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quarta-feira, 8 de abril de 2009

POETAR PARA O RUMOR DE SÃO PAULO



"Pelos ventos nativos, ruminantes,/ brincam pastores céleres de outrora./ Saltam leves, ligeiros, ou contemplam/ como quem doura o trigo e se abstrai".






O  poeta Francisco de Assis Lima, deu-nos uma obra a mais e desta vez, surpreendente nos seus versos que caminham sobre planos dourados de plenitude, de imaginação e garra de guerreiro nordestino; pastor de belezas e de contemplações que só quem tem rebanho de beleza poética e olho que cheira e admira, pastora e "abstraindo" as paisagens verte belezas.Tá lá no livro, leiam e embelezem-se.
Paulo A C Vasconcelos




A Revista Rascunho do Paraná, especializada e respeitada no campo da Literatura entendeu bem o recado de Francisco:





Críticas e Resenhas


DEDICAÇÃO E TRABALHO
Álvaro Alves de Faria • São Paulo – SP
Poemas arcanosAssis LimaAteliê84 págs.
Francisco Assis de Sousa Lima. Este é o nome de um poeta. Diante de tantas festividades e vaidades afloradas, diante de tanta gente que não é o que pensa ser, eis que surge um livro de poesia, de um poeta cearense. Francisco Assis de Sousa Lima. Este é seu nome. Um poeta. Psiquiatra e pesquisador em cultura popular. Nesta área publicou Conto popular e comunidade narrativa. O poeta reuniu poemas escritos ao longo de 30 anos. O resultado é resplandecente, e a expressão é essa mesma. Basta ver o livro Poemas arcanos, que ele assina apenas como Assis Lima. Assis Lima é o nome do poeta que, ao meio desses escombros, surge do Ceará, nascido em Crato. De vez em quando é bom ver um livro de poesia. E isso, em relação à literatura inclui, também, o caráter duvidoso de muitos que julgam ter a grandeza que nunca terão. Mas a poesia ainda existe. De alguma maneira, apesar de tudo, ainda existe poesia no Brasil. Ainda existem alguns poetas. Só alguns, mas existem. Prova disso é este livro. Lima abre seu livro com palavras de um autor anônimo, para melhor situar seu poema e o que pensa, afinal, da própria poesia e da existência, existência mesmo, sem discursos: "O mistério é protegido não pelo segredo, mas de outra maneira. A sua proteção é a sua luz, ao passo que a proteção do segredo é a obscuridade. Quanto ao arcano, que é o grau médio entre o mistério e o segredo, é protegido pela penumbra. Porque ele se revela e se oculta por meio do simbolismo. O simbolismo é a penumbra dos arcanos". A verdade é que a poesia de Assis Lima se impõe por uma qualidade cada vez mais difícil neste país de gente que se diz poeta e faz da poesia um cartão de visita para expor a vaidade dos imbecis. Assis Lima sabe que não é assim. A poesia é a poesia, ela mesma, sem mais nem menos. O poema se constrói com dedicação e trabalho, exercício existencial e não mecânico e com o alarde dos que se julgam sábios: "Minhas certezas são poucas,/ são pulsações que nem peço./ Trago uma herança de medo/ e a dor de um banzo tão velho/ que já não posso, nem quero,/ suportar tamanho peso". O poeta fala da sua dor de ser, quando ser parece impossível. As pessoas que andam procurando boa poesia para ler devem sair em busca deste livro. Um livro que se impõe pela beleza. Um livro de poesia que se impõe só pela poesia, sem aquela movimentação ridícula da política literária, que manda e desmanda, faz e acontece. Não. Assis Lima apenas mostra sua poesia, uma poesia que é poesia. Como estes quatro versos, início de um soneto. É, um soneto!: "Pelos ventos nativos, ruminantes,/ brincam pastores céleres de outrora./ Saltam leves, ligeiros, ou contemplam/ como quem doura o trigo e se abstrai". Destaque-se, especialmente, os seis poemas que compõem a parte Temas para Lua Cambará: "O tempo me ensinou a ruminar./ Eu rumino o bredo dos séculos que comi". Poemas arcanos é um livro de poemas e de poesia. Sem discursos inócuos. Isso é o que mais se vê, especialmente em causa própria. Neste livro de poesia, o poeta narra o que vê e se envolve, até porque poesia sem envolvimento não é poesia. É outra coisa que nem convém dizer.

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