OEI: 80% dos docentes do País se sentem desvalorizados
Quase 80% dos professores brasileiros não se sentem valorizados pela sociedade. É o que mostra o estudo "As emoções e os valores dos professores brasileiros", coordenado pela educadora Maria Tereza Perez Soