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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

A La Ursa centenária: Julião das máscaras e uma das culturas mais tradicionais do Carnaval de Olinda D PE

 


Foto: Marina Torres/DP FotoZ


ESTE AINDA É O CARNAVAL POPULAR DO BRASILE NINGUÉM, TASCA OU COMO DIZ  O FREVO DIZ: MADEIRA QUE O CUPIM NÃO ROI.

SUBI E DESCI ADEIRAS, MOREI NA TREZE DE MAIO, ERA O TEMPO DA BELEZA E EXTRVASÃO HUMANA DOS HUMANOS IGUAIS EM TODAS AS CLASSES.E A CRÍTICA POLÍTICA ESTAVA PRESENTE EM SEUS BONECOS ,FAIXAS ESTANDARTES

SAUDADES-MARCO,SIQUEIRA,MARCELO PEIXOTO,JOSÉ FRANCISCO MARA,GORETE,COSETE TOLEDO  E O MAMULENGO SORRISO, EDNEIDE ANAMARIA AGENOR JR, RONALDO VASCONCELOS, LOURDES VASCONCELOS,SELMA,ISOLDA SUELY PERMINI GALVAO E TANTOS..AI, AI.. SAUDADE.

SAI MUITO DE LA URSA- TRADIÇÃO HISPÂNICA.- OLÉ OLÊ QUEM NÃO DAR DINHEIRO AO URSO FICA ALEIJADO DO PÉ, AH E HAVIA O BLOCO DO BILAU.PAULO VASCONCELOS

LEIAM ABAIXO MATÉRIA DIARIO DE PERNANBUCO:https://bit.ly/4hFcyIS

Verde, azul, estampadas, lisas, de todos os tamanhos. Formas diferentes, personagens famosos: Mickey, Pato Donald e Freddy Krueger. As máscaras de João Dias Vilela Filho, de 64 anos, mais conhecido como Julião das Máscaras, fazem muito sucesso dentro da cultura carnavalesca da cidade de Olinda, na Região Metropolitana do Recife.

Ele pode não ser reconhecido principalmente pelo nome, mas na folia, as máscaras e cabeças de La Ursa ocupam muitos espaços entre as multidões. É comum ver a tradição das La Ursas a cada carnaval que passa, num movimento de resistência cultural. “A La Ursa quer dinheiro, e quem não der, é ‘pirangueiro’”, diz uma das canções mais populares do carnaval.

Na família há quatro gerações, a confecção de máscaras e cabeças de La Ursa contabiliza mais de 100 anos na linhagem familiar dos “Juliões”. A semente foi plantada pelo primeiro Julião que deixou com seu filho, João Dias Vilela, o legado das máscaras. 

O mesmo aconteceu com o atual Julião, que herdou também a cultura e o nome do avô desde os 12 anos.

“Esse ‘Julião’ é um nome muito forte, ele veio do meu avô. O nome do meu pai é João, então começaram a chamar meu pai de Julião. Quando comecei (na confecção), começaram a me chamar de ‘Julião filho’, e assim continuou”, explica.

Julião fala sobre suas primeiras lembranças com a confecção das máscaras e o aprendizado com seu pai, ainda de maneira muito rústica. Já são 52 anos no mundo do artesanato.“Eu me lembro do meu pai, éramos pessoas humildes, e até hoje eu sou humilde para todos os fregueses. O ateliê ainda era de madeira, era com candeeiro. Foi evoluindo. Com 12 anos eu comecei, meu pai começou a me ensinar, aprendi com ele. Hoje tenho 64”, comenta.

Julião lembra que quando começou a participar da produção junto ao pai, a cultura carnavalesca era diferente dos dias atuais. Sua família era conectada não só com a produção para a festa, mas também gostava de brincar o carnaval.

“Eu ainda me lembro dos carnavais antigos, meu pai ia comigo para a cidade comprar talco. A gente jogava no frevo, a gente pulava e jogava no povo. Hoje em dia a gente não vê isso. Na época, a gente ficava num ateliê aqui, e meu pai saía para brincar”, relembra.

A administração do ateliê estima que o número de peças produzidas e vendidas por ano, de todos os modelos disponíveis, é de 2500 a 3000. O Bazar Artístico Julião das Máscaras realiza entregas para os estados do Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo. Julião compartilha com orgulho o local mais longe que sua arte já chegou. “Até para o Japão, meu pai estava até vivo quando foi enviado”.
 
 (Foto: Marina Torres/DP Foto)
Foto: Marina Torres/DP Foto
 

Criatividade e confecção

Íntimo da produção, Julião também fala sobre como é o tempo e o processo criativo de suas confecções. O estilo do artesão também é composto por utilizar materiais reciclados para a confeição de sua arte.

