REDES

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Neoliberalismo, a nova forma do totalitarismo; privatiza direitos, destrói solidariedades e desencadeia extermínios




Foto: Bob Sousa/Revista Cult

Sempre clara,indo direto ao ponto, odiada pela direita conservadora Marilena Chauí vai certeira ao alvo.Muito antes da VAZAJATO ela já descrevia quem era o SR.Sergio Moro-2016 e ao que ele se prestava. Apontava seu engajamento aos EUA e as ordens que deveriam ser executadas.Lembremos:0:23 / 4:32 MARILENA CHAUÍ: SERGIO MORO E JOSÉ SERRA CONTRA O BRASIL E O PRÉ-SAL.
Aqui, neste texto-abaixo- ela disseca  termos fascismo e neofascismo para descrever criticamente nosso presente. VIOMUNDO

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Neoliberalismo: a nova forma do totalitarismo




Por Marilena Chauí
Tornou-se corrente nas esquerdas o uso de termos fascismo e neofascismo para descrever criticamente nosso presente.
Estamos acostumados a identificar o fascismo com a presença do líder de massas como autocrata. É verdade que, hoje, embora os governantes, não se alcem à figura do autocrata, operam com um dos instrumentos característico do líder fascista, qual seja, a relação direta com “o povo”, sem mediações institucionais e mesmo contra elas. Também, hoje, se encontram presentes outros elementos próprios do fascismo: o discurso de ódio ao outro – racismo, homofobia, misoginia; o uso das tecnologias de informação que levam a níveis impensáveis as práticas de vigilância, controle e censura; e o cinismo ou a recusa da distinção entre verdade e mentira como forma canônica da arte de governar.
No entanto, não emprego esse termo por três motivos: (a) porque o fascismo tem um cunho militarista que, apesar das ameaças de Trump à Venezuela ou ao Irã, as ações de Nathanayu sobre a faixa de Gaza, ou a exibição da valentia do homem armado pelo governo Bolsonaro e suas ligações com as milícias de extermínio, não podem ser identificados com a ideia fascista do povo armado; (b) porque o fascismo propõe um nacionalismo extremado, porém a globalização, ao enfraquecer a ideia do Estado-nação como enclave territorial do capital, retira do nacionalismo o lugar de centro mobilizador da política e da sociedade; (c) porque o fascismo pratica o imperialismo sob a forma do colonialismo, mas a economia neoliberal dispensa esse procedimento usando a estratégia de ocupação militar de um espaço delimitado por um tempo delimitado para devastação econômica desse território, que é abandonado depois de completada a espoliação.
Em vez de fascismo, denomino o neoliberalismo com o termo totalitarismo, tomando como referência as análises da Escola de Frankfurt sobre os efeitos do surgimento da ideia de sociedade administrada.
O movimento do capital transforma toda e qualquer realidade em objeto do e para o capital, convertendo tudo em mercadoria, instituindo um sistema universal de equivalências próprio de uma formação social baseada na troca pela mediação de uma mercadoria universal abstrata, o dinheiro.
A isso corresponde o surgimento de uma prática, a da administração, que se sustenta sobre dois pilares: o de que toda dimensão da realidade social é equivalente a qualquer outra e por esse motivo é administrável de fato e de direito, e o de que os princípios administrativos são os mesmos em toda parte porque todas as manifestações sociais, sendo equivalentes, são regidas pelas mesmas regras. A administração é concebida e praticada segundo um conjunto de normas gerais desprovidas de conteúdo particular e que, por seu formalismo, são aplicáveis a todas as manifestações sociais. A prática administrada transforma uma instituição social numa organização.
Uma instituição social é uma prática social fundada no reconhecimento público de sua legitimidade e de suas atribuições, num princípio de diferenciação que lhe confere autonomia perante outras instituições sociais, sendo estruturada por ordenamentos, regras, normas e valores de reconhecimento e legitimidade internos. Sua ação se realiza numa temporalidade aberta ou histórica porque sua prática a transforma segundo as circunstâncias e suas relações com outras instituições.
Em contrapartida, uma organização se define por sua instrumentalidade, fundada nos pressupostos administrativos da equivalência. Está referida ao conjunto de meios particulares para obtenção de um objetivo particular, ou seja, não está referida a ações articuladas às ideias de reconhecimento externo e interno, de legitimidade interna e externa, mas a operações, isto é, estratégias balizadas pelas ideias de eficácia e de sucesso no emprego de determinados meios para alcançar o objetivo particular que a define. É regida pelas ideias de gestão, planejamento, previsão, controle e êxito, por isso sua temporalidade é efêmera e não constitui uma história.
Por que designar o neoliberalismo como o novo totalitarismo?
Totalitarismo: por que em seu núcleo encontra-se o princípio fundamental da formação social totalitária, qual seja, a recusa da especificidade das diferentes instituições sociais e políticas que são consideradas homogêneas e indiferenciadas porque são concebidas como organizações. O totalitarismo é a afirmação da imagem de uma sociedade homogênea e, portanto, a recusa da heterogeneidade social, da existência de classes sociais, da pluralidade de modos de vida, de comportamentos, de crenças e opiniões, costumes, gostos e valores.
