o povinho mais iletrado da União Europeia não é a da Inês de Medeiros. A culpa é... É de quem não digo. Trinta e quatro anos depois do 25 de Abril, já não vale a pena. Como pregava a Mocidade Portuguesa ("patriótica organização" que em 1958 ainda mexia): "Lá vamos/cantando e rindo/ levados/ levados, sim."
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Maria Rita Kehl estreia como cronista no 'Caderno 2'
Raquel Cozer, de O Estado de S. Paulo
Maria Rita Kehl: "Gostaria de aprender a fazer crônicas. É um gênero belíssimo"
Paulo Pinto/AE
Maria Rita Kehl: "Gostaria de aprender a fazer crônicas. É um gênero belíssimo"
SÃO PAULO - "Eu brinco que, hoje em dia, em 40 linhas consigo escrever até sobre física nuclear", diz a psicanalista, ensaísta e poeta Maria Rita Kehl, de 58 anos, que a partir de amanhã assinará uma coluna a cada dois sábados no Caderno 2, do Estado, em um revezamento com Marcelo Rubens Paiva. A escritora Adriana Falcão, que alternava o espaço com o colunista, deixará de escrever sua coluna para se dedicar a projetos pessoais e profissionais.
Veja também:
forum Leia mais artigos no site de Maria Rita Kehl
As 40 linhas a que Maria Rita Kehl se refere dizem respeito ao aprendizado de seus primeiros anos de vida profissional, no início da década de 70, quando ainda cursava psicologia na Universidade de São Paulo (USP). Era esse o espaço que ela tinha para escrever em cada edição do Jornal do Bairro, então comandado pelo escritor Raduan Nassar, e no qual fazia desde reportagens sobre as mães que viviam na porta da Febem (atual Fundação Casa) até resenhas de volumes de filosofia.
Desde então, a paulista nascida em Campinas e criada na capital fez um caminho entre o jornalismo e a psicanálise. Depois de dois anos no Jornal do Bairro, no qual aprendeu fundamentos de reportagem com Nassar e o editor José Carlos Abbate, passou a trabalhar como editora de cultura no periódico Movimento - que, ao lado do Opinião e d’O Pasquim, foi um dos mais importantes órgãos da imprensa alternativa durante o regime militar. Participou também da fundação do jornal Em Tempo e escreveu como freelancer para veículos como Veja, Isto É e Folha de S. Paulo.
Após anos de dedicação exclusiva ao jornalismo cultural, Kehl decidiu, em 1979, cursar um mestrado. Optou pela área de psicologia social, embora sua tese, O Papel da Rede Globo e das Novelas da Globo em Domesticar o Brasil Durante a Ditadura Militar, tivesse uma forte ligação com o jornalismo.
Apenas depois dessa volta aos estudos Maria Rita Kehl se interessou pela ideia de exercer a profissão na qual se formara - ela havia optado pelo jornalismo durante a faculdade justamente porque, "naqueles anos mais repressivos da ditadura, com professores cassados e professores fugidos, o ensino na psicologia estava muito ruim".
Em 1981, começou a atender pacientes - e nunca mais parou. A experiência em sua área de formação a levou ainda, em 1997, a doutorar-se em psicanálise pela PUC-SP, com pesquisa que resultou no livro Deslocamentos do Feminino - A Mulher Freudiana na Passagem para a Modernidade (Imago, 1998).
Embora o título seja sobre psicologia, Kehl vê nele uma "marca dos tempos de jornalismo". "É psicanálise, mas com uma abordagem diferente. É uma investigação que não é nem exatamente de uma historiadora, nem de psicanalista, sobre quem foi a mulher freudiana, a mulher que Freud conheceu no século 19. E uma avaliação de o que naquela teoria está atual e o que não está mais. Acredito que, ao longo da carreira, desenvolvi essa característica de ser mais ensaísta que acadêmica", afirma.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Kassab teve 33% de doações ilegais em 2008, diz perícia
Juiz responsável por ação adota como critério cassar quem teve mais de 20% de contribuições de doadores vedadas pela Promotoria.
Por: FLÁVIO FERREIRA.
DA REPORTAGEM LOCAL.
Um parecer técnico contábil da Justiça Eleitoral de São Paulo indica que 33% do total arrecadado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), na campanha eleitoral de 2008 teve origem em fontes de doações consideradas ilegais pelo Ministério Público Eleitoral.
O laudo, concluído em outubro e obtido pela Folha, indica o risco de que Kassab seja condenado em primeira instância à perda do cargo. Em casos semelhantes, o juiz Aloísio Silveira, responsável pela ação, cassou o mandato de 16 vereadores da capital. Ele tem adotado como critério para condenar à perda de mandato contas de campanha que apresentem mais de 20% dos recursos provenientes de fontes vedadas.
A execução de sentença contra os vereadores foi suspensa até que os recursos deles sejam julgados em 2ª instância pela Justiça Eleitoral de São Paulo.
A data ainda não foi marcada. Avisado pelos assessores sobre o risco de condenação, Kassab já desistiu da possibilidade de uma vitória em primeira instância e aposta suas fichas no Tribunal Regional Eleitoral.
Em maio do ano passado, o promotor eleitoral da capital Maurício Antonio Lopes apresentou à Justiça representações para promover a revisão e a rejeição das contas dos candidatos Kassab, Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) e de vereadores eleitos. Pareceres semelhantes foram elaborados em setembro passado para as representações contra Marta e Alckmin. O laudo relativo à petista indica que ela teria recebido R$ 3,8 milhões de fontes apontadas como ilegais pela Promotoria.
O levantamento sobre as contas de Alckmin aponta o recebimento de R$ 2,1 milhões de doadores impedidos pela legislação segundo os critérios da promotoria. Nos dois casos os valores não ultrapassam os 20% de doações de fontes vedadas, usados como critério de condenação pelo juiz Silveira.
Fontes vedadas
Na representação contra o prefeito, o promotor indicou três tipos de fontes de doação que seriam ilegais. A primeira é a AIB (Associação Imobiliária Brasileira), entidade que, segundo Lopes, funcionou como fachada do Secovi (sindicato do setor imobiliário) para fazer doações a políticos.
Pela legislação, as entidades sindicais não podem fazer contribuições eleitorais. O Secovi nega qualquer vínculo com as doações.
O parecer da Justiça Eleitoral aponta que, segundo os critérios do Ministério Público paulista, a AIB doou ilegalmente R$ 2,7 milhões para Kassab.
Para a Promotoria, também foram fontes ilegais de recursos construtoras que são acionistas de concessionárias de serviços públicos. A lei proíbe as concessionárias de realizarem contribuições para as campanhas.
De acordo com o promotor, as empresas "não são diretamente concessionárias de serviços públicos, mas apenas integrantes, acionistas, investidoras, associadas em consórcio ou sob a forma de holding ou conglomerado econômico que, em derradeira análise, seriam os concessionários diretos".
São apontadas na representação as empreiteiras Camargo Corrêa, OAS, Serveng Silvisan, CR Almeida, Carioca Christiani Nielsen, S.A. Paulista e Engeform. O levantamento da Justiça Eleitoral conclui que o total das doações dessas companhias foi de R$ 6,8 milhões.
Outro doador considerado ilegal pelo promotor foi o Banco Itaú S.A. De acordo com a representação, ele não poderia fazer contribuições ao então candidato Kassab porque a Prefeitura de São Paulo efetua pagamentos para parte dos funcionários pelo banco.
Em 2008, a instituição financeira doou R$ 550 mil para a campanha do atual prefeito, segundo o laudo da Justiça.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
PT entra com representação no Ministério Público contra Serra.
O líder petista na Casa, deputado Rui Falcão, pede que que sejam apuradas suspeitas de "ilegalidade, inconstitucionalidade e improbidade" da gestão tucana no combate às enchentes.
A denúncia, encaminhada no dia 26 de janeiro ao Procurador-Geral de Justiça, Fernando Grella Vieira, acusa Serra de ter reduzido os recursos para o combate às enchentes, ao mesmo tempo em que aumentou a verba destinada à publicidade oficial do governo.
Depois de 42 dias consecutivos de chuvas, o estado de São Paulo contabiliza 70 mortos e 25,7 mil desalojados, de acordo com dados divulgados hoje pela Defesa Civil.
"Não se trata de obra ou castigo de Deus, de efeitos do aquecimento global ou de resultado de inversões climáticas. Trata-se de má gestão e de omissão criminosa praticadas pelo governador José Serra", disparou Falcão.
O deputado se refere à decisão do governo estadual de reduzir em 20% as verbas destinadas ao combate às enchentes. Em 2009, estavam previstos R$ 252 milhões para essa finalidade, enquanto que neste ano o Orçamento do estado está estimado em R$ 200 milhões.
Falcão acusou Serra de desviar os recursos da enchentes para a publicidade do governo paulista de olho nas eleições presidenciais. Já o tucano têm atribuído o problema das enchentes ao ano atípico em termos de chuvas.
A assessoria de imprensa do governador se limitou a informar que Serra não recebeu a representação e por isso ainda não se manifestou.
"Os números revelam que será cortado quase o dobro do valor dos atuais contratos para desassoreamento da calha do Rio Tietê, que somam R$ 27,2 milhões. Se com os valores atuais o resultado é o visto, imagine-se com um corte que é o dobro dos valores atuais", disse Falcão.
O orçamento do estado, acrescenta o petista, também prevê menos investimentos em serviços e obras complementares da Bacia do Alto Tietê. Segundo ele, o corte proposto para 2010 é de 61%.
Portugal há 100 anos
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
La aprobación de Bachelet alcanza 85% y la de Lula 81%
15:32|Las encuestas realizadas en el mes de enero demuestran que ambos presidentes, próximos a terminar sus mandatos, cuentan con una altísima popularidad. El caso de Bachelet llama la atención en vista de la derrota del candidato oficialista que aspiraba a sucederla.
MAS INFORMACION
Lula retoma la actividad presidencial tras el pico de presión
Los dos mandatarios salientes de Chile y Brasil alcanzaron una popularidad superior al 80%, de acuerdo con las más recientes encuestas realizadas en ambos países.
La presidenta chilena, Michelle Bachelet alcanzó en enero una aprobación del 85% a pesar de la derrota que sufrió su partido de la Concertación en las más recientes elecciones presidenciales.
La consultora Adimark-GFK informó que el 95% de los encuestados considera que la presidenta es "querida por los chilenos" y un 88% considera que es creíble.
Según aclaró el jefe de Estudios Públicos de Adimark, Roberto Izikson, las cifras muestran que Bachelet "ha logrado una rara sintonía personal con la población". Pero además explicó que "el liderazgo de Bachelet no descansa en el liderazgo tradicional político sino personal, basado en una conexión con la opinión pública, por su estrategia de la protección social y cómo se comunica con la gente".
De esta medición también sale bien librado el gobierno de Bachelete, al alcanzar un 65 por ciento de aprobación entre los encuestados.
Por su parte, el mandatario brasileño, Luiz Inácio Lula da Silva, se ubicó en las encuestas con un 81,7% de aprobación del desempeño, de acuerdo con los datos suministrados por la consultora Sensus.
Para el presidente de Sensus, Ricardo Guedes, "la popularidad del presidente Lula y su gobierno continúa en alta, lo que puede se explicado de nuevo como consecuencia de los buenos números de la economía, los resultados positivos de las políticas sociales del gobierno y el alto índice de empleo''.
Este fuerte apoyo de los encuestados a Lula parece que ha permeado a la secretaria general de su gobierno, Dilma Rousseff, a quien el presidente quiere postular como su sucesora.
La ministra Rousseff ya cuenta con el 27,8 por ciento de apoyo frente al 33,2 por ciento del opositor José Serra, gobernador del estado de Sao Paulo. Hace algunos meses, las encuestas daban a Serra más de 40% de intenciones de voto mientras Rousseff apenas llegaba al 15%.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
O pronunciamento que o presidente Lula faria em Davos
“Minhas senhoras e meus senhores,
Em primeiro lugar, agradeço o prêmio “Estadista Global” que vocês
estão me concedendo.
Nos últimos meses, tenho recebido alguns dos prêmios e títulos mais
importantes da minha vida.
Com toda sinceridade, sei que não é exatamente a mim que estão
premiando – mas ao Brasil e ao esforço do povo brasileiro. Isso me
deixa ainda mais feliz e honrado.
Recebo este prêmio, portanto, em nome do Brasil e do povo do meu país.
Este prêmio nos alegra, mas, especialmente, nos alerta para a grande
responsabilidade que temos.
Ele aumenta minha responsabilidade como governante, e a
responsabilidade do meu país como ator cada vez mais ativo e presente
no cenário mundial.
Tenho visto, em várias publicações internacionais, que o Brasil está
na moda. Permitam-me dizer que se trata de um termo simpático, porém
inapropriado.
O modismo é coisa fugaz, passageira. E o Brasil quer e será ator
permanente no cenário do novo mundo.
O Brasil, porém, não quer ser um destaque novo em um mundo velho. A
voz brasileira quer proclamar, em alto e bom som, que é possível
construir um mundo novo.
O Brasil quer ajudar a construir este novo mundo, que todos nós
sabemos, não apenas é possível,mas dramaticamente necessário, como
ficou claro, na recente crise financeira internacional – mesmo para os
que não gostam de mudanças.
Meus senhores e minhas senhoras,
O olhar do mundo hoje, para o Brasil, é muito diferente daquele, de
sete anos atrás, quando estive pela primeira vez em Davos.
Naquela época, sentíamos que o mundo nos olhava mais com dúvida do que
esperança. O mundo temia pelo futuro do Brasil, porque não sabia o
rumo exato que nosso país tomaria sob a liderança de um operário, sem
diploma universitário, nascido politicamente no seio da esquerda
sindical.
Meu olhar para o mundo, na época, era o contrário do que o mundo tinha
para o Brasil. Eu acreditava, que assim como o Brasil estava mudando,
o mundo também pudesse mudar.
No meu discurso de 2003, eu disse, aqui em Davos, que o Brasil iria
trabalhar para reduzir as disparidades econômicas e sociais,
aprofundar a democracia política, garantir as liberdades públicas e
promover, ativamente, os direitos humanos.
Iria, ao mesmo tempo, lutar para acabar sua dependência das
instituições internacionais de crédito e buscar uma inserção mais
ativa e soberana na comunidade das nações.
Frisei, entre outras coisas, a necessidade de construção de uma nova
ordem econômica internacional, mais justa e democrática.
E comentei que a construção desta nova ordem não seria apenas um ato
de generosidade, mas, principalmente, uma atitude de inteligência
política.
Ponderei ainda que a paz não era só um objetivo moral, mas um
imperativo de racionalidade. E que não bastava apenas proclamar os
valores do humanismo. Era necessário fazer com que eles prevalecessem,
verdadeiramente, nas relações entre os países e os povos.
Sete anos depois, eu posso olhar nos olhos de cada um de vocês – e,
mais que isso, nos olhos do meu povo – e dizer que o Brasil, mesmo com
todas as dificuldades, fez a sua parte. Fez o que prometeu.
Neste período, 31 milhões de brasileiros entraram na classe média e 20
milhões saíram do estágio de pobreza absoluta. Pagamos toda nossa
dívida externa e hoje, em lugar de sermos devedores, somos credores do
FMI.
Nossas reservas internacionais pularam de 38 bilhões para cerca de 240
bilhões de dólares. Temos fronteiras com 10 países e não nos
envolvemos em um só conflito com nossos vizinhos. Diminuímos,
consideravelmente, as agressões ao meio ambiente. Temos e estamos
consolidando uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, e
estamos caminhando para nos tornar a quinta economia mundial.
Posso dizer, com humildade e realismo, que ainda precisamos avançar
muito. Mas ninguém pode negar que o Brasil melhorou.
O fato é que Brasil não apenas venceu o desafio de crescer
economicamente e incluir socialmente, como provou, aos céticos, que a
melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza.
Historicamente, quase todos governantes brasileiros governaram apenas
para um terço da população. Para eles, o resto era peso, estorvo,
carga.
Falavam em arrumar a casa. Mas como é possível arrumar um país
deixando dois terços de sua população fora dos benefícios do progresso
e da civilização?
Alguma casa fica de pé, se o pai e a mãe relegam ao abandono os filhos
mais fracos, e concentram toda atenção nos filhos mais fortes e mais
bem aquinhoados pela sorte?
É claro que não. Uma casa assim será uma casa frágil, dividida pelo
ressentimento e pela insegurança, onde os irmãos se vêem como inimigos
e não como membros da mesma família.
Nós concluímos o contrário: que só havia sentido em governar, se fosse
governar para todos. E mostramos que aquilo que, tradicionalmente, era
considerado estorvo, era, na verdade, força, reserva, energia para
crescer.
Incorporar os mais fracos e os mais necessitados à economia e às
políticas públicas não era apenas algo moralmente correto. Era,
também, politicamente indispensável e economicamente acertado. Porque
só arrumam a casa, o pai e a mãe que olham para todos, não deixam que
os mais fortes esbulhem os mais fracos, nem aceitam que os mais fracos
conformem-se com a submissão e com a injustiça. Uma casa só é forte
quando é de todos – e nela todos encontram abrigo, oportunidades e
esperanças.
Por isso, apostamos na ampliação do mercado interno e no
aproveitamento de todas as nossas potencialidades. Hoje, há mais
Brasil para mais brasileiros. Com isso, fortalecemos a economia,
ampliamos a qualidade de vida do nosso povo, reforçamos a democracia,
aumentamos nossa auto-estima e amplificamos nossa voz no mundo.
Minhas senhoras e meus senhores,
O que aconteceu com o mundo nos últimos sete anos? Podemos dizer que o
mundo, igual ao Brasil, também melhorou?
Não faço esta pergunta com soberba. Nem para provocar comparações
vantajosas em favor do Brasil.
Faço esta pergunta com humildade, como cidadão do mundo, que tem sua
parcela de responsabilidade no que sucedeu – e no que possa vir a
suceder com a humanidade e com o nosso planeta.
Pergunto: podemos dizer que, nos últimos sete anos, o mundo caminhou
no rumo da diminuição das desigualdades, das guerras, dos conflitos,
das tragédias e da pobreza?
Podemos dizer que caminhou, mais vigorosamente, em direção a um modelo
de respeito ao ser humano e ao meio ambiente?
Podemos dizer que interrompeu a marcha da insensatez, que tantas vezes
parece nos encaminhar para o abismo social, para o abismo ambiental,
para o abismo político e para o abismo moral?
Posso imaginar a resposta sincera que sai do coração de cada um de
vocês, porque sinto a mesma perplexidade e a mesma frustração com o
mundo em que vivemos.
E nós todos, sem exceção, temos uma parcela de responsabilidade nisso tudo.
Nos últimos anos, continuamos sacudidos por guerras absurdas.
Continuamos destruindo o meio-ambiente. Continuamos assistindo, com
compaixão hipócrita, a miséria e a morte assumirem proporções
dantescas na África. Continuamos vendo, passivamente, aumentar os
campos de refugiados pelo mundo afora.
E vimos, com susto e medo, mas sem que a lição tenha sido corretamente
aprendida, para onde a especulação financeira pode nos levar.
Sim, porque continuam muitos dos terríveis efeitos da crise financeira
internacional, e não vemos nenhum sinal, mais concreto, de que esta
crise tenha servido para que repensássemos a ordem econômica mundial,
seus métodos, sua pobre ética e seus processos anacrônicos.
Pergunto: quantas crises serão necessárias para mudarmos de atitude?
Quantas hecatombes financeiras teremos condições de suportar até que
decidamos fazer o óbvio e o mais correto?
Quantos graus de aquecimento global, quanto degelo, quanto
desmatamento e desequilíbrios ecológicos serão necessários para que
tomemos a firme decisão de salvar o planeta?
Meus senhores e minhas senhoras,
Vendo os efeitos pavorosos da tragédia do Haiti, também pergunto:
quantos Haitis serão necessários para que deixemos de buscar remédios
tardios e soluções improvisadas, ao calor do remorso?
Todos nós sabemos que a tragédia do Haiti foi causada por dois tipos
de terremotos: o que sacudiu Porto Príncipe, no início deste mês, com
a força de 30 bombas atômicas, e o outro, lento e silencioso, que vem
corroendo suas entranhas há alguns séculos.
Para este outro terremoto, o mundo fechou os olhos e os ouvidos. Como
continua de olhos e ouvidos fechados para o terremoto silencioso que
destrói comunidades inteiras na África, na Ásia, na Europa Oriental e
nos países mais pobres das Américas.
