FOTO:Léo Morlin
segunda-feira, 30 de março de 2009
Alerta na Capital e Grande Buenos Aires :dengue
Já há 60 casos contraídos na fronteira com a Bolívia.Os último casos estão em Quilmes e foram internos em separados para não contágio
domingo, 29 de março de 2009
Pesquisadora Cearense da Unicef em São Paulo
A pesquisadora Morgana Dantas em visita a São Paulo, falando a respeito de sua pesquisa junto a Quilombolas do Céara, fala para seus colegas do seu filme-sobre o Quilombo de Alto Alegre em Horizontes e expõe planos para novas investidas no mesmo assunto com intervenção em novos Quilombos do Céara e Rio Grande do Norte.
( na foto da esquerda para direita-Profs .Paulo Vasconcelos, Aldo Ambrózio, Morgana Dantas e Henrique Schuller.
sábado, 28 de março de 2009
Fernando Botero
A Tate Modern de Londres terá uma ampliação em forma de pirámide
Paulo Renato de Souza é o novo secretário da Educação em SP
O ex-ministro Paulo Renato de Souza vai assumir no dia 15 de abril a secretaria de Educação de São Paulo. Deputado federal pelo PSDB de São Paulo, ele irá substituir Maria Helena Guimarães
Ex-ministro da Educação entra pra valer, me parece, na campanha de Serra.Como será?
Veremos.Há um mote para a campanha de Serra- Claro-EDUCAÇÂO.
Vamos esperar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
segunda-feira, 23 de março de 2009
DÚVIDA FILME
Eu recomendo este filme, vale a pena pelos seus atores Phillip Seymour Hoffman e Meryl Streep- e todo roteiro
O ano é 1964 e o cenário é a escola St. Nicholas, no Bronx. O vibrante e carismático padre Flynn (Philip Seymour Hoffman), vem tentando acabar com os rígidos costumes da escola, que há muito são guardados e seguidos ferozmente pela irmã Aloysius Beauvier (Meryl Streep), a diretora com mãos de aço que acredita no poder do medo e da disciplina. Os ventos das mudanças políticas sopram pela comunidade e, de fato, a escola acaba de aceitar seu primeiro aluno negro, Donald Miller. Mas quando a irmã James (Amy Adams), uma freira inocente e esperançosa conta à irmã Aloysius sobre sua suspeita, induzida pela culpa, de que o padre Flynn está dando atenção exagerada a Donald, a irmã Aloysius se vê motivada a empreender uma cruzada para descobrir a verdade e banir o padre da escola. Agora, sem nenhuma prova ou evidência, exceto sua certeza moral, a irmã Aloysius trava uma batalha de determinação com o padre Flynn, uma batalha que ameaça dividir a Igreja e a escola com consequências devastadoras.
domingo, 22 de março de 2009
Pedagogia do (diálogo) entre muros -Filme que não se pode perder de Ver
François Bégaudeau (ao fundo) em cena de 'Entre os muros da escola', durante reunião de professores (Foto: Divulgação)
O diretor francês Laurent Cantet (Foto: Divulgação
Pedagogia do (diálogo) entre muros
“Entre os Muros da Escola” trata da realidade de um escola na periferia de Paris, mas pode falar pelo Brasil
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2446822.xml&template=3898.dwt&edition=11947§ion=1029
“Entre os Muros da Escola” trata da realidade de um escola na periferia de Paris, mas pode falar pelo Brasil
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2446822.xml&template=3898.dwt&edition=11947§ion=1029
Entendo e proponho que este título sirva não só como uma espécie de metáfora retirada do título do filme do Laurent Cantet, Entre os Muros da Escola (em cartaz na Capital) mas, especialmente, como uma chave de leitura para a compreensão das inúmeras tentativas de interação que a escola pode e tem condições de agir no sentido da construção de uma ‘educação de qualidade’ em cada entorno social onde ela estiver. Aliás este filme bem que poderia fazer parte de vários roteiros daquilo que também ocorre em nossas escolas públicas. Penso naquelas que tenho algum conhecimento e que estão situadas em nosso Estado e em especial em torno de nossa capital. Escrevo isso porque muitos de nós, professores, nos deparamos com essa conhecida situação de uma sala de aula onde estão adolescentes que convivem em cotidianas relações com o mundo adulto, tanto conosco como com os quadros gestores das escolas, nas figuras dos supervisores, orientadores e a sua própria direção.Neste filme o ‘tom’ realista da cultura escolar se acentua nas diversas reuniões de avaliação coletiva dos alunos através dos nossos conhecidos ‘conselhos de classe’. Nesse cenário interativo é que o filme revela sua qualidade e potência pois trata o simples e repetitivo, do cotidiano escolar, como fonte para um criativo roteiro que nos faz rever o quanto ainda precisamos nos debruçar sobre como ocorrem as relações nesse microterritório de uma sala de aula e o quanto fazem também parte de uma totalidade sóciocultural.O título deste comentário é uma resposta que já lanço de início, pois os ‘muros’ apresentados no filme se mostram pelas culturas dos adolescentes em suas origens africanas, asiáticas, latino-americanas e francesas, todas combinadas nas vivências cotidianas de uma sala de aula. Instigante isso para o campo da pedagogia, pois estamos, em nosso país, num momento de elevada produção científica, em qualidade e quantidade, tanto em nossas faculdades de educação quanto nos institutos isolados de pesquisa. Assim, as contribuições das diversas áreas do conhecimento se tornam cada vez mais explícitas em aproximações com as práticas de sala de aula e na formação de professores. Mesmo que as especificidades da psicologia da educação, da psicopedagogia e teorias da aprendizagem estejam com sólidas trajetórias nas suas produções, constata-se também a indispensável contribuição e parcerias das áreas das ciências sociais, especialmente as da história, da sociologia, da antropologia, entre outras. No movimento relacional entre os campos do conhecimento e junto às práticas pedagógicas docentes de nossas escolas se combinam criativas e compreensivas fundamentações sobre o ato de ensinar. Também “quem são os nossos alunos e como eles aprendem”, bem como na fundamentação de processos formativos docente no sentido de “como nossos professores ensinam”.Ora, o filme não foi resultante de um insight isolado, único e espontâneo de parte do seu diretor. Foi na disciplinada busca de situações vividas por estudantes – adolescentes, num período bem longo (quase um ano) em que a “metodologia de pesquisa interativa” com jovens que vivem na França que a equipe do filme obteve um vivo conjunto de depoimentos que serviram para a estruturação do filme em sua tradução possível no tempo e no cenário, quase único, de uma sala de aula. O mesmo diálogo que sustentou essa busca de registros e também para a seleção dos atores (leigos em sua maioria) é que nos traz de volta aquilo que foi cunhado por educadores brasileiros como Paulo Freire e Miguel Arroyo a respeito dos temas e palavras geradoras, que tentam compreender a vida vivida pelos alunos de nossas escolas.A centralidade do diálogo, entre o professor e sua turma, poderia nos levar a uma visão somente parcial, somente positiva ou idealizada do efetivamente “vivido” na sala de aula, corredores, pátio e reuniões. Somos brindados com plásticas cenas e planos diretos de imagens que mostram os jeitos de escrita dos alunos em seus cadernos, as suas caretas, as suas trocas de olhares; seus cochichos e seus silêncios. Teríamos aí uma espécie de “proposta pedagógica” a ser seguida. Mas o diretor trouxe também imagens e falas do professor com a mesma densidade daquelas dos alunos.Mas no momento em que os alunos desconfiam do pedido do professor para que escrevessem sobre suas vidas e de seus gostos revela-se o limite desse procedimento. O filme tem aí uma contribuição diferenciada, pois não simplifica a complexidade das interações entre jovens e adultos. O professor, como uma clássica atividade de sala de aula, tenta capturar informações para “sua” função de ensinar, informar e controlar. Os conteúdos e as correções sobre o ensino da língua francesa ficam como ferramentas auxiliares e subordinadas a esse poder do professor, e os alunos percebem e questionam esse procedimento. O realismo desse registro por parte do cineasta sinaliza um imenso respeito aos profissionais da educação que se torna, ao mesmo tempo, uma pista para continuidades em outros “entornos sociais” na medida em que supera uma certa tradição do pensamento pedagógico do “converter ao bom caminho e aos bons resultados”, apagando limites e contradições de nossas práticas de sala de aula. Confidencio que o meu gosto pelo filme está na sua intencionalidade em ser nada mais e nada menos do que uma explícita tentativa em “desvelar” o vivido na sala de aula, entre alunos e o professor e com as conexões possíveis com o entorno social e cultural dos alunos adolescentes e, ao mesmo tempo, como o mundo adulto se manifesta dentro dos seus territórios profissional e pessoal. Isso é muito bom mesmo, pois se no contexto da França o desempenho do professor foi associado como do “colonizador”, ao passar a “língua culta” como norma nós poderemos entender como outros conteúdos podem (ou não) exercer a mesma função disciplinadora. O foco não é a quantidade ou a qualidade do conteúdo, culto ou “popular”, mas sim a mediação que o professor (adulto) realiza num processo de ajustes dos mundos e culturas de seus alunos (adolescentes) em suas múltiplas formas.Depois da sessão de cinema, a gente fica com a cabeça em ebulição, assim como saímos de nossas aulas, provocados que fomos pelas cenas de um ano letivo tão bem concentrado em apenas duas horas do filme. Saí afetado por uma das cenas mais curtas e, ao mesmo tempo, mais silenciosas e até uma tanto lenta se comparada com o restante do filme. Após a entrega das histórias de vida de cada aluno, devidamente avaliadas pelo professor, quando todos já tinham saído festivamente da aula, uma aluna negra, dirige um expressivo olhar ao professor. A linguagem do olhar se transporta para a fala e ela diz, quase sussurrando: “Eu não aprendi nada” para responder a pergunta de despedida, de final de ano sobre o que cada aluno tinha aprendido ao longo do ano. O cineasta produziu continuidades com essa tomada, imagino eu, fazendo um convite para que a gente reaja também. Ficou em aberto o que fazer... e, por isso, no título, o plural nas pedagogias, nos diálogos e nos muros. Penso que o Cantent, neste filme, pedagogiou!* Professor colaborador PPG/EDU/UFRGS (programa de pós graduação em educação UFRGS) e do mestrado Unilasalle.
Conversinhas em sala de aula, desrespeito com o professor, alunos que se negam a tirar os bonés, troca de insultos e empurrões... É bem possível que você já tenha visto esse “filme” no Brasil, mas o cenário de “Entre os muros da escola”, longa-metragem de Laurent Cantet que estreia nesta sexta-feira (13) em alguns cinemas do país, é uma classe de 7ª série da periferia de Paris, na França.
