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quarta-feira, 8 de julho de 2020

Elisabeth Roudinesco: Psicanálise em tempos de pandemia

Fronteiras do Pensamento

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Tradução de Memórias Póstumas de Brás Cubas esgota em um dia nos EUA


Memórias Póstumas de Brás Cubas é um dos maiores clássicos da literatura brasileira. Escrito em 1881, foi publicado em forma de folhetim na Revista Brasileira entre março e dezembro daquele ano, tendo sido editado como livro no ano seguinte. O romance de Machado de Assis tem versões em 12 idiomas, como francês, italiano, espanhol, alemão e até esperanto, além do inglês.
https://bit.ly/31S6hFo


Um dos grandes clássicos da literatura brasileira ganhou nova tradução para o inglês e fez grande sucesso. A nova edição de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, foi lançada na última terça-feira (9 de junho) e esgotou no mesmo dia. A nova versão, com tradução de Flora Thomson-DeVeaux e prefácio de David Eggers, faz parte de uma série de novas versões da obra de Machado de Assis que será lançada nos Estados Unidos.
https://bit.ly/31S6hFo


MACHADO É SUCESSO NOS EUA....Publicado por  Traduzca
POR https://bit.ly/31S6hFo

Um dos grandes clássicos da literatura brasileira ganhou nova tradução para o inglês e fez grande sucesso. A nova edição de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, foi lançada na última terça-feira (2 de junho) e esgotou no mesmo dia. A nova versão, com tradução de Flora Thomson-DeVeaux e prefácio de Dave Eggers, faz parte de uma série de novas versões da obra de Machado de Assis que será lançada nos Estados Unidos.
O lançamento foi precedido de um texto de Eggers na revista The New Yorker, onde retrata Memórias Póstumas de Brás Cubas como “um presente glorioso para o mundo, porque brilha, porque canta, porque é muito engraçado e consegue capturar o tom inimitável de Machado, ao mesmo tempo mordaz e melancólico, autodilacerante e romântico”. O texto, publicado um dia antes do lançamento do livro, ainda afirma que o clássico de Machado de Assis “é uma obra-prima cintilante e uma alegria inabalável de ler, mas, por nenhuma boa razão, quase nenhum inglês no século XXI leu”.
Em sua coluna mensal na revista Piauí, a tradutora da obra, a escritora e brasilianista Flora Thomson-DeVeaux diz que a primeira vez que leu Memórias Póstumas de Brás Cubas foi durante a faculdade. “Quando iniciei o trabalho, pensei em pegar emprestada a estratégia do tradutor e brasilianista britânico John Gledson, cuja tradução meticulosa de Dom Casmurro eu admiro”, conta. A nova versão do clássico foi produzida pela editora Penguin Classics e, por enquanto, apenas a versão digital do livro está disponível no site norte-americano da Amazon.


Memórias Póstumas de Brás Cubas é um dos maiores clássicos da literatura brasileira. Escrito em 1881, foi publicado em forma de folhetim na Revista Brasileira entre março e dezembro daquele ano, tendo sido editado como livro no ano seguinte. O romance de Machado de Assis tem versões em 12 idiomas, como francês, italiano, espanhol, alemão e até esperanto, além do inglês.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

A POESIA NA CANÇÃO -Mônica Salmaso e Chico César - Beradêro



ATUALÍSSIMA, FIXE- SE  NA LETRA E NO TODO,CLARO 






Béradêro
Os olhos tristes da fita
Rodando no gravador
Uma moça cosendo roupa
Com a linha do Equador
E a voz da Santa dizendo
O que é que eu tô fazendo
Cá em cima desse andor
A tinta pinta o asfalto
Enfeita a alma motorista
É a cor na cor da cidade
Batom no lábio nortista
O olhar vê tons tão sudestes
E o beijo que vós me nordestes
Arranha céu da boca paulista
Cadeiras elétricas da baiana
Sentença que o turista cheire
E os sem amor os sem teto
Os sem paixão sem alqueire
No peito dos sem peito uma seta
E a cigana analfabeta
Lendo a mão de Paulo Freire
A contenteza do triste
Tristezura do contente
Vozes de faca cortando
Como o riso da serpente
São sons de sins, não contudo
Pé quebrado verso mudo
Grito no hospital da gente
São sons de sins, são soins de sins
São sons de sins, são
Fonte: Musixmatch


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quarta-feira, 17 de junho de 2020

De Valter Hugo Mãe para Marcelino Freire: Marcelino, tenho medo de voltar ao seu país...

Valter Hugo Mãe - WOOK
V H MÃE WOOK.PT

FLAGRA FACEBOOK L.LALO.L FILHO   
https://bit.ly/3fvgb3H



Bom dia.                                                
                                                             

Marcelino, tenho medo de voltar ao seu país porque cresci relutante para ser adulto e sei que me mantenho em tantas coisas apenas uma criança. Julgo que saio à rua ainda com a alegria de encontrar alguém com quem, de algum modo, possa pressentir a alegria que existia quando estávamos apenas a brincar. Eu não sei estar sozinho. Não aprecio a solidão, gosto das pessoas e não há como curar minha natureza para gostar delas. Mas agora tenho medo do seu país que eu amo. Fiquei toda a vida sonhando ser português e brasileiro, para pertencer a Machado de Assis e Fernando Pessoa. Sonhei que meu orgulho teria papel passado, como quem casa consciente, dedicado, de amor profundo, para toda a eternidade. Eu não previ este medo. Fico desolado.

Estão proibindo as pessoas de serem negras, Marcelino, proibiram de ser mulheres, Marcelino, agora decidiram proibir de ser criança e eu sabia que haveria alguma coisa que ainda me pegaria. Por isso, há muito que eu já brigava pelos negros e há muito que eu já brigava pelas mulheres, eu já brigava pelos viados todos e pelas pessoas sem explicação, tanta gente que só é, sem ter muito como entender ou fazer entender, e quer apenas estar em paz. Eu dei de barato tanta coisa sobre a paz que talvez tenha esquecido de estudar corações, o verdadeiro lugar da guerra. Sou muito despreparado. Passei pelo tempo buscando o deslumbre e vi a melhor versão de cada instante, não vi que medravam no escuro as piores intenções, os ódios que inviabilizam a humanidade. Eu, sinceramente, não vi, Marcelino.

Caminhei nessas ruas todas, tantos Estados, tantas capitais, e eu não dei conta desse ódio. Notei os sorrisos, o samba, o jeito generoso das garotas e de alguns garotos olhando para minha pouca beleza, eu notei os livros, tanta Literatura maravilhosa e a obra do Tunga e Artur Bispo do Rosário bordando as vestes para alindar seu encontro com Deus. Marcelino, no Brasil eu senti invariavelmente que Deus era possível. Sabe quando você se depara com algo perfeito e isso só pode ser graça de uma inteligência superior? Eu vi uma arara azul gigante, devia ter mais de um metro, e ela era mesmo um atributo mágico do mundo, estava livre no cimo de uma árvore na floresta amazônica.





Naquele encontro, eu consumei tudo, Guimarães Rosa e Elza Soares, Tarsila do Amaral e Fernanda Montenegro mais Marília Pêra e Walter Salles, e Darcy Ribeiro mais Heitor Villa-Lobos, e Cartola com Cildo Meireles e Adriana Varejão. Mais Gal Costa e Mônica Salmaso e Paulo Freire lendo a mão de Chico César genial. Eu entendi que Brasil significa beleza e uma profunda esperança. Juro. Parecia uma experiência mística, como se algum espírito me informasse e eu virasse um mensageiro sagrado. Eu elogiei o Brasil em todas as ocasiões porque eu acreditei, e acreditei que minha mensagem era sagrada. Você acha que um espírito me enganaria? Viria sobre mim de propósito para me iludir?

Marcelino, eu não consumei minha adultez, sou apenas um menino, fui sempre ao seu país para encontrar mais amigos e brincar um pouco de ser feliz. Lembra de gostarmos tanto de Manoel de Barros? Eu sei exatamente a razão de gostar tanto da poesia de Manoel de Barros. Ele usa pássaro e amigos e seus versos foram os melhores brinquedos. Minha história é rigorosamente igual. Não tinha muito mais. Pais, irmãos, amigos, os pássaros voando, versos. O lugar de guardar tudo é o verso. O único sentido de ter verso é amar gente e cuidar de pássaro livre.

Estão atirando sobre as crianças e alguém me diz que apenas as negras, são apenas as crianças negras, mas eu duvido que parem por aí. Nós, as crianças mais claras não estamos na linha do tiro? Nem que seja por vergonha, vamos morrer também se não dissermos nada, se não fizermos nada. E se as crianças negras viraram proibidas, que legitimidade teremos nós? Sabe, Gilberto Freyre explicou tão certinho que os portugueses são os mestiços da Europa. Eu tenho sangue árabe, africano e europeu. Sou uma porção de cada coisa e minha pena é não lembrar, só minhas células sabem.

Não deixe que acabem com a maravilha do Brasil. Se resistirmos, nossa delicadeza vai ser uma lição resplandecente.
Você sabe a razão para rejeitarem os negros para as periferias? Eu não descobri. As casas do centro não têm tamanho para negros? Eles são maiores? Aumentam quando dormem? Quando sonham? Ficam derrubando paredes, perigando as fundações dos prédios? Eu acho que não. Eu vi um moço entrando na livraria à minha frente, coube na porta melhor do que eu. Você acha que tem alguém obrigando a que ele corra para a periferia depois de pagar o seu livro? Eu não posso acreditar. Que pena que eu não falei com ele, devia ter perguntado. Talvez me contasse de como fica infinito sonhando, ao ponto de perturbar o silêncio, tremer o prédio, causar fumo. Você já pensou se nossos sonhos também fizessem isso? Eu ia querer, Marcelino. Eu ia querer que meus sonhos fossem tão grandes. Mas sonho só com a paz. Estar sossegado com minha família e meus amigos. Notar os pássaros voando.

Marcelino, façamos uma jura de não morrer durante o plano de nos matarem. Não somos senão ternuras gigantes, guerreiros açucarados, eu entendi que nós precisamos de um pacto poético para embravecer nossa cidadania. Você, que é meu amigo e escritor que tanto admiro, não me falte nunca desse lado. Cuide de Chico Buarque e de Caetano Veloso, por favor, em qualquer cabeça sã do mundo eles representam o Deus possível. Cuide de Maria Bethânia. De Sônia Braga. Diga a Davi Kopenawa e a Ailton Krenak que a floresta vai sempre amá-los, diga que a arara me garantiu. Marcelino, fico ouvindo Rodrigo Amarante e quase ainda acredito em tudo outra vez (Rodrigo é perfeito. Poderia ser a própria arara). Quase perco o medo. Vista também sua roupa de super-herói e sobreviva. Você tem de manter a maravilha do Brasil. Não deixe que acabem com a maravilha do Brasil. Se resistirmos, nossa delicadeza vai ser uma lição resplandecente, e vamos ficar mais belos que os modelos nos filmes gringos. Vamos, sim, Marcelino.

Haveremos de devolver o futuro às crianças. E seremos sempre futuros também. Só quem desistiu passou a ocupar seu canto no passado. Marcelino, reassumo meu compromisso com a esperança. Vou escolher sempre minha vida como lugar de semente. No meu medo, Marcelino, muita coragem vai germinar.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

A nossa história democrática é toda complicada. TA FODA.....

foto L.ZAGATO I FACEBOOK



Flagra do facebook LUCIANA ZAGATO....https://bit.ly/2YyNtYO

Adoro mudar de ideia. Ver coisas que me fazem perceber que eu não estou tão certa quanto pensava.
Vocês são bons nisso, é por isso que eu não saio daqui.
Tem sempre alguém que escapa desse ciclo do ‘eu sou melhor porque eu sabia, eu avisei, eu sei que você não presta, não me misturo e vamos todos morrer’. Ou, pelo menos, consegue enxergar algo além da luta do bem contra o mal. Tem gente que ajuda a tentar entender como viemos parar aqui e não está preocupado em mostrar o quanto é mais puro, digno e ilustrado que o outro.

No fundo, louco mesmo é quem diz que entende o Brasil.

Eu estava me achando muita coisa porque estou conseguindo reduzir o consumo durante a pandemia, porque não compro nada além do necessário, porque não sinto necessidade de sair e, principalmente, não preciso.
É fácil xingar as pessoas que estão indo ao shopping da posição em que eu estou.

Aí aparece alguém, e foram várias ideias interessantes que pintaram por aqui, pra dizer que não é bem assim.

A nossa história democrática é toda complicada. Nós criamos uma constituição maravilhosa, cidadã, mas entupida de regras a serem regidas por lei complementar, cheia de labirintos vestidos de ‘vamos contemplar todo mundo’, mas cujas saídas só foram acessadas pelo poder e pelo dinheiro, como sempre.
A classe média, tanto tempo privada da informação e do acesso, viu a superinflação estourar, fazer compras para o mês inteiro assim que saía o pagamento, aplicar no overnight quando sobrava algum e ver o mercado mundial de produtos entrar aos poucos no país. Entramos feito zumbis na sociedade de consumo mundial.
Nos anos FHC, essa classe média que antes não sabia de nada, começou a entender um pouco o jogo. Dinheiro forte, inflação controlada. O cidadão médio passou a saber quanto tinha e começou a fazer planos. O problema era a quantidade de dinheiro para pagar impostos que não eram revertidos em benefícios.
Nos anos Lula foi muito parecido. Com dois fatores importantes na percepção do brasileiro: o primeiro foi a ascensão da ideia de transparência na coisa pública. Ideia que o PT levou adiante, ainda que com muitas falhas. O segundo foram os programas sociais e a relevante melhora do IDH.
A classe média se concentrou nas falhas. A corrupção era intensa e disseminada ainda na ditadura, mas nada podia ser dito ou investigado. Os ricos e poderosos usavam o governo e continuaram usando nos anos FHC e nos anos do PT, mas a democracia foi aperfeiçoando os mecanismos de investigação e a conta caiu exclusivamente no colo do PT. Sim, havia corrupção e aparelhamento do Estado, mas não começou ali, só mudaram as mãos dos intermediários. A construção do antipetismo, curiosamente, está vinculada ao acesso à informação e posteriormente à distorção da informação. O fato é que o brasileiro médio, quando consegue entender um pouco a dimensão do estrago que é o Brasil, se assustou e tratou de encontrar o seu demônio. O PT representava o apodrecimento do sistema e era preciso romper brutalmente com o sistema. Deu no que deu.
Enquanto isso, o segundo fator: os pobres saíam da miséria. Tanto o modelo do PSDB quanto do PT eram de consumo. O PT trabalhou para inserir o pobre na sociedade de consumo. Ninguém lutou pela redução da desigualdade. Não se mexe com os milionários do Brasil, essa sempre foi a única lei.
Agora, não importa se o modelo de consumo está em decadência no mundo e você está puto porque o povo vai pro shopping em plena pandemia. Os pobres foram jogados no mercado, ninguém se preocupou com educação, visão, futuro. Eles aprenderam que deixar de ser miserável é consumir e não é justo tirar isso deles de uma hora para a outra. Não de dentro do meu apartamento confortável, do meu emprego (ainda) seguro, do alto dos meus diplomas. Se meu modo de vida dispensa o consumismo, isso é um privilégio e não uma escolha.
Mas existe algo ainda mais cruel nesse governo. O Bolsonaro, que é um ignorante, quer a abertura porque faz essa conta de dono de padaria: se o comércio não abre o Brasil quebra. E, como bom psicopata, tem essa pulsão de morte, quer guerra, quer ver sangue, então, se estão dizendo que é horrível abrir o comércio, aí sim ele quer abrir o comércio, morra quem morrer.
Mas o Guedes é outra história. Como eu já disse, é para as classes mais baixas e a classe média mais medíocre (incapaz de entender um contexto mais amplo) que a abertura do comércio é mais importante. São eles que querem suas vidas vinculadas ao consumo de volta. Os ricos não estão olhando para os shoppings. Ainda que suas noites de insônia sejam mais confortáveis em lençóis Trousseau, eles estão de olho no mercado, nas bolsas, nos índices econômicos. Esqueçam a produção, a indústria, o emprego. O ultraliberalismo só tem olhos para os bancos. Por que o Guedes quer ajudar apenas as grandes empresas a sair da crise? Porque elas tem ações, capital aberto, elas podem desestabilizar o mercado financeiro. Só por isso. Preocupação zero com o país.

Nós precisamos começar a entender quem é o inimigo e odiar as pessoas ou ideias certas. Bolsonaro e Doria querem nos matar, ou não se importam se morrermos, pois estão de olho na popularidade. Guedes quer tirar de nós a nossa humanidade.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

GABRIEL PRESENTE!!!!!!!!!!!

https://bit.ly/2XOqgm2


BRASILEIROS PROGRESSISTAS DE LUTO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

MATÉRIA DO INSTITUTO LULA VINDA DE J.LIVRES
Com pesar, comunicamos o falecimento de Gabriel Rodrigues dos Santos, jovem
de 19, militante apaixonado e cheio de energia transformadora. Em muitos momentos, Gabriel esteve nas ruas encampando a bandeira Lula Livre e,
por mais de uma vez, visitou a Vigília Lula Livre, em frente a Polícia Federal
em Curitiba, onde estava preso injustamente aquele que era sua inspiração
de vida, o ex-presidente Lula.
Gabriel faleceu na manhã desta quarta-feira, 10, na UTI do Incoor, em
decorrência de complicações de uma infecção que acometia seus pulmões
já há três meses. De origem pobre, Gabriel vendia balas e amendoins nos
trens de Carapicuíba e encontrou na militância política um sentido para seguir sobrevivendo e transformando sua realidade.
Deixamos aqui como memória e homenagem esta narrativa sobre Gabriel publicada em junho de 2017 nos Jornalistas Livres, por Anderson Bahia. Gabriel Rodrigues dos Santos. Presente!
No dia 13 de dezembro de 2016, a Assembleia Legislativa de São Paulo
(ALESP) vivia mais um dia tenso. Dezenas de estudantes secundaristas
lotavam a galeria da Casa. Na mesa diretora, deputados liam o relatório da
CPI da Merenda, que seria votado pelos demais membros do parlamento
logo em seguida. À medida que a leitura transcorria, seu conteúdo revelava
que políticos citados em supostos desvios da merenda escolar não seriam enquadrados dessa forma no documento. Os estudantes se exaltaram e os
 policiais militares entraram em ação. Novas cenas de repressão se iniciavam.
“Começamos a gritar palavra de ordem e a xingar alguns deputados. Foi quando
os policiais partiram em nossa direção e um deles foi tentar levar o Anderson”,
narra Gabriel Rodrigues dos Santos, 16 anos, estudante do 8° ano da Escola Estadual Dona Maria Alice Crissiuma Mesquita, situada em Carapicuíba, grande
São Paulo. O outro estudante que, segundo ele, seria detido pela Polícia Militar chama-se Anderson Ribeiro, diretor da União Paulista dos Estudantes
Secundaristas (UPES).
O que aconteceu em seguida é lembrado com detalhes pelo jovem. “Assim
que um policial segurou o Anderson para levá-lo, eu reagi, puxando-o para
tentar evitar. Outro policial me prendeu pelos braços e saiu me arrastando t
ambém”. As cenas seguintes são relatos de desproporcionalidade e uso
excessivo de força. Gabriel – um garoto magro medindo 1,70 metro – foi
enforcado pelo policial. Seu rosto já se avermelhara e lágrimas escorriam-lhe
pelos olhos. “Ouvia gente gritando para me soltarem porque eu poderia morrer”. Arrastado até um elevador com mais policiais presentes, recebeu três socos
na barriga e na costela, além de dois fortes tapas no rosto.
Gabriel foi levado para um Departamento Policial. Em sua companhia foram a deputada estadual Márcia Lia (PT) e um advogado da assessoria da sambista e também deputada estadual Leci Brandão (PCdoB). Na delegacia, policiais
chegaram a fazer menção de que seu destino seria a Fundação Casa, um
Centro de Atendimento Socioeducativo, mas a intervenção da deputada impediu.
O estudante foi liberado após a chegada de sua mãe, Ana Rodrigues dos Santos,
 43 anos.
Esses fatos encerraram um episódio marcante da política em São Paulo e que
teve repercussão nacional. Ainda no primeiro semestre daquele ano, em 3 de
maio, dezenas de estudantes ocuparam o plenário da ALESP. Movidos pela indignação com manchetes de jornais e telejornais, dando conta da existência
de um esquema de fraude e desvio da merenda escolar na rede pública
 estadual de ensino, entraram ali dispostos a só saírem depois de os
deputados se comprometerem a aprovar uma Comissão Parlamentar de
 Inquérito (CPI) para apurar o caso.
As manchetes fartamente reproduzidas em todo país tratavam de um desdobramento da Operação Alba Branca, deflagrada em 19 de janeiro de 2016 pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual de São Paulo. De acordo
com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco)
de Ribeirão Preto, entre 2013 e 2015 as fraudes chegaram a R$ 7 milhões.
Entre os investigados estava Fernando Capez, deputado pelo PSDB e presidente
do parlamento estadual.
Os estudantes cumpriram o que prometeram. Três dias depois, na tarde do dia
6 de maio, deixaram o local e, na parte externa, comemoraram a conquista das
10 assinaturas que ainda faltavam para a criação da CPI da Merenda Escolar.
Foi um feito e tanto.
Nos quatro anos anteriores, nada menos que 26 CPIs foram enterradas na ALESP. A base de apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB), com ampla maioria, sempre atuou de forma rápida para evitar que qualquer investigação sobre os
atos do governo fosse aberta.
Mas essa foi difícil conter. As principais emissoras de televisão, rádios e jornais cobriram amplamente os três dias de ocupação. Isso levou a uma grande mobilização de entidades da sociedade civil organizada, de artistas e intelectuais
em solidariedade aos estudantes. Ainda na primeira noite, o cantor Chico César, conhecido pela música “Mama África” e dezenas de outros sucessos, compareceu ao local. Ele ouviu o relato dos jovens, manifestou seu apoio e cantou várias músicas para eles. Instantes após a sua saída, o Padre Júlio Lancellotti,
responsável pela Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, chegou com pães e chocolate quente feitos por moradores de rua sob sua coordenação. A doação era o gesto de apoio daquela pastoral à manifestação das meninas e meninos. Num breve e empolgante discurso, ele destacou que “em tempos de injustiça, praticar a desobediência civil é uma virtude”.
O relatório aprovado naquele 13 de dezembro listou 20 nomes envolvidos
no caso. Nenhum de político com mandato. Os nomes de Luiz Roberto dos
 Santos, o “Moita”, ex-chefe de gabinete da Casa Civil na gestão de Alckmin,
além de Jéter Rodrigues e José Merivaldo dos Santos, ex-assessores de Fernando Capez, foram os que mais se aproximaram daqueles com poder de decisão na administração pública.
Apesar da blindagem política que os mantém impunes, os principais suspeitos de liderar o esquema saíram com a reputação manchada. O engajamento de uma geração de estudantes secundaristas, que já tinham chamado a atenção do país inteiro após ocuparem mais de 200 escolas no final de 2015 contra a proposta de “reorganização” escolar que poderia levar ao fechamento de dezenas delas, era responsável por isso.

Vendedor de amendoins

É meio dia. Na estação Barra Funda do metro de São Paulo, milhares de
pessoas trafegam freneticamente. Integrada com outras duas linhas da
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e mais um terminal
rodoviário, cotidianamente centenas de milhares de pessoas circulam pelo local. Todo dia, nesse horário, Gabriel também chega ali. Vindo da periférica
Carapicuíba, cidade onde nasceu e reside até hoje, anda sempre com
uma mochila carregada de doces. Até às 17h, alterna entre as linhas 8 e 9
vendendo amendoins, chicletes e balas. Antes de anoitecer, retorna para a
casa e em seguida vai à escola.
Negro, com um bigode sutil de adolescente cujos hormônios começam a moldar um corpo de adulto, Gabriel é o sexto filho entre oito irmãos. Seus pais são separados há seis anos. Ele mora no bairro Vila Lourdes com a mãe e quatro irmãos: Gleice, 21 anos, Juliana (17) e os gêmeos João Victor e João Augusto (15). Liliane, 22, mudou-se para Curitiba há cinco anos e desde então não recebe notícias dela. Cláudio, 28, está preso há 4 anos, acusado de participação em tráfico de drogas. O mais velho, Eduardo, morreu em 2011 na linha 8 da CPTM. Deslocava-se para o trabalho de manhã cedo quando caiu na linha do trem, após ser empurrado pela multidão que todo dia aglomera-se nas estações. Até hoje a família não recebeu a indenização que requisitou à Justiça. Sobre o pai, só sabe que mora na capital. Não tem contato com desde que ele e sua mãe se separaram.
Todo dia o jovem que desafiou deputados e contribuiu para difundir na sociedade o escândalo sobre o desvio da merenda escolar de diversas crianças e adolescentes iguais a ele repete essa rotina. De 2014 para cá, entretanto, as atividades políticas passaram a alterar esse script. Atraído pela identidade construída pelo Partido dos Trabalhadores de atuação em favor das classes populares, reforçada pela imagem e atuação do ex-presidente Lula, Gabriel se envolveu na campanha de reeleição da então presidente Dilma Rousseff. Vinha duas vezes por semana para a capital e também nos fins de semana. Se informava sobre as atividades que a militância realizaria e, sem conhecer ninguém, se somava a elas. Distribuía panfletos em grandes pontos de concentração de pessoas (estações de metrô e avenidas principais), participava de caminhadas, carreatas e etc.

Contra o impeachment de Dilma.
Esse envolvimento iniciou-se em sua própria cidade, na eleição municipal de 2008. Ainda criança, pregou adesivos da campanha do então candidato a prefeito pelo PT Sérgio Ribeiro, que seria eleito e reeleito em 2012. Na reeleição de Ribeiro, dividiu seu tempo com vindas a São Paulo para participar também das atividades de campanha de Fernando Haddad, que numa arrancada surpreendente sairia de 7% das intenções de voto para se tornar prefeito da maior cidade da América do Sul. Gabriel driblava sua mãe dizendo que “ia bem ali”. Só retornava cinco ou seis horas depois.
“Nem sei como começou direito. Em 2008, era criança ainda e participava por participar. Mas em 2010 (na primeira eleição de Dilma), vi toda aquela discussão contra ela, por ser mulher e apoiada por Lula. Isso despertou minha atenção porque já tinha noção dessa ligação do Lula com as pessoas mais pobres e ser contra ele me incomodava por isso”, explica.
Após a eleição que reelegeu Dilma, o campo político que foi derrotado nas urnas, liderado pelo candidato Aécio Neves (PSDB), iniciou uma série de ações para reverter o resultado eleitoral. Todo esse processo culminaria no impeachment da presidente eleita no final de agosto de 2016. Mas entre uma data e outra, a polarização política na opinião pública e nas redes sociais ganhou as ruas.
No ano de 2015, um total de sete grandes manifestações foram realizadas em todo país. Três convocadas por organizações como Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE) e Movimentos dos Sem Terra (MST) – em março, agosto e dezembro -, e quatro (em março, abril, agosto e dezembro) chamadas por organizações criadas para fazer oposição aos governos de Lula e Dilma, como “Vem Pra Rua”, “Revoltados On Line” e Movimento Brasil Livre (MBL). Gabriel participou de todas aquelas que os movimentos sociais realizaram.
Em 2016, as atividades realizadas contra o impeachment de Dilma e a favor da democracia multiplicaram-se exponencialmente. A condução coercitiva do ex-presidente Lula, em 4 de março daquele ano, foi recebida por muitos como um excesso do juiz Sergio Moro, no bojo da operação “Lava Jato”, conduzida a partir de Curitiba. Nos dias seguintes ao episódio, uma pesquisa de opinião simulando o cenário eleitoral para a Presidência da República indicava Lula liderando a corrida eleitoral pelo cargo que ocupou entre 2003 e 2011. Esse fato, somado a proximidade da primeira votação do impeachment na Câmara dos Deputados, que ocorreria em 17 de abril, suscitou centenas de atividades em todo o país.
Comitês pela democracia em dezenas de universidades, divulgação de manifestos assinados por artistas, intelectuais, juristas e políticos, vários debates nas redes sociais elevaram a temperatura da política no país. Do ponto de ônibus ao botequim, passando pela padaria e a igreja. Em todos os lugares alguém falava sobre o assunto.
Na capital paulista, Gabriel se tornou figura corriqueira nas principais atividades. Com um traquejo de garoto travesso e comunicativo, adquirido na lida diária da venda de doces, se aproximava das pessoas com facilidade. Inquieto, como é característico de adolescentes da sua idade, circulava entre os vários grupos presentes nas atividades. Com um tempo, percebeu ali também uma oportunidade de aumentar seus dividendos. Passou a revender broches com frases que ouvia serem pronunciadas nas palavras de ordens repetidas pelos manifestantes, como “não vai ter golpe” e “fora golpistas”.
Não demorou para Gabriel ser chamado pelo próprio nome nas atividades políticas. Isso também se refletia em seu perfil na rede social “Facebook”. Hoje tem 2.677 amigos, sendo a maioria filiados ao PT, PCdoB e PSOL. Seu álbum de fotos tem várias em que ele aparece junto de figuras conhecidas, como Lula e Gleisi Hoffmann, seus preferidos. Mas também Dilma Rousseff, Jandira Feghali, Vanessa Grazziotin e Lindbergh Farias.
Os contatos não se limitam ao momento das fotos. Como vai às principais atividades e já é reconhecido nelas, tem contato com os ativistas via WhatsApp também. Gabriel integra vários grupos, onde se informa sobre fatos e opiniões dos acontecimentos da política. Durante a entrevista, por vezes inverteu o papel perguntando sobre a maior possibilidade da saída de Temer: via impeachment no Congresso Nacional ou cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Aniversário com Lula


Lula e Gabriel celebram juntos.
“Nasci em 27 de outubro de 2000. É o mesmo dia em que Lula faz aniversário”, frisa. A coincidência da data o levou a comemorar seu último aniversário junto com o ex-presidente e seu maior ídolo. “Alguns militantes decidiram fazer uma surpresa para o Lula e foram até o Instituto (Lula). Eu fui junto. Passei o dia lá, esperando para dar os parabéns para ele. Quando acabou uma reunião em que ele estava com a bancada do PT em Brasília, o encontramos e pude cumprimentá-lo”, descreve.
O mais recente encontro entre eles ocorreu dia 31 de maio. Marcaram, inclusive, a próxima data em que vão se ver. No dia 10 de junho, durante a posse da direção estadual do diretório PT paulista, Lula combinou de receber sua filiação e anunciá-la publicamente.
Engana-se quem acha que o ato de se filiar é mero capricho do garoto. “Quero ser candidato a vereador em Carapicuíba, em 2020”. Quando perguntado se esse é o maior objetivo da sua vida, ele responde que sim. “Já pensei em estudar Direito também, mas a maior coisa que eu penso mesmo é ser candidato”.
As limitações materiais da sua família fizeram com que ele assumisse responsabilidade cedo. Mas isso também foi uma opção sua. Sua mãe trabalha como vendedora numa loja no endinheirado Shopping Iguatemi, em Pinheiros. Com a renda desse trabalho, ela arca com as despesas da família. Os irmãos que moram com que ele não trabalham. No bairro, divertem-se todos os dias na quadra de esportes. “No esporte sou meio coxinha”, ele diz abrindo um sorriso inocente. Pergunto se o esporte dele é ganhar dinheiro. “Quem não gosta, né?”, responde rindo novamente.
Com o dinheiro que ganha com as vendas de doces, costuma comprar roupas e ir ao cinema. Assiste a maioria dos lançamentos. Prefere as salas do shopping JK. Sua mãe, segundo ele, diz que não é preciso ajudar em casa. Em momentos de maior restrição, vai ao supermercado e compra alguns alimentos. “Mas só às vezes mesmo”, diz.
A desenvoltura que tem em conversar e fazer brincadeira com as pessoas não é a mesma diante de circunstâncias que animam muitos garotos de sua idade. “Você namora, Gabriel? Tem alguma gatinha?”, pergunto. O rosto muda de feição. Fica com uma expressão nitidamente envergonhada, faz alguns segundos de silêncio e responde sorrindo novamente, só que com a voz mais baixa: “Sou de Deus”.
Saímos dos bancos situados na parte externa da biblioteca Mário de Andrade, na rua São Luís, centro de São Paulo, onde fizemos a entrevista, em direção à estação república do metrô. Descemos as escadas e, no sentido contrário, uma mulher branca, maquiada, de cabelos pretos subia pela escada rolante. “Olha ela”, fala em voz alta. A moça olha assustada e Gabriel ri alto. A cena indica que suas tardes de trabalho estão repletas de descontrações como essa.
Momentos depois nos despedimos. Lá iria Gabriel, com a sua alegria juvenil e acanhada, mesclada ao encantamento com a política e o sentimento de que, ao participar dela, podemos mudar a vida das pessoas para melhor.
Publicado em junho de 2017 no Jornalistas Livres.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

A quarentena é por causa disso.




Paulovas


 Flagra FACEBOOK Célia Galvão




Para os desinformados, os que querem se desinformar... que desligam a televisão e vendam os olhos para uma realidade que não querem enxergar... seja por insensatez, por falta de empatia, por idolatria ou fanatismo... enfim, para qualquer um que ainda não compreendeu o momento.
Essa doença tá fazendo vítimas de todas as idades: bebês, crianças, adolescentes, adultos, idosos. Cada um de nós reage de forma diferente, e que bom seria se tivéssemos a certeza que nós, nossos filhos, familiares, reagissem bem a ela... mas infelizmente não é assim.
Não é a Globo! Não é a Folha! Não era o Mandeta! Parem de achar que tudo gira em torno de um plano para derrubar o presidente. Existe uma coisa chamada visão holística que consiste em olhar o problema por todos os lados, não apenas o lado que nos interessa, ou pelo menos achamos que nos interessa.

Para quem está comparando o número de mortes da Covid com Sarampo, H1N1, Dengue, Malária, Aids, Fome, Miséria, Corrupção... o faz por ignorância ou má fé. Reflita sobre a consequência dos seus atos.
O isolamento ou distanciamento social não vai evitar que pessoas morram amanhã. Não vai evitar que pessoas se contaminem amanhã, mas o isolamento pode e deve diminuir a velocidade das mortes, das contaminações.
A quarentena é por causa disso.
Nenhuma dessas doenças ou situações matou mais de mil pessoas por dia, todos os dias.
Entendam...
A quarentena é por causa da quantidade de leitos, médicos, enfermeiros, equipamentos e remédios!
Se não nos isolarmos, teremos o colapso do atendimento e muitas pessoas terão que morrer em casa... Ja está acontecendo. E o pior, ainda vão continuar morrendo de Sarampo, H1N1, Dengue, Malária, Aids, Câncer, Infarto, Covid, e outras 'causas mortis'. Porque não vai ter atendimento para todos.
É para DESACELERAR a velocidade das contaminações!
Parem de comparar. Busquem informações sérias, sem paixões, sem adorações, sem idolatria, sem fanatismo... reflitam
Eu já entendi, mas muitos não.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

.... uma quarentena dentro de outra quarentena

Boaventura Sousa Santos. “A democracia nunca foi compatível com o ...
B. DE S. SANTOS POR SOL.SAPO.PT




UM FILÓSOFO NA PANDEMIA COM A LUCIDEZ DOS....

"A quarentena provocada pela pandemia é, afinal, uma quarentena dentro de outra quarentena. Superaremos a quarentena do capitalismo quando formos capazes de imaginar o planeta como nossa casa comum e a natureza como nossa mãe originária, a quem devemos amor e respeito. Ela não nos pertence. Nós é que lhe pertencemos. Quando superarmos esta quarentena, estaremos mais livres das quarentenas provocadas por pandemias." (from "A cruel pedagogia do vírus (Pandemia Capital)" by Boaventura de Sousa Santos)

quarta-feira, 3 de junho de 2020

.... não consigo nem conjugar oralmente a palavra esperança... ...CIDA MOREIRA




A imagem pode conter: Cida Moreira
CIDA  MOREIRA  POR SEU FACEBOOK




FLAGRA FACEBOOK
Cida Moreira está se sentindo cansada.
Ontem domingo,as manifestações daqui que não podem morrer... não chego a ficar com esperança,mas desejo que continuem nos próximos dias,se mais não fora pelos milhares de mortos, índice que ainda vai crescer imensamente,por causa da gripezinha,e da violência implícita ...e choro pelos milhares de negros mortos cruelmente no Brasil todos os dias.. Não suportei ver a imagem daquele homem sufocado por um joelho branco...foi absolutamente doloroso ver aqueles olhos dizendo que não podia respirar...e uso uma pobre metáfora pra dizer que morri e morro sem poder respirar o ar abençoado da vida,e da humanidade claramente perdida.... Lá,aqui,em muitos lugares... indizível dor no peito,no coração e na alma.... não consigo nem conjugar oralmente a palavra esperança... só consigo balbuciar Maiaskovski,que ao voltar pro mundo depois de ter ficado muito tempo congelado pede que o ressuscitem porque era poeta e ansiava o futuro,e quer que seu amor reapareça numa alameda do zoológico,onde pretende viver..com os bichos....boa noite....