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sábado, 27 de outubro de 2018

Roberto Lent: BREVE CARTA AOS MEUS NETOS. Capturas do Facebook


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Roberto Lent: BREVE CARTA AOS MEUS NETOS.


Meninas queridas, peço que leiam a carta que o querido Roberto Lent escreveu aos seus netos : BREVE CARTA 



AOS MEUS NETOS

Queridos netos, hoje quero lhes contar uma história diferente.
Há quase 50 anos, num dia ensolarado de agosto, com 20 anos de idade, seu avô se viu com uma pequena sacola de roupas em frente ao Arsenal de Marinha no Centro do Rio de Janeiro, sem saber como fazer para chegar em casa. Exatos dois meses antes, num final de madrugada, um pelotão de fuzileiros navais tinha invadido a casa de meus pais (seus bisavós!), onde eu morava, levando-me para uma prisão numa ilha da Baía de Guanabara, com nome poético mas um ambiente nada parecido: a Ilha das Flores. Lá permaneci preso incomunicável pelos 25 dias seguintes, e depois numa cela coletiva até completar 60 dias de prisão. Não houve processo judicial que corresse normalmente, porque naquela época quem mandava eram os militares, e não o presidente e os parlamentares escolhidos pelo povo, ou os desembargadores avalizados pelos parlamentares para os tribunais superiores. Em minha casa, encontraram muitas armas perigosas – os livros que meus pais compravam semanalmente para a família. A biblioteca foi posta ao chão, em busca daquelas outras armas de verdade, que eles têm mas eu não tinha. Ainda conservo essa biblioteca em casa, e alguns desses livros são os que vocês folheiam com curiosidade quando vão iluminar minha casa. No ano seguinte, a biblioteca ficou sem uso porque meu pai, que era um cientista e nunca exerceu cargo político, foi demitido do Instituto Oswaldo Cruz, proibido de trabalhar em qualquer entidade pública, e assim forçado a transferir-se para o exterior para não morrer de fome. Nenhuma acusação formal foi feita: ficou por isso mesmo. 

Bem, a experiência sofrida na prisão me fez conhecer a falta que faz uma palavrinha estranha que vocês ainda não aprenderam: democracia. Algo que aprendi a admirar, cultivar, respeitar, e praticar na sequência de minha vida de aluno de medicina, aprendiz de pesquisador, professor universitário, cientista e avô de vocês.. A democracia passou a ser um valor enraizado nos meus pensamentos. Compreendi-a como uma arma do cotidiano, com a qual não precisamos matar ninguém, mas sim tentar convencê-los (ou convencer-nos). Com a democracia podemos conversar abertamente com nossos amigos ou com desconhecidos, na escola, no trabalho, na rua, no restaurante. Divergir, convergir, pensar, concluir, e escolher trajetos para o nosso país.

Por que estou escrevendo tudo isso que vocês ainda não compreendem? Porque quero que leiam a minha carta quando puderem. Talvez eu já não esteja com vocês como hoje, mas quero que levem com vocês em suas vidas essas palavras meio tristes do vovô. Tristes sim, porque penso que estamos atravessando um momento muito parecido com aquele que eu vivi na juventude, e que não quero que vivam vocês na juventude que terão daqui a alguns anos.

Mas vamos direto ao ponto. Quero que saibam que, no ano de 2018 seu avô preferiu votar em Fernando Haddad do que em Jair Bolsonaro. A vida, como alguém já disse, é a ciência do necessário e a arte do possível. É necessário votar, por isso não uso o voto nulo nem o voto em branco – porque na verdade não são votos, e representam mais indiferença do que protesto: deixamos para os outros resolverem. É necessário votar no imprescindível, isto é, na democracia. E é inescapável escolher o possível, isto é o candidato que nos dê mais garantias de que a democracia será mantida e respeitada. Aquela mesma democracia que faltava quando seu avô saiu da prisão aos 20 anos, e que temos que preservar para que vocês a alcancem aos seus 20 anos.
Não posso votar em Jair Bolsonaro porque seus valores negam esses princípios de minha vida inteira. Não posso apoiar quem rejeita as minorias e os diferentes, quem desrespeita as mulheres e os negros, os homossexuais e os opositores políticos. Não consigo escolher para me governar, alguém que nos ameaça com “autogolpes”, escolas militarizadas, venda indiscriminada do patrimônio do Brasil, assassinatos e tortura, e tantos outros absurdos. Essa é a opção necessária.