Será necessário que o terremoto social traga seu epicentro para as
grandes metrópoles européias e norte-americanas para que possamos
tomar soluções mais definitivas?
Um antigo presidente brasileiro dizia, do alto de sua aristocrática
arrogância, que a questão social era uma questão de polícia.
Será que não é isso que, de forma sutil e sofisticada, muitos países
ricos dizem até hoje, quando perseguem, reprimem e discriminam os
imigrantes, quando insistem num jogo em que tantos perdem e só poucos
ganham?
Por que não fazermos um jogo em que todos possam ganhar, mesmo que em
quantidades diversas, mas que ninguém perca no essencial?
O que existe de impossível nisso? Por que não caminharmos nessa
direção, de forma consciente e deliberada e não empurrados por crises,
por guerras e por tragédias? Será que a humanidade só pode aprender
pelo caminho do sofrimento e do rugir de forças descontroladas?
Outro mundo e outro caminho são possíveis. Basta que queiramos. E
precisamos fazer isso enquanto é tempo.
Meus senhores e minhas senhoras,
Gostaria de repetir que a melhor política de desenvolvimento é o
combate à pobreza. Esta também é uma das melhores receitas para a paz.
E aprendemos, no ano passado, que é também um poderoso escudo contra
crise.
Esta lição que o Brasil aprendeu, vale para qualquer parte do mundo,
rica ou pobre.
Isso significa ampliar oportunidades, aumentar a produtividade,
ampliar mercado e fortalecer a economia. Isso significa mudar as
mentalidades e as relações. Isso significa criar fábricas de emprego e
de cidadania.
Só fomos bem sucedidos nessas tarefas porque recuperamos o papel do
Estado como indutor do desenvolvimento e não nos deixamos aprisionar
em armadilhas teóricas – ou políticas – equivocadas sobre o verdadeiro
papel do estado.
Nos últimos sete anos, o Brasil criou quase 12 milhões de empregos
formais. Em 2009, quando a maioria dos países viu diminuir os postos
de trabalhos, tivemos um saldo positivo de cerca de um milhão de novos
empregos.
O Brasil foi um dos últimos países a entrar na crise e um dos
primeiros a sair. Por que? Porque tínhamos reorganizado a economia com
fundamentos sólidos, com base no crescimento, na estabilidade, na
produtividade, num sistema financeiro saudável, no acesso ao crédito e
na inclusão social.
E quando os efeitos da crise começaram a nos alcançar, reforçamos, sem
titubear, os fundamentos do nosso modelo e demos ênfase à ampliação do
crédito, à redução de impostos e ao estímulo do consumo.
Na crise ficou provado, mais uma vez, que são os pequenos que estão
construindo a economia de gigante do Brasil.
Este talvez seja o principal motivo do sucesso do Brasil: acreditar e
apoiar o povo, os mais fracos e os pequenos. Na verdade, não estamos
inventando a roda. Foi com esta força motriz que Roosevelt recuperou a
economia americana depois da grande crise de 1929. E foi com ela que o
Brasil venceu preventivamente a última crise internacional.
Mas, nos últimos sete anos, nunca agimos de forma improvisada. A gente
sabia para onde queria caminhar. Organizamos a economia sem bravatas e
sem sustos, mas com um foco muito claro: crescer com estabilidade e
com inclusão.
Implantamos o maior programa de transferência de renda do mundo, o
Bolsa Família, que hoje beneficia mais de 12 milhões de famílias. E
lançamos, ao mesmo tempo, o Programa de Aceleração do Crescimento, o
PAC, maior conjunto de obras simultâneas nas áreas de infra-estrutura
e logística da história do país, no qual já foram investidos 213
bilhões de dólares e que alcançará, no final do ano de 2010, um
montante de 343 bilhões.
Volto ao ponto central: estivemos sempre atentos às politicas
macro-econômicas, mas jamais nos limitamos às grandes linhas. Tivemos
a obsessão de destravar a máquina da economia, sempre olhando para os
mais necessitados, aumentando o poder de compra e o acesso ao crédito
da maioria dos brasileiros.