TAMBÉM É PROFESSOR? ALUNO? JÁ VIVEU SITUAÇÕES PARECIDAS EM SALA DE AULA NO BRASIL? COMENTE AO FINAL DESTA REPORTAGEM
Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 2008, o filme é baseado no livro homônimo de François Bégaudeau (lançado no Brasil pela Martins Editora), que retrata a experiência de um professor ginasial – ele próprio – às voltas com uma turma que, à primeira vista, não parece muito afim de cooperar. Interpretado também por François, o personagem central da história tem de lidar não só com a falta de interesse dos alunos em sua disciplina mas com as diferenças sociais e o choque entre culturas africana, árabe, asiática e, claro, europeia, dentro das quatro paredes da sala de aula. Rodado durante sete semanas em um colégio do leste de Paris, “Entre os muros da escola” tem ares de documentário e um elenco todo de não-atores – alunos, professores e pais. Louise é a princesinha da classe; Arthur, o emo de poucas palavras; Souleymane, o garoto marrento que chega às vias de fato com o professor e que, por isso, pode acabar expulso da escola... não fosse a aliança com Khoumba e Esmeralda, as amigas inseparáveis e tagarelas a quem, num momento de irritação, François chama de “vadias” – deslize este que pode acabar com mais uma expulsão: a do professor.
Foto: Divulgação
O diretor francês Laurent Cantet (Foto: Divulgação)
É essa “imperfeição”, nas palavras de Laurent Cantet, que distancia seu mestre de tantos outros professores que já passaram pelas telas de cinema, especialmente de Hollywood, nas últimas décadas – de Whoopy Goldberg e Robin Williams a Michelle Pfeiffer e Jack Black. O aspecto falível de François, como explica o diretor do filme na entrevista abaixo, concedida em sua visita a São Paulo nesta terça, fez com que até alguns professores da vida real custassem a se reconhecer no papel. G1 - “Entre os muros da escola” foi lançado há quase um ano, em Cannes, e desde então arrebatou diversos prêmios – da Palma de Ouro ao prêmio Cesar, passando por uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Elogios à parte, que tipo de recepção você vem encontrando nesse período? Laurent Cantet - Viajei muito com o filme, fui para 24 países, conversei com jornalistas e o mais suprendente é que as perguntas que me são feitas são as mesmas em todo lugar. Mesmo quando falamos dessa sala de aula específica no subúrbio de Paris, parece que tocamos em temas que são mais universais e que todo mundo pode compartilhar. Talvez a única reação realmente contrária ao filme veio de alguns professores franceses que o viram como um documentário e não reconheceram ali sua própria situação. Ficaram chocados com a imagem que eu passei da escola e do modo como os professores trabalharam. Meu professor não é perfeito, ele comete falhas, não é o mesmo daquele tipo de filme americano sobre escolas em que há sempre um professor inspirado ensinando às crianças como a vida pode ser maravilhosa. O nosso é imperfeito, e acho que essa foi uma das razões pela qual alguns criticaram.
G1 – O que se vê em “Entre os muros da escola” e em muitos colégios mundo afora é um grande desinteresse por parte de alguns alunos no que está sendo passado pelos professores. Acha necessário repensar os métodos de ensino? Cantet - Não sou um especialista em educação, mas o que sinto, especialmente por ser pai de dois adolescentes que ainda vão ao colégio, é que a escola tem que aceitar que não está fora da sociedade, não é só um lugar aonde a criança vai para aprender. É preciso aceitar que as crianças chegam à escola com seus próprios problemas, sua própria cultura, e se tem que lidar com isso. Talvez a escola esteja muito fechada em si mesma. Exceto por alguns professores. É um debate bem antigo com professores que acham que a escola é um lugar onde se deve aprender gramática e matemática, e outros que acham que a escola deve dar as ferramentas para que os alunos encontrem seu lugar na sociedade, dar não só o conhecimento mas também o modo de pensar que o ajudará a levar a outro lugar. Quando o professor é mais durão, é mais fácil ficar atrás da mesa dizendo ‘copie isto’, ‘faça este exercício’. Agora, muitos professores estão cansados e talvez se recusem a assumir esse risco de ajudar as crianças a crescer.
Foto: Divulgação
François Bégaudeau (ao fundo) em cena de 'Entre os muros da escola', durante reunião de professores (Foto: Divulgação)
G1 – O que é exatamente o oposto do seu professor no filme... Cantet – Esse é um dos motivos por que adorei o livro logo que li. Há uma cena no filme, quando ele está ensinando o “imperfeito do subjuntivo”, um tempo que ninguém mais usa em francês, e decide não fazer a conjugação dos verbos ele mesmo. Esmeralda pergunta por que usá-lo se há o “imperfeito do indicativo” e o professor diz que é só uma maneira de diferenciar. Ele pergunta, as crianças respondem, ele pergunta novas coisas. No final, tenho certeza de que François concorda com as crianças que falam “não precisamos aprender isso” e que as crianças percebem que a linguagem é um marcador social. Quando Khoumba diz que [o imperfeito do subjuntivo] é um tempo de burguês, ela entendeu tudo naquele momento. E se um dia precisar falar com um burguês, ela poderá fazer. Esse é o modo de ensinar. Se o que você ensina não faz sentido para as crianças, elas esquecerão em duas semanas. G1 – Uma das maiores dificuldades que ele enfrenta na classe é lidar com as diferentes culturas dos alunos. Com o crescimento do processo de imigração nas cidades europeias, isso virou um problema na França? Cantet - No mundo. Fui aos Estados Unidos e ao Canadá para apresentar o filme e eles têm as mesmas questões para encarar agora. A sala de aula é a primeira comunidade em que uma criança pode se sentir envolvida, e são comunidades muito diversas, as mesmas que você encontra na sociedade. E acho que é importante para essas crianças sentirem que têm um papel nessa comunidade. Acho que todo os problemas que a sociedade francesa e de outros países enfrentam agora é que todos esses jovens imigrantes – que talvez nem sejam mais imigrantes, porque a maioria já nasceu lá mesmo -- têm de sentir que a sociedade necessita deles, que lhes dá um lugar. Mas eles não sentem isso e, por isso, claro, se opõem a essa sociedade. Esmeralda diz que não se orgulha em ser francesa, e acho que ela só vai se orgulhar no dia em que se sentir parte da comunidade. Penso que a França e talvez todos os países velhos têm muito orgulho de sua cultura, de sua história, da imagem que as pessoas têm de sua cultura, mas, na verdade, não estão integrando pessoas. Estamos apenas dizendo, se pareça conosco e então vamos aceitá-lo na nossa sociedade. Acho que os EUA fazem isso um pouco melhor do que a gente. G1 – Como foi a sua educação? Cantet - Eu sou de uma cidade pequena, fora de Paris, então o contexto era muito diferente. A escola era diferente também. Não tínhamos o que chamamos agora de “collège unique”, em que todas as crianças, bons ou maus alunos, estudam todas juntas na mesma sala até o colegial. Não era o caso quando eu estava na escola. Na minha sala éramos todos estudantes brancos de classe média. Hoje, meus filhos estudam nos subúrbios de Paris e têm contato com muitas realidades diferentes das suas próprias, o que abre suas cabeças muito mais do que o que eu pude experimentar na idade deles.
Foto: Divulgação
Esmeralda e Khoumba, as amigas inseparáveis da sétima série (Foto: Divulgação)
G1 – Todos os alunos de “Entre os muros das escola” eram não-atores até então. Como acha que o filme afetou a vida delas? Cantet – É difícil saber. Eles tinham 14 ou 15 anos e suas cabeças mudam muito naquele momento, a maturidade está chegando. É difícil saber como elas seriam sem o filme. Posso dizer que eles passaram por momentos maravilhosos, que a experiência foi muito divertida e interessante para eles. Quanto à repercussão na vida deles, percebo que a sua relação com seus professores mudou realmente, agora eles podem conversar. Antes do filme, via que, para eles, os professores não eram só adultos, mas “superadultos”: os que têm a autoridade, os que têm o conhecimento e que pode expulsá-los da escola. Com um status como este, que impressiona, os professores não são vistos como seres humanos. E acho que isso mudou um pouco depois do filme. Outro ponto é que essas crianças não costumavam ser aplaudidas ou reconhecidas pelo que faziam, eram mais acostumadas a serem estigmatizadas ou julgadas por todo mundo. Quando estávamos juntos em Cannes, foi tocante ver o quão felizes estavam por serem reconhecidas pelo trabalho que fizeram. G1 – Pergunto porque tivemos um caso recente, com o filme “Quem quer ser um milionário?”, em que as crianças tiveram suas vidas completamente transformadas após o lançamento do filme. Acha que o diretor tem uma responsabilidade maior nesses casos? Cantet – O que sempre tentei fazê-los entender é que o filme é só um momento da vida delas. Foi emocionante perceber como, em Cannes, onde o sucesso poderia ter subido à cabeça, eles se mantiveram humildes. Estavam felizes com o filme e com si mesmos, mas não basearam suas vidas nisso. O grupo permaneceu unido, nenhum tentou se destacar. Acho que alguns deles gostariam de ter uma experiência num próximo filme. Um já fez um segundo que deve estrear este verão. Mas eles tomaram como oportunidade. G1 – Você voltaria a trabalhar com alguns deles em outros filmes?
Cantet – Certamente alguns deles podem se tornar grandes atores. Ontem [segunda-feira] à noite estava no Rio e vi o final do filme talvez pela 200ª vez. E fiquei impressionado com eles. Porque conheço esses meninos aqui fora e sei que são bem diferentes do que aparentam no filme. São grandes atores, na verdade.
O professor François conversa com Souleymane (centro) e um colega no laboratório de computador (Foto: Divulgação)
G1 – E quanto a François Bégaudeau, autor do livro que inspirou o filme? Como entrou em contato com ele e por que decidiu que ele próprio deveria fazer o papel do professor? Cantet - Dois anos antes de ler o livro, eu já havia escrito o primeiro esboço do roteiro, que era ambientando numa escola como a do livro - também “entre muros”, como eu já havia feito no filme “Recursos humanos” [1999] que se passava numa fábrica. Escrevi a história do Souleymane e fui fazer meu filme então mais recente, “Em direção ao sul”. No dia do lançamento fui chamado a um talk show e François também foi chamado para apresentar seu livro. Ele leu algumas páginas e os diálogos tinham a energia que eu queria para o filme. Na noite seguinte li o livro. Dois dias depois a gente se encontrou de novo e eu propus adaptar o livro, não uma adaptação direta, mas fazer uma extensão dele. A gente pegaria o ponto de partida de uma cena que tivesse sido idealizada por mim e veríamos como a sala iria responder. Nunca tentamos copiar as reações dos personagens do livro no filme, mas ver se elas poderiam acontecer de novo ou não. Foi interessante trabalhar assim. Acho até que [Bégaudeau] não teria se interessado em simplesmente reinterpretar aquilo que escreveu. G1 – Em tempos de reality shows, diria que “Entre os muros da escola” é uma espécie de “Big Brother colegial”? Cantet – Não, acho que não. Tudo ali foi escrito, eles estão atuando. Toda a evolução dos personagens e situações foi planejada. Havia espaço para bastante improvisação, mas tudo partia de um roteiro. O que a gente tentou fazer foi recriar uma impressão de realidade.
