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segunda-feira, 29 de outubro de 2018

RESISTIREMOS MAIS AINDA ....CORAGEM! NINGUÉM SOLTA A MÃO Capturas do Facebook L. Hidalgo




Desenho viralizou nas redes sociais após as eleições. — Foto: Thereza Nardelli/Arquivo pessoal POR G1




Faço minhas as palavras de Luciana Hidalgo.
A luta continua agora mais que nunca.!!
Não baixaremos a cabeça !!!!!!!!
"Mas que nunca é preciso Lutar e alegrar a cidade ...
E o povo cantando
Seu canto de paz
Seu canto de paz " ...
Vinicius de Moraes


Luciana Hidalgo

5 h
Quase 58 milhões de brasileiros votaram ontem num presidente que defende a ditadura, a tortura, e acha que bandido bom é bandido morto. Um homem que despreza mulheres, acha que gays têm de apanhar, que negros não servem “nem para procriar”, e que dá apenas duas opções para os opositores do seu governo: o aeroporto ou a cadeia. Embora essas ideias fascistas do novo presidente do Brasil tenham circulado em vídeos, sem sombra de dúvida sobre o que disse, quase 58 milhões de simpatizantes do fascismo o elegeram democraticamente. Entre esses brasileiros, todos os que conheço, não por acaso, são: maridos violentos, pais abusivos que bateram nos filhos a vida toda, pessoas autoritárias que nunca perderam a chance de contar uma piadinha racista ou depreciativa sobre pessoas mais pobres, mulheres e gays. 
Todos os simpatizantes do fascismo que conheço sempre foram “fascistas” em seus círculos familiares ou no trabalho. Fingem não ver a relação entre o que eles próprios são e o candidato fascista em quem votaram. Pior: fingem não saber o que é fascismo. Outros, poucos, são fracos, submissos aos seus “fascistas” favoritos. Por outro lado, mais de 47 milhões de brasileiros votaram num candidato que é professor, defensor dos direitos humanos e privilegia a educação, os livros, não as armas. É entre esses que circulo, frequento, vivo e viverei. Quanto aos outros, os simpatizantes do fascismo, os evitarei cada vez mais: não serei cliente de seus serviços, sejam profissionais de todas as áreas, não comprarei artigos em suas lojas. 
Nunca me esquecerei de que na crise econômica atual, com milhões de desempregados, empresas que demitiam funcionários alegando “corte de gastos” tinham R$ 12 milhões para investir numa campanha difamatória contra o candidato adversário no Whatsapp. R$ 12 milhões, cada uma! Que nós, não simpatizantes do fascismo, memorizemos bem seus nomes e marcas – sobretudo agora que eles saem do armário. Só agora percebo que foi no final de 2015, ao chegar ao Brasil após uma longa temporada em Paris, que o tamanho do problema brasileiro me chamou atenção. Um dia a amiga de um amigo me disse que o Brasil “era melhor durante a ditadura”. Pior: o amigo concordou. Outra amiga de amigo disse que não queria metrô chegando no Leblon para evitar aquela “negralhada do subúrbio” na praia dela. Uma madame no avião disse que não queria “pobre” na cadeira ao lado. Um parente disse abertamente numa reunião de família que nunca aceitaria um filho gay. Curioso: enquanto eu ouvia essas barbaridades, ao sair nas ruas, via casais gays se beijando em público, mulheres se unindo e se empoderando, negros lindos assumindo seus cabelos encaracolados em belos penteados, pessoas mais pobres se formando na universidade e tendo ótimos empregos. 
Cenas comuns, aliás, em cidades civilizadas como Paris. Entendi tudo. Começava ali um retrocesso total de costumes que tinha a política partidária, o antipetismo, como bandeira, mas escondia apenas um processo lamentável de conservadorismo, provincianismo, preconceito de classe social, da cor da pele, da orientação sexual, que culminaria na eleição de um presidente de ideias fascistas. Ele só ganhou essa eleição porque dizia publicamente tudo o que esses ex-amigos, parentes e várias pessoas nas ruas me diziam de forma privada. É pena. Vejo hoje que nunca admirei intelectualmente, eticamente, de forma alguma, aliás, nenhuma dessas pessoas. Muitas delas, diga-se de passagem, vociferavam contra a corrupção, mas, pelo que sei, sonegaram milhares e milhares de reais em impostos ao longo da vida. Dinheiro seu, dinheiro meu, dinheiro nosso. A essa altura é bom lembrar aos quase 58 milhões de simpatizantes do fascismo que os mais de 47 milhões de brasileiros que votaram no candidato intelectual e humanista não vão sumir do mapa do Brasil. É muita, muita gente. E a menos que o novo presidente saia matando mulheres, negros, gays, trans e opositores do seu governo, como, aliás, Hitler fez no século passado, os simpatizantes do fascismo no Brasil terão que continuar a ver negros nas universidades e na praia do Leblon, pobres no avião, gays se beijando em público, mulheres empoderadíssimas. 
A polarização nunca foi entre esquerda e direita, mas entre pessoas que rejeitam o fascismo e simpatizantes do fascismo. Dizem que vivemos em “bolhas” nas redes sociais, mas vou dizer uma coisa: essa nossa bolha de mais de 47 milhões de brasileiros que recusaram o fascismo nas urnas é bonita demais. E, claro, como vivemos numa democracia, darei um voto de confiança ao presidente eleito: que ele não pratique as ideias fascistas que vem disseminando há décadas, que seja um democrata realmente, não feche o Congresso caso este não aprove suas medidas, que não deixe seu filho fechar o Supremo Tribunal Federal com o apoio das Forças Armadas. 
O que posso dizer é que a partir de hoje voltarei a falar de literatura nesse espaço, cada vez mais, porque se esses quase 58 milhões de brasileiros tivessem lido livros, e os compreendido, não estaríamos nesse buraco. Desse pesadelo que foi o dia de ontem, guardarei apenas a lembrança mais bonita: leitores me escrevendo para dizer que levaram meus romances “O passeador” e “Rio-Paris-Rio” na hora de votar. Era parte de uma campanha linda promovida pelos mais de 47 milhões de não simpatizantes do fascismo que votaram ontem no poder do livro, não na estupidez da violência. 
Tenhamos ainda alguma fé, portanto, no poder da democracia, na coligação entre partidos a partir de 2019, para que o totalitarismo carniceiro anunciado não se concretize. Nossa luta agora, meus amores, habitantes dessa gigantesca bolha, é essa. Sejamos incansáveis na difusão da literatura, da leitura, já que o fascismo só cria raízes na ignorância mais profunda. Do meu lado, asseguro: só para isso valeu, vale e valerá escrever. Sempre. E viva o fino, elegante, inteligente e cultíssimo Fernando Haddad. Desde já: #Haddad2022.

sábado, 27 de outubro de 2018

Presidenciável que defende a ditadura e elogia a tortura. Captura do Face Luciana Hidalgo

Luciana Hidalgo

4 h
Vivemos num país onde quase 50 milhões de pessoas foram às urnas votar num presidenciável que defende a ditadura e elogia a tortura. Um golpe militar nem é mais necessário. Os quatro Poderes da República fizeram tão bem seu trabalho sujo nos últimos anos que a direita se esfarelou, e o que resta é uma extrema-direita que anseia pelo fascismo. Seja qual for o resultado do segundo turno, sabemos desde já que falhamos como nação naquela coisinha básica que se convém chamar: civilização. 
Quem votou no presidenciável que tem um vice general do Exército, votou num projeto claro: elogio à violência e ao justiçamento (“bandido bom é bandido morto” etc.); desejo de retorno ao regime ditatorial dos anos 1960/70 com Exército nas ruas, tortura e assassinato dos opositores do governo; desprezo por mulheres, gays, negros; aniquilamento total da inteligência, da cultura, da literatura, da arte (os ataques à Lei Rouanet, à área de Humanas, às universidades públicas e aos intelectuais como um todo nos últimos anos demonstram em que nível baixíssimo de conhecimento tais seres rastejam). Todos esses eleitores estão aptos ao fascismo, portanto não os subestimemos. São pessoas que, ao optar pela barbárie, negam a civilização. Isso já aconteceu antes. 
O nazismo na Alemanha só cresceu e durou porque grande parte da sociedade alemã fingiu que não viu e outra grande parte no fundo o desejou. A ditadura no Brasil dos anos 1960/70 só cresceu e durou porque grande parte da sociedade brasileira fingiu que não viu e outra grande parte no fundo a desejou. Nascida no Brasil um ano depois do golpe de 1964, demorei décadas para ver exatamente quem apoiava aquela barbárie e quem a recusava. 
Hoje essa percepção é cristalina. Basta olhar para o lado e ver quem votou ontem no presidenciável pró-ditadura. São as mesmas pessoas. Triste notar que muitas pertencem a classes abastadas, agora multiplicadas em filhos e netos que estudaram nos melhores colégios, mas não leem livros, não têm a menor consciência político-social e, sobretudo, não pensam além da sua própria classe social, o que equivale a: não pensar, não duvidar do que lhe caiu nas mãos de bandeja, não sair da casinha. Ironicamente falhamos como nação, não na Educação pública, mas na Educação particular. E se digo isso é porque eu mesma estudei nos melhores colégios e lá aprendi pouco, muito pouco do mundo fora da casinha. Infelizmente vivi para ouvir amigos de infância, adolescência e de faculdade, ou mesmo parentes, dizerem que eram felizes durante a ditadura civil-militar no Brasil. Por isso a querem de volta. Ouvir isso de pessoas que eu considerava humanas foi um golpe duro que me obrigou a exclui-las do convívio. 
Mas concluo que foi exatamente a censura total e o silêncio corrosivo da ditadura civil-militar dos anos 1960/70 que inibiu o saber-poder político da minha geração e das que vieram depois, atrasando-nos todos no processo civilizatório, na conscientização de ideias básicas como: o que é liberdade, o que é igualdade social, o que é direito humano – ou, simplesmente, o que é humano. Muitos eleitores do presidenciável de ideias fascistas mantêm uma ideia nostálgica de “paraíso”. E isso porque viveram num paraíso artificial que o regime militar soube montar muito bem à custa da prisão e do assassinato de todos os que não obedeciam ao Estado totalitário. 
Por outro lado, os obedientes, os “neutros” que obedeceram cegamente ao regime enriqueceram justamente graças ao “milagre econômico” fabricado para manter a população sob controle. Eis a origem do “paraíso”. Pena que esse dinheiro não foi investido numa Educação tipo europeia, em leituras de clássicos da literatura, em livros de História ou filosofia (um exemplo: nenhum dos meus amigos e parentes nostálgicos da ditadura leram sequer um livro inteiro sobre a ditadura). Não estaríamos nesse retrocesso se nossas elites, ao tirarem uma foto com a Mona Lisa no Louvre, tivessem sido obrigadas a sentar e ouvir aulas do governo francês sobre o que é igualdade social, o que são direitos humanos, e principalmente qual a diferença entre direita e extrema-direita. Sei exatamente por que chegamos até aqui, quem contribuiu, quem fechou os olhos. Daí o apelo: não fechemos mais os olhos. Não dá mais para fingir que não vê o fascismo batendo à sua porta nem dá para ser neutro diante da barbárie. Não vote em branco, não vote nulo, não vote no fascismo. No segundo turno, é EleNão. Não percamos de vez a dimensão do humano porque, como ensina a História, quando isso se perde, a grande cratera do fascismo se abre e engole até o último traço da nossa humanidade.

Daniela Mercury e Tia Má - Mulher com a Palavra

A ESFINGE BRASILEIRA - HORACIO GONZALEZ PAG 12



*HORACIO L.GONZALEZ POR WIKIPEDIA



https://www.pagina12.com.ar/147697-la-esfinge-brasilena
La esfinge brasileña



Así, a la distancia, poco sabemos de las razones últimas por la cual escogió su voto un ejecutivo de Higienópolis en San Pablo, una psicoanalista carioca que vive con vista a la Lagoa Rodrigo de Freitas, un campesino de Goiás, un pescador de Pernambuco, un hombre que sostiene el cartel de Compro Oro en la Plaza da Sé, un cultivador de coco en Juazeiro, un minero en Roraima, una oficinista de Petrobras en Río, una cajera del Shopping Center Iguatemí, un trabajador de alguna plataforma petrolífera de dos mil metros de profundidad en el Atlántico, un indígena tupí del parque Xingú, un obrero metalúrgico sindicalizado en Sao Bernardo do Campo, un economista de la Fundación Getulio Vargas, una mae de santo en Bahia, una ascensorista del edificio Martinelli en el centro viejo de Sao Paulo.
Es mejor decir que no lo sabemos, que hay momentos en que deseamos que haya un velo de ignorancia por el cual le prohibimos al sociólogo o al antropólogo que nos diga que estrato social actuó así o asá, si fue cuando vio sus intereses amenazados o cuando una población favelada entendíó que era la hora de reconocerse aun más en la vida inhóspita e insegura, sometiéndose a la protección de poderes ilegales, sean o no del Estado. Es que lo que sabemos de Brasil proviene más de escuchar “Aguas de Marzo” por Ellis Regina o “Insensatez” de Tom Jobim. Pero por más protegidos que estemos sobre una vida solo encerrada en nuestras apetencias, vemos que hay mundo “lá fora”, esto es, allá afuera está la mundanidad donde residen los que no son extraños para sí mismos, pero sí para nosotros. Nuestros intereses pueden ser éticamente elevadas cuando los vemos compartidos en fraternidades y afinidades homogéneas, pero tampoco nos asustaríamos si intuimos que se rompen las paredes y se derraman las sociedades cual vísceras desencajadas, como cuando se resquebraja el grueso cemento de las centrales atómicas. 
No es vida la del que imaginó hacer corporativos sus gustos, y tampoco la del que quiere salir de sí, darse al abandono de lo que fue. Si intelectual, hacerse actor itinerante, si militante urbano, escapar a la floresta con nuestros paisanos los indios. Hannah Arendt conjeturó que el totalitarismo implicaba una ruptura de paredes sociales, algo así como las de esa represa o altas tuberías gasíferas que se resquebrajan, y entonces una masa humana glutinosa, crasa e indiferente busca su solución milenarista, la imagen salvadora final encarnada en un bofetón mesiánico. Pero en Brasil, los milenarismos del siglo XIX y del siglo XX fueron rechazos a la razón que encubría servidumbres, por lo que una religión que predicaba paraísos era la elegida. Los sebastianistas nordestinos supieron que el mar se hacía sertao y el sertao se hacía mar. Peligroso borramiento de los límites entre la tierra, las aguas y el cielo. Umbral que solo traspasa el guerrero sagrado, al que el estado masacra.
Quedó en Brasil un ligero toque de remordimiento cuando el Ejército de las grandes ciudades de la costa –Río, San Pablo–, destruyó un estilo de vida regido por biblias rehechas en el misterio del mestizaje étnico y religioso. El siempre reconocido papá de Chico Buarque, que no poseía la definitiva genialidad de éste, era no obstante un observador liberal de buenas intenciones, imaginando un Brasil cordial, habitado por un hombre amasado en la tierna capacidad de saberse en un conflicto que podría llevar a un “pathos” de fatalidad y sangre. Pero siempre dentro de un lenguaje íntimo y doméstico, no estatal ni protocolar. Por un lado, todas las izquierdas rechazaron este concepto que parecía llamar a una torpe cohesión cultural. Por otro lado, el PT surgía de un sordo conflicto en cuanto a la racionalidad de las cosas sociales. O bien se interpretaba la configuración del hombre brasileño como una parte del campesino abrillantado por santos enigmáticos y orixás, o bien se le daba una genealogía en las tierras de la sequía y luego un destino fabril por el lado de los operarios metalúrgicos, en común con los intelectuales deleuzianos de las universidades. 