Novo: por que, em lugar da forma do Estado absorver a sociedade, como acontecia nas formas totalitárias anteriores, vemos ocorrer o contrário, isto é, a forma da sociedade absorve o Estado. Nos totalitarismos anteriores, o Estado era o espelho e o modelo da sociedade, isto é, instituíam a estatização da sociedade; o totalitarismo neoliberal faz o inverso: a sociedade se torna o espelho para o Estado, definindo todas as esferas sociais e políticas não apenas como organizações, mas, tendo como referência central o mercado, como um tipo determinado de organização: aempresa – a escola é uma empresa, o hospital é uma empresa, o centro cultural é uma empresa, uma igreja é uma empresa e, evidentemente, o Estado é uma empresa.
Deixando de ser considerada uma instituição pública regida pelos princípios e valores republicano-democráticos, passa a ser considerado homogêneo ao mercado. Isto explica porque a política neoliberal se define pela eliminação de direitos econômicos, sociais e políticos garantidos pelo poder público, em proveito dos interesses privados, transformando-os em serviços definidos pela lógica do mercado, isto é, a privatização dos direitos, que aumenta todas as formas de desigualdade e exclusão.
O neoliberalismo vai além: encobre o desemprego estrutural por meio da chamada uberização do trabalho e por isso define o indivíduo não como membro de uma classe social, mas como um empreendimento, uma empresa individual ou “capital humano”, ou como empresário de si mesmo, destinado à competição mortal em todas as organizações, dominado pelo princípio universal da concorrência disfarçada sob o nome de meritocracia.
O salário não é visto como tal e sim como renda individual e a educação é considerada um investimento para que a criança e o jovem aprendam a desempenhar comportamentos competitivos. O indivíduo é treinado para ser um investimento bem sucedido e para interiorizar a culpa quando não vencer a competição, desencadeando ódios, ressentimentos e violências de todo tipo, destroçando a percepção de si como membro ou parte de uma classe social e de uma comunidade, destruindo formas de solidariedade e desencadeando práticas de extermínio.
Quais são as consequências do novo totalitarismo?
– social e economicamente, ao introduzir o desemprego estrutural e a terceirização toyotista do trabalho, dá origem a uma nova classe trabalhadora denominada por alguns estudiosos com o nome de precariado para indicar um novo trabalhador sem emprego estável, sem contrato de trabalho, sem sindicalização, sem seguridade social, e que não é simplesmente o trabalhador pobre, pois sua identidade social não é dada pelo trabalho nem pela ocupação, e que, por não ser cidadão pleno, tem a mente alimentada e motivada pelo medo, pela perda da autoestima e da dignidade, pela insegurança;
– politicamente põe fim às duas formas democráticas existentes no modo de produção capitalista: (a) põe fim à socialdemocracia, com a privatização dos direitos sociais, o aumento da desigualdade e da exclusão; (b) põe fim à democracia liberal representativa, definindo a política como gestão e não mais como discussão e decisão públicas da vontade dos representados por seus representantes eleitos; os gestores criam a imagem de que são os representantes do verdadeiro povo, da maioria silenciosa com a qual se relacionam ininterruptamente e diretamente por meio do twitter, de blogs e redes sociais – isto é, por meio do digital party –, operando sem mediaçãoinstitucional,pondo em dúvida a validade dos parlamentos políticos e das instituições jurídicas, promovendo manifestações contra eles; (c) introduz a judicialização da política, pois, numa empresa e entre empresas, os conflitos são resolvidos pela via jurídica e não pela via política propriamente dita. Em outras palavras, sendo o Estado uma empresa, os conflitos não são tratados como questão pública e sim como questão jurídica, no melhor dos casos, e como questão de polícia, no pior dos casos; (d) os gestores operam como gangsters mafiosos que institucionalizam a corrupção, alimentam o clientelismo e forçam lealdades. Como o fazem? Por meio do medo. A gestão mafiosa opera por ameaça e oferece “proteção” aos ameaçados em troca de lealdades para manter todos em dependência mútua. Como os chefes mafiosos, os governantes também têm os consiglieri, conselheiros, isto é, supostos intelectuais que orientam ideologicamente as decisões e os discursos dos governantes, estimulando o ódio ao outro, ao diferente, aos socialmente vulneráveis (imigrantes, migrantes, refugiados, lgbtq+, sofredores mentais, negros, pobres, mulheres, idosos) e esse estímulo ideológico torna-se justificativa para práticas de extermínio; (e)transformam todos os adversários políticos em corruptos, embora a corrupção mafiosa seja, praticamente, a única regra de governo; (f) têm controle total sobre o judiciário por meio de dossiês sobre problemas pessoais, familiares e profissionais de magistrados aos quais oferecem “proteção” em troca de lealdade completa (e quando o magistrado não aceita o trato, sabe-se o que lhe acontece);