TAMBÉM É PROFESSOR? ALUNO? JÁ VIVEU SITUAÇÕES PARECIDAS EM SALA DE AULA NO BRASIL? COMENTE AO FINAL DESTA REPORTAGEM
Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 2008, o filme é baseado no livro homônimo de François Bégaudeau (lançado no Brasil pela Martins Editora), que retrata a experiência de um professor ginasial – ele próprio – às voltas com uma turma que, à primeira vista, não parece muito afim de cooperar. Interpretado também por François, o personagem central da história tem de lidar não só com a falta de interesse dos alunos em sua disciplina mas com as diferenças sociais e o choque entre culturas africana, árabe, asiática e, claro, europeia, dentro das quatro paredes da sala de aula. Rodado durante sete semanas em um colégio do leste de Paris, “Entre os muros da escola” tem ares de documentário e um elenco todo de não-atores – alunos, professores e pais. Louise é a princesinha da classe; Arthur, o emo de poucas palavras; Souleymane, o garoto marrento que chega às vias de fato com o professor e que, por isso, pode acabar expulso da escola... não fosse a aliança com Khoumba e Esmeralda, as amigas inseparáveis e tagarelas a quem, num momento de irritação, François chama de “vadias” – deslize este que pode acabar com mais uma expulsão: a do professor.
Foto: Divulgação
O diretor francês Laurent Cantet (Foto: Divulgação)
É essa “imperfeição”, nas palavras de Laurent Cantet, que distancia seu mestre de tantos outros professores que já passaram pelas telas de cinema, especialmente de Hollywood, nas últimas décadas – de Whoopy Goldberg e Robin Williams a Michelle Pfeiffer e Jack Black. O aspecto falível de François, como explica o diretor do filme na entrevista abaixo, concedida em sua visita a São Paulo nesta terça, fez com que até alguns professores da vida real custassem a se reconhecer no papel. G1 - “Entre os muros da escola” foi lançado há quase um ano, em Cannes, e desde então arrebatou diversos prêmios – da Palma de Ouro ao prêmio Cesar, passando por uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Elogios à parte, que tipo de recepção você vem encontrando nesse período? Laurent Cantet - Viajei muito com o filme, fui para 24 países, conversei com jornalistas e o mais suprendente é que as perguntas que me são feitas são as mesmas em todo lugar. Mesmo quando falamos dessa sala de aula específica no subúrbio de Paris, parece que tocamos em temas que são mais universais e que todo mundo pode compartilhar. Talvez a única reação realmente contrária ao filme veio de alguns professores franceses que o viram como um documentário e não reconheceram ali sua própria situação. Ficaram chocados com a imagem que eu passei da escola e do modo como os professores trabalharam. Meu professor não é perfeito, ele comete falhas, não é o mesmo daquele tipo de filme americano sobre escolas em que há sempre um professor inspirado ensinando às crianças como a vida pode ser maravilhosa. O nosso é imperfeito, e acho que essa foi uma das razões pela qual alguns criticaram.
G1 – O que se vê em “Entre os muros da escola” e em muitos colégios mundo afora é um grande desinteresse por parte de alguns alunos no que está sendo passado pelos professores. Acha necessário repensar os métodos de ensino? Cantet - Não sou um especialista em educação, mas o que sinto, especialmente por ser pai de dois adolescentes que ainda vão ao colégio, é que a escola tem que aceitar que não está fora da sociedade, não é só um lugar aonde a criança vai para aprender. É preciso aceitar que as crianças chegam à escola com seus próprios problemas, sua própria cultura, e se tem que lidar com isso. Talvez a escola esteja muito fechada em si mesma. Exceto por alguns professores. É um debate bem antigo com professores que acham que a escola é um lugar onde se deve aprender gramática e matemática, e outros que acham que a escola deve dar as ferramentas para que os alunos encontrem seu lugar na sociedade, dar não só o conhecimento mas também o modo de pensar que o ajudará a levar a outro lugar. Quando o professor é mais durão, é mais fácil ficar atrás da mesa dizendo ‘copie isto’, ‘faça este exercício’. Agora, muitos professores estão cansados e talvez se recusem a assumir esse risco de ajudar as crianças a crescer.
Foto: Divulgação
François Bégaudeau (ao fundo) em cena de 'Entre os muros da escola', durante reunião de professores (Foto: Divulgação)
G1 – O que é exatamente o oposto do seu professor no filme... Cantet – Esse é um dos motivos por que adorei o livro logo que li. Há uma cena no filme, quando ele está ensinando o “imperfeito do subjuntivo”, um tempo que ninguém mais usa em francês, e decide não fazer a conjugação dos verbos ele mesmo. Esmeralda pergunta por que usá-lo se há o “imperfeito do indicativo” e o professor diz que é só uma maneira de diferenciar. Ele pergunta, as crianças respondem, ele pergunta novas coisas. No final, tenho certeza de que François concorda com as crianças que falam “não precisamos aprender isso” e que as crianças percebem que a linguagem é um marcador social. Quando Khoumba diz que [o imperfeito do subjuntivo] é um tempo de burguês, ela entendeu tudo naquele momento. E se um dia precisar falar com um burguês, ela poderá fazer. Esse é o modo de ensinar. Se o que você ensina não faz sentido para as crianças, elas esquecerão em duas semanas. G1 – Uma das maiores dificuldades que ele enfrenta na classe é lidar com as diferentes culturas dos alunos. Com o crescimento do processo de imigração nas cidades europeias, isso virou um problema na França? Cantet - No mundo. Fui aos Estados Unidos e ao Canadá para apresentar o filme e eles têm as mesmas questões para encarar agora. A sala de aula é a primeira comunidade em que uma criança pode se sentir envolvida, e são comunidades muito diversas, as mesmas que você encontra na sociedade. E acho que é importante para essas crianças sentirem que têm um papel nessa comunidade. Acho que todo os problemas que a sociedade francesa e de outros países enfrentam agora é que todos esses jovens imigrantes – que talvez nem sejam mais imigrantes, porque a maioria já nasceu lá mesmo -- têm de sentir que a sociedade necessita deles, que lhes dá um lugar. Mas eles não sentem isso e, por isso, claro, se opõem a essa sociedade. Esmeralda diz que não se orgulha em ser francesa, e acho que ela só vai se orgulhar no dia em que se sentir parte da comunidade. Penso que a França e talvez todos os países velhos têm muito orgulho de sua cultura, de sua história, da imagem que as pessoas têm de sua cultura, mas, na verdade, não estão integrando pessoas. Estamos apenas dizendo, se pareça conosco e então vamos aceitá-lo na nossa sociedade. Acho que os EUA fazem isso um pouco melhor do que a gente. G1 – Como foi a sua educação? Cantet - Eu sou de uma cidade pequena, fora de Paris, então o contexto era muito diferente. A escola era diferente também. Não tínhamos o que chamamos agora de “collège unique”, em que todas as crianças, bons ou maus alunos, estudam todas juntas na mesma sala até o colegial. Não era o caso quando eu estava na escola. Na minha sala éramos todos estudantes brancos de classe média. Hoje, meus filhos estudam nos subúrbios de Paris e têm contato com muitas realidades diferentes das suas próprias, o que abre suas cabeças muito mais do que o que eu pude experimentar na idade deles.
Foto: Divulgação
Esmeralda e Khoumba, as amigas inseparáveis da sétima série (Foto: Divulgação)
G1 – Todos os alunos de “Entre os muros das escola” eram não-atores até então. Como acha que o filme afetou a vida delas? Cantet – É difícil saber. Eles tinham 14 ou 15 anos e suas cabeças mudam muito naquele momento, a maturidade está chegando. É difícil saber como elas seriam sem o filme. Posso dizer que eles passaram por momentos maravilhosos, que a experiência foi muito divertida e interessante para eles. Quanto à repercussão na vida deles, percebo que a sua relação com seus professores mudou realmente, agora eles podem conversar. Antes do filme, via que, para eles, os professores não eram só adultos, mas “superadultos”: os que têm a autoridade, os que têm o conhecimento e que pode expulsá-los da escola. Com um status como este, que impressiona, os professores não são vistos como seres humanos. E acho que isso mudou um pouco depois do filme. Outro ponto é que essas crianças não costumavam ser aplaudidas ou reconhecidas pelo que faziam, eram mais acostumadas a serem estigmatizadas ou julgadas por todo mundo. Quando estávamos juntos em Cannes, foi tocante ver o quão felizes estavam por serem reconhecidas pelo trabalho que fizeram. G1 – Pergunto porque tivemos um caso recente, com o filme “Quem quer ser um milionário?”, em que as crianças tiveram suas vidas completamente transformadas após o lançamento do filme. Acha que o diretor tem uma responsabilidade maior nesses casos? Cantet – O que sempre tentei fazê-los entender é que o filme é só um momento da vida delas. Foi emocionante perceber como, em Cannes, onde o sucesso poderia ter subido à cabeça, eles se mantiveram humildes. Estavam felizes com o filme e com si mesmos, mas não basearam suas vidas nisso. O grupo permaneceu unido, nenhum tentou se destacar. Acho que alguns deles gostariam de ter uma experiência num próximo filme. Um já fez um segundo que deve estrear este verão. Mas eles tomaram como oportunidade. G1 – Você voltaria a trabalhar com alguns deles em outros filmes?
Cantet – Certamente alguns deles podem se tornar grandes atores. Ontem [segunda-feira] à noite estava no Rio e vi o final do filme talvez pela 200ª vez. E fiquei impressionado com eles. Porque conheço esses meninos aqui fora e sei que são bem diferentes do que aparentam no filme. São grandes atores, na verdade.