Lula resolvió en parte el conflicto entre el hombre público y las oscuras pasiones domésticas, digamos pulsionales. Entre el nordeste y San Pablo, entre las clases sociales y el pensamiento heredado por los efectos de ternura de la ama de leche mulata del amamantado filinho del patriarca de la plantación. Desde Pedro II a Glauber Rocha, desde el mariscal Deodoro da Fonseca hasta el general Figueiredo, cada cual en lo suyo, se pensó que era posible un Brasil desarrollado, aunque unos lo desearon sin insurrecciones, otros sin esclavos pero con servidumbre, con altos hornos de acero, pero con un presidente suicidado. Y Glauber, con sus mitos extraídos del bandolerismo social. Al pasar el tiempo, pues toda historia puede caber en un grano de café, una clase intelectual que vuelve del exilio en los años 80 imagina una modernización sostenida en una sociedad civil democrática, absorbiendo a una nueva clase obrera concentrada en las periferias de las inmensas metrópolis, ajenas al fantasma del varguismo. No pudo ser, porque un hombre como Lula jamás hubiera aceptado el empaque señorial de un Fernando Henrique Cardoso, que aristocratizó su biografía política desde las izquierdas atenuadas a las derechas más cortesanas, hasta conspirar en tanto golpista. Seguro que ahora estará recapitulando porqué algo no salió tan bien, porqué en los largos capítulos de desestabilización política en que dejó su marca aparatosa, se dibujaba el rostro sardónico de Bolsonaro, que imaginaron solo como un bufón, “pero, nuestro bufón”.
En algún momento de su discurso durante el Impeachment, Dilma recordó a Getulio Vargas. Una herida compleja, difícil de cerrar, pero se intuía necesario hacerlo, había algo aun indescifrable en aquel suicida desdeñado. El complejo personaje Antonio das Mortes, el enorme justiciero de Glauber Rocha –hay que ver la grandiosa escena del duelo con el cangaceiro si se quiere saber lo que es el gran cine brasileño–, se convirtió, o mejor, se transmutó muchas décadas después en los escuadrones de la muerte. El ejército del general luterano Geisel, todavía bajo el eco de Castelo Branco y éste bajo la añorada tutela de Vernon Walters, el general norteamericano que fue el preceptor de las tropas brasileñas que lucharon en Italia contra el ejército nazi en retirada, también tuvo su mutación. Ese ejército varias veces empeorado, aun le tocaba convertirse en el Ejército de Villas Boas, cuya última estría degradante es el fóbico Bolsonaro. 
Si pudiéramos revisar una por una todas las dimensiones históricas y culturales del Brasil, en todas ellas encontraríamos cómo el milenarismo religioso de finales del siglo XIX, se tornaba en la fusión de las nuevas técnicas comunicacionales con el pentecostalismo que le daba creciente importancia a la “teología de los negocios”, comprando bienes inmuebles y canales de televisión ¿Por qué se quebraron las “paredes” de la sociedad brasileña, que permitían hablar de subproletariado o de clases medias altas? Porque la política, el arte, la religión, las formas de la lengua con que se habla de economía, de ciencias jurídicas y literatura se derramaron como maldición y los idiomas mezclados amenazaron a fusionarse en el calibre de la lengua de mano de Bolsonaro –símil revólver patriarcal–, y en un deseo emergente surgido de las penumbras para vivir en el interior de una vida represiva, los dioses de derecha de la Seguridad, en un anatema de Xangó y un descuido de Oxum. Esta breve e irregular reseña quiere decir que el punto de partida, ahora quizás sea reconocer que “no se saben” las razones sigilosas de un oleaje electoral, cuando en las napas profundas de una sociedad un gran sector con identidades políticas declaradas opta por oír una voz arcaica y amenazadora que se ha sabido suscitar. Es un vacío exuberante de incógnitas, lugar de caza mayor de las derechas con toda clase de túnicas punitivas, escatológicas y confesionales. Redivivos fazendeiros patriarcales. 
Así, alguna vez, un contingente humano enorme prueba el sayo del “homo sacer”, alguien que adquiere la sacralidad del expulsado y al que cualquiera –de entre los cientos de fiscales y jueces Moro que un país ahora contiene–, puede matar. En Brasil ese dictamen se lo reservan a Lula. Pero lo que en cambio se sabe es que, si al fin triunfara este garimpeiro que excavó en las pasiones más ofuscadas de la población, ya por el solo hecho de figurarnos esta posibilidad, pronunciar esta frase, imaginar sus consecuencias, deberemos sin duda inspirarnos para un esfuerzo superior. Y así, bajo las condiciones brutales en que fuerzas democráticas actúan, que brote del desván de cada conciencia vulnerada un flujo revertido de los votos. Vamos, que no es imposible. Votos de aquellos que “no sabemos”, pero que contribuyan a sostener in extremis la victoria del Haddad. Junto a él habrá que seguir interrogando de manera urgente, renovada e imaginativa, la esfinge brasileña.
Horacio Luis González (Buenos Aires1944), sociólogo, docente, investigador ensayista argentino. Nació en Buenos Aires en 1944. Es profesor de Teoría Estética, de Pensamiento Social Latinoamericano, Pensamiento Político Argentino y dicta clases en varias universidades nacionales, entre ellas las de la ciudad de La Plata y Rosario. Entre 2005 y 2015, se desempeñó como director de la Biblioteca Nacional.12

