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sexta-feira, 15 de maio de 2020

A LAUREATE E O ENGANO AOS ALUNOS -ROBOTIZANDO O CONHECIMENTO

APUBLICA.ORG 
Já se sabia disto há anos, desde 2015/16, com movimentos  de alunos alunos contra EAD.
Agora se torna mais pública a notícia, mas o fato é velho. Vejam o flagra no Face:


FLAGRA DO FACE

"Faz uns dias, foi denunciado que a Laureate - corporação internacional que explora o ensino superior privado em vários países, entre eles o Brasil - estava colocando, às escondidas, robôs para corrigir os trabalhos dos alunos.
Agora está demitindo os professores dos cursos de educação à distância. Já mandou embora 120, evidentemente sem qualquer preocupação com a quase impossibilidade de realocação dos profissionais neste momento de pandemia.
Eles serão substituídos por "tutores", com salários quase 80% menores, e os professores dos cursos presenciais ganharão a responsabilidade extra de supervisionar os cursos à distância.
Quando foi flagrada botando os robôs para avaliar trabalhos dissertativos por meio de palavras-chave, a Laureate lançou uma nota hipócrita dizendo que queria "liberar a agenda" dos professores para que investissem "mais tempo na relação direta com seus alunos", já que o "objetivo é sempre humanizar ainda mais a relação de ensino e aprendizagem".
Acho que ninguém caiu na lenga-lenga deles. Agora o propósito real foi desvelado de vez: ampliar a exploração da mão de obra docente e reduzir despesas às custas da qualidade do serviço oferecido.
A defesa da educação privada é feita, muitas vezes, com base na ideia de "pluralidade de métodos de ensino", "projeto pedagógico pessoal" e coisas do tipo. Parece que estamos no tempo do Colégio Abílio, aquele que Raul Pompéia espinafrou em O Ateneu, mas que Luiz Edmundo, menino pobre beneficiado com uma bolsa, exaltou em suas memórias: a realização do sonho de um educador, que colocava sua alma na instituição. (O Ateneu é um dos pontos altos da literatura brasileira, mas as memórias de Luiz Edmundo também não são de se jogar fora.)
Independentemente do julgamento que façamos dessas experiências, o fato é que esse tempo passou há muito. O ensino privado é um negócio de grandes corporações que se guiam exclusivamente pelas planilhas de custos e pela expectativa de lucro dos investidores.
Com um Estado que tenta impor normas e fiscalizar, a situação já é ruim. Com o Estado entregue ao livre-mercadismo, quando não a serviço direto dos tubarões do ensino, como é o caso do Brasil (as regras de funcionamento das instituições privadas têm sido sistematicamente relaxadas nos últimos anos e a família de Paulo Guedes investe fortemente no setor), é o caos.
Creio que o melhor, no caso do ensino privado, é igual ao da medicina privada: proibir, em nome de valores igualitários, republicanos e democráticos."
(Link para as reportagens nos primeiros comentários.)

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Antibióticos, morcegos e a próxima pandemia

Por Soledad Barruti | Tradução de Tadeu Breda, no Blog da Editora Elefante

OUTRAS PALAVRAS nos brinda com este artigo, aliás este texto marca o lançamento, pela Editora Elefante — parceira de Outras Palavras — de Pandemia e Agronegócio.Vale ler e quiça adquirir o livro.Como vivemos e o quê comemos  e sob quais condições? Vale!



Antibióticos, morcegos e a próxima pandemia

https://bit.ly/2WG7iMV
Cozinhamos em nossas panelas as doenças de amanhã. Relação predatória com a natureza, abuso dos “aditivos” nas fazendas industriais e ambição do agronegócio tornam a Terra um lugar bizarro e cada vez mais perigoso

1.
“Sabemos que outra pandemia será inevitável. Está chegando. E também sabemos que, quando isso acontecer, não teremos medicamentos, vacinas, profissionais de saúde ou capacidade hospitalar suficientes”, disse Lee Jong-wook, então diretor da Organização Mundial da Saúde, em 2004. O discurso foi proferido quando o planeta tentava se recuperar do susto surgido com a gripe aviária, que eclodiu em Hong Kong em 2003.
O médico alertou para um fato muito difícil de ouvir: que um surto pior poderia acontecer a qualquer momento. Em 2009, por exemplo, quando outro vírus saltou de um porco para se tornar Influenza A que, a partir do México, alcançou o mundo inteiro; ou em 2012, quando a síndrome respiratória do Oriente Médio (Mers) emergiu dos camelos da Arábia Saudita, infectando pessoas em 27 países.
“Não devemos temer os mísseis, mas os vírus”, disse Bill Gates em uma palestra no Ted Talk em 2015, depois que o ebola quebrou os limites corporais de uma espécie de morcego, em 2014, para se converter em um pesadelo para os seres humanos.
“É uma emergência”, “Precisamos nos preparar”, “Precisamos controlar os vírus”: os documentos oficiais de várias agências das Nações Unidas, organizações globais como a Fundação Gates e vários governos estão cheios de advertências semelhantes. Mas nada foi feito para impedir a covid-19. Talvez porque em nenhum desses espaços de poder houve intenção de nomear de maneira clara e contundente o principal fator desencadeante dessas doenças: a relação abusiva e predatória que estabelecemos com a natureza, em geral, e com os outros animais, em particular.
Vacas, porcos, galinhas, morcegos, não importa de qual animal estejamos falando. Se não os extinguimos com destruição de seus habitats, os engaiolamos, acumulamos, mutilamos, transportamos, engordamos, medicamos e deformamos para aumentar sua produtividade. Forçamos os limites de seus corpos e anulamos seus instintos como se fossem coisas, por meio de técnicas ensinadas nas universidades, repetidas em conferências empresariais e testadas em laboratórios. Um negócio de bilhões de dólares.
Nunca andei de camelo ou visitei os mercados asiáticos, onde macacos, pássaros e tatus são vendidos vivos em pequenas caixas, mas visitei um bom número de fazendas industriais na América Latina — esses lugares de onde vem a comida que julgamos menos exótica e cruel, mais civilizada e mais segura. E nessas granjas aprendi que, em questões como ética, empatia e saúde pública, a diferença entre o que é oferecido em Wuhan e o que preenche as gôndolas dos nossos supermercados é imaginária.
As pragas não são uma novidade, mas estão avançando: duzentas novas doenças infecciosas zoonóticas surgiram nos últimos trinta anos, e nenhuma é resultado da nossa má sorte.
2
Visitei Rosalía de Barón em 2011 enquanto fazia a pesquisa para meu livro Malcomidos. Ela, uma produtora de ovos da província de Entre Ríos, na Argentina, sabia perfeitamente: seu galinheiro era uma mina de ouro, mas tinha uma fraqueza: poderia desencadear uma praga a qualquer momento.
“Desde que sou assim, vivo entre os ovos”, disse, abaixando a mão até próxima do chão, quando entramos no galpão que continha cerca de quarenta mil galinhas em plena produção. Rosalía era uma mulher forte, quase 40 anos de idade, olhos azuis claros, cabelos loiros gastos e o orgulho de administrar um negócio próspero: oitenta caixas de ovos diários da melhor qualidade. Cerca de dez vezes mais do que sua própria fazenda produzia quando menina, no mesmo espaço. O truque? Concentração automatizada. O galinheiro moderno não tem terra, nem arbustos, nem sol, mas gaiolas de cerca de quarenta centímetros, onde as galinhas vivem por quatro anos, empilhadas em grupos de dez. As gaiolas estão umas sobre as outras e próximas umas das outras, tornando o local um labirinto completamente coberto de penas, bicos e patas que, à primeira vista, é impossível saber a qual galinha pertencem.