O professor François conversa com Souleymane (centro) e um colega no laboratório de computador (Foto: Divulgação)
G1 – E quanto a François Bégaudeau, autor do livro que inspirou o filme? Como entrou em contato com ele e por que decidiu que ele próprio deveria fazer o papel do professor? Cantet - Dois anos antes de ler o livro, eu já havia escrito o primeiro esboço do roteiro, que era ambientando numa escola como a do livro - também “entre muros”, como eu já havia feito no filme “Recursos humanos” [1999] que se passava numa fábrica. Escrevi a história do Souleymane e fui fazer meu filme então mais recente, “Em direção ao sul”. No dia do lançamento fui chamado a um talk show e François também foi chamado para apresentar seu livro. Ele leu algumas páginas e os diálogos tinham a energia que eu queria para o filme. Na noite seguinte li o livro. Dois dias depois a gente se encontrou de novo e eu propus adaptar o livro, não uma adaptação direta, mas fazer uma extensão dele. A gente pegaria o ponto de partida de uma cena que tivesse sido idealizada por mim e veríamos como a sala iria responder. Nunca tentamos copiar as reações dos personagens do livro no filme, mas ver se elas poderiam acontecer de novo ou não. Foi interessante trabalhar assim. Acho até que [Bégaudeau] não teria se interessado em simplesmente reinterpretar aquilo que escreveu. G1 – Em tempos de reality shows, diria que “Entre os muros da escola” é uma espécie de “Big Brother colegial”? Cantet – Não, acho que não. Tudo ali foi escrito, eles estão atuando. Toda a evolução dos personagens e situações foi planejada. Havia espaço para bastante improvisação, mas tudo partia de um roteiro. O que a gente tentou fazer foi recriar uma impressão de realidade.
Cordel: do sertão nordestino à contemporaneidade da Internet
DEU NO PORTAL LITERAL http://www.literal.com.br/artigos/cordel-do-sertao-nordestino-a-contemporaneidade-da-internet
por Gustavo Dourado*Os Doze Pares de França, O Pavão Misterioso, Juvenal e o Dragão, Donzela Teodora, Imperatriz Porcina, Princesa Magalona, Roberto do Diabo, Côco Verde e Melancia, João de Calais, O Cachorro dos Mortos, A Chegada de Lampião no Inferno, Viagem a São Saruê…São livros do povo(alicerçado no pensamento do mestre Luís da Câmara Cascudo e deste poeta cordelista).Fontes da Poesia Popular do Nordeste do Brasil.Quintessências da Literatura de Cordel.Origens do cordelCordel. Vem de corda, cordão, cordial, toca o coração. Os folhetos eram expostos em cordões, lençois, esteiras, nas feiras, praças, portas das igrejas, bancas e nos mercados. Literatura de cordel, poesia de cordel, romance, folheto(s), arrecifes, abcs, “folhas volantes” ou “folhas soltas”, ”littèratue de colportage”, ”cocks” ou “catchpennies”, “broadsiddes”, “hojas” e “corridos”… São nomes que a poesia popular recebeu ao longo do tempo, na Europa e nos países latino-americanos.No Brasil, o termo cordel se consagrou como sinônimo de poesia popular. O cordel apresenta-se em narrativas tradicionais e fatos circunstanciais, em folhetos de época ou “acontecidos”. As origens da literatura de cordel estão na Europa Medieval.Tem suas bases na França (Provença), do século XI e posteriormente na Espanha, Portugal, Itália, Alemanha, Holanda e Inglaterra. Chegou ao Brasil Colônia com os portugueses, depois incorporou a poética nativa do índio, a criatividade e o ritmo da poesia do negro e dos vaqueiros e tropeiros (o aboio). Tornou-se um ritmo sertanejo-tropical, integrando-se a outros ritmos como o baião, o xote, o xaxado e o forró. Ganhou uma característica especial com o advento da xilogravura, na ilustração das capas de milhares de folhetos.Polêmica e complexidade dos ciclos temáticos.Os principais temas e ciclos do cordel(minha classificação) abordam vários assuntos: abcs; religiosidade; costumes; romances; história; heroísmo (façanhas); cavalaria (vaqueiros, bois, cavaleiros, tropeiros); valores, moral e ética; atualidades; circunstâncias; fatos e acontecidos; sociais e noticiosos, louvações; fantasias (fantástico, maravilhoso); profecias, apocalipse e fim do mundo; biografias e personalidades; poder, estado e governo; política e corrupção; exemplos; intempéries e fenômenos da natureza (secas, inundações, maremotos, terremotos etc); crimes; coronelismo; cangaço, valentia, banditismo e jagunçagem (Lampião, Maria Bonita, Antônio Silvino, Corisco e Dadá, Sinhô Pereira, Jesuíno Brilhante, Quelé do Pajeú, Lucas de Feira); Padre Cícero (O Santo do Juazeiro); Frei Damião; Getúlio Vargas(Estado Novo, conquistas trabalhistas); Antônio Conselheiro (Canudos); Coluna Prestes e Revoltosos; Juscelino Kubitschek (construção de Brasília); Lula; televisão e cinema; ciência e tecnologia; Internet; crítica e sátira; humor, obscenidade,putaria e sacanagem (pornocordel); terrorismo (atentados) e guerras; modernidade e contemporaneidade; desafios, cantorias e pelejas, entre outros menos conhecidos e ainda não catalogados etc.Classificação dos ciclos temáticos do cordel, por Ariano Suassuna:1) “Ciclo heróico, trágico e épico;2) Ciclo do fantástico e do maravilhoso;3) Ciclo religioso e de moralidades;4) Ciclo cômico, satírico e picaresco;5) Ciclo histórico e circunstancial;6) Ciclo de amor e de fidelidade;7) Ciclo erótico e obsceno;8) Ciclo político e social;9) Ciclo de pelejas e desafios.”Mitologia e TrovadorismoA Literatura de Cordel, mais que centenária no Brasil (ultrapassou cem mil títulos publicados, segundo Joseph Luyten), tem suas origens ocidentais e pré-medievais,no universo poético de Provença, França, com os trovadores albigens (com destaque para Arnaud Daniel, Bertran de Born, Guiraut de Bornelh e Rimbaud Daurenga).Entre os trovadores portugueses, precursores da Literatura de Cordel e do Repente, vêm-me à memória Martim Soares e Paio Soares de Taiverós, além dos célebres reis-trovadores Dom Diniz e Dom Duarte.As influências sobre o cordel e a poesia popular contemporânea são multidiversas: desde a poesia mesopotâmica árabe-fenício-semítica, mediterrânea, hindu e persa, à poética egípcio - caldaica – hebréia – greco - latina e afro - indígenaNão se pode esquecer a influência bíblica (Salmos de Davi, Provérbios de Salomão, Cântico dos Cânticos, Apocalipse), do Lunário Perpétuo, enciclopédias, dicionários, almanaques, dos grandes livros religiosos e belos cânticos de todos os tempos, presentes nas diversas civilizações ao longo do processo histórico.Os chineses e indianos devem ter tido significativa influência nas origens e desenvolvimento da poesia popular, por sua antigüidade e por tantos escritos primordiais como os Vedas, Gita, Upanishads, Mahabarata, Ramayana, I Ching, o Zen e o Tão – Te - King, via Confúcio, Lao-Tse, Buda, Krishna, Rama e outros sábios do velho e mágico Oriente, tão incompreendido pela cultura ocidental.Percurso ibéricoA Poesia de Cordel demonstra a sua força e pujança na expressão ibero-lusitana - afro - brasilíndia e galego - castelã… Sem esquecer da verve provençal e italiana (latina). Os romanos com suas epopéias fecundaram a semente da poesia ocidental, herdada dos gregos, etruscos, celtas, gauleses, bretões, normandos, nórdicos e dos povos bárbaros da antiga Europa, Ásia e África.Foi nesse espaço mitológico que surgiu a poética mágica de Dante e a verve inventiva do mestre Leonardo da Vinci e dos grandes artistas italianos. Entretanto, foi na Espanha de Quevedo e Cervantes(Quixote) e em Portugal de Pessoa, Camões e Gil Vicente, que o cordel ganhou feição popular e postura lítero-poética.É na poesia cavalheiresca e trovadoresca que o cordel se inspira e alimenta-se de forma histórica, principalmente a partir dos Doze Pares da França(que retrata os tempos do Imperador Carlos Magno), das gestas e epopéias, dos bardos, apodos, Templários, da Távola Redonda do Rei Arthur, de El Cid, O Campeador, dos cavaleiros e cruzadas e da obra monumental de Camões e Cervantes, ambos influenciados por Dante Alighieri e por toda a tradição popular da oralidade greco-latina-ibero-lusitana.Presença no BrasilOs trovadores foram os principais precursores e alicerces para a futura Literatura de Cordel nos países de língua portuguesa, principalmente no Nordeste do Brasil, a partir de Salvador-Bahia, dos portos marítimos e do Rio São Francisco, até chegar em Campina Grande, Caruaru e Juazeiro do Norte, onde criou raízes e imortalizou-se na verve dos poetas cordelistas e cantadores repentistas.Não se pode esquecer o papel do boi(ciclo do gado), dos bandeirantes, dos jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, do negro (batuque, orixás, terreiros, candomblé), dos índios, caboclos, mamelucos, cafusos, mulatos, garimpeiros, aventureiros, lavradores, vaqueiros e tropeiros: disseminadores de costumes, falas e dialetos pelo vasto Sertão, da poesia regional e universal. Os poetas cantam a sua aldeia e desencantam os universos.A Literatura de Cordel foi enriquecida pela criatividade e maestria de Gil Vicente, Camões, Rabelais, Gregório de Matos, Bocaje, Castro Alves, Gonçalves Dias, Cervantes, José de Alencar, Tobias Barreto, Catulo da Paixão Cearense, Juvenal Galeno, Ascenso Ferreira, além da contribuição incomensurável dos trovadores provençais e do romanceiro medieval.Pesquisa, influências e confluênciasO cordel ganhou o mundo por meio do estudo, pesquisa e divulgação de mestres, leitores, amantes e pesquisadores da cultura popular, nomes como: Luís da Câmara Cascudo, Leonardo Mota, Manuel Diégues Jr, Ariano Suassuna, Rodrigues de Carvalho, Gustavo Barroso, Átila de Almeida, José Alves Sobrinho, Manoel Florentino Duarte, Rogaciano Leite, Jorge Amado, Glauber Rocha(pai do Cinema Novo), João Cabral de Melo Neto (Morte e Vida Severina), Rachel de Queiroz (O Quinze), José Américo de Almeida (A Bagaceira), José Lins do Rego (Fogo Morto), Graciliano Ramos (Vidas Secas), Mário de Andrade (Macunaíma), Sebastião Nunes Batista, Veríssimo de Melo, Sílvio Romero, Tobias Barreto, Vicente