Criamos, por exemplo, grandes programas de infra-estrutura social
voltados exclusivamente para as camadas mais pobres. É o caso do
programa Luz para Todos, que levou energia elétrica, no campo, para 12
milhões de pessoas e se mostrou um grande propulsor de bem estar e um
forte ativador da economia.
Por exemplo: para levar energia elétrica a 2 milhões e 200 mil
residências rurais, utilizamos 906 mil quilômetros de cabo, o
suficiente para dar 21 voltas em torno do planeta Terra. Em
contrapartida, estas famílias que passaram a ter energia elétrica em
suas casas, compraram 1,5 milhão de televisores, 1,4 milhão de
geladeiras e quantidades enormes de outros equipamentos.
As diversas linhas de microcrédito que criamos, seja para a produção,
seja para o consumo, tiveram igualmente grande efeito multiplicador. E
ensinaram aos capitalistas brasileiros que não existe capitalismo sem
crédito.
Para que vocês tenham uma idéia, apenas com a modalidade de “crédito
consignado”, que tem como garantia o contracheque dos trabalhadores e
aposentados, chegamos a fazer girar na economia mais 100 bilhões de
reais por mês. As pessoas tomam empréstimos de 50 dólares, 80 dólares
para comprar roupas, material escolar, etc, e isto ajuda ativar
profundamente a economia.
Minhas senhoras e meus senhores,
Os desafios enfrentados, agora, pelo mundo são muito maiores do que os
enfrentados pelo Brasil.
Com mudanças de prioridades e rearranjos de modelos, o governo
brasileiro está conseguindo impor um novo ritmo de desenvolvimento ao
nosso país.
O mundo, porém, necessita de mudanças mais profundas e mais complexas.
E elas ficarão ainda mais difíceis quanto mais tempo deixarmos passar
e quanto mais oportunidades jogarmos fora.
O encontro do clima, em Copenhague, é um exemplo disso. Ali a
humanidade perdeu uma grande oportunidade de avançar, com rapidez, em
defesa do meio-ambiente.
Por isso cobramos que cheguemos com o espírito desarmado, no próximo
encontro, no México, e que encontremos saídas concretas para o grave
problema do aquecimento global.
A crise financeira também mostrou que é preciso uma mudança profunda
na ordem econômica, que privilegie a produção e não a especulação.
Um modelo, como todos sabem, onde o sistema financeiro esteja a
serviço do setor produtivo e onde haja regulações claras para evitar
riscos absurdos e excessivos.
Mas tudo isso são sintomas de uma crise mais profunda, e da
necessidade de o mundo encontrar um novo caminho, livre dos velhos
modelos e das velhas ideologias.
É hora de re-inventarmos o mundo e suas instituições. Por que ficarmos
atrelados a modelos gestados em tempos e realidades tão diversas das
que vivemos? O mundo tem que recuperar sua capacidade de criar e de
sonhar.
Não podemos retardar soluções que apontam para uma melhor governança
mundial, onde governos e nações trabalhem em favor de toda a
humanidade.
Precisamos de um novo papel para os governos. E digo que,
paradoxalmente, este novo papel é o mais antigo deles: é a recuperação
do papel de governar.
Nós fomos eleitos para governar e temos que governar. Mas temos que
governar com criatividade e justiça. E fazer isso já, antes que seja
tarde.
Não sou apocalíptico, nem estou anunciando o fim do mundo. Estou
lançando um brado de otimismo. E dizendo que, mais que nunca, temos
nossos destinos em nossas mãos.
E toda vez que mãos humanas misturam sonho, criatividade, amor,
coragem e justiça elas conseguem realizar a tarefa divina de construir
um novo mundo e uma nova humanidade.
Muito obrigado.”
domingo, 31 de janeiro de 2010
O prefeito da cidade de São Paulo cada dia mostra-se incompetente
http://bit.ly/5QTns4
O prefeito da cidade de São Paulo ,cada dia, mostra-se incompetente para administrar uma cidade como S.Paulo
.As enchentes tem lhe valido este certificadoPor outro lado seu mentor e guarda-costas O Sr.Serra, tem lhe dado aulas inválidas, e ainda que ser o presidente da nação.
Como pode?
Fiquemos mais atentos o Jardim ROMANO é um descalabro, de desrespeito a condição humana.