Tente imaginar: dez galinhas esmagadas em um espaço onde nem mesmo uma única delas entraria confortável; não há como bater as asas, deitar-se, virar-se ou satisfazer qualquer um de seus requisitos biológicos além de comer, defecar e dar um ovo por dia.
Quando as galinhas estão amontoadas, elas só conseguem subir uma na outra, se enroscar e enfiar a cabeça pelas barras até que os pescoços estejam cheios de feridas, em carne viva. A situação é tão estressante que, dentro de semanas, se tornam canibais. Para impedi-los de comer um ao outro, alguns dias depois de nascerem, as galinhas têm a ponta do bico amputada. Assim, os bicos crescem achatados, como se tivessem atingido uma parede com força.
Que não se matem, mantendo a produção ao máximo: esse é o objetivo. Para alcançá-lo, os produtores lançam mão desse tipo de intervenções: mutilações, controle de luz, sons constantes, vários dias de fome e sede — neste caso, para que sobrevivam apenas as mais fortes. São quinze ou vinte dias sem comida ou água. As galinhas morrem como um brinquedo cuja bateria vai se acabando: consumidas, deitadas uma em cima da outra, com olhos secos, bicos abertos, emitindo um suspiro quase inaudível. Para as que sobrevivem, a ração é renovada e, no dia seguinte, mágica: um novo ovo, o cacarejo infernal; e também medo, carne podre, o cheiro de morte em vida.
Visitar fazendas industriais pela primeira vez tem algo de monstruoso: nem os olhos, nem os pulmões, nem a mente estão preparados para apreender o que acontece lá. O que você vê, o que se ouve dos manipuladores de animais — tão normais quanto um vizinho, um tio, um dentista. A informação chega em etapas: a sistematização da crueldade, a negação da dor (que é evidente). A única justificativa para tudo são as leis do mundo do dinheiro, tão absurdas, tão perversas.
Theodor W. Adorno disse que era preciso olhar para os matadouros e dizer “são apenas animais” para entender a origem de Auschwitz. Diante dessas granjas, tão naturalizadas, tento entender como chegamos até aqui.
Rosalía explicou o que sabia e me disse algo que achava fascinante: “Eu só trabalho duas horas por dia, o resto é feito sozinho”, e apertou um botão que fez o galinheiro começar a se mover. Abaixo das gaiolas, as esteiras transportavam os ovos para o local onde seriam medidos e embalados. Outras esteiras transportavam as fezes, que serão enterradas em uma fossa a poucos metros do galpão. Na mesma coreografia da máquina, bebedouros são reabastecidos e alimentadores se enchem de milho, vitaminas e corante para as gemas alaranjadas que o mercado está pedindo hoje em dia. A precisão da fábrica parecia mostrar que tudo estava sob controle. Os materiais frios e duros cobriam todo o processo com assepsia, apesar da merda, dos fluidos, dos olhos pustulentos e das penas voando.
“No entanto”, continua Rosalía, “nada é tão fácil”. A fazenda tinha um perigo à espreita. “Qual?”, perguntei. “As doenças. As galinhas parecem fortes, mas uma pode ficar doente, e isso seria o fim.”
Pensei nos dias em que as galinhas passam sem água nem comida: se resistem a isso, não são fracas, disse a mim mesma. Mas aprendi imediatamente que não. Galinhas não sobrevivem a uma gripe. A gripe é o calcanhar de Aquiles.
LEIA TODO ARTIGO EM : https://bit.ly/2WG7iMV