Salles, Alceu Maynard, Cavalcanti Proença, Roberto Benjamin, Carlos Alberto Azevedo, Hernâni Donato, Liêdo Maranhão de Souza, Téo Azevedo, Orígenes Lessa, Mário Lago, Américo Pellegrini Filho, Jerusa Pires Ferreira, Sebastião Vila Nova, Ruth Brito Lemos, Gilmar de Carvalho,Raymond Cantel, Joseph Luyten, Mark Curran, Paul Zumthor, Candace Slater, Ria Lemaire, Silvie Raynal, Silvie Debs, Martine Kunz, Ronald Daus,Silvano Peloso, Zé Ramalho, Soares Feitosa (Jornal de Poesia), Ribamar Lopes, José Erivan Bezerra de Oliveira, Fausto Neto,Teófilo Braga, J. de Figueiredo Filho, Eduardo Diatahy de Menzes, Francisca Neuma Fechine Borges, Antônio Augusto Arantes, Ruth Brito, Maria de Fátima Coutinho, Rodrigo Apolinário (CordelCampina), Maria Edileuza Borges, Alda Maria Siqueira Campos, Alícia Mitika Koshiyama, Maristela Barbosa de Mendonça, Mª José F. Londres, Patrícia Araújo, Doralice Alves de Queiroz, Esmeralda Batista, Viviane de Melo Resende, Márcia Abreu, Assis Ângelo, A.M Galvão, V.M Resende,Shirlley Guerra, Maria Julita Nunes e tantos outros destaques do mundo culturaliterário.Renomados criadores das artes e da literatura brasileira foram influenciados pelo cordel. Saliento os principais que me recordo: Ariano Suassuna, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Dias Gomes, João Ubaldo Ribeiro, Orígenes Lessa, Cora Coralina, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Freire, José Nêumane Pinto e tantos outros criadores significativos.Na música, além de Villa-Lobos, a presença do cordel é marcante em Luiz Gonzaga, Elomar, Zé Ramalho, Raul Seixas, Antônio Nóbrega, Quinteto Violado, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Ednardo, Xangai, Fagner, Elba Ramalho, Belchior, Caçulinha, Mário Zan, Zeca Baleiro, Lenine, Chico Science, Chico César, Amelhinha, Juraíldes da Luz, Chico Buarque, Geraldo Vandré, João do Vale, Jackson do Pandeiro, Jorge Mautner, Tom Zé, Dominguinhos, Oswaldinho, Clodo, Climério e Clésio (Os Irmãos Ferreira do São Piauí e de Brasília), Sivuca, Zé Gonzaga, Marinês, Hemeto Paschoal, Pixinguinha, Cartola, Noel Rosa, Ary Barroso, Vital Farias, Genival Lacerda, Diana Pequeno, Roberto Correia, NandoCordel, Cordel do Fogo Encantado, Castanha e Caju, Cegas de Campina Grande, Jorge Antunes, Anand Rao, Argemiro Neto, Genésio Tocantins, Paulinho Pedra Azul, Beirão, Waldonys, Robertinho do Acordeon,Zé Calixto, Arlindo dos Oito Baixos, Gérson Filho, Pedro Sertanejo, Furinchu, Chiquinho do Acordeon, Torquato Neto, Capinan, Pessoal do Ceará, Gilberto Gil, Jorge Mautner, Maria Betânia, Vinícius de Moraes, Milton Nascimento, João Gilberto e Caetano Veloso. Só para lembrar alguns nomes expressivos. A lista é quilométrica.Mitos e precursoresConvém ressaltar figuras de destaque, mistura de cordelistas e cantadores como o lendário “Zé Limeira”, fabuloso e fantástico Poeta do Absurdo, de Orlando Tejo e o inesquecível mestre Patativa do Assaré, da Triste Partida e tantas chegadas… Há ainda os semeadores Ugolino de Sabugi(primeiro cantador que se conhece), Nicandro Nunes da Costa, Silvino Pirauá, Germano da Lagoa, Romano da Mãe D´Água, Cego Aderaldo, Cego Oliveira, Zé da Luz, Fabião das Queimadas, Zé de Duquinha, Caraíba de Irecê, Otacílio e Lourival Batista, Ivanido Vilanova, Pinto do Monteiro, Pedro Bandeira, Raimundo Santa Helena, Oliveira de Panelas, Azulão, Rodolfo Coelho Cavalcante,Franklin Machado Nordestino e Cuíca de Santo Amaro. São símbolos que me vem de repente à memória.Não posso esquecer de figuras mí(s)ticas do universo sertânico do cordel: Lampião, Maria Bonita, Corisco, Antônio Silvino, Jesuíno Brilhante, Quelé do Pajeú, Lucas de Feira, Sinhô Pereira, Antônio das Mortes, os dragões da maldade, os santos guerreiros, beatos, jagunços, coronéis, cabras da peste, personagens glauberianos e cinematográficos…Presença no Brasil: do sertão às grandes cidadesNo Brasil, o cordel ganhou estatura poética na Região Nordeste do Brasil, pelas bandas do Polígono das Secas, Vale do São Francisco, Sertão do Cariri, dos Inhamuns, do Pajeú, Serra de Santana, Serra da Laranjeira, a mítica Serra do Teixeira(Olimpo da Poesia), Campina Grande(Capital do Cordel), João Pessoa,Vales do Jaguaribe, Parnaíba, Gurguéia; Chapada Diamantina, Chapada do Apodi,Serra da Borborema, Chapada do Corisco, Caruaru, Juazeiro do Norte, Crato, Crateús, Limoeiro, Recife/Olinda, Fortaleza, Salvador, Ibititá, Recife dos Cardosos, Lapão, Rochedo, Ibipeba, Canarana, Taguatinga, Águas Claras, Serra Talhada, Quixadá, Qixeramobim, Cabrobó, São José do Egito, Patos, Piancó, Umbuzeiro, Penedo, Aracaju, Oeiras, Picos, Imperatriz, Pedreiras, Catolé do Rocha, Monteiro, Sumé, Serra Branca, Bezerros, Surubim, Mossoró, Caicó, Aracati,Paulo Afonso, Feira de Santana, Juazeiro, Petrolina, Teixeira,Irecê/Jacobina, Barra, Morro do Chapéu, Bom Jesus da Lapa, Senhor do Bonfim,Uauá, Chorrochó, Maceió, Natal, São Luís, Cachoeira dos Índios, Terezina, Parnaíba, Belém, Ilhéus, Itabuna, Canindé, Arapiraca, Palmeira dos Índios, Ingazeira, Quebrângulo, Santarém, Ipirá, Irará, Canudos, Monte Santo, Sertânia, Jequié, Vitória da Conquista, Ibititá, Canarana, Lapão, Recife dos Cardosos, Pirapora, Anápolis, Montes Claros, Rio, São Paulo,Campinas,Diadema,Brasília /Ceilândia/Taguatinga/Gama e pela vastidão das metrópoles, dos campos, fazendas, roças, lugarejos, povoados, arraiais, arrabaldes, vilas, vielas, pés de serra e cidadelas da caatinga e do agreste.Francisco Chagas Batista publicou um folheto, no ano de 1902, em Campina Grande, que está catalogado na Casa de Rui Barbosa - no Rio de Janeiro. É registrado como o primeiro folheto de cordel brasileiro publicado. Muito outros anteriores, se perderam na poeira do tempo.Caminhos e andançasPor muitos desses caminhos andaram e foram lidos poemas dos vates - poetas fenomenais: O condoreiro Antônio Frederico de Castro Alves (uma espécie de precursor do cordel erudito e do improviso), Silvino Pirauá de Lima( o introdutor do folheto de cordel no Brasil, segundo Luís da Câmara Cascudo), Agostinho Nunes da Costa(um dos pais da poesia popular no Nordeste), Leandro Gomes de Barros(um dos principais cordelistas de todos os tempos, pioneiro-mor, publicou centenas de folhetos), Ugolino de Sabugi(primeiro cantador), Francisco Chagas Batista, Nicandro Nunes da Costa), Germano da Lagoa, Romano de Mãe D´Água, Manoel Caetano, Manoel Cabeleira, Diniz Vitorino, João Benedito, José Duda, Antônio da Cruz, Joaquim Sem Fim, Manuel Vieira do Paraíso, Romano Elias da Paz, Manoel Tomás de Assis, José Adão Filho, Lindolfo Mesquita, Arinos de Belém, Antônio Apolinário de Souza, Laurindo Gomes Maciel, Rodolfo Coelho Cavalcante, Francisco Sales Areda, Manoel Camilo dos Santos, Minelvino Francisco da Silva, Caetano Cosme da Silva, Expedito Sebastião da Silva, João Melquíades Ferreira da Silva, José Camelo de Rezende, Joaquim Batista de Sena, Gonçalo Ferreira da Silva, Teodoro Ferraz da Câmara, José Albano, João Ferreira de Lima, José Pacheco, Severino Gonçalves de Oliveira, Galdino Silva, João de Cristo Rei, Zé Mariano, Antônio Batista, José Alves Sobrinho, Manuel Pereira Sobrinho, Antônio Eugênio da Silva, Severino Ferreira, Augusto Laurindo Alves(Cotinguiba), Moisés Matias de Moura, Pacífico Pacato Cordeiro Manso, José Bernardo da Silva, Cuíca de Santo Amaro, João Martins de Athaide, Apolônio Alves dos Santos, José Costa Leite, Antônio Teodoro dos Santos, José Cavalcante Ferreira(Dila), Francisco Gustavo de Castro Dourado, Manoel Monteiro, Abraão Batista, J.Borges, Zé da Luz, Arievaldo e Klévisson Viana, Zé Soares, Zé Pacheco, João Lucas Evangelista, Amargedom, Joă;;;;o de Barros, Zé de Duquinha, Carolino Leobas, Elias Carvalho, Zé Maria de Fortaleza, Audifax Rios, Adalto Alcântara Monteiro, Cunha Neto, Francisco Queiroz, Ary Fausto Maia, Toni de Lima, Bráulio Tavares, Téo Azevedo, Stênio Diniz, Josealdo Rodrigues, Antônio Lucena, Geraldo Gonçalves de Alencar, Hélvia Callou, Edmilson Santini, Eugênio Dantas de Medeiros, Jomaci e Jandhuir Dantas, Francisco de Assis, Paulo de Tarso, Francisco Morojó, Pedro Osmar, Geraldo Emídio de Souza, Olegário Fernandes, Zé Antônio, Pedro Américo de Farias, Marcelo Soares, Jair Moraes, João Pedro Neto, Francisca Barrosa, Lourdes Ramalho, Tindinha Laurentino, Maria da Piedade Correia - Maria Diva Guiapuan Vieira, Vânia Diniz, Lilian Maial, Vânia Freitas, Cora Coralina, José Leocádio Bezerra, Antônio Barreto, Antônio Vieira,Bule-Bule,Gutemberg Santana, Jotacê Freitas, Leandro Tranquilino Pereira, Luar do Conselheiro, Maísa Miranda, Marco Haurélio, Sérgio Baialista e diversos nomes recorrentes no fantástico cosmos cordelista. Poetas significativos do passado e da atualidade, entre tantos baluartes da Poesia Popular e do Romanceiro do Cordel.Cordel na Internet.Amargedom, Almir Alves Filho, Anízio Guimarães, Benedito Generoso da Costa, Daniel Fiuza, Domingos Medeiros, Francisco Egídio Aires Campos(Mestre Egídio), Gonçalo Ferreira da Silva, Guaipuan Vieira, F.G C.Dourado, Jessier Quirino, Jandhuir Dantas, José de Souza Dantas, Lenísio Bragante de Araújo, Rubênio Marcelo, Varneci Nascimento, Marco Hurélio, Bráulio Tavares, AnastáciaAntônio Barreto, Antônio Vieira, Bule Bule, Luar do ConselheiroMaisa Miranda, Marco Haurélio, Elber Mota, Franklin Maxado, Gustavo Dourado,Gutemberg Santana,Jotacê Freitas, Cárlisson Galdino, Miguel Nascimento., Francisco Gustavo de Castro Dourado, Lucarocas, Fernando Paixão, Compadre Lemos, Ismael Gaião, Mauro Machado,Mestre José Pacheco,Valdir Oliveira, Maria Godelivie,José Augusto...