Em 1 de setembro de 2002, 300 artistas e intelectuais reuniam-se no Rio de Janeiro para manifestar seu apoio ao então candidato à Presidência da República pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Naquele momento,o candidato metalúrgico era alvo de uma desesperada ofensiva de calúnias e boatos que visavam desqualificá-lo como alternativa política ao colapso final do governo dirigido pelo tucano Fernando Henrique Cardoso, entrevado num cipoal de crise cambial, apagão e desemprego.
Ontem, como hoje, mídia e candidato tucano operavam na cadência de um jogral reacionário. Se o petista vencesse as eleições –como de fato venceu e gerou 14 milhões de empregos até agora– o Brasil, de acordo com a pregação do medo, seria palco de uma inevitável tragédia econômico financeira, associada a devastadora desestabilização política. Lula na presidência cindiria o Brasil, traria o chavismo populista para dentro da sociedade brasileira, a exemplo do que já ocorria na Venezuela.
A tese da ‘inexperiência’ e do ‘despreparo’ para chefiar o país, agora endereçada contra Dilma Rousseff,--associada a um repertório de calúnias obscurantistas, porque não há argumentos econômicos a alardear-- era recorrente na mídia em 2002.
Ao jornal Gazeta Mercantil , José Serra gotejava em 9 de outubro de 2002 o mesmo bordão que agora martela contra Dilma: “Precisamos mostrar quem está mais preparado. E mais cercado de forças políticas capazes de garantir a governabilidade”.
Diante da escalada terrorista, o saudoso economista Celso Furtado faria em 13 de outubro de 2002 um desabafo incomum para um homem público conhecido pelo estilo reservado e austero. ‘O Serra está aperreado. Como ele vê que todos os apoios vão para o Lula, ele se destempera, diz coisas descabidas.. Existe uma expressão francesa para definir esse comportamento [de Serra]: aux bois, quer dizer, ladrando a torto e a direito. Enfim, o sujeito está no sufoco, fala qualquer coisa".
A exemplo do que ocorreu em 2002, assiste-se hoje a um verdadeiro levante da inteligência nacional contra a coalizão conservadora liderada pelo mesmo personagem. Nas universidades e na cultura, em manifestos e atos que se multiplicam nos últimos dias, intelectuais e artistas afirmam seu repúdio ao retrocesso político, ético e econômico condensado em torno da coalizão demotucana. Hoje, 18 de outubro de 2010,no Teatro Casa Grande, no Rio, às 20 hs (Rua Afranio de Mello Franco, 290- Leblon), intelectuais liderados por Chico Buarque de Holanda, Eric Nepomuceno, Emir Sader e Leonardo Boff entregam a Dilma Rousseff um manifesto de apoio a sua candidatura. Como em 2002, o 'preparado' José Serra assume aos olhos da inteligência nacional seu verdadeiro papel na história: o estuário do que há de mais regressivo e intolerante no capitalismo brasileiro. (leia neste blog o manifesto dos artistas e intelectuais, bem como o dos professores universitários e o dos filósofos em apoio a Dilma Rousseff; veja também os atos e manifestções previstos para os próximos dias em SP).
Manifesto de artistas e intelectuais pró-Dilma
Nós, que no primeiro turno votamos em distintos candidatos e em diferentes partidos, nos unimos para apoiar Dilma Rousseff. Fazemos isso por sentir que é nosso dever somar forças para garantir os avanços alcançados. Para prosseguirmos juntos na construção de um país capaz de um crescimen to econômico que signifique desenvolvimento para todos, que preserve os bens e serviços da natureza, um país socialmente justo, que continue acelerando a inclusão social, que consolide, soberano, sua nova posição no cenário internacional.
Um país que priorize a educação, a cultura, a sustentabilidade, a erradicação da miséria e da desiguladade social. Um país que preserve sua dignidade reconquistada.
Entendemos que essas são condições essenciais para que seja possível atender às necessidades básicas do povo, fortalecer a cidadania, assegurar a cada brasileiro seus direitos fundamentais.
Entendemos que é essencial seguir reconstruindo o Estado, para garantir o desenvolvimento sustentável, com justiça social e projeção de uma política externa soberana e solidária.
Entendemos que, muito mais que uma candidatura, o que está em jogo é o que foi conquistado.
Por tudo isso, declaramos, em conjunto, o apoio a Dilma Rousseff. É hora de unir nossas forças no segundo turno para garantir as conquistas e continuarmos na direção de uma sociedade justa, solidária e soberana.
- Leonardo Boff
- Chico Buarque
- Fernando Morais
- Emir Sader
- Eric Nepumuceno
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Em 2010 como em 2002, artistas e intelectuais repudiam o 'preparado' José Serra
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