terça-feira, 5 de maio de 2020

O BRAZIL NÃO CONHECE O BRASIL, O BRASIL TÁ MATANDO O BRASIL - MORRE ALDIR BLANC


Aldir Blanc 1946/2020 (Foto: Divulgação)

A revista Forum ( https://bit.ly/2KY68Xl) presta homenagem a um poeta, músico, na verdade um dos grandes cronistas na música brasileira. Deixa-nos num tempo histórico  em que a miséria se propaga como coisa comum num gol da pandemia do Corona, coisa que  em que ele já prenunciava em sua obra- "o Brasil tá matando o Brasil".Com ele também nos deixa o ator Flavio Migliaccio- por suicídio, de uma dor- da desumanidade presente, que ele documenta em carta deixada.1934/2020- este fato um adendo deste blogueiro.
static1.purepeople.com.br/articles/2/26/09/12/@...


F.Migliaccio po r
www. purepeople.com.br

Leiam abaixo a matéria: https://bit.ly/2KY68Xl




Aos 73 anos, Aldir Blanc morre por coronavírus no Rio

Autor de "O Bêbado e o Equilibrista", imortalizada na voz de Elis Regina, entre centenas de outras composições, Blanc, de 73 anos, foi diagnosticado com Covid-19 no dia 23 de abril

No dia 17 de abril, logo após a sua internação, a Fórum publicou uma crônica em homenagem a Aldir Blanc. Leia aqui.
Um dos maiores compositores da música popular brasileira, Aldir Blanc, morreu na madrugada desta segunda-feira (4) no Hospital Pedro Ernesto, em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, onde estava internado com coronavírus. A informação foi divulgada pela Rádio Tupi.
Com infecção generalizada em decorrência do novo coronavírus, Aldir Blanc estava internado no CTI do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, desde o dia 15 de abril. 
Autor de “O Bêbado e o Equilibrista”, considerada o hino da anistia, imortalizada na voz de Elis Regina no final da década de 70, entre centenas de outras composições, Blanc, de 73 anos, foi diagnosticado com Covid-19 no dia 23 de abril.
A sua filha Isabel dava quase diariamente notícias sobre o estado de saúde do pai. Nos últimos dias, ela se mostrou preocupada com o quadro agravado do compositor, que teria piorado na resposta ao tratamento.
Aldir Blanc surgiu para o público ao lado do eterno parceiro João Bosco, em 1972, em um projeto do jornal carioca O Pasquim chamado “Disco de Bolso”. Na época o semanário lançava um compacto simples, pequeno disco de vinil com duas canções. De um lado um artista consagrado, que no caso foi Tom Jobim com “Água de Março” e, do outro, a dupla com a canção “Agnus Sei”.
A dupla João Bosco e Aldir Blanc fez centenas de canções inesquecíveis como “Mestre Sala dos Mares”, “Kid Cavaquinho”, “Nação”, “Tiro de Misericórdia” entre várias outras.
Aldir também compôs com vários outros autores como César Costa Filho, Cristovão Bastos, Moacyr Luz, Guinga entre outros. Aldir publicou também vários livros como cronista, entre eles “Rua dos Artistas e Arredores”, Direto do Balcão, “Porta de Tinturaria”, “O Gabinete do Doutor Blanc” entre outros.

O jornalista Rodrigo Vianna postou um lindo vídeo em sua homenagem na TV Afiada. Veja aqui. https://bit.ly/2KY68Xl
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DO FACEBOOK FLAGRA
Angela Carrato
1aatS fponmsorhedgA reportagem do JN sobre a morte do compositor Aldir Blanc, mais uma vítima do coronavirus, destacou, dentre as centenas de letras maravilhosas que ele deixou, uma que se tornou hino da campanha em defesa da anistia aos exilados e presos politicos no Brasil: O Bêbado e a Equilibrista.
Só que o JN não entrou em maiores detalhes sobre essa época, pois não deve ser nada confortável para a família Marinho.
Em 1979, quando essa canção surgiu, na voz de Elis Regina, no LP Essa Mulher, nada sobre presos politicos e exilados podia ser divulgado pela mídia. Pouco depois, a censura prévia foi revogada. Era o início da abertura política.
Mesmo assim, para continuar agradando aos militares no poder, a TV Globo manteve-se firme com sua própria censura. Vale dizer: a família Marinho era quem dava a última palavra sobre o que podia ou não ser noticiado em seus veículos.
A título de exemplo, ela ignorou os comícios pelas eleições diretas-já, que tiveram início logo em seguida.
Quando, em função do elevadíssimo número de pessoas que compareciam a esses comícios, tornou-se impossível ignorá-los, a Globo partiu para a mentira descarada.
Foi assim com o comício pelas diretas-já em São Paulo, noticiado de forma ultra ligeira, como se fosse a comemoração do aniversário da cidade.
Data dessa época o surgimento do slogan "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo", que os populares gritavam para demonstrar sua indignação.
As empresas da família Marinho só desembarcaram do apoio ao golpe civil-militar de 1964, cinco décadas depois, quando em 2014, publicamente pediram desculpas.
Desculpas, pelo visto, nada sinceras. Tanto que em 2016, os Marinho estavam novamente vez à frente de um outro golpe. Esse, no qual estamos mergulhados e sem luz no fim do túnel.
Golpe que é também responsável pela morte de Aldir Blac.
Ninguém melhor do que Aldir sabia que "o Brazil não merece o Brasil".
SOS Brasil. (Angela Carrato)