Mas a democracia me dá uma única e imperdível opção possível: votar em Fernando Haddad, que se propõe a manter em funcionamento as nossas instituições, a valorizar a educação e a saúde públicas, enfim, a desenvolver o lado bom dos governos antecessores de seu partido. O lado bom, sim, porque ocorreu também um lado ruim que não podemos aceitar e temos que criticar: a corrupção institucionalizada, principalmente. Mas com toda a divergência que tenho em relação aos governos anteriores, reconheço que a democracia funcionou plenamente, e é por isso que estamos votando agora, e também por isso que lhes escrevo esta carta que já vai longa demais.

Meus queridos netos, quero que saibam que em 2018 votei pela democracia e pela liberdade de vocês, contra o autoritarismo e a militarização do Brasil. As memórias de minha vida inteira não me deixam outra alternativa: o voto contra Bolsonaro é o necessário; o voto em Haddad é o possível.
Um beijo no coração,

Vô Rob.

Carta escrita pelo Roberto Lent (Professor Titular do Programa de Pesquisa em Neurociência Básica e Clínica do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ
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RÁPIDAS - FACE O MOMENTO : UM PLANO VAZIO DE GOVERNO BOLSONARO - NÃO EXISTE Antonio Azeredo C . Neto





DE REPENTE ALGO SIMPLES, DESPRETENCIOSO NOS ASSOMBRA DE FORMA BACANA:

ANTONIO, PARABÉNS! VOCÊ FOI CURTO E RÁPIDO, MAS ATACOU PONTOS FATAIS MESMO RESUMIDAMENTE. 

COM ISTO VOCÊ MOSTRA QUE NÃO HÁ UM PROJETO DE GOVERNO DO JAIR. É UM RABISCO QUE NÃO CHEGA NEM A SER UM RASCUNHO.É ALGO TOSCO QUE ENVERGONHA A NAÇÃO. OS ELEITORES DELE NEM QUEREM SABER DISTO, CONTUDO ISTO É A QUALIDADE DO ELEITORADO DELE. SÃO INSANOS E SEM NENHUM COMPROMISSO E CONSCIÊNCIA POLÍTICA NAS IMPLICAÇÕES PROPOSITIVAS DO CANDIDATO .COM ISTO SE O ELEITOR DELE FOSSE ,SÉRIO, E SABEMOS QUE NÃO É, ENTENDERIA O  PORQUÊ ELE NÃO VAI AOS DEBATES. 


JÁ COM HADDAD HÁ UMA ESCRITURA DENSA E COM ARGUMENTOS.SUAS PALAVRAS E REFLEXÕES SÃO IMPORTANTES PARA UM ELEITORADO QUE NUNCA PROCURA SABER O QUE É UM PLANO DE GOVERNO.

UM FORTE ABRAÇO!

PAULO VASCONCELOS



sexta-feira, 26 de outubro de 2018

A Sabatina com Haddad | AO VIVO

A besta não é um animal determinado, mas um “fundo indeterminado” que vive escondido em todo animal. Captura do Facebook








O Poeta e hermeneuta , Elton Luiz de Souza, nos aponta diante dos fatos, pessoas que estão em nossa volta e que via mídia-falsa, tendenciosa e BESTA ataca, dissemina e nos envolve com a coberta contaminada de vermes e dejetos. A filosofia é a verdadeira articulação do possível saber, construindo ou desconstruindo conceitos para ampliar sentidos, bússola que enverga um transcender ,ou como nos ensinou Deleuze:

"O que nos força a pensar é o signo. O signo é objeto de um encontro; mas é precisamente a contingência do encontro que garante a necessidade daquilo que ele faz pensar. O ato de pensar não decorre de uma simples possibilidade natural; ele é, ao contrário, a única criação verdadeira. A criação é a gênese do ato de pensar no próprio pensamento. (Deleuze, 1987, Proust e os Signos p. 96)
Ao tomar o conceito - aqui no caso- A Besta, Elton vai decompondo o signo para se alumiar no pensar e expandir o ato de pensamento.






















