REDES

Mostrando postagens com marcador e eis que inesperadamente o brinquedo é que começa a brincar conosco”( Clarice Lispector). Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador e eis que inesperadamente o brinquedo é que começa a brincar conosco”( Clarice Lispector). Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

“Às vezes começa-se a brincar de pensar, e eis que inesperadamente o brinquedo é que começa a brincar conosco”( Clarice Lispector)

foto por SambaRap Festival e Fernanda Oliveira
Brincar é pensar -é o maior potenciamento de produção de semiose- do signo.
A poesia e o pensar mais fundo tem início aí.
Brincar tem origem  pela imitação,já nos afirmava J. Piaget, mas, mais além é a imitação diferida,ou como pensava Vygotsky: brincar tem ligação com o outro-nexo potencial ou zona de desenvolvimento proximal e daí a poiesis,vai além de imitar ao pé da letra,por isso nosso poeta nos lembrou como aponta o amigo Elton-"Segundo o poeta Manoel de Barros, todo ato criativo é uma “imitagem". A imitagem não é um tornar-se mera cópia de um Modelo ou Padrão. Ao contrário, a imitagem é a produção de uma diferença , como nos ensina a pequena menina em sua fabricação brincativa de um estilo"..vamos até Elton:(flagra do Face)



“Museu” provém de “Musa”. Originalmente, “musa” significa “conhecimento”. Tanto os poetas quanto os filósofos pré-socráticos evocavam as Musas para auxiliá-los na seguinte tarefa: vencer o esquecimento daquilo que não pode ser esquecido. Assim, o conhecimento das Musas não é só intelecto ou razão, ele é , também, recordação: “re-cordis”, “trazer de novo ao coração”, como lugar do Afeto. No mito, as Musas são filhas de Zeus , divindade ligada à justiça e à ética, com Mnemósyne, Deusa da Memória. Zeus uniu-se a Mnemósyne após uma guerra vencida por ele contra as forças da barbárie vinculadas à ignorância em seus variados aspectos. Dessa união entre a ética e a memória nasceram as Musas, divindades da cultura e do patrimônio. Assim, todo patrimônio cultural nasce do matrimônio gerador de uma ética da memória, de uma memória da ética. A cultura não existe apenas para relembrar algo que se deu no passado e passou. A cultura existe para fazer lembrar e dar a conhecer que se é possível vencer a barbárie da violência física e simbólica. Foi este acontecimento a origem da civilização , da educação e da cultura: a luta contra a ignorância, que apenas o intelecto sozinho não consegue vencer. Pois não é uma ignorância em relação a não saber matemática ou “cartilhas”, mas ignorância acerca do que é a justiça, a ética, a arte, a natureza, enfim, a vida. Ontem e hoje, as forças da barbárie sempre ameaçam de destruição a cultura, porém nunca conseguirão destruir sua ideia geradora, enquanto mantivermos viva em nós ,coletivamente, a recordação daquilo que nos faz humanos, e não bestas acerebradas.
Segundo o poeta Manoel de Barros, todo ato criativo é uma “imitagem". A imitagem não é um tornar-se mera cópia de um Modelo ou Padrão. Ao contrário, a imitagem é a produção de uma diferença , como nos ensina a pequena menina em sua fabricação brincativa de um estilo . Em toda imitagem há uma aprendizagem não escolar de uma diferença que se afirma compondo-se, em liberdade. Em sua imitagem, é a menina, e não a escultura, a obra de maior arte. Que a pequenina Musa, em sua inocência brincativa, nos ajude a não esquecer o que precisa ser sempre lembrado: que vida é invenção , justiça e arte, e que isso nos dê forças ante a barbárie.

“Às vezes começa-se a brincar de pensar,
e eis que inesperadamente o brinquedo é que começa a brincar conosco”( Clarice Lispector)

"Minha poesia não tem função explicativa, só brincativa"(Manoel de Barros)

(foto retirada da página: SambaRap Festival e Fernanda Oliveira)