“Um dia de sol que o freguês pedir uma La Ursa, no outro eu entrego, porque eu sou muito rápido. Eu corto de 20 a 30 bocas de La Ursa (em um dia). Eu utilizo o papel machê, feito com papel ofício, caderno de colégio. O material é reciclado. Eu recebo de uma escola onde trabalhei. Uso cola, uso goma. Depois vem a tinta óleo, para dar o brilho. Eu só trabalho com esse processo”, detalha.

Ele também explica como é seu padrão de trabalho. “Dou uma forrada por dentro que é para poder ficar bem acabada. Perguntam por que eu não pinto por dentro, eu digo: ‘porque a arte tá dentro’, que é papel reciclado. Se você pintar uma máscara dessa por dentro, ela não fica parecendo mais cultural, ela não mostra o trabalho da arte. É o meu jeito de trabalhar. Meu avô começou, meu pai começou e eu não deixo de fazer dessa não, é dessa aí que o freguês gosta”, justifica.

Ele complementa dizendo que gosta de trabalhar sozinho, pois consegue usufruir mais de sua criatividade. “Quando a gente trabalha de noite, a criatividade vem, faz tudo certinho. Sempre gosto de trabalhar em casa. Eu gosto de trabalhar, eu trabalho até 10 horas, 11 horas. Para mim não tem hora para largar, não”, complementa.

Compartilhar conhecimento

Para Julião, “quanto mais artesãos, melhor”. Ele fala de como julga importante a união de quem trabalha com a cultura no fortalecimento da área.

“Quando Deus dá o dom a você, o dom é seu. Sempre tem um detalhadinho que o outro não acerta, só quem acerta é aquele que Deus deu dom. Pode ter 1.000 que façam como eu, mas tem de ter artesão. Em Olinda não pode faltar artesão, porque a cultura é aqui em Olinda. Onde você procurar aqui em Olinda é cultura. A gente é artesão, temos de dar valor ao outro e se juntar. Eu sou do povo, eu agradeço a todos os artesãos por aprender e fazer. Porque cada um trabalha de um jeito”, argumenta.

Ele também conta o quanto significa compartilhar o conhecimento para aproximar as pessoas de sua arte, e até descobrir novos artesãos. Ele recorda de uma vez em que realizou uma oficina de máscaras.

“As crianças gostam das cores, das formas. Eu fui ao Centro de Convenções mesmo, eu dei uma aula a adultos e adolescentes. Quando a gente começa a dar uma aula tanto à criança como ao adulto, a gente descobre o talento. Você pinta, mas nunca pegou um quadro para pintar. Mas quando você pega uma máscara que começa a pintar, você descobre o seu talento. Foram 10 cabeças grandes, cada máscara fora de série. Eu dizia ‘fiquem à vontade, vocês vão manejar o pincel, eu só vou explicar como são os detalhes do processo’, e saiu lindo”.

Para Julião, esse é o ponto mais alto da arte popular. "É muito bonito e gratificante ensinar às pessoas, elas dão valor a você. Eu me sinto orgulhoso de receber o valor e ouvir: ‘Julião, a tua máscara é 10’".
 
 (Foto: Marina Torres/DP Foto)
Foto: Marina Torres/DP Foto

 
Legado

Após a morte de seu pai, Julião lembra como foi assumir a herança cultural de seu pai. “Meu pai, quando faleceu, muita gente disse: ‘E agora, hein? Como é que vai ser o ateliê?’ A gente pensou que ia cair, mas de acordo com meu trabalho, eu consegui (manter o ateliê)”.

Hoje, o Bazar Artístico Julião das Máscaras fica na Avenida Joaquim Nabuco, número 1234, no bairro do Varadouro, em Olinda. O espaço é onde Julião deixa a criatividade tomar conta no caminho para a arte cultural. Ele relata como é ter ajuda de seus filhos e sobre esse processo de passagem de legado.

“Meu menino e minha menina, ambos me ajudam. Meu menino já faz (as máscaras), às vezes minha parte é só pintar e cortar os dentes. Eu me sinto feliz e orgulhoso, porque a gente sabe que é para toda vida. E vai chegar um dia em que papai do céu vai me chamar e minha arte vai ficar. Porque eu digo: quanto mais artesãos, melhor”, conta.

Julião explica que o sucesso de seu trabalho é tão satisfatório e especial que pretende levá-lo até o fim de sua vida. “O freguês, o folião, é que dá uma prova que a gente é bom. A gente tem que se amar. E fazer a arte que você merece, porque eu amo minha arte. Quando um dia eu morrer, eu vou morrer fazendo”.