Ele ao narrar sobre A BESTA, mesmo de forma breve, nos propicia ver como a articulação do Mito, como integrante do saber, mas que por vezes, nos come sem mastigar e aos poucos  põe-nos na escuridão,  e  repetimos  as filosofias  vãs , ou como diz Edson Passetti, (PUC-SP) filosofias biscates, cegas de alguns ditos intelectuais do além dos aléns e que se manifesta em bestas que farejam outras , ou seja candidatos- da filiação  bestonazista que fareja outras bestas, se preferimos podemos adensar com Peter Pál Pelbart:





           Se os que melhor diagnosticaram a vida bestificada, de Nietzsche e Artaud até os jovens experimentadores de hoje, têm condições de retomar o corpo como afectibilidade, fluxo, vibração, intensidade, e até mesmo como um poder de começar, não será porque neles ela atingiu um ponto intolerável? Não estaríamos todos nós nesse ponto de sufocamento, que justamente por isso nos impele numa outra direção? Talvez haja algo na extorsão da vida que deve vir a termo para que esta vida possa aparecer diferentemente... Algo deve ser esgotado, como o pressentiu Deleuze em “L´Épuisé”, para que um outro jogo seja pensável.(https://bit.ly/2MJilCH)
Vamos a Elton no seu post do Face: 




Elton Luiz Leite de Souza

Segundo Deleuze, “besteira” vem de “besta”. A besta não é um animal determinado, mas um “fundo indeterminado” que vive escondido em todo animal. Nos animais, o instinto os dota de certo comportamento reconhecível , impedindo que esse fundo indeterminado da besta tome o animal.

 O leão é o leão, a hiena é a hiena, o lobo é o lobo. A ferocidade desses animais não é maldade ou crueldade, mas ações que se explicam pelo instinto. Nenhum desses animais se comporta como uma besta indeterminada, pois seus comportamentos são explicáveis por sua natureza.

O homem é o único ser no qual o instinto não tem força para protegê-lo desse fundo indeterminado, tampouco pode a inteligência , sozinha, livrar o homem da besta que vive nele, como em todo animal. No mito, o símbolo da “Besta” é o Minotauro, o “ sedento de sangue”, misto de homem e touro. Mas quem nele bebe o sangue é a parte humana, pois a parte taurina é herbívora. 

A besta que está no homem pode até mesmo se servir da linguagem: e é assim que nasce a “besteira” , enquanto violência verbal proferida por um besta, como o Srº Bolsonaro. Em geral, a besteira serve ao fanatismo, à tolice e ao preconceito. Mas as besteiras ditas nunca são ingênuas, são altamente perigosas, pois oculta-se nelas sede de sangue.


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domingo, 21 de outubro de 2018

SOS BRASIL! O valor da liberdade só lhes será caro quando não a tiverem mais! Capturas do Facebook


JANAÍNA CALAÇA*


Janaína Calaça é uma dessas democratas que vai a luta,  defende a democracia  e lembra-nos o passado sombrio que muitos não sabem ou não querem saber, pondo em risco o país que tem um candidato nestas eleições de extrema direita (#bolsonarojamais), aliás um candidato estelionatário da política,como disse  um jornalista da mídia alternativa digital .Ela é escritora e trabalha no campo editorial.Formada em Letras pela UFBA, radicada em São Paulo. Seu recado é rápido e certeiro.Palavras de uma Brasileira que segura o bastão do respeito e da dignidade humana via democracia. Meu respeito e  aplausos para ela!
Viva a DEMOCRACIA! Paulo Vasconcelos

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Muitos que nasceram em um país democrático talvez não tenham consciência de que a liberdade custou a vida e o sangue de muitos. Vidas foram ceifadas e famílias foram destruídas para que tivéssemos um país minimamente livre.

Muitos que viveram os anos da ditadura militar no Brasil e dizem que só "vagabundos comunistas" eram presos, torturados e mortos naturalizam o horror, apenas porque o horror era praticado principalmente contra quem pensava diferente e enxergava o silenciamento, a truculência, a liberdade tolhida. Essas pessoas olham o passado com escárnio e usufruem da liberdade conquistada por esses "vagabundos comunistas", fatia da população em que hoje, na concepção dessas pessoas, eu me incluo.

Vocês usufruem da liberdade conquistada com luta e com sangue e hoje, a uma semana das eleições, querem entregá-la de bandeja. A liberdade, esse artigo tão barato para vocês. Uns porque escolheram abertamente o horror; outros, privilegiados ou porque não entendem a gravidade do momento, preferem a "isenção".

O valor da liberdade só lhes será caro quando não a tiverem mais, e nós, os "vagabundos comunistas", é que teremos que, mais uma vez, dar nosso sangue para vocês viverem em um país livre e democrático.

