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quinta-feira, 15 de março de 2018

A bala que mata - NÃO devolvemos-M Verunschk. Capturas. Do face

A bala que Mata nāo devolvemos
uma mulher descerá o morro
como se descesse de uma estrela
uma mulher seus olhos iluminados
suas mãos pulsando vida e luta
sob seus pés a velha serpente
[a baba as armas a covardia de sempre].
uma mulher descerá o morro
as inúmeras escadarias do morro
os muros arames que separam o morro
e pisará o chão desse país sem nome
desse país que ainda não existe
desse país que interminavelmente não há
uma mulher descerá o morro
o seu vestido é a tempestade
uma mulher descerá o morro
e ainda que seu sangue caia
ferida incessante no asfalto do Estácio
e ainda que anunciem sua morte
[e sim, ainda que a comemorem]
esta mulher ninguém poderá parar.
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Micheliny Verunschk, 15 de março de 2018, a manhã seguinte à execução de Marielle Franco.



o poema para Marielle está presente na marcha de Paris pela tradução de Luciana Dias. a força, penso, não é do poema, é de Marielle.
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