Roberto Lent: BREVE CARTA AOS MEUS NETOS. Capturas do Facebook


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Roberto Lent: BREVE CARTA AOS MEUS NETOS.


Meninas queridas, peço que leiam a carta que o querido Roberto Lent escreveu aos seus netos : BREVE CARTA 



AOS MEUS NETOS

Queridos netos, hoje quero lhes contar uma história diferente.
Há quase 50 anos, num dia ensolarado de agosto, com 20 anos de idade, seu avô se viu com uma pequena sacola de roupas em frente ao Arsenal de Marinha no Centro do Rio de Janeiro, sem saber como fazer para chegar em casa. Exatos dois meses antes, num final de madrugada, um pelotão de fuzileiros navais tinha invadido a casa de meus pais (seus bisavós!), onde eu morava, levando-me para uma prisão numa ilha da Baía de Guanabara, com nome poético mas um ambiente nada parecido: a Ilha das Flores. Lá permaneci preso incomunicável pelos 25 dias seguintes, e depois numa cela coletiva até completar 60 dias de prisão. Não houve processo judicial que corresse normalmente, porque naquela época quem mandava eram os militares, e não o presidente e os parlamentares escolhidos pelo povo, ou os desembargadores avalizados pelos parlamentares para os tribunais superiores. Em minha casa, encontraram muitas armas perigosas – os livros que meus pais compravam semanalmente para a família. A biblioteca foi posta ao chão, em busca daquelas outras armas de verdade, que eles têm mas eu não tinha. Ainda conservo essa biblioteca em casa, e alguns desses livros são os que vocês folheiam com curiosidade quando vão iluminar minha casa. No ano seguinte, a biblioteca ficou sem uso porque meu pai, que era um cientista e nunca exerceu cargo político, foi demitido do Instituto Oswaldo Cruz, proibido de trabalhar em qualquer entidade pública, e assim forçado a transferir-se para o exterior para não morrer de fome. Nenhuma acusação formal foi feita: ficou por isso mesmo. 

Bem, a experiência sofrida na prisão me fez conhecer a falta que faz uma palavrinha estranha que vocês ainda não aprenderam: democracia. Algo que aprendi a admirar, cultivar, respeitar, e praticar na sequência de minha vida de aluno de medicina, aprendiz de pesquisador, professor universitário, cientista e avô de vocês.. A democracia passou a ser um valor enraizado nos meus pensamentos. Compreendi-a como uma arma do cotidiano, com a qual não precisamos matar ninguém, mas sim tentar convencê-los (ou convencer-nos). Com a democracia podemos conversar abertamente com nossos amigos ou com desconhecidos, na escola, no trabalho, na rua, no restaurante. Divergir, convergir, pensar, concluir, e escolher trajetos para o nosso país.