Autora do livro Obs(cena)s nasceu em 1982, em Salvador, Bahia. Em 2007, trocou o colorido das tardes quentes no Solar do Unhão pelo p&b de São Paulo e hoje anda com a cara para cima, tonta com os arranha-céus, à procura de um horizonte impossível. É graduada em Letras pela UFBA e hoje dedica-se a por o pé na estrada, escrevendo sobre viagens para o Jeguiando (http://jeguiando.com), sem abandonar, no entanto, seu amor pela literatura. Obs(cena)s é uma reunião de contos sobre o cotidiano, recortes de vida, cenas de bastidores, o que está por trás das cortinas e da sujeira debaixo dos tapetes desbotados.( por Editora Patuá)

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

O poder democrático nunca é teológico (para bom entendedor basta) Captura do Face


Conosco, mais uma vez Elton L.Souza, filósofo , poeta pesquisador, nos fala da inflamada corrida dos ditos NEOPENTECOSTAIS, entendo assim, e nos dá pistas com alguns argumentos importantes para nos situarmos neste momento difícil, em que nos encontramos -tendo de um  lado a burguesia- dita cristã e neopentecostal.Ele parte de Espinosa mas espicha ainda mais seus argumentos breves ,mas claros.Vamos a ele:
ELTON L. DE SOUZA


" Conforme argumenta Espinosa em seus livros sobre política, um dos maiores inimigos da democracia é o poder teológico-político. O que caracteriza o teológico é que ele se apoia em um livro que considera sagrado: o Alcorão, para os muçulmanos; o Talmud, para os judeus; a Bíblia, para os cristãos. 

O que fundamenta um Estado livre é que seu poder provém de uma Constituição laica livremente instituída , podendo ser emendada ou substituída por outra mediante uma assembleia constituinte, obra humana, fato este que não pode acontecer com o Texto que fundamenta a teologia. O poder democrático nunca é teológico, porém o poder teológico, saindo de sua esfera própria, pode ambicionar ser político, mas nunca será democrático. Ao contrário, o poder teológico-político verá na democracia um inimigo a ser destruído em nome de Deus. 
Mas qual Deus? De qual religião? E aqui está o que revela a impossibilidade de um poder teológico-político se manter a não ser com a força ( não a de Deus, mas a das armas bem humanas, demasiado humanas...).

 Na democracia, a Constituição é um texto que todos seguem , mesmo os que pensam diferente, como liberais e socialistas. Mas judeus, cristãos e muçulmanos seguem livros sagrados diferentes que lhes conferem uma identidade religiosa incomunicável com a religião diferente da sua . Então, quando um poder teológico quer se tornar também poder teológico-político, ele quer na verdade não apenas desfazer a essência da política, que é pautar-se em uma Constituição livremente instituída que preserva a diversidade, como também afirmar-se como religião única. 

Assim, quando o poder teológico, saindo da esfera que lhe é própria ( a esfera subjetiva-privada) , quer se tornar também poder político , correm risco não apenas a democracia e os partidos, como também as outras religiões que, mais cedo ou mais tarde, também serão perseguidas ( no Brasil , os católicos ,os espíritas e as religiões de matriz africana). As outras religiões serão perseguidas logo depois dos artistas, filósofos, educadores, enfim, os democratas."

*grifos em negritos meus

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Primeira mulher negra a ocupar uma cadeira a A. Legislativa da Bahia -OLIVIA SANTANA-

Uma tigresa de unhas negras e íris cor de mel...
...
Mas ela ao mesmo tempo diz que tudo vai mudar
Porque ela vai ser o que quis, inventando um lugar
Onde a gente e a natureza feliz vivam sempre em comunhão
E a tigresa possa mais do que o leão.-Tigresa Caetano Veloso

Uma mulher,Olívia Santana, com garra de tigresa   brasileira, tem uma história difícil,mas poética e se assume diante de um estado negro, mas que nao se reconhece como tal, aliás o país não se reconhece como tal e  somos todos humanos e temos sangue com a mesma tinta.Eleita recentemente pelo PcdoB para  Assembléia Legislativa da Bahia, Olívia é nossa cara, nossa na luta.

Nascida em Salvador Ondina,(1967),desde cedo teve que tomar a espada para lutar, lutar e se impor,resistir como mulher e negra.