– ideologicamente, com a expressão “marxismo cultural”, os gestores perseguem todas as formas e expressões do pensamento crítico e inventam a divisão da sociedade entre o bom povo, que os apoia, e os diabólicos, que os contestam. Por orientação dos consiglieri, pretendem fazer uma limpeza ideológica, social e política e para isso desenvolvem uma teoria da conspiração comunista, que seria liderada por intelectuais e artistas de esquerda. Os conselheiros são autodidatas que se formaram lendo manuais e odeiam cientistas, intelectuais e artistas, aproveitando-se do ressentimento que a extrema direita tem por essas figuras. Como tais conselheiros estão desprovidos de conhecimentos científicos, filosóficos e artísticos, empregam a palavra “comunista” sem qualquer sentido preciso: comunista significa todo pensamento e toda ação que questionem o status quo e o senso-comum (por exemplo: que a terra é plana; que não há evolução das espécies; que a defesa do meio ambiente é mentirosa; que a teoria da relatividade não tem fundamento, etc.). São esses conselheiros que oferecem aos governantes os argumentos racistas, homofóbicos, machistas, religiosos, etc., isto é, transformam medos, ressentimentos e ódios sociais silenciosos em discurso do poder e justificativa para práticas de censura e de extermínio;
– a dimensão planetária da forma econômica neoliberal faz com que não exista um “fora” do capitalismo, uma alteridade possível, levando à ideia de “fim da história”, portanto à perda da ideia de transformação histórica e de um horizonte utópico. A crença na inexistência da alteridade é fortalecida pelas tecnologias de informação, que reduzem o espaço ao aqui, sem geografia e sem topologia (tudo se passa na tela plana como se fosse o mundo) e ao agora, sem passado e sem futuro, portanto sem história (tudo se reduz a um presente sem profundidade). Volátil e efêmera, nossa experiência desconhece qualquer sentido de continuidade e se esgota num presente vivido como instante fugaz;
– a fugacidade do presente, a ausência de laços com o passado objetivo e de esperança em um futuro emancipado, suscitam o reaparecimento de um imaginário da transcendência. Assim, a figura do empresário de si mesmo é sustentada e reforçada pela chamada teologia da prosperidade, desenvolvida pelo neopentecostalismo. Mais do que isso. Os fundamentalismos religiosos e a busca da autoridade decisionista na política são os casos que melhor ilustram o mergulho na contingência bruta e a construção de um imaginário que não a enfrenta nem a compreende, mas simplesmente se esforça por contorná-la apelando para duas formas inseparáveis de transcendência: a divina (à qual apela o fundamentalismo religioso) e a do governante (à qual apela o elogio da autoridade forte).
Diante dessa realidade, muitos afirmam que vivemos num mundo distópico, no qual as distopias são concebidas sob a forma da catástrofe planetária e do medo. Vale a pena, entretanto, mencionar brevemente a diferença entre utopia e distopia.
A utopia é a busca de uma sociedade totalmente outra que negue todos os aspectos da sociedade existente. É a visão do presente sob o modo da angústia, da crise, da injustiça, do mal, da corrupção e da rapina, do pauperismo e da fome, da força dos privilégios e das carências, ou seja, o presente como violência nua. Por isso mesmo é radical, buscando a liberdade, a fraternidade, a igualdade, a justiça e a felicidade individual e coletiva graças à reconciliação entre homem e natureza, indivíduo e sociedade, sociedade e poder, cultura e humanidade. Uma utopia não é um programa de ação, mas um projeto de futuro que pode inspirar ações que assumem o risco da história, fundando-se na ação humana como potência para transformar a realidade, tornando-se imanentes à história, graças à ideia de revolução social.
A distopia tem um significado crítico inegável ao descrever o presente como um mundo intolerável, porém corre o risco de transformá-lo em fantasma e rumar para o fatalismo, a imobilidade e o desalento do fim da história. A utopia também parte da constatação de um mundo intolerável, mas em lugar de curvar-se a ele, trabalha para colocá-lo em tensão consigo mesmo para que dessa tensão surjam contradições que possam ser trabalhadas pela práxis humana. A imobilidade distópica decorre de sua estrutura fantasmática: nela, o intolerável não é o ponto de partida e sim o ponto de chegada. Ao contrário, a mobilidade utópica provém de sua energia como projeto e práxis, como trabalho do pensamento, da imaginação e da vontade para destruir o intolerável: o intolerável é seu ponto de partida e não o de chegada.
Se a utopia é a visão do presente sob o modo da angústia, da crise, da injustiça, do mal, da corrupção e da rapina, do pauperismo e da fome, da força dos privilégios e das carências, do presente como violência intolerável, não podemos abrir mão da perspectiva utópica nas condições de nosso presente.
*Marilena Chaui é professora emérita da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP

"Recife e o Brega-Funk"

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Olá a todos que nos acompanham


Professor, e agora?








Daniel Carvalho




¨ queria escrever um poema em homenagem às professoras e professores... desculpa por não conseguir.é que a gente é triste, josé! ¨Daniel Carvalho



Professor é um poeta um ator e criador: entende,enxerga o outro , o poema  e ao faze-lo exclama , grita, põe-se para fora o que nos empurraram goela a dentro : a poesia nasce , conjumina-se à outra, como na paródia drummodiana..

Como disse Natalia Correa:
 Oh! subalimentados do sonho: A poesia é para comer!
Bravo DANIEL!

acervo do artista facebook

A ditadura militar na ficção contemporânea brasileira: entrevista com Berttoni Licarião






Regina Dalcastagnè para Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea 

Regina Dalcastagnè
Academia.edu



ABRINDO

Regina Dalcastagnènos aponta uma excelente entrevista no foco-desejo de alteridade ou, de outro modo, ¨ sobre a ditadura militar no Brasil, da relação entre história e literatura e do papel que  a ficção pode desempenhar na nossa percepção do passado, particularmente, dos chamados “passados traumáticos”
Nos apresenta um paraibano: Berttoni Licarião- doutorando -em término- Literatura UNB, ora radicado em Brasília.
Vamos ao texto:

“Com a literatura podemos aprender a perceber o outro, não com a cientificidade que dedicamos a um objeto de estudo, mas como desejo de alteridade que renova o mundo e humaniza as diferenças”.
Bruno Leal entrevista Berttoni Licarião
Há pouco mais de um ano, o Café História transferiu-se do Rio de Janeiro para Brasília. Desde então, temos encontrado na Capital Federal incontáveis pesquisadores talentosos, versáteis e com muito a dizer. Do Plano Piloto a Ceilândia, passando por Taguatinga, o cerrado vive um momento de grande vitalidade, talvez inédito, no campo universitário, cultural e das letras. Um desses talentos é o jovem Berttoni Cláudio Licarião, de 34 anos.
Paraibano, mas mas vivendo na capital desde 2015, Licarião tem um conceituado (e engajado) perfil literário no Instagram (o @literatoni), onde comenta e sugere livros, e está na reta final de seu doutorado em literatura, que realiza na Universidade de Brasília (UnB). Seu tema: a ditadura na ficção contemporânea brasileira.


Literatura e ditadura,o principal interesse acadêmico de Licarião. Foto: Berttoni Cláudio Licarião.
Literatura e ditadura,o principal interesse acadêmico de Licarião. Foto: Berttoni Cláudio Licarião.