(Todos os últimos citados são publicados constantemente na Internet). Divulgam seus trabalhos nas páginas da Web com relativa freqüencia e constantes atualizações.O cordel tem presença constante no mundo virtual.Além de centenas de cordelistas que divulgam os seus trabalhos na Internet, temos até a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro e composta por seleto quadro de acadêmicos de boa qualidade.Há pouco surgiu um dos melhores sites sobre o Cordel na Internet: OCordel Campina, coordenado por Rodrigo Apolinário, em Campina Grande, Meca sertaneja da poesia popular e berço de célebres poetas e cantadores repentistas.Resistência/ReexistênciaO cordel resiste, reexiste, subsiste ,sobrevive, apesar das idiossincrasias, intempéries, dificuldades e antropofagias da Indústria cultural midiática, globalizante e da invasão cultural norte-americana…São imprescindíveis a divulgação na mídia e na web, distribuição eficiente,abertura de espaços e fóruns de discussão e de publicação de textos de cordel, de autores tradicionais e contemporâneos, para dinamização do movimento da Poesia Popular Universal…A Internet é um espaço primordial e dinamizador de nossa literatura popular.Cordel no Planalto Central do Brasil.Quem quiser conhecer um pouco sobre a poesia popular e apreciar a minha criação em cordel, visite:www.gustavodourado.com.br/cordel.htmwww.blocosonline.com.br/literatura/poesia/dd/ddpoe181.phpwww.blocosonline.com.br/literatura/poesia/dd/index.phpwww.blocosonline.com.br/versaoanterior2/literatura/poesia/poeregistra/2004/jun04.htmwww.gustavodourado.com.br/patriciaaraujo.htmwww.gustavodourado.com.br/CordelnaInternet.htmhttp://www.cronopios.com.br/site/colunistas.asp?id_usuario=32 http://www.gargantadaserpente.com/cordel/www.triplov.com/poesia/gustavo_dourado/www.vaniadiniz.pro.br/realese_gustavo_dourado.htmwww.saladepoetas.eti.br/efigenia/amigos_homens/dourado.htmwww.viafanzine.yan.com.br/cordel.htmwww.se.df.gov.br/gcs/file.asp?id=3744www.gustavodourado.com.br/Cordel%20e%20cinema.htm http://cordel.zip.net/ Veja também: http://www.portaldocordel.com.br/cordelistaGustavoDourado.htmlhttp://www.portaldocordel.com.br/downloads.htmlhttp://www.literal.com.br/artigos/www.eunaotenhonome.com.br/gustavodourado/blog/gustavodouradohttp://www.portaldocordel.com.br/doc/cordeisDown/60machadoAssis.pdfhttp://www.portaldocordel.com.br/doc/cordeisDown/01tropicalia.pdfhttp://www.portaldocordel.com.br/doc/cordeisDown/30guimaraesRosa.pdfhttp://www.portaldocordel.com.br/doc/cordeisDown/04JorgeAmado.pdfhttp://www.jornalismo.com.br/gustavodouradohttp://www.cordelcampina.cgonline.com.br/index_2.htmhttp://www.ablc.com.br/www.ablc.com.br/cordeldavez/cordeldavez.htmhttp://www.secrel.com.br/jpoesia/cordel.htmlwww.camarabrasileira.com/cordel.htmLinks para o artigo:http://www.gustavodourado.com.br/Cordel%20do%20sertão%20à%20contemporaneidade.htm http://blogs.universia.com.br/cordel/2008/11/16/cordel-do-sertao-nordestino-a-contemporaneidade-da-internet/ tags: Brasília DF literatura cordel gustavodourado cordelos folheto abc patativa aderaldo limeira batista dourado amargedom bahia brasilia ibitita recifedoscardosos rochedo zededuquinha lapao irece canarana franciscogustavodecastrodourado literaturadecordel cantoria desafio peleja improviso leandro
sábado, 21 de março de 2009
Chávez anunciou a nacionalização de un banco do grupo Santander
Do El Clarin B Aires
El presidente venezolano, Hugo Chávez, confirmó ayer la nacionalización del Banco de Venezuela, filial del grupo Santander, para reforzar el sistema bancario público del país.La decisión de nacionalizar el banco ya había sido anunciada el año pasado pero, con la crisis, muchos pensaron que la operación había quedado en el olvido. Hasta ayer, que Chávez volvió a hablar del tema en una intervención en el canal estatal Venezolana de Televisión.
El presidente venezolano, Hugo Chávez, confirmó ayer la nacionalización del Banco de Venezuela, filial del grupo Santander, para reforzar el sistema bancario público del país.La decisión de nacionalizar el banco ya había sido anunciada el año pasado pero, con la crisis, muchos pensaron que la operación había quedado en el olvido. Hasta ayer, que Chávez volvió a hablar del tema en una intervención en el canal estatal Venezolana de Televisión.
sexta-feira, 20 de março de 2009
A vulnerabilidade de nossas cidades
Vale a pena ler, deu no estadão de hoje 20.03.2009
Washington Novaes
A queda, no pátio de um estacionamento, de um avião monomotor que um suicida tentava atirar contra o maior shopping center de Goiânia, na hora em que circulavam no seu interior milhares de pessoas, mais uma vez evidencia vulnerabilidades muito preocupantes de grandes aglomerados urbanos - já às voltas com momentos até de ingovernabilidade e domínio territorial por bandos criminosos ou grupos sociais inconformados (perueiros, motoqueiros, comerciantes irregulares etc.). Nem por isso, entretanto, ouve-se um início de discussão no setor público sobre a necessidade urgente de macropolíticas para esses aglomerados, que crescem e se verticalizam continuamente, quase sem nenhuma disciplina ou orientação, ao sabor apenas das chamadas "forças do mercado", mas com progressiva perda da qualidade de vida pelas populações, insegurança crescente, inundações e até, em certos setores econômico-sociais, inviabilização gradual.A sequência de fatos é impressionante: uma pessoa já acusada de quatro delitos consegue, sem ser piloto habilitado e quase só com conhecimentos adquiridos na internet, apoderar-se de um monomotor numa cidade de quase 200 mil habitantes, bem próxima de Brasília. Voa em direção a Goiânia e começa por dar voos rasantes sobre o aeroporto dessa capital e passa a poucos metros de um Boeing. Embora seguido por um Mirage e um Tucano da Força Aérea, faz vários outros voos rasantes à beira de arranha-céus e de outro shopping e, sem ser impedido, arremete contra o shopping, onde caiu a dez metros da entrada principal. Quantas vulnerabilidades em terra e no ar, próximas à capital do País e à de um Estado, região metropolitana com quase dois milhões de pessoas!É inevitável que a memória recue ao tempo em que Mao Tsé-tung tentava impor na China uma política de desconcentração populacional absoluta, mas por estratégia militar. Entendia ele que a concentração humana e/ou econômica criava alvos para o inimigo e abria caminho para a dominação militar. Sem concentração, esse eventual inimigo teria de ocupar todo o país - tarefa impossível. Pela mesma razão, tentava impor com a desconcentração uma política que levasse cada pessoa ao mais próximo possível da autossuficiência na produção de alimentos e outros itens de que necessitasse. Uma de suas radicalidades que o levaram à perda do poder.Não precisamos, porém, tornar-nos maoístas dépassés para enxergar que precisamos introduzir rapidamente a discussão sobre macropolíticas nos nossos grandes aglomerados urbanos, antes que outras tragédias passem a frequentar nosso cotidiano. Mesmo com a atual crise global, não se consegue vislumbrar nenhuma estratégia que, ao lado de enfrentar as grandes questões econômico-financeiras, nos faça caminhar em direção a ambientes urbanos mais viáveis. Mesmo quando se discute, por exemplo, a oportunidade de introduzir veículos menos poluentes, que reduzam emissões e ajudem a enfrentar o drama do clima, em nenhum momento se agrega à discussão o drama já insuportável dos congestionamentos; ao contrário, segue-se debatendo apenas como retomar a alta produção, as vendas e os empregos no setor. Sem perguntar, por exemplo, o que vai acontecer numa cidade como São Paulo, já com mais de seis milhões de veículos, que ocupam mais de 50% do espaço urbano (incluindo o sistema viário, estacionamentos e garagens), para abrigar carros que consomem cerca de 90% da energia para transportar a si mesmos (e não passageiros), consomem 30 vezes mais energia para deslocar uma pessoa que o metrô (determinando um desperdício de R$ 1 trilhão em algumas décadas, como lembra o ex-secretário de Transportes Adriano Murgel Branco). E ainda permanecem ociosos a maior parte do tempo, porém gerando problemas gigantescos.Apesar de licenciarem cerca de mil veículos novos por dia na cidade de São Paulo e tendo hoje em circulação mais carros do que quando foi introduzido o rodízio, os administradores não aceitam propostas como a do pedágio urbano para reduzir a pressão em certas áreas, facilitar o transporte coletivo e gerar receitas para outras soluções. Nem a ampliação do rodízio. Muito menos a exigência de retirar um veículo antigo de circulação para licenciar um novo. Nem mesmo uma proibição de fato rigorosa para cargas e descargas em certos horários, como já houve há mais de meio século. Ou questionar a ampliação da frota de motos, que, para ganhar tempo no trânsito, desrespeitam toda a legislação na área. Ou o aumento brutal da poluição urbana, que custa muitas vidas a cada dia, como tem demonstrado a Faculdade de Medicina da USP.Enquanto isso, na área política só se ouvem discussões sobre procedimentos clientelistas, em que os depositários de votos tentam implantar alguma ação para um parcela específica dos eleitores em troca dos votos. A sociedade, por sua vez, não consegue se organizar e se informar para discutir políticas mais amplas. Campeiam as denúncias de corrupção, corporativismo, regras que beneficiam apenas os detentores de fatias do poder. Mas na área econômica a preocupação única parece ser com taxas de crescimento do PIB, como se esse fosse o único indicador eficaz de progresso real, ou com a redução/isenção de impostos, quando um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário aponta uma sonegação, só de empresas autuadas entre 2006-2008, de mais de R$ 200 bilhões (32% do Orçamento federal).Não será pelos velhos caminhos que conseguiremos avançar de fato. Há outros. Um deles indica que está na hora de as universidades e outras instituições que dominam o saber retomarem um papel que já tiveram (e foi interrompido em 1964), de vanguarda das discussões e de mobilização da sociedade para debater rumos mais adequados. Não é preciso esperar que outros suicidas nos aterrorizem. Washington Novaes é jornalistaE-mail: wlrnovaes@uol.com.br
Washington Novaes
