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terça-feira, 27 de setembro de 2016

José Lins do Rego de 1901 a 1957: do romance à crônica e Flamengo


foto por estante virtual





Por Rev Brasileiros Janeiro 2016

José Lins fez o chão de uma literatura brasileira a partir de sua Paraíba-Pilar, de Maceió-AL, onde morou e escreveu suas três primeiras obras: Menino de Engenho (1932), Doidinho (1933) e Banguê (1934). No Rio de Janeiro, deu continuidade à sua obra. Seu nome foi feito na época dominada pelos editores do eixo Rio-São Paulo. Quando lançado, Menino de engenho foi um sucesso. Sua obra é extensa e vai do romance às crônicas, ensaios e conferências que somam dezenas.

Criticado pelo seu memorialismo e retórica popular, mesmo assim, vejam a ironia, é comparado a Proust, o que renego; sua madeleine era um bolachão tão gostoso ou mais que o bolinho francês, seu chá: o caldo de cana ou o café fraco açucarado. Um ficcionista e cronista do seu povo, não apenas do nordeste, mas da barriga toda brasileira... “às minhas criaturas, aos rudes homens do cangaço, às mulheres, aos sertanejos castigados, às terras tostadas de sol e tintas de sangue, ao mundo fabuloso do meu romance, já no meio do caminho...” – última crônica – O Melhor da Crônica Brasileira (J. Olympio Ed. R. Janeiro, 1997, p 33).

O seu texto ficcional, ou não, era cruel para dizer da vida, do poder adulto, dos patriarcas e matriarcas do país. Da descrição de subjetividades emaranhadas ao capital e desmazelo político do Brasil ao encaminhamento dos ex-escravos à cidade. Sua obra é uma crônica etnográfica deste Brasil rural. Amigo de Gilberto Freyre, trocaram ideias que não se distanciavam antropologicamente.

Suas crônicas lhe puseram na vida literária, antes do romancista, saem da Paraíba, para Pernambuco, Alagoas e Rio de Janeiro, em jornas e falam não só a literatura nacional e internacional, mas da filosofia, antropologia, urbanismo, arquitetura e – assustem-se! – da ecologia. Seus destaques em crônicas estão em Gordos e Magros (1942), Poesia e Vida (1945), Homens, seres e coisas (1952), A casa e o Homem (1954) e O Vulcão e a Fonte (1958), afora antologias, organizador, conferências etc.

Os paulistas desconhecem, mas ele falou e falou de Eduardo Prado, D. Veridiana, Sergio Milliet, Mário de Andrade, Monteiro Lobato, Oswald de Andrade.
Sua crônica futebolística, Flamengo é puro amor (2013), publicada há pouco (org. M. Prado) renovou o gênero. A mídia era resumida aos jornais, revistas e rádios; fez críticas severas a um futebol entre São Paulo e Rio, e apontou as mazelas, a acentuada profissionalização e as vantagens do capital.
Trecho de crônica em livro citado:

“A um escritor muito vale o aplauso, a crítica de elogios, mas a vaia, com a gritaria, as ‘laranjas’, os palavrões, deu-me a sensação da notoriedade verdadeira. Verifiquei que a crônica esportiva era maior agente de paixão que a polêmica literária ou o jornalismo político. Tinha mais de vinte anos de exercício de imprensa e só com uma palavra arrancava da multidão enfurecida uma descarga de raiva como nunca sentira.”
(http://bit.ly/1LDMOVD