Em entrevista concedida ao editor do Café História, o historiador Bruno Leal, Licarião fala sobre o boom dos livros de ficção sobre a ditadura militar no Brasil, da relação entre história e literatura e do papel que a ficção pode desempenhar na nossa percepção do passado, particularmente, dos chamados “passados traumáticos”. Segundo Licarião, “ciente dos perigos do silenciamento (afinal, a primeira vítima das ditaduras sempre será a linguagem), a literatura passa a representar uma oportunidade de combater nosso déficit de memória e garantir um espaço para a elaboração do luto, de maneira que possamos escapar às voltas violentas do recalcado”.
Parece haver uma profusão, nos últimos anos, de livros de ficção sobre a ditadura militar brasileira. Isso está mesmo ocorrendo? Se sim, como você explica o fenômeno?
Sem dúvida que sim. A literatura tem tratado da ditadura brasileira desde os primeiros dias do golpe de 1964, seja por meio de poemas, contos, romances, testemunhos ou jornalismo literário. Hoje, já é possível atribuir conjuntos de obras a períodos bem marcados como, por exemplo, a literatura de testemunho das décadas de 1970 e 1980 ou, ainda, as obras mais claramente de resistência publicadas sob o AI-5, como Incidente em Antares (Erico Verissimo, 1971), Sombras de reis barbudos (José J. Veiga, 1972) e As meninas (Lygia Fagundes Telles, 1973). No entanto, se tomarmos os livros em circulação no atual mercado editorial e as obras validadas por estudos críticos nos últimos 35 anos, um breve levantamento da literatura brasileira que tem a ditadura como pano de fundo ou tema principal revelará que a última década foi umas das mais prolíficas em publicações: em um universo de 110 obras que consegui catalogar até o momento quase metade (53) foi publicada entre 2010 e 2019.
Uma das razões que posso articular para explicar esse fenômeno tem a ver com os “ciclos de memória cultural”, conceito desenvolvido pela pesquisadora estadunidense Rebecca J. Atencio para caracterizar o surgimento simultâneo, seja por coincidência ou de maneira intencional, de uma dada obra (ou conjunto de obras) e mecanismos institucionais que carregam importância histórica. Atencio se debruça sobre vários desses ciclos ao longo da história recente do Brasil, estabelecendo como primeiro exemplo a intersecção gerada entre a promulgação da Lei da Anistia de 1979 e o surgimento dos relatos O que é isso, companheiro?, de Fernando Gabeira, no mesmo ano, e Os carbonários, de Alfredo Sirkis, publicado no ano seguinte. Para Atencio, a análise das relações entre mecanismos institucionais e a produção artístico-cultural evidencia interações profundas e complexas no tocante ao processo de construção de memórias coletivas e individuais.
Nessa perspectiva, o rebuliço memorialista despertado pelos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (2012-2014) trouxe um novo fôlego à produção ficcional da última década, transformando a literatura num palco para o acerto de contas entre história nacional e memória coletiva. Com o impulso das audiências públicas e dos relatórios das comissões estaduais e nacional, falar sobre o trauma da ditadura deixou de ser um imperativo de sobreviventes e familiares para atingir as esferas mais amplas da produção cultural. Ciente dos perigos do silenciamento (afinal, a primeira vítima das ditaduras sempre será a linguagem), a literatura passa a representar uma oportunidade de combater nosso déficit de memória e garantir um espaço para a elaboração do luto, de maneira que possamos escapar às voltas violentas do recalcado. Além disso, a estreita relação entre a impunidade da violência da ditadura e o recrudescimento da violência policial observada hoje no Brasil dirige o olhar de escritoras e escritores para o passado recente, como forma de compreender os resquícios de autoritarismo que afetam nossa democracia.
Sua tese tem o título provisório de Estado de memória: a ditadura na ficção contemporânea brasileira. Explique, por favor, o que exatamente você está estudando no seu doutorado.
A tese se concentra na produção literária brasileira sobre a ditadura publicada na última década, especialmente a partir dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (2012-2014). Diante da paisagem de extrema violência que caracteriza toda nossa história, a CNV representou um retorno do recalcado, na medida em que escancarou uma memória traumática não trabalhada coletivamente. Em minha leitura, acredito que os últimos 34 anos foram marcados por um processo de individualização dos crimes contra a humanidade, na medida em que o país não assumiu a tarefa de superar o golpe de 64 como um trauma coletivo e o deixou circunscrito a tragédias pessoais. Logo, nosso processo de recuperação dessa memória foi pervertido e limitou-se, com raras exceções, a medidas paliativas de retratação e indenizações. A Lei da Anistia de 1979 contribuiu sobremaneira para essa normatização do esquecimento, promovendo aquele “apagamento do erro” de que fala Paul Ricouer. Aqui, a anistia engendrou amnésia, e o luto de cada família ficou restrito à esfera do privado, carente de justiça. Torturadores seguem impunes, beneficiados pelo “mal de Alzheimer nacional”.1
Investigo, portanto, de que maneira a individualização do trauma da ditadura, bem como a política de apagamento promovida pela Lei da Anistia de 1979, têm se manifestado na produção ficcional dos últimos anos. O recorte é analisado a partir do que chamei nosso “estado de memória”, uma condição que se define pela permanência do autoritarismo como objeto traumático alojado no corpo das obras estudadas, e que toma o campo da memória cultural como um espaço de confronto que interpreta e discute a experiência coletiva. A tese apresenta um breve panorama das ficções publicadas no último decênio, mas se concentra com mais fôlego nas obras de Bernardo Kucinski — K: Relato de uma busca (2011), Você vai voltar pra mim e outros contos (2014) e Os visitantes (2016) — e na Trilogia infernal de Micheliny Verunschk — composta pelos romances Aqui, no coração do inferno (2016), O peso do coração de um homem (2017) e O amor, esse obstáculo (2018). Escritas após a redemocratização e a abertura de Comissões da Verdade, essas narrativas representam a vivência do trauma de diferentes perspectivas, definidas pelo grau de crueldade e extermínio da máquina repressora, e pelo papel que a memória do período exerce no imaginário do país hoje.
O que podemos entender com a memória da ditadura na ficção contemporânea brasileira? Em que medida aprender com a literatura é diferente de aprender com a historiografia (a história produzida por historiadores)?
A escritora cearense Ana Miranda disse certa vez algo que sempre me acompanha nas discussões que envolvem conceitos tão amplos quanto verdade, memória, ficção e história: “Os historiadores são ficcionistas que fingem estar dizendo uma verdade, os ficcionistas são historiadores que fingem estar contando uma mentira”. A frase é boa porque aponta para a vizinhança dos discursos historiográfico e literário a partir de um caráter inalienável: ambos são gestos de linguagem, e a linguagem é sempre uma construção social — que envolve classe, gênero, lugar, temporalidade etc. Ainda que o trabalho do historiador e do romancista tenham objetivos distintos, todo romance historia, inadvertida ou intencionalmente, o comportamento humano, não apenas no sentido da pesquisa profunda que envolve a construção dos chamados “romances históricos”, mas sobretudo porque as escolhas narrativas de uma ficção escrita em 1996 sobre o envio de órfãs portuguesas ao Brasil em 1555, por exemplo, diz muito mais sobre o presente da publicação do que sobre aquele passado no qual o enredo se desenvolve.