A queda, no pátio de um estacionamento, de um avião monomotor que um suicida tentava atirar contra o maior shopping center de Goiânia, na hora em que circulavam no seu interior milhares de pessoas, mais uma vez evidencia vulnerabilidades muito preocupantes de grandes aglomerados urbanos - já às voltas com momentos até de ingovernabilidade e domínio territorial por bandos criminosos ou grupos sociais inconformados (perueiros, motoqueiros, comerciantes irregulares etc.). Nem por isso, entretanto, ouve-se um início de discussão no setor público sobre a necessidade urgente de macropolíticas para esses aglomerados, que crescem e se verticalizam continuamente, quase sem nenhuma disciplina ou orientação, ao sabor apenas das chamadas "forças do mercado", mas com progressiva perda da qualidade de vida pelas populações, insegurança crescente, inundações e até, em certos setores econômico-sociais, inviabilização gradual.A sequência de fatos é impressionante: uma pessoa já acusada de quatro delitos consegue, sem ser piloto habilitado e quase só com conhecimentos adquiridos na internet, apoderar-se de um monomotor numa cidade de quase 200 mil habitantes, bem próxima de Brasília. Voa em direção a Goiânia e começa por dar voos rasantes sobre o aeroporto dessa capital e passa a poucos metros de um Boeing. Embora seguido por um Mirage e um Tucano da Força Aérea, faz vários outros voos rasantes à beira de arranha-céus e de outro shopping e, sem ser impedido, arremete contra o shopping, onde caiu a dez metros da entrada principal. Quantas vulnerabilidades em terra e no ar, próximas à capital do País e à de um Estado, região metropolitana com quase dois milhões de pessoas!É inevitável que a memória recue ao tempo em que Mao Tsé-tung tentava impor na China uma política de desconcentração populacional absoluta, mas por estratégia militar. Entendia ele que a concentração humana e/ou econômica criava alvos para o inimigo e abria caminho para a dominação militar. Sem concentração, esse eventual inimigo teria de ocupar todo o país - tarefa impossível. Pela mesma razão, tentava impor com a desconcentração uma política que levasse cada pessoa ao mais próximo possível da autossuficiência na produção de alimentos e outros itens de que necessitasse. Uma de suas radicalidades que o levaram à perda do poder.Não precisamos, porém, tornar-nos maoístas dépassés para enxergar que precisamos introduzir rapidamente a discussão sobre macropolíticas nos nossos grandes aglomerados urbanos, antes que outras tragédias passem a frequentar nosso cotidiano. Mesmo com a atual crise global, não se consegue vislumbrar nenhuma estratégia que, ao lado de enfrentar as grandes questões econômico-financeiras, nos faça caminhar em direção a ambientes urbanos mais viáveis. Mesmo quando se discute, por exemplo, a oportunidade de introduzir veículos menos poluentes, que reduzam emissões e ajudem a enfrentar o drama do clima, em nenhum momento se agrega à discussão o drama já insuportável dos congestionamentos; ao contrário, segue-se debatendo apenas como retomar a alta produção, as vendas e os empregos no setor. Sem perguntar, por exemplo, o que vai acontecer numa cidade como São Paulo, já com mais de seis milhões de veículos, que ocupam mais de 50% do espaço urbano (incluindo o sistema viário, estacionamentos e garagens), para abrigar carros que consomem cerca de 90% da energia para transportar a si mesmos (e não passageiros), consomem 30 vezes mais energia para deslocar uma pessoa que o metrô (determinando um desperdício de R$ 1 trilhão em algumas décadas, como lembra o ex-secretário de Transportes Adriano Murgel Branco). E ainda permanecem ociosos a maior parte do tempo, porém gerando problemas gigantescos.Apesar de licenciarem cerca de mil veículos novos por dia na cidade de São Paulo e tendo hoje em circulação mais carros do que quando foi introduzido o rodízio, os administradores não aceitam propostas como a do pedágio urbano para reduzir a pressão em certas áreas, facilitar o transporte coletivo e gerar receitas para outras soluções. Nem a ampliação do rodízio. Muito menos a exigência de retirar um veículo antigo de circulação para licenciar um novo. Nem mesmo uma proibição de fato rigorosa para cargas e descargas em certos horários, como já houve há mais de meio século. Ou questionar a ampliação da frota de motos, que, para ganhar tempo no trânsito, desrespeitam toda a legislação na área. Ou o aumento brutal da poluição urbana, que custa muitas vidas a cada dia, como tem demonstrado a Faculdade de Medicina da USP.Enquanto isso, na área política só se ouvem discussões sobre procedimentos clientelistas, em que os depositários de votos tentam implantar alguma ação para um parcela específica dos eleitores em troca dos votos. A sociedade, por sua vez, não consegue se organizar e se informar para discutir políticas mais amplas. Campeiam as denúncias de corrupção, corporativismo, regras que beneficiam apenas os detentores de fatias do poder. Mas na área econômica a preocupação única parece ser com taxas de crescimento do PIB, como se esse fosse o único indicador eficaz de progresso real, ou com a redução/isenção de impostos, quando um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário aponta uma sonegação, só de empresas autuadas entre 2006-2008, de mais de R$ 200 bilhões (32% do Orçamento federal).Não será pelos velhos caminhos que conseguiremos avançar de fato. Há outros. Um deles indica que está na hora de as universidades e outras instituições que dominam o saber retomarem um papel que já tiveram (e foi interrompido em 1964), de vanguarda das discussões e de mobilização da sociedade para debater rumos mais adequados. Não é preciso esperar que outros suicidas nos aterrorizem. Washington Novaes é jornalistaE-mail: wlrnovaes@uol.com.br
quarta-feira, 18 de março de 2009
Folha de São Paulo dá espaço ainda a Militares Golpistas
RAPHAEL GOMIDEDA SUCURSAL DO RIO
Comandante substituído ontem do Comando Militar do Leste, o general Luiz Cesário da Silveira Filho despediu-se do cargo com um discurso exaltando o golpe militar que depôs o presidente João Goulart, em 1964, ao qual classificou de "memorável acontecimento".O general Rui Alves Catão assumiu ontem o CML, que abrange as tropas no Rio, Minas Gerais e Espírito Santo. Segundo o general Enzo Peri, Cesário apenas "manifestou a participação dele como cadete": "É o sentimento que tem. O movimento de 31 de março de 64 pertence à história".Na presença do comandante do Exército, Enzo Peri, Cesário narrou sua participação na "histórica operação cívico-militar": "Participei ativamente da revolução democrática de 31 de março de 64, ocupando posição de combate no Vale do Paraíba". Então cadete do último ano da Academia Militar das Agulhas Negras, Cesário disse ter atuado sob "a incontestável liderança do general-de-brigada Emílio Garrastazu Médici, de patriótica atuação posteriormente na Presidência".Segundo o general, a ação dos militares pode ser chamada de "revolução democrática de 31 de março de 1964, por ter evitado o golpe preparado pelo governo de então contra as instituições democráticas do país". by Folha de São Paulo http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1203200925.htm
Comandante substituído ontem do Comando Militar do Leste, o general Luiz Cesário da Silveira Filho despediu-se do cargo com um discurso exaltando o golpe militar que depôs o presidente João Goulart, em 1964, ao qual classificou de "memorável acontecimento".O general Rui Alves Catão assumiu ontem o CML, que abrange as tropas no Rio, Minas Gerais e Espírito Santo. Segundo o general Enzo Peri, Cesário apenas "manifestou a participação dele como cadete": "É o sentimento que tem. O movimento de 31 de março de 64 pertence à história".Na presença do comandante do Exército, Enzo Peri, Cesário narrou sua participação na "histórica operação cívico-militar": "Participei ativamente da revolução democrática de 31 de março de 64, ocupando posição de combate no Vale do Paraíba". Então cadete do último ano da Academia Militar das Agulhas Negras, Cesário disse ter atuado sob "a incontestável liderança do general-de-brigada Emílio Garrastazu Médici, de patriótica atuação posteriormente na Presidência".Segundo o general, a ação dos militares pode ser chamada de "revolução democrática de 31 de março de 1964, por ter evitado o golpe preparado pelo governo de então contra as instituições democráticas do país". by Folha de São Paulo http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1203200925.htm
Ricardo Noblat Comentou General deixa posto no Rio com elogios ao golpe militar
Clodovil Hernandes 1937-2009
FILÓSOFO SÉBASTIEN CHARLES LANÇA "CARTAS SOBRE A HIPERMODERNIDADE"
DIa 18 as 19:30 no Auditório da Universidade Anhembi Morumbi Unidade 7
Organização Curso de Produção Editorial - Profa Ms Maria José Rosolino, Patricia Takaoka e Prof. Dr. Paulo VAsconcelos Editora BArcarolla
