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segunda-feira, 15 de março de 2010

ACERVO DO METRO DE SÃO PAULO BY REV. LIVRARIA CULTURA






































Uma visitação de 3 milhões de pessoas seria o sonho dourado de qualquer museu, galeria ou instituição cultural. Mas há um espaço não enquadrado nesses modelos onde a façanha acontece diariamente. Para tanto, basta que cada passageiro do metrô de São Paulo contemple, em sua rotina, algumas das 90 obras de arte instaladas pela Companhia do Metropolitano em 35 das 56 estações da cidade. Trata-se de um passeio tão promissor quanto frequentar um museu de acervo contemporâneo. É uma fatia desse período da arte brasileira os nomes ali representados desde 1978, numa iniciativa repetida, em menor grau em outras capitais. Enquanto o Rio de Janeiro dá novos exemplos de adesão a essa manifestação de arte pública, Recife e Porto Alegre ainda se mostram tímidas, mas mais atuantes do que Brasília, onde o metrô local realiza apenas exposições eventuais.

O epicentro da implantação dos primeiros trabalhos na capital paulista não por acaso é a Praça da Sé, local remodelado em função do metrô, que recebeu em seus amplos saguões esculturas de Alfredo Ceschiatti e Marcelo Nitsche, murais de Claudio Tozzi, Mário Gruber e Renina Katz e um painel de Waldemar Zaidler. A partir daí, sempre em parceria com a iniciativa privada, o projeto se expandiu para as quatro linhas da cidade. Algumas obras se tornaram referência, caso da famosa serigrafia com 44 rostos anônimos que ocupa as paredes de vidro da estação Sumaré – instalação de Alex Flemming realizada em 1998. “Quando fiz essa obra sobre a miscigenação tão feliz que há no Brasil, eu não tinha ideia do alcance que teria junto ao público”, afirma Flemming. “Eu estava acostumado com exposições em galerias e museus e tive um susto já na inauguração da estação, pois, a partir daquele momento, o trabalho pertencia aos milhares de usuários do metrô; depois, fui lá várias vezes e vi as pessoas interagindo.” Para a seleção desses e outros nomes, como Antonio Peticov, Cícero Dias, Tomie Ohtake e Wesley Duke Lee, a empresa mantém um comitê de seleção com representantes da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Museu de Arte Moderna, por exemplo. “A prioridade é a arte brasileira”, diz Aluizio Gibson, chefe do departamento de marketing. “Levamos em conta a representatividade artística e o quanto a obra vai impactar a população.” Os trabalhos podem chegar prontos ou ser executados no local, a exemplo do mural de Alberto Nicolau na estação Sacomã, a mais nova aquisição. “Pensamos também na manutenção; afinal, é um ambiente hostil, sujeito a problemas.” Em boa parte das estações, é necessário adquirir o bilhete para conferir os trabalhos.

Obras como as placas de aço azuladas de Amélia Toledo, instaladas na estação do Brás há uma década, são exigentes em sua preservação. Batizadas Caleidoscópio, elas têm efeito de reflexo todo especial.

“As pessoas se divertem vendo suas silhuetas; foi um dos meus primeiros projetos de aço colorido curvado na calandra, uma máquina de rolos para dobrar chapas de metal”, lembra a veterana artista. Foi Amélia, inclusive, a responsável por uma empreitada monumental na estação Arcoverde, em Copacabana, que inclui um bloco de quartzo rosa e uma seleção de granitos no chão das plataformas. Finalizada em 1998, a instalação tornou-se referência e mais de uma década depois contrasta com o novo investimento do metrô carioca na recém-inaugurada General Osório. Painéis de azulejo com até 30 metros de largura de Urbano Iglesias e Ziraldo, entre outros convidados, homenageiam símbolos do bairro, como a Banda de Ipanema e a feira hippie. “É um tipo de obra muito ligado à questão da amplitude”, diz Iglesias, arquiteto aposentado. “Quanto maior, mais o público gosta.” Como em Ipanema, temas e artistas regionais são praxe em outras cidades. Em Recife, Francisco Brennand e Lula Cardoso Ayres, duas estrelas pernambucanas, dividem o cenário das estações de superfície. Em Porto Alegre, uma das poucas e antigas obras no metropolitano diz muito da atenção de seu povo pelas tradições. O mural de 450 metros quadrados formado por 17 painéis de Clébio Sória na estação Mercado trata da história e do folclore do Rio Grande do Sul. Voltado para a rua, pode-se contemplá-lo de graça. ©

2 comentários:

Blog do Borges disse...

Olá Professor,

Sou Camilo Borges, ex-aluno da Anhembi. Gostaria de trocar algumas palavras com o sr. É possível?

Abraço,

Camilo

PAULO A. C.VASCONCELOS disse...

Ok so me mandar email paulovas@gmail.com, perdoe a demora