Eu recuso a paciência, o boi morreu, eu recuso a esperança.
Eu me acho tão cansado em meu furor.
As águas apenas murmuram hostis, água vil mas turrona paulista
….
A Meditação sobre o Tietê -1945-( parte final)
Eu me acho tão cansado em meu furor.
As águas apenas murmuram hostis, água vil mas turrona paulista
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A Meditação sobre o Tietê -1945-( parte final)
Depois das cinzas, das águas, do tempo estamos há setenta anos da morte de Mario de Andrade e o panorama não mudou na sua cidade Seu poema, vide trecho acima, foi escrito no ano de sua norte(1945) , talvez o último grande poema. Perfeitamente severo ao tempo ,como o de hoje.
Ele nos deixou um grande legado que até hoje há muito para se ver e entender. Sua obra é vasta e passa por mais diversos campos, da literatura, a música, a dança, enfim da cultura popular. Trabalhei com seu material recolhido nas missões iconográficas da Sec.M. de Cultura de SP, tal acervo nao foi trabalhado como deveria face a nao formacão de uma comissão múltipla – interdisciplinares de especialistas -de vários estados, como assim mereceria.O material passa pelas linguagens das artes e tem objetos raros que mesmo, os estados –do nordeste e norte, nao os possui ,caso de Pernambuco, mas há outros mais.
Mas voltemos ao poeta, ele como um homem solitario, meditabundo encarou poetar a cidade em suas pracas, ruas, avenidas, casas e seu maior rio.Comseus poemas iniciais, da Lira Paulistana, ele quebra a rima, fala de um Brasil, Brasil, brasileiro
Poeta do Modernismo ele foi fatal na poesía desde a Lira Paulistana, 1922. Obra magistral e antropológica como só ele sabia dar suas pitadas com seu português brasileiro.Vide -manuscrito A gramatiquinha da fala brasileira, obra inacabada, deixada pelo poeta: é a língua falada pelo povo. Fase caótica primitiva em que o Brasil é livre, [...] dá as tendências essenciais da futura fala brasileira(http://bit.ly/1CK2Rxm),mas finquemos o olhar sobre a Meditação do Rio Tietê:
Ele nos deixou um grande legado que até hoje há muito para se ver e entender. Sua obra é vasta e passa por mais diversos campos, da literatura, a música, a dança, enfim da cultura popular. Trabalhei com seu material recolhido nas missões iconográficas da Sec.M. de Cultura de SP, tal acervo nao foi trabalhado como deveria face a nao formacão de uma comissão múltipla – interdisciplinares de especialistas -de vários estados, como assim mereceria.O material passa pelas linguagens das artes e tem objetos raros que mesmo, os estados –do nordeste e norte, nao os possui ,caso de Pernambuco, mas há outros mais.
Mas voltemos ao poeta, ele como um homem solitario, meditabundo encarou poetar a cidade em suas pracas, ruas, avenidas, casas e seu maior rio.Comseus poemas iniciais, da Lira Paulistana, ele quebra a rima, fala de um Brasil, Brasil, brasileiro
Poeta do Modernismo ele foi fatal na poesía desde a Lira Paulistana, 1922. Obra magistral e antropológica como só ele sabia dar suas pitadas com seu português brasileiro.Vide -manuscrito A gramatiquinha da fala brasileira, obra inacabada, deixada pelo poeta: é a língua falada pelo povo. Fase caótica primitiva em que o Brasil é livre, [...] dá as tendências essenciais da futura fala brasileira(http://bit.ly/1CK2Rxm),mas finquemos o olhar sobre a Meditação do Rio Tietê:
Porque os homens não me escutam! Por que os governadores
Não me escutam? Por que não me escutam
Os plutocratas e todos os que são chefes e são fezes?
Todos os donos da vida?
Eu lhes daria o impossível e lhes daria o segredo,
Eu lhes dava tudo aquilo que fica pra cá do grito
Metálico dos números, e tudo
O que está além da insinuação cruenta da posse.
E si acaso eles protestassem, que não! que não desejam
A borboleta translúcida da humana vida, porque preferem
O retrato a ólio das inaugurações espontâneas,
Com béstias de operário e do oficial, imediatamente inferior.
E palminhas, e mais os sorrisos das máscaras e a profunda comoção,
Pois não! Melhor que isso eu lhes dava uma felicidade deslumbrante
De que eu consegui me despojar porque tudo sacrifiquei.
Sejamos generosíssimos. E enquanto os chefes e as fezes
De mamadeira ficassem na creche de laca e lacinhos,
Ingênuos brincando de felicidade deslumbrante:
Nós nos iríamos de camisa aberta ao peito,
Descendo verdadeiros ao léu da corrente do rio,
Entrando na terra dos homens ao coro das quatro estações.
Não me escutam? Por que não me escutam
Os plutocratas e todos os que são chefes e são fezes?
Todos os donos da vida?
Eu lhes daria o impossível e lhes daria o segredo,
Eu lhes dava tudo aquilo que fica pra cá do grito
Metálico dos números, e tudo
O que está além da insinuação cruenta da posse.
E si acaso eles protestassem, que não! que não desejam
A borboleta translúcida da humana vida, porque preferem
O retrato a ólio das inaugurações espontâneas,
Com béstias de operário e do oficial, imediatamente inferior.
E palminhas, e mais os sorrisos das máscaras e a profunda comoção,
Pois não! Melhor que isso eu lhes dava uma felicidade deslumbrante
De que eu consegui me despojar porque tudo sacrifiquei.
Sejamos generosíssimos. E enquanto os chefes e as fezes
De mamadeira ficassem na creche de laca e lacinhos,
Ingênuos brincando de felicidade deslumbrante:
Nós nos iríamos de camisa aberta ao peito,
Descendo verdadeiros ao léu da corrente do rio,
Entrando na terra dos homens ao coro das quatro estações.
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