FILÓSOFO SÉBASTIEN CHARLES VEM AO BRASIL PARA LANÇAR "CARTAS SOBRE A HIPERMODERNIDADE", DA EDITORA BARCAROLLA Barcarolla lançará no Brasil o livro Cartas sobre a hipermodernidade do filósofo francês radicado no Canadá Sébastien Charles. O autor estará no Brasil, em dois lançamentos: dia 17 de março na Livraria Cultura, em Campinas, e dia 19 de março na Livraria da Vila, em São Paulo.Reconhecido como um dos principais teóricos da hipermodernidade, o filósofo Sébastien Charles disseca, por meio de dez cartas, esse conceito em seu mais recente livro Cartas sobre a hipermodernidade, lançamento da Editora Barcarolla. O autor estará no Brasil para dois lançamentos: dia 17 de março na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, em Campinas, à Avenida Iguatemi, 777 (lojas 4 e 5, piso 1), a partir das 19 horas; em São Paulo, haverá noite de autógrafos no dia 19, das 18h30 às 21h30 na Livraria da Vila Lorena, à Alameda Lorena, 1731, Jardins.O autor acredita que a sociedade hipermoderna caracteriza-se pela indiferença ao bem público, pela prioridade freqüentemente dada ao presente, em detrimento do futuro, pela valorização dos particularismos e dos interesses corporativistas, pela desagregação do sentido de dever ou da dívida com a coletividade. "Um novo pacto social é, portanto, mais indispensável do que nunca", ele afirma.Charles parte da crítica à idéia de pós-modernidade, que caracterizou a nova fisionomia das sociedades ocidentais modernas a partir do fim dos anos 1970, marcada pela falência das grandes utopias e pelo desenvolvimento de uma nova cultura individualista centrada no presente, que privilegia a autonomia individual, o consumismo, o hedonismo. Com o advento da globalização e das novas tecnologias da informação, reconfigurou-se a idéia de presente, com a incorporação das trocas econômicas e simbólicas em tempo real e um sentimento de imediatismo que tornou os indivíduos menos pacientes e alérgicos à perda de tempo.Segundo o filósofo, essa valorização do presente, embora justa, está defasada com a idéia de pós-modernidade, quando se indicava o desaparecimento da modernidade. Não vivemos, afirma Charles, "o fim da modernidade, mas uma nova modernidade, uma intensificação da modernidade elevada à potência superlativa. Não estamos em uma era ''pós'', mas ''hiper''".Passamos da modernidade à hipermodernidade, uma modernidade de segundo grau, própria de sociedades sem contra-modelos, que repousa sobre as mesmas bases da modernidade, lançadas no século XVIII: o mercado, a eficiência técnico-científica, o indivíduo e a democracia pluralista. Durante o período de esplendor da idéia de pós-modernidade, a emergência de novos modos de vida, a ilusão de um sentimento de liberdade, a decadência dos ideais militantes, entre outros fatores, colocaram entre parênteses as contradições e os conflitos. O momento da hipermodernidade é de desencanto: o leque de possibilidades de mudança social se reduziu, a insegurança suplantou a despreocupação pós-moderna, o hedonismo recuou. O presente continua tendo força, mas as relações com o passado eo futuro se recompuseram. A preocupação com o futuro está presente na sensibilidade ecológica, por exemplo. Mas essa preocupação vai muito além disso. Segundo Sébastien Charles, ela contempla três fatores: as relações de trabalho, marcadas pela vulnerabilidade do trabalhador e pelo desemprego; a saúde, caracterizada por preocupações de prevenção e longevidade; as relações do indivíduo consigo mesmo, que se distinguem pelo fato de a dinâmica da individualização e os meios de informação funcionarem como instrumentos de distanciamento, de introspecção.A cultura hipermoderna se diferencia pelo enfraquecimento do poder regulador das instituições coletivas e pela autonomia dos indivíduos em relação às imposições dos grupos, sejam eles a família, a religião, os partidos políticos. O indivíduo aparece mais móvel, fluido e socialmente independente. Mas tal volatilidade significa mais uma desestabilização do ego do que afirmação triunfante do homem senhor de si mesmo.Se os modernos queriam fazer tábula rasa do passado, hoje ele está sendo reabilitado. A valorização da memória, do patrimônio histórico, o demonstra. "A hipermodernidade não é estruturada por um presente absoluto, mas por um presente paradoxal, que não cessa de exumar e de redescobrir o passado", sustenta o filósofo.Não se pode negar que o mundo de hoje suscita mais inquietudes do que otimismo: o fosso entre Norte e Sul aumenta, assim como as desigualdades sociais, a insegurança se torna uma obsessão, o mercado globalizado reduz a força das democracias. Mas isso autoriza a diagnosticar um processo de "rebarbarização" do mundo no qual a democracia é apenas uma "pseudo-democracia" e um "espetáculo comemorativo"? Fazer isso significaria subestimar a capacidade de autocrítica e de auto-correção que continuam existindo no universo democrático liberal. "A era do presente é tudo menos fechada, fadada ao niilismo exponencial. Como a depreciação dos valores supremos não é sem limites, o futuro da hipermodernidade permanece aberto e não impede de trabalharmos por regulações mais justas. Devemos trabalhar nessa direção e não apenas sonhar", observa Charles.O autorSébastien Charles é doutor em filosofia pela Universidade de Ottawa e professor da Universidade de Sherbrooke, no Quebec. Em setembro, recebeu o prestigioso prêmio da francofonia para jovens pesquisadores na categoria ciências humanas e sociais. Tem dois livros publicados no Brasil, ambos pela Editora Barcarolla: Os tempos hipermodernos, com Gilles Lipovetsky (2004), e É possível viver o que eles pensam? - Comte-Sponville, Conche, Ferry, Lipovetsky, Onfray, Rosset (2006).
terça-feira, 10 de março de 2009
Estrelas de couro: a estética do cangaço.
O historiador Frederico Pernambucano de Mello assina, nesta quinta-feira, 12 de março, às 19h, contrato de edição do livro Estrelas de couro: a estética do cangaço. O autor já foi chamado por Gilberto Freyre de “mestre de mestres em assuntos de cangaço” e possui o maior acervo de peças de uso pessoal dos cangaceiros, com cerca de 160 objetos. O evento acontecerá no Museu do Estado de Pernambuco e terá início com palestra do autor sobre o tema "Uma estética brasileira relevante: cangaço", com entrada franca e aberta ao público
Resultado de estudo profundo a que se dedicou Frederico Pernambucano desde 1997, Estrelas de couro: a estética do cangaço, é um ensaio interdisciplinar, um livro de arte que trará inúmeras fotos históricas, íncluindo o trabalho do fotógrafo sírio Benjamin Abrahão, que filmou e fotografou abundantemente o bando de Lampião em 1936.
No ano em que se comemora os 111 anos de nascimento de Virgulino Ferreira, Lampião (foto), a Escrituras Editora abre espaço para o tema "cangaço", também com a publicação do livro Cangaço na poesia brasileira: uma antologia, de Carlos Newton Júnior.
Informações: Museu do Estado de Pernambuco
Av. Rui Barbosa, 960 - Graça - Recife/PE
Telefone: (81) 3184-3170/3178
Palestra: Uma estética brasileira relevante: cangaço (duração prevista: 1h)
Palestrante: Frederico Pernambucano
Evento gratuito, aberto ao público.http://www.continentemulticultural.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4050:palestra-sobre-o-cangaco-comemora-111-anos-de-lampiao&catid=48:literatura&Itemid=70
by Continente Cultural
segunda-feira, 9 de março de 2009
Museu dedicado ao Rock
Deu na Revista Ñ-El Clarin Buenos Aires
Museo dedicado al rock y el pop británicos de los últimos 60 años ha abierto sus puertas en la sala O2 Arena de Londres, con objetos personales donados por artistas, atracciones interactivas y salas de ensayo.El museo, denominado "Experiencia Musical Británica", está dividido en siete eras musicales, desde 1945 hasta nuestros tiempos, y se puede visitar por 15 libras (20,6 dólares).Según informó hoy a la BBC el organizador de la idea, el promotor musical Harvey Goldsmith, esta iniciativa sirve para "reflejar la rica historia de fantástico talento que (los británicos) hemos generado continuamente y que ha conquistado el mundo entero".Goldsmith valoró en 5 millones de libras (6,8 millones de dólares) los objetos donados por The Rolling Stones, David Bowie, Oasis o Amy Winehouse.
sábado, 7 de março de 2009
A Igreja e o conservadorismo
"O caso da menina de 9 anos que interrompeu a gravidez de gêmeos causou comoção e revolta. A repercussão foi ainda maior pela reação da Igreja Católica ao aborto provocado pelos médicos. O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, excomungou a mãe e a equipe médica envolvida "http://jornale.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=18159&Itemid=54
Esta é a igreja, decadente, morta, desumana que Estamira -documentário de Marcos Prado, acusa e aponta, e ela-a igreja- tem força e faz lobby.
O arcebispo é o Trocadilo de Estamira, atira a pedra e convoca fiéis a Deus?
Ainda falam que o nazismo não esta na igreja!Eis ai a forma presente e fiel, advinda de papados anteriores e hoje na figura de Bento, que bento, que "benzido" é este?
quarta-feira, 4 de março de 2009
A Chave da Casa Livro
Eu recomendo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
A Chave de Casa", da editora Record, romance finalista do prêmio Jabuti 2008, deu à autora Salem Levy o Prêmio São Paulo de Literatura na categoria autor estreante. Tudo se inicia quando a personagem-narradora ganha de seu avô uma chave muito antiga, da casa em que ele morou na Turquia, antes de vir ao Brasil. E com essa chave vem uma missão: voltar à cidade turca de Esmirna e encontrar a casa e parentes judeus que ficaram por lá. A narrativa transita entre diferentes momentos da vida da personagem, em histórias que ao final se completam: a vinda de seu avô ao Brasil, momentos dolorosos de seus pais durante a ditadura militar, o seu relacionamento intenso com um homem violento, a sua viagem à Turquia e a sofrida morte de sua mãe
segunda-feira, 2 de março de 2009
O ANO COMEÇA
O ANO COMEÇA HOJE, AS RUAS VOLTAM AO NORMAL, TRÂNSITO PESADO, AS PESSOAS DE CARA TENSA,SOMAM-SE CONTAS, PAGAM-SE ALGUMAS, REFAZ-SE PLANOS, VERIFICAM-SE OS NOVOS FERIADOS, PLANEJAM-SE COISAS PARA DISSIPAR OS ENCHARQUES DOS DIAS CORRIDOS, INICIAM-SE REGIMES, MAS A POLÍTICA CORRE, A CRISE CONTINUA, SARNEY PEDE PARA FISCALIZAR O DIRETOR DO TCU, O BRASIL VAI DOAR DINHEIRO AO ORIENTE MÉDIO E VAMOS VER O QUE OCORRE COM A CAMPANHA DA D DILMA.
domingo, 1 de março de 2009
Van Gogh perdeu a orelha em uma briga com Gauguin, segundo um novo livro
(La oreja de Van Gogh. Paul Gauguin y el pacto del silencio), é o título do livro dos pesquisadores Rita Wildgans y Hans Kaufmann, publicado pela Editora Osburg-Editora Argentina, que oferece uma nova versão dos fatos ocorridos em Arles em dezembro de 1888
Na nova versão, Van Gogh havia lançado um copo contra Gauguin num un bar e havia perseguido-o para tratar de persuadir lhe de que ficasse em Arles. Gauguin, na luta cortou a orelha.
Assinar:
Postagens (Atom)