Depois de muita luta, formada pela UFBA,em pedagogia,passou por cargos públicos vários e ganhou algum reconhecimento.Agora o povo,  nas eleições de 2018, consagra-a e elege-a   pelas urnas. O Brasil 247 faz uma menção ao fato que transcrevo abaixo:





ESTADO COM MAIOR POPULAÇÃO DE NEGROS ELEGE PRIMEIRA DEPUTADA NEGRA NAS ELEIÇÕES 2018


Olívia Santana (PCdoB) será a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira a Assembleia Legislativa da Bahia, o Estado mais negro do País, com 81,4% da população autodeclarada descendente de africanos (60% pardos e 21,4% pretos). Ela diz:  "o racismo está no Brasil todo, mas na Bahia deveria ser comum que mulheres negras ocupem espaços de poder na política. Mas o que vemos é que isso é incomum."
A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo traça o perfil da futura deputada: "Olívia evoca nomes como Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro assassinada, além de Leci Brandão (PCdoB) e Benedita da Silva (PT) como exemplos raros de mulheres negras eleitas. Faz a defesa enfática das pautas de costumes, como os direitos das mulheres, mas rejeita que seu mandato parlamentar seja defensor exclusivamente das causas identitárias. 'Quero representar a sociedade baiana. Querem nos aprisionar nos rótulos e eu não aceito, quero defender direitos', afirmou. 'Eles é que são identitários, mas querem ser universais e nos colocar como específicos. Mas universal não são eles, universal é a diversidade'."
A campanha de Olívia não foi fácil: "gastando R$ 150 mil na campanha, sendo R$ 80 mil do fundo partidário, R$ 35 mil do Fundo Eleitoral e o restante de doações, a ativista do movimento negro obteve 57.775 votos na votação deste domingo, 7, e ficou em 31.º lugar na lista dos 63 eleitos para a próxima legislatura baiana. Na campanha, recebeu contribuição militante de correligionários. As viagens foram feitas em carros cheios dividindo espaço com auxiliares e o material de campanha. 'O poder econômico não pode determinar quem vai e quem fica'."

*Filha de uma empregada doméstica com um marceneiro, ela nasceu em uma família pobre, na invasão de Ondina, onde teve uma infância de carência extrema. Nasceu em Salvador no dia 25 de março de 1967, na comunidade do Alto de Ondina.
Aos 14 anos de idade, começou a trabalhar como faxineira, em uma escola particular para auxiliar no orçamento familiar. Sua história sofreu a primeira grande mudança em 1987, quando passou no vestibular da Universidade Federal da Bahia (UFBA) para pedagogia e deixou o emprego de faxineira do Colégio Universo do Guri para dedicar-se aos estudos. Já na graduação, ingressou no movimento estudantil através de inserções no diretório de educação e no Diretório Central dos Estudantes da UFBA.
Militante histórica das causas negras e foi secretária Municipal de Educação de Salvador, Maria Olívia Santana - “A negona da cidade” - foi vereadora pelo PCdoB eleita pela coligação "Todos juntos por Salvador"[3] e integra o Fórum das Mulheres Negras e o Conselho de Promoção da Igualdade Racial. Tem tido o privilégio de poder entregar ou propor a entrega da Medalha Zumbi dos Palmares a diversas personalidades como Vadinho França,[2] Egbomi Nice,[4] José Vicente (reitor),[5] Gilberto Gil,[6] entre outros.
Em 2007, foi instituído no Brasil o "Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa" (21 de Janeiro) pela Lei 11.635/07. Esta lei federal, foi inspirada na Lei 6.464/04 do Município de Salvador que teve a sua génese no Projeto de Lei de autoria de Olívia Santana da criação do "Dia Municipal de Combate à Intolerância Religiosa".[7] Em 2012, foi candidata a vice-prefeita de Salvador na chapa de Nelson Pelegrino (PT).
Em 2015, foi nomeada pelo Governador da Bahia, Rui Costa, Secretária Estadual de Políticas para as Mulheres da Bahia. por wikpedia

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

UM POETA MORTO e a falta que nos fará ! Um dos mais digno representante de nós brasileiros.




Cantou e dançou no Brasil, compôs e gritou suavemente pela nossa Bahia e pelo Brasil!!!!!!!
Matéria abaixo do Correio da Bahia  , mas antes :escute, leia- ARNALDO ANTUNES:


https://glo.bo/2Elwzpo




Moa do Katendê compôs Badauê, um dos hinos do Ilê Aiyê (Foto: Reprodução)

