José Saramago 1922-2010
by Correio da Mânhã PT
Reacções: "Portugal fica mais pobre"
Várias foram as personalidades portuguesas que já reagiram ao falecimento do escritor. Uma perda para Portugal e para a literatura portuguesa, dizem todos, do presidente da República ao primeiro-ministro.
O Presidente da República, Cavaco Silva, recordou José Saramago como um "escritor de projecção mundial", sublinhando que "será sempre uma figura de referência" da cultura nacional.
"Em nome dos Portugueses e em meu nome pessoal, presto homenagem à memória de José Saramago, cuja vasta obra literária deve ser lida e conhecida pelas gerações futuras", sublinha o Presidente, endereçando condolências à família do escritor.
O primeiro-ministro, José Socrates, também prestou a sua homenagem ao escritor, considerando-o "um dos grandes vultos" da cultura, e manisfestando o orgulho do país na sua obra.
"Recebi a notícia da morte de José Saramago com muito pesar. Entendo que é uma perda para a cultura portuguesa e o meu dever, neste momento, é endereçar palavras de coragem e de condolências", disse.
O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, foi dos primeiros a reagir. "Foi com profunda consternação e pesar que recebi a notícia da morte do escritor José Saramago, um dos vultos mais destacados da cultura portuguesa contemporânea. Nobel da Literatura em 1998, José Saramago deixa uma obra literária intemporal. Com o seu desaparecimento, Portugal fica mais pobre", afirmou.
Grande perda para o mundo da cultura
A morte de José Saramago é uma "grande perda para o mundo da cultura", afirmou o presidente do Governo das Canárias, arquipélago espanhol onde o escritor faleceu.
Paulino Rivero, que se afirmou muito surpreendido pela notícia da morte considerou-a uma notícia "absolutamente inesperada" pela forma como ocorreu. "Não tinha conhecimento que estivesse mal de saúde. Em qualquer caso quero expressar a solidariedade do Governo das Canárias com a sua família", afirmou.
O presidente da câmara de Madrid, Alberto Ruiz-Gallardón, enviou um telegrama de condolências à família de José Saramago, um escritor "único" cujo desaparecimento deixa "um enorme vazio".
No telegrama, Gallardón expressa "enorme pesar pela triste notícia" do falecimento do escritor português, afirmando que a sua obra "abriu os olhos a uma nova dimensão narrativa, desgarrada, íntegra e lúcida".
Referência luminosa
O presidente da Associação Portuguesa de Escritores, José Manuel Mendes, também se manisfestou. "Perdemos não apenas o maior escritor português, mas uma referência luminosa de dignidade e grandeza à escala universal", disse, emocionado. As palavras do presidente foram sentidas. "Era o meu melhor amigo, porventura".
A escritora Lídia Jorge lamentou a morte de José Saramago, definindo-o como "um escritor genial" e também "um exemplo de coragem, pela sua coerência".
"Apesar de tudo acho que morreu feliz porque escreveu até ao fim da vida, entregando-se sempre com a mesma coragem ao ofício que escolheu, e acreditando piamente nas suas convicções", afirmou Lídia Jorge.
O reitor da Universidade Aberta, Carlos Reis, lamentou também a morte do escritor. "Obriga-nos ao lugar comum e o lugar comum é este: é um escritor que mudou a literatura portuguesa e é um escritor que pôs a literatura portuguesa na cena internacional", disse.
Figura indiscutivelmente maior
Também o escritor Mário Cláudio considerou Saramago "uma figura indiscutivelmente maior das nossas letras", classificando o seu desaparecimento como "triste e inesperado".
O escritor portuense afirmou que "Saramago vai durar o que durar a literatura portuguesa", e não deixou de relembrar a contribuição do escritor para a literatura portuguesa, afirmando que apesar da morte, "permanece o génio de Saramago".
O presidente da Fundação do Centro Cultural de Belém (CCB) António Mega Ferreira, considerou que a morte de José Saramago é uma "perda muito grande para a literatura portuguesa".
O encenador João Brites mostrou-se "abalado" com a morte do escritor José Saramago por o considerar uma "referência como homem, um cidadão lúcido, firme e capaz de provocar o nosso pensamento". Considerou que Saramago era um homem que "provocava a rotina" dos portugueses por ser "no sentido literário, artista maior".
A tradutora Margaret Jull Costa recebeu, com surpresa, a notícia da morte do escrito e manifestou-se "triste e privilegiada" por ter traduzido os livros do Prémio Nobel da Literatura 1998.
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, também já reagiu à noticia da morte do escritor. "O desaparecimento de José Saramago representa uma perda para a Cultura portuguesa. O prémio Nobel da Literatura enche o país de orgulho e deu um contributo para o prestígio da língua portuguesa, não só em Portugal mas à escala universal".
"Desejo prestar à sua memória a homenagem que lhe é totalmente devida, em meu nome e em nome do Governo", concluiu.
Escritor marcante da segunda metade do século 20
A ex-ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima considera José Saramago "um escritor marcante da segunda metade do século 20" e que conseguiu "um lugar muito particular na literatura portuguesa".
O presidente do Governo das Canárias, Paulino Rivero, considerou a notícia "absolutamente inesperada" pela forma como ocorreu. Acrescentou ainda que esta morte "significa uma grande perda para o mundo da cultura no arquipélago e no resto do mundo".
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, José Manuel Pureza, lembrou José Saramago como "um escritor sempre insubmisso" no estilo e nas causas que defendeu e um homem que "combateu a cegueira social".
Também José Eduardo Agualusa deixou a sua mensagem, ""foi muito importante para toda a literatura de Língua Portuguesa", pois a atribuição do Prémio Nobel "mudou a forma como a nossa língua passou a ser percebida em todo o mundo", declarou o escritor angolano.
O fadista Carlos de Carmo, que deu voz a poemas de José Saramago, afirmou que se sente "profundamente consternado", recordando o escritor como "uma pessoa de quem gosto genuinamente, e sinto-me profundamente consternado". "Estou bem mais pobre com a perda deste querido amigo", concluiu o fadista.
O ex-ministro Manuel Maria Carrilho recorda também o escritor, "era um homem controverso, como todas as grandes personalidades, mas cultivava uma proximidade discreta e secreta com Portugal".
O coordenador do grupo “Mais Saramago”, José Miguel Noras, afirmou que "a perda e a consternação são totais", mas sublinhou que "só morre quem não vence o esquecimento".
"Estamos muito magoados agora, muito tristes, mas Saramago continua a existir como o gigante que é da nossa cultura, da nossa literatura. É uma referência para nós", referiu José Miguel Noras.
A morte de José Saramago é "um momento de grande pesar e de grande perda para a literatura e a cultura portuguesa", considerou o escritor José Luís Peixoto. "Ele tem lugar assegurado nos grandes nomes da literatura de sempre", avaliou o escritor.
O escritor espanhol e Prémio Cervantes Juan Marsé recordou que sempre o uniram a José Saramago "bastantes ideias sobre a situação política e social". Lamentando a morte do Prémio Nobel, cuja notícia do falecimento o surpreendeu, Marsé destacou a faceta de "grande narrador" de Saramago.
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