domingo, 14 de fevereiro de 2010
Salgueiro tenta o bi com livros by ESTADÃO DE HOJE
"UM BOM MARKETING CULTURAL.SÃO PAULO, COPIANDO AS ESCOLAS CARIOCAS NÃO CONSEGUEM UMA LEGITIMIDADE DE TEMAS E ALEGORIAS NO CARNAVAL DENTRO DA CULTURA PAULISTANA, SALVO UMA OU OUTRA.Paulo Vasconcelos"
Ediouro distribui livros durante desfile do Salgueiro
Ação faz parte da parceria da editora com a escola de samba, que homenageia o universo das literatura este anoCampeã de 2009 está no primeiro dia de desfiles no Rio, que será marcado pelo embate com a beija-flor
Roberta Pennafort e Márcia Vieira
O primeiro dia de desfiles do Grupo Especial do Rio, hoje, será marcado por uma disputa entre a atual campeã, o Salgueiro, e a Beija-Flor, que venceu cinco vezes nesta década, foi vice no ano passado e briga para retomar o 1º lugar. As atenções se voltam também para a Unidos da Tijuca, que traz um enredo inusitado, É Segredo, conduzido por Paulo Barros, o carnavalesco que despontou na escola como o mais criativo do carnaval carioca e que está de volta depois de três anos afastado.
O Salgueiro tenta o bicampeonato viajando pela literatura. Com o enredo Histórias Sem Fim, o carnavalesco Renato Lage vai levar para a Sapucaí carros que representam grandes marcos da literatura mundial. Da Bíblia aos livros de Harry Potter, passando pelo Eu, Robô, de Isaac Asimov. O abre-alas traz uma gráfica com 55 acrobatas da Intrépida Trupe e do Cirque du Soleil que representarão as letras.
Patrocinado pela Ediouro, o Salgueiro vai distribuir 500 livros para as arquibancadas. Os ritmistas estarão fantasiados de árabes, numa alusão ao clássico Ali Babá e os 40 Ladrões. A rainha de bateria, Viviane Araújo, virá de Sherazade. Durante o desfile, ela será erguida por 12 homens.
Já a Beija-Flor viaja pelos 50 anos de Brasília. A escola, que teve de dar explicações por causa do patrocínio de R$ 3 milhões recebido do governo do Distrito Federal - envolvido num escândalo de corrupção -, não quer saber de política: preferiu focar o mito indígena Goyás e o povo que trabalhou pela construção da cidade, destacando o caráter único de sua arquitetura.
A única figura política que aparecerá no desfile é Juscelino Kubitschek, "pai" da capital federal. "Queremos mostrar o esplendor que Brasília é, independentemente do caráter governamental", defende Ubiratan Silva, um dos carnavalescos. A escola leva alegorias representando prédios como o do Congresso e da catedral, tudo com muito luxo e bom acabamento. O embate com o Salgueiro promete. "Vamos corrigir tudo o que deu errado em 2009", promete Silva.
A abertura da noite é com a União da Ilha, que luta para ficar no Grupo Especial. O enredo Dom Quixote de La Mancha, o Cavaleiro dos Sonhos Impossíveis marca sua volta à elite do carnaval depois de oito anos. E, para mostrar que sonha alto, a Ilha contratou a carnavalesca Rosa Magalhães, demitida da Imperatriz Leopoldinense. "A Ilha vem com um carnaval correto, digno, sem luxo, mas competitivo", diz o presidente, Ney Fillardi.
O abre-alas é o xodó de Rosa: ela recriou a biblioteca de Dom Quixote. O personagem aparece sentado numa cadeira devorando os romances que transformam sua cabeça e o levaram a confundir moinhos com monstros terríveis. "Nas alas temos sempre os dois lados: o real e a imaginação dele", explica.
A Imperatriz, ex-escola de Rosa, entra na avenida logo em seguida. Max Lopes, que andava meio esquecido na Porto da Pedra, escola que não costuma brigar pelo título, tem a chance de reviver seus tempos de glória. Para isso, apela a todos os deuses. O enredo Brasil de Todos os Deuses vai exaltar a religião. Um dos carros vai reproduzir A Primeira Missa no Brasil, quadro de Victor Meirelles. Estarão representados na avenida símbolos de todas as religiões, com direito até a monges budistas no desfile.
De "sombreiro na mão", a Viradouro se veste com as cores do México e convida o público a tomar um gole de tequila na folia. As alas falam de conquistas, religiosidade, arte popular. As atenções estão voltadas à rainha de bateria, a mais jovem do carnaval carioca: Julia Faria, de 7 anos, filha do presidente da escola, Marco Lira. De bustiê e sainha - nada de fio dental -, ela ocupa o lugar que já foi de Luma de Oliveira e Juliana Paes. A Justiça implicou, mas liberou sua participação.
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