K. Relato de uma busca, de Bernardo Kucinski, indicado por Licariãio. Foto: Bruno Leal.
K. Relato de uma busca, de Bernardo Kucinski, indicado por Licariãio. Foto: Bruno Leal.

É nesse sentido que as ficções sobre a ditadura brasileira, muito além de apresentarem ao grande público as técnicas de tortura, as arbitrariedades e os embustes que caracterizaram a história brasileira entre 1964 e 1985, contribuem com a percepção de um presente falsamente pacificado, misto de semidemocracia cínica e “máquina coletiva de recalque”, nas palavras do escritor Julián Fuks.2 Assim como a história, a literatura sempre parte de perguntas do presente, mas em lugar de entregar um saber construído a partir de fontes e documentos, ela nos oferece uma parcela da plasticidade humana. Isso significa que no horizonte da literatura não devemos buscar “verdades” do mundo (por mais que o texto literário também tenha seu valor enquanto documento histórico), mas representações variadas sobre o comportamento de indivíduos e grupos, bem como sobre o estabelecimento de instituições ou de visões de mundo. Como muito bem sintetizou Roland Barthes, a ficção “não diz que sabe alguma coisa, mas que sabe de alguma coisa”.3 Com a literatura podemos aprender a perceber o outro, não com a cientificidade que dedicamos a um objeto de estudo, mas como desejo de alteridade que renova o mundo e humaniza as diferenças.
Se, como defendo, a realidade que a literatura busca apreender é aquela da existência, campo das possibilidades humanas, observar como a memória da ditadura se comporta na ficção contemporânea é uma oportunidade de entrar em contato com aquilo que tem sido institucionalmente silenciado. Na evidente escassez de monumentos, tribunais e lugares de memória, nosso trauma encontra um espaço de elaboração também por meio da ficção, através de um complexo inventário que recria tudo aquilo que o discurso do historiador muitas vezes evita dizer: a dor e o sangue, as lágrimas e as feridas, a tensão e o horror. O arquivo é duro, de pouco acesso e intimidador; a literatura, ao contrário, consegue ser um pouco mais acessível, cabe na mão e atinge um público mais amplo, agindo muitas vezes em caráter de suplência em relação à historiografia. Ciente das inúmeras polêmicas que cercam os conceitos que seguem, arriscaria dizer que a literatura pode ser, nesse sentido, um arquivo mais democrático da ditadura brasileira. Não se trata, claro, de aproximar ingenuamente literatura e verdade, mas perceber a primeira como um lugar onde discursos do sobre o passado também se manifestam.
Conte-nos uma “descoberta” interessante que você fez na pesquisa para o doutorado.
A pergunta é um pouco mais difícil de responder porque a pesquisa em literatura, via de regra, parte de um ou mais textos literários que já são de conhecimento do pesquisador. Não há muito espaço, portanto — como há na análise de fontes, arquivos e documentos —, para descobertas inusitadas. Mas se sairmos do escopo da pesquisa para abranger a literatura produzida nos demais países latino-americanos que também sofreram ditaduras, o caso brasileiro chama a atenção pela presença ainda muito forte das descrições de tortura e da violência perpetrada pelo Estado. Em contextos como o da Argentina, por exemplo, que teve sua Comissão Nacional da Verdade (1983-1986) logo após o fim da ditadura (1976-1983), a denúncia da violência repressora tem cedido lugar a questões sobre o conflito de gerações e o futuro da memória, ou mesmo sobre a culpa de quem sobreviveu e daqueles que foram coniventes com o regime de exceção. Cenas explícitas de tortura tem se tornado cada vez menos frequentes. Uma possível leitura da insistência da literatura brasileira em trazer a tortura e a violência ao primeiro plano das narrativas estaria relacionada com a ausência de políticas públicas e medidas institucionais que seriam fundamentais à superação do trauma nacional. Para citar a psicanalista Maria Rita Kehl, “O esquecimento da tortura produz a naturalização da violência como grave sintoma social no Brasil”.[4] A vontade ética da literatura, neste caso, parece atenta aos perigos engendrados pelo silenciamento.   