Conheça Moa do Katendê, artista morto durante discussão sobre política

Caetano, Lazzo e outros artistas destacam sua importância para a cultura da Bahia
Romualdo Rosário da Costa falava pouco. Entre os amigos, há quem diga que, para que ele abrisse a boca, era um trabalho imenso. Mas quando se transformou no artista e mestre de capoeira Moa do Katendê, no fim da década de 1970, Romualdo falou muito. Através de suas muitas artes – a música, a dança, a capoeira –, Moa disse muito à Bahia e ao mundo.
Aliás, ‘se transformou’, não. É difícil encontrar um relato de alguém que diga como Moa despertou para a arte; os amigos contam que ela sempre esteve com ele. Na madrugada desta segunda-feira (8), aos 63 anos, o homem que falava tão pouco deixou mais uma mensagem – à Bahia, ao Brasil, ao mundo. Moa do Katendê foi assassinado brutalmente após uma discussão política. 
A notícia de sua morte veio logo nas primeiras horas da manhã desta segunda. Abalou parentes, amigos, artistas, capoeiristas, pessoas ligadas ao circuito cultural em Salvador. O artista, autor da canção Badauê, eternizada pelo Ilê Ayê, foi morto com 12 facadas, quando bebia com um irmão e um primo, no Bar do João, em frente ao Dique do Tororó, no Engenho Velho de Brotas, pouco depois da meia-noite desta segunda.
De acordo com o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o autor do crime foi o barbeiro Paulo Sérgio Ferreira de Santana, 36, que, segundo testemunhas, chegou ao bar defendendo ideias de Jair Bolsonaro (PSL), candidato à Presidência da República.
Ele ouviu críticas de Moa e, depois que a discussão acabou, foi até em casa, buscou uma faca e voltou para atacar o artista. O crime aconteceu apenas algumas horas após a confirmação de que Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) se enfrentariam no segundo turno das eleições presidenciais no país.
O cantor Tonho Matéria, amigo de mais de 30 anos, ficou surpreso com as circunstâncias. A imagem de Moa que conheceu era de um homem calado, que não tinha hábito de discutir.
“Estava vendo uma reportagem em que o rapaz falou que chamou ele de negro. Moa jamais ia criar um ato racista. Isso não existe. Mestre Moa era um exemplo de dignidade”,dizia, incrédulo, por telefone, ao CORREIO.
Tranquilo no combate
Até na capoeira, Moa era diferente. Costumava ensinar de forma tranquila. O cantor Lazzo Matumbi conta que os amigos até se divertiam com o quanto ele era calmo enquanto praticava o esporte. “Ele dizia: ‘eu passo a minha paz de espírito exatamente para mostrar como executar os golpes’. E a gente vê que ele não teve nem tempo de se defender com o que ele conhecia”. 
Moa sempre viveu no Dique Pequeno, localidade onde o crime aconteceu. Ali, conheceu Mestre Beto Gogó, que o iniciou na capoeira. Como muitos meninos que cresceram na localidade, foi influenciado pelos ensinamentos do mestre. Em pouco tempo, se tornou uma referência de continuidade no trabalho de Gogó. 
Moa do Katendê foi um dos mentores dos afoxés da Bahia (Foto: Reprodução)
O ‘Katendê’ do nome veio depois da capoeira. Era um apelido herdado de um grupo folclórico de que fez parte ainda na década de 1970. O grupo, na época, era formado por estudantes do antigo Colégio Iceia, no Barbalho, e participava de disputas intercolegiais. Um dos irmãos de Moa, assim como Lazzo, também fazia parte. Eram alunos da professora Lúcia de Sandes, que dava aulas sobre folclore. 
“Moa tinha uma academia de capoeira na época, isso no começo da carreira de todos nós. Eu tocava e cantava no grupo, enquanto Moa dançava e jogava capoeira. Era um grupo folclórico que expressava cultura”, lembra Lazzo.
Para o gerente de equipamentos culturais da Fundação Gregório de Mattos, Chico Assis, Moa do Katendê foi um dos maiores difusores da capoeira e dos afoxés para o mundo. É difícil até estimar o que o artista representou para a música baiana e para o Carnaval.
Na mesma década de 1970, Moa começou a compor para blocos afro. Em pouco tempo, se consagrou vencedor de diversos festivais que aconteciam nos blocos afro.
Foi assim que compôs, para o Ilê Ayê, a música que fez com que ficasse ainda mais conhecido: Badauê. Na canção, ele pede que o interlocutor não esqueça da beleza do Ilê. “De longe se nota a sua riqueza, esmagando sua tristeza. E o povo, com certeza, vai aplaudir”, diz a música.
Fundador e presidente do Ilê, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô, lembra bem de quando Moa chegou ao primeiro bloco afro da Bahia. Na época, ele não veio sozinho. Veio acompanhado de outros compositores do Engenho Velho de Brotas, como Jorjão Bafafé e Vicente de Paula. Para Vovô, Badauê se tornou um dos clássicos do Ilê.