Por que estou escrevendo tudo isso que vocês ainda não compreendem? Porque quero que leiam a minha carta quando puderem. Talvez eu já não esteja com vocês como hoje, mas quero que levem com vocês em suas vidas essas palavras meio tristes do vovô. Tristes sim, porque penso que estamos atravessando um momento muito parecido com aquele que eu vivi na juventude, e que não quero que vivam vocês na juventude que terão daqui a alguns anos.

Mas vamos direto ao ponto. Quero que saibam que, no ano de 2018 seu avô preferiu votar em Fernando Haddad do que em Jair Bolsonaro. A vida, como alguém já disse, é a ciência do necessário e a arte do possível. É necessário votar, por isso não uso o voto nulo nem o voto em branco – porque na verdade não são votos, e representam mais indiferença do que protesto: deixamos para os outros resolverem. É necessário votar no imprescindível, isto é, na democracia. E é inescapável escolher o possível, isto é o candidato que nos dê mais garantias de que a democracia será mantida e respeitada. Aquela mesma democracia que faltava quando seu avô saiu da prisão aos 20 anos, e que temos que preservar para que vocês a alcancem aos seus 20 anos.
Não posso votar em Jair Bolsonaro porque seus valores negam esses princípios de minha vida inteira. Não posso apoiar quem rejeita as minorias e os diferentes, quem desrespeita as mulheres e os negros, os homossexuais e os opositores políticos. Não consigo escolher para me governar, alguém que nos ameaça com “autogolpes”, escolas militarizadas, venda indiscriminada do patrimônio do Brasil, assassinatos e tortura, e tantos outros absurdos. Essa é a opção necessária.

Mas a democracia me dá uma única e imperdível opção possível: votar em Fernando Haddad, que se propõe a manter em funcionamento as nossas instituições, a valorizar a educação e a saúde públicas, enfim, a desenvolver o lado bom dos governos antecessores de seu partido. O lado bom, sim, porque ocorreu também um lado ruim que não podemos aceitar e temos que criticar: a corrupção institucionalizada, principalmente. Mas com toda a divergência que tenho em relação aos governos anteriores, reconheço que a democracia funcionou plenamente, e é por isso que estamos votando agora, e também por isso que lhes escrevo esta carta que já vai longa demais.

Meus queridos netos, quero que saibam que em 2018 votei pela democracia e pela liberdade de vocês, contra o autoritarismo e a militarização do Brasil. As memórias de minha vida inteira não me deixam outra alternativa: o voto contra Bolsonaro é o necessário; o voto em Haddad é o possível.
Um beijo no coração,

Vô Rob.

Carta escrita pelo Roberto Lent (Professor Titular do Programa de Pesquisa em Neurociência Básica e Clínica do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ
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RÁPIDAS - FACE O MOMENTO : UM PLANO VAZIO DE GOVERNO BOLSONARO - NÃO EXISTE Antonio Azeredo C . Neto





DE REPENTE ALGO SIMPLES, DESPRETENCIOSO NOS ASSOMBRA DE FORMA BACANA:

ANTONIO, PARABÉNS! VOCÊ FOI CURTO E RÁPIDO, MAS ATACOU PONTOS FATAIS MESMO RESUMIDAMENTE. 

COM ISTO VOCÊ MOSTRA QUE NÃO HÁ UM PROJETO DE GOVERNO DO JAIR. É UM RABISCO QUE NÃO CHEGA NEM A SER UM RASCUNHO.É ALGO TOSCO QUE ENVERGONHA A NAÇÃO. OS ELEITORES DELE NEM QUEREM SABER DISTO, CONTUDO ISTO É A QUALIDADE DO ELEITORADO DELE. SÃO INSANOS E SEM NENHUM COMPROMISSO E CONSCIÊNCIA POLÍTICA NAS IMPLICAÇÕES PROPOSITIVAS DO CANDIDATO .COM ISTO SE O ELEITOR DELE FOSSE ,SÉRIO, E SABEMOS QUE NÃO É, ENTENDERIA O  PORQUÊ ELE NÃO VAI AOS DEBATES. 


JÁ COM HADDAD HÁ UMA ESCRITURA DENSA E COM ARGUMENTOS.SUAS PALAVRAS E REFLEXÕES SÃO IMPORTANTES PARA UM ELEITORADO QUE NUNCA PROCURA SABER O QUE É UM PLANO DE GOVERNO.

UM FORTE ABRAÇO!

PAULO VASCONCELOS



sexta-feira, 26 de outubro de 2018

A Sabatina com Haddad | AO VIVO

A besta não é um animal determinado, mas um “fundo indeterminado” que vive escondido em todo animal. Captura do Facebook








O Poeta e hermeneuta , Elton Luiz de Souza, nos aponta diante dos fatos, pessoas que estão em nossa volta e que via mídia-falsa, tendenciosa e BESTA ataca, dissemina e nos envolve com a coberta contaminada de vermes e dejetos. A filosofia é a verdadeira articulação do possível saber, construindo ou desconstruindo conceitos para ampliar sentidos, bússola que enverga um transcender ,ou como nos ensinou Deleuze:

"O que nos força a pensar é o signo. O signo é objeto de um encontro; mas é precisamente a contingência do encontro que garante a necessidade daquilo que ele faz pensar. O ato de pensar não decorre de uma simples possibilidade natural; ele é, ao contrário, a única criação verdadeira. A criação é a gênese do ato de pensar no próprio pensamento. (Deleuze, 1987, Proust e os Signos p. 96)
Ao tomar o conceito - aqui no caso- A Besta, Elton vai decompondo o signo para se alumiar no pensar e expandir o ato de pensamento.






















Ele ao narrar sobre A BESTA, mesmo de forma breve, nos propicia ver como a articulação do Mito, como integrante do saber, mas que por vezes, nos come sem mastigar e aos poucos  põe-nos na escuridão,  e  repetimos  as filosofias  vãs , ou como diz Edson Passetti, (PUC-SP) filosofias biscates, cegas de alguns ditos intelectuais do além dos aléns e que se manifesta em bestas que farejam outras , ou seja candidatos- da filiação  bestonazista que fareja outras bestas, se preferimos podemos adensar com Peter Pál Pelbart:





           Se os que melhor diagnosticaram a vida bestificada, de Nietzsche e Artaud até os jovens experimentadores de hoje, têm condições de retomar o corpo como afectibilidade, fluxo, vibração, intensidade, e até mesmo como um poder de começar, não será porque neles ela atingiu um ponto intolerável? Não estaríamos todos nós nesse ponto de sufocamento, que justamente por isso nos impele numa outra direção? Talvez haja algo na extorsão da vida que deve vir a termo para que esta vida possa aparecer diferentemente... Algo deve ser esgotado, como o pressentiu Deleuze em “L´Épuisé”, para que um outro jogo seja pensável.(https://bit.ly/2MJilCH)
Vamos a Elton no seu post do Face: 




Elton Luiz Leite de Souza

Segundo Deleuze, “besteira” vem de “besta”. A besta não é um animal determinado, mas um “fundo indeterminado” que vive escondido em todo animal. Nos animais, o instinto os dota de certo comportamento reconhecível , impedindo que esse fundo indeterminado da besta tome o animal.

 O leão é o leão, a hiena é a hiena, o lobo é o lobo. A ferocidade desses animais não é maldade ou crueldade, mas ações que se explicam pelo instinto. Nenhum desses animais se comporta como uma besta indeterminada, pois seus comportamentos são explicáveis por sua natureza.

O homem é o único ser no qual o instinto não tem força para protegê-lo desse fundo indeterminado, tampouco pode a inteligência , sozinha, livrar o homem da besta que vive nele, como em todo animal. No mito, o símbolo da “Besta” é o Minotauro, o “ sedento de sangue”, misto de homem e touro. Mas quem nele bebe o sangue é a parte humana, pois a parte taurina é herbívora. 

A besta que está no homem pode até mesmo se servir da linguagem: e é assim que nasce a “besteira” , enquanto violência verbal proferida por um besta, como o Srº Bolsonaro. Em geral, a besteira serve ao fanatismo, à tolice e ao preconceito. Mas as besteiras ditas nunca são ingênuas, são altamente perigosas, pois oculta-se nelas sede de sangue.


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