George Soros-Agente banalizador de las causas en Am.El Punto en la i:


EU USO A WEB NÃO DEIXO QUE ELA ME USE Gregório Duvivier



HÁ UMA SOCIEDADE QUE  CONFUNDE REDE -APLICATIVOS COM INTERNET

A seriedade do humor de Gregório Duvivier. Seu depoimento nesta entrevista nos fornece outra face deste cidadão que faz um jornalismo sério com seu tempero exato,irônico; ele entrega a quem quer ouví-lo a face deste país que queima no desmantelo do poder  dos recalcados, pervertidos cognitivamente.
Consegue sem esforço responder as indagações sem maior esforço.Além do fazer artístico, sua primeira face, ele tece um bom jornalismo.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Cabo Branco -JP-PB - ponto mais extremo do Brasil com nova atração.

Professor Ranulfo Cardoso -UFCG -nos envia de João Pessoa-PB- essa nova atração visual e turística. 
Vista Panorâmica da cidade, orla e até a cidade de Cabedelo-cidade portuaria. 
É importante  dizer que este ponto geográfico está sendo dizimado pela erosão  da falésia de modo brutal com   avanço  do mar,  arruinando esse ponto mais extremo das Américas*, e ao que sabemos pouco de contenção está se fazendo para evitar tal fato.
Leiam EROSÃO CRESCE NA BARREIRA DO CABO BRANCO

Disciplina Geografia SEED

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*A ponta do Seixas é o ponto mais oriental do continente americano e consequentemente da parte continental do Brasil. Localiza-se a leste da cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba, a quatorze quilômetros do centro da cidade e a três quilômetros ao sul do bairro de Cabo Branco.

El Frasco, medios sin cura: ¡Cuidado! ¡Que vuelve el búmeran!

Ecuador Lenín Moreno manda prender governadora de oposição Paola Pabón e cenários, fatos ocorrendo



Paola Pabón, governadora de Pichincha. Foto: Assembleia Nacional do Equador



Em outro poster, aqui,Ecuador¿Y el resto? ¿Y los muertos, desaparecidos y heridos? ¿Todo solo x la gasolina,? Me opongo al triunfalismo reinante relatei  a descofiança do sociólogo argentino Atilio Boron, não deu outra: veja o que  ocorreu. DIÁRIO DA CAUSA OPERÁRIA

Ditador Lenín Moreno manda prender governadora de oposição
Governadora filmou sua própria prisão e denunciou essa medida ditatorial em uma transmissão ao vivo
Da redação – O presidente do Equador, Lenín Moreno, mandou a polícia prender uma governadora da oposição na madrugada de hoje. Paola Pabón, governadora de Pichincha, teve sua casa invadida de manhã por policiais. Ela filmou sua própria prisão e, por meio de uma transmissão ao vivo pelo Facebook, denunciou: “Aqui é um estado de direito. Não podem entrar em minha casa assim! Essa é a paz que ele [Lenín Moreno] se propõe ao Equador? Que esse país saiba, que o mundo saiba que esse é o governo de Moreno: a perseguição política, a repressão!”


Acusação
A governadora de Pichincha está sendo acusada de ter bloqueados estradas usando caminhões durante os protestos contra o governo. Uma acusação sem provas tirada do nada pela repressão para continuar uma perseguição política que começou desde que Lenín Moreno assumiu o governo, como sucessor de Rafael Correa, traindo em seguida o programa pelo qual foi eleito e perseguindo seus ex-aliados para implantar um programa neoliberal.
Estado de exceção
Desde que os protestos explodiram no Equador, tendo um corte no subsídio de combustíveis, exigido pelo FMI, como estopim das mobilizações, a resposta do governo do Equador foi simplesmente mais repressão. Lenín Moreno decretou, primeiro, estado de exceção, escancarando o golpe que foi sua chegada ao poder e a ditadura à qual os equatorianos estão submetidos. De lá para cá, o presidente golpista já colocou o exército na rua para esmagar a população, já mudou ca capital de cidade (de Quito para Guayaquil) e estabeleceu um toque de recolher, vigorando das 20h às 5h.
Ao todo, a repressão da ditadura equatoriana já matou sete manifestantes até agora, com mais de mil pessoas detidas e mais de mil feridos pela repressão. Sem nenhum apoio popular, a ditadura golpista procurará se manter com apoio do imperialismo e dos militares, por meio de uma brutal repressão





LEIA MAIS, VEJA VÍDEO EM :http://bit.ly/2B9aDJQ
LEIA AINDA MAIS SOBRE ECUADOR ¿Cuál es el escenario en Ecuador tras el acuerdo que puso fin a fuertes protestas antigubernamentales?

O amargo sabor da fruticultura brasileira...OUTRAS PALAVRAS-BRASIL DE FATO



por Outras Palavras 

ABRINDO 
O mundo talvez coma menos carne, há uma tendência ao vegano, mas o que nos garante que é orgânico o é?Afora isto desconhecemos as condições sociais do trabalho do campo onde salários miseráveis são pagos e as condições de trabalho que se oferecem aos trabalhadores. Os supermercados não interessa indicar procedência e certificação de qualidade de trabalho .Desta feita somos coniventes aos fatos de exploração do trabalho escravo ou semi-escravo.O que faz  a tecnologia por isto ? Nada.
E  ela é apontada como a salvadora da pátria.
Não levamos em consideração o nível de contaminação não só dos frutos como dos trabalhadores e a roda gira e nós impulsionamo-la. Em tempos atuais , ditos mais modernos, somos mais contaminados e levados ao obscuro mundo do trabalho escravo e nada disto nos atormenta.Somos anestesiados pelo dia a dia, pela marca dos grande supermercados que nos induzem a confiar nos mesmos.  Eles  tripudiam em nossa cara, sabe de nossas carências e ignorâncias face aos meios de produção.E comemos, comemos e acariciamos o trabalho escravo e os agrotóxicos que faz a maquiagem dos produtos tornando-os apetitáveis .


Abaixo matéria de OUTRAS PALAVRAS 


O amargo sabor da fruticultura brasileira

Relatório aponta: produção de frutas é bilionária, mas superexplora trabalhadores no Nordeste. Empregos temporários e exposição a venenos são práticas comuns. Redes como Carrefour e Pão de Açúcar fazem vista grossa às violações…


VEJAM ABAIXO MATÉRIA DO OUTRAS PALAVRAS
As frutas que chegam à mesa de milhões de brasileiros — e são exportadas para diversos países — podem ter uma sórdida origem: a superexploração do trabalho no Nordeste, grande polo desse cultivo no país. Apontado como o terceiro maior produtor de frutas do mundo, gera cerca de R$ 40 bilhões por ano. De acordo com a pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM) de 2017, realizada pelo IBGE, o Brasil não garante salários e condições dignas a grande parte dos trabalhadores que estão no campo plantando e colhendo. Para agravar a situação, as grandes redes de supermercado, principais compradoras da produção frutífera, fazem vista grossa às violações trabalhistas de seus fornecedores.
É o que aponta o relatório Frutas Doces, Vidas Amargas, lançado nessa quinta-feira (10/10) pela Oxfam Brasil. Foram analisadas as cadeias produtivas de três importantes frutas no Nordeste: melão, uva e manga, que empregam cerca de 88 mil pessoas. Embora a fruticultura seja celebrada como moderna atividade econômica e geradora de empregos no semiárido brasileiro, seus trabalhadores estão entre os 20% mais pobre do Brasil.
“Nosso relatório revela o sofrimento de muitas famílias e as desigualdades na cadeia de produção e venda das frutas brasileiras, do campo aos supermercados”, afirma Gustavo Ferroni, coordenador político da área de Setor Privado, Direitos Humanos e Desigualdades da Oxfam Brasil, e responsável pelo relatório.
Os trabalhadores dessa área vivem, em geral, sob constante ameaça de contaminação por agrotóxicos, não têm condições básicas de segurança e subsistência, mal têm o que comer e penam com a injusta diferença na remuneração entre homens e mulheres. Metade deles, “safristas”, são empregados apenas seis meses ao ano e, depois, demitidos. A renda mensal dessa modalidade intermitente de trabalho não ultrapassa os R$ 700, valor abaixo ao salário mínimo brasileiro atual, fixado em R$ 998, e irrisório quando se trata de sustentar uma família de quatro pessoas, como é o caso da maioria desses trabalhadores.
Além disso, o relatório aponta que essas culturas frutíferas pouco ou nada impactam no desenvolvimento local. Dos 20 municípios que mais produzem manga, por exemplo, considerando apenas os 11 localizados no Nordeste, área abordada pela pesquisa, nenhum possui Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHm) superior à média nacional. Cinco deles têm o IDHm considerado baixo e, nos outros seis, mediano.
“O argumento de que qualquer emprego é melhor que nenhum emprego coloca sobre os trabalhadores o peso de aceitarem qualquer condição de trabalho e exime setores econômicos de suas responsabilidades. Isso não é justo. A cadeia das frutas gera riqueza e é necessário que essa riqueza seja mais bem distribuída”, afirma Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil. “As pessoas que estão colhendo as frutas que chegam às nossas mesas têm o direito a ter uma vida digna. E os supermercados têm o dever e a responsabilidade de ajudar a mudar esse preocupante cenário que estamos apontando”, conclui ela.

A responsabilidade dos supermercados

As maiores redes de supermercados do Brasil, Carrefour, Pão de Açúcar e Grupo Big (ex-WalMart Brasil), detêm 46,6% do mercado atacadista do país, e são as grandes beneficiárias desses produtos gerados com o sofrimento de dezenas de milhares de pessoas. A Oxfam Brasil analisou políticas e relatórios disponibilizados publicamente por essas três empresas e concluiu que, caso fosse de seu interesse, elas poderiam incidir na produção para garantir melhores condições de trabalho das empresas fornecedoras de frutas.
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