“Essa foi uma lacuna muito grande para os carnavalescos da Bahia, para os capoeiristas, para o pessoal da cultura. Moa foi o grande mentor do renascimento dos afoxés na Bahia”, diz Vovô do Ilê, adiantando o que aconteceria, em seguida, na vida do artista.
Após a criação de Badauê, a música, veio Badauê, o afoxé. 
Mentor dos afoxés
O afoxé foi fundado em 1978, na mesma época em que Moa faz parte de um grupo cultural chamado Jovens Loucos, fundado também no Engenho Velho de Brotas. Foi em 1979, no Carnaval, que o Badauê saiu no Carnaval de Salvador pela primeira vez, como conta Chico Assis, autor de uma dissertação de mestrado sobre a memória do afoxé, defendida na Universidade Federal da Bahia (Ufba), em 2017. 
Desde 1979, foi como se o Badauê desse novo significado aos afoxés. “O Badauê foi muito importante, porque era um momento em que os afoxés estavam enfraquecidos e veio esse afoxé contemporâneo, que trazia uma miscigenação, uma tradição e uma contemporaneidade. Isso fez com que os afoxés voltassem à cena com muita força, junto com o ressurgimento dos Filhos de Gandhy nessa época”, explicou Chico. 
O Badauê logo começou a chamar atenção de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Moraes Moreira, que passaram a frequentar os ensaios do afoxé.
“Começou um movimento de certificação do ijexá, que acredito que tenha sido esse movimento que deu origem ao que, anos depois, passou a se chamar de axé music”. 
Caetano, inclusive, refere-se ao afoxé diferentes canções do álbum Cinema Transcendental: na própria Badauê ("Misteriosamente o Badauê surgiu / Sua expressão cultural o povo aplaudiu" - ouça abaixo) e em Beleza Pura ("Moço lindo do Badauê, beleza pura").
Em seu perfil no Instagram, Caetano escreveu que deve a Moa a revelação de ouvir pessoas na rua cantando esses versos. 
“Moa era meu amigo e foi uma das figuras centrais na história do crescimento dos blocos afro de Salvador. Estou de luto por ele. (...) Fundador do Badauê, compositor, mestre de capoeira, Moa vive na história real da cidade e deste país”, publicou.
Alguns anos atrás, Moa quis trazer o Badauê de volta. Queria revitalizá-lo. Procurou Lazzo, pediu a opinião. Só que o cantor ponderou: naquela época, no fim dos anos 1970, o afoxé era algo novo, revolucionário. Ficou marcado na mente das pessoas justamente por isso. 
“Eu falei: ‘ô, bicho, aquele Badauê que você criou já foi. Era uma marca que ficou no coração das pessoas. Se você recriar o Badauê, não vai ser a mesma coisa”, defendeu Lazzo, na ocasião.
Para o cantor, o Badauê era um projeto de resgate da autoestima da comunidade negra. Tinha propósito social e político.
“Mas, nos dias de hoje, todas as coisas que a gente combatia que estão vindo à tona de novo, a ponto de desencadear um caso como esse. Nos deixa muito tristes porque mostra o quanto a nossa sociedade não avançou”, afirmou Lazzo. 
Andarilho
Em casa, Moa também falava através da música. Aos cinco filhos, ensinou a paixão pela cultura e pelas artes. A filha Jasse Mahi nem soube dizer quando, exatamente, ele começou a vocação. 
Para ela, ele sempre foi músico. Os dois costumavam cantar juntos em casa. Elis Regina, Tim Maia, músicas de capoeira, músicas do próprio Moa. Um começava, o outro seguia. 
Jasse diz que nunca viu o pai triste. Nunca o viu chorar – só de alegria. Com ele, aprendeu a ter força. A não desistir dos objetivos, mas sempre com humildade. “Ele me ensinava muito a respeitar o direito dos outros, que o meu direito começava quando o do próximo terminava”, lembra. 
Nesta terça (9), Moa viajaria para São Paulo. No fim de semana, participaria de um evento com o afoxé que ajudou a criar na cidade, o Amigos do Katendê. Ia promover oficinas de dança e música no Tambores de Zé Benedito, no bairro de Pinheiros. 
Nos últimos anos, como explica Chico Assis, Moa se transformara em um andarilho – um que levava, na mala, a cultura baiana. “Hoje, tem esse afoxé que ele fundou em São Paulo, tem ramificações de afoxés que ele ajudou a construir no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, em Recife (PE). Com a capoeira, ele circulava por diversos países da Europa. Hoje, a gente é que deve uma grande salva de palmas a esse grande artista”. 
Entre os amigos e parentes, uma fala comum, repetida por diversas vezes: a mensagem de Moa era da tranquilidade, do respeito e da tolerância. E, para eles, isso não vai mudar. 

terça-feira, 9 de outubro de 2018

É preciso lutar ‘contra o aparelho em sua cretinice infra-humana’ Luciana Hidalgo capturas do Facebook

Pensar é um ato  de extrema complexidade, sobretudo se queremos ir a fundo.Pensar é desarranjar o posto vulgarmente, é ir em busca de constructos mais profundos, cercando-se do pensamento já posto  pela Filosofia e entremeando-se com os  pilares conceituais do sujeito.  Luciana Hidalgo faz isto diante do que seja o FASCISMO, ora arregaçado no mundo e em nossa sociedade.Tomo seu post no seu Facebook:
V. FLUSSER

HANNAH ARENDT

Lendo a excelente biografia do filósofo tcheco Vilém Flusser, “O homem sem chão”, bem-escritíssima por Gustavo Bernado e Rainer Guldin, encontro um trecho sobre o fascismo e o homem. Um texto pertinente nesse momento em que um presidenciável de ideias fascistas atrai muita “gente boa” por aí. Pior: nesse momento em que o presidente do Supremo Tribunal Federal decide que o Golpe de 1964 (aquele que começou com tropas militares cercando o Rio de Janeiro, derrubou o presidente civil do país e instituiu uma ditadura com presidentes militares durante 21 anos no Brasil) agora é “movimento" de 1964. A opção pelo eufemismo diz muito. Ao relativizar o golpe militar de 1964 (que realmente só deu certo devido ao apoio da sociedade civil da época), a autoridade máxima do Judiciário brasileiro relativiza a ditadura e o fascismo em si. Recorro, pois, à filosofia. A partir de Hannah Arendt e Vilém Flusser, Gustavo e Rainer explicam a genealogia do fascismo, isto é, por que e como gente como a gente vai aderindo a ideias fascistas, aceitando e participando da barbárie, dia a dia, às vezes sem nem se dar conta:
“A filosofia alemã, de origem judaica, demonstra a falsidade da concepção corrente: de que os maiores males são cometidos pelos maiores monstros. Na verdade, para Hannah Arendt, os maiores males são cometidos por funcionários medíocres empregados, isto sim, por aparelhos gigantescos.

Flusser concorda com ela, mas procura, como sempre, olhar para o avesso do problema: como pessoas cultas, quando empregadas por aparelhos medíocres, cometem males que nunca deveriam ter cometido. Ou seja: enquanto Hannah trata do aparelho como transformador de gente medíocre em funcionário poderoso e destrutivo, Vilém estuda o aparelho como transformador de gente culta em funcionário incômodo e chato. 

Ambos os tipos de funcionário, entretanto, sustentam e promovem aparelhos como o do nazismo, como nos ensina Flusser no seu artigo:


'Todos temos a vivência do aparelho chato, nem todos, felizmente, do aparelho destrutivo. Quem é apanhado na engrenagem do aparelho destrutivo (por exemplo, do nazismo) tem a sensação do terror e de ser triturado. E quem entra desprevenido na engrenagem do aparelho chato (por exemplo de uma firma comercial ou de um instituto de ensino) tem a sensação do cômico e da futilidade. Mas a distinção é provisória, fortuita e perigosa. Lembro-me do período de formação do nazismo, quando o seu aspecto cômico e fútil era perfeitamente visível. Mais tarde o terror apagou este aspecto. E a comicidade dos aparelhinhos chatos encobre a sua tendência de triturar-nos aos poucos. Tivesse sido tomado a sério, quando ainda aparelhinho cômico, e talvez não teria tido Eichmann.’


É preciso lutar ‘contra o aparelho em sua cretinice infra-humana’, defende Flusser. Todavia, como os aparelhos são inevitáveis, podemos superá-los se e somente assumirmos uma atitude irônica perante eles. A ironia não é passiva, mas sim subversiva, no sentido literal do termo. Ela solapa os aparelhos porque participa do jogo mediocrizante deles, sim, mas nunca para ganhar o jogo: o que se tenta é alterar o jogo para melhor desconjuntar o aparelho.” por Luciana Hidalgo


* tomo a liberdade de por aqui o link de um texto do Gustavo Bernardo e Rainer Guldin
https://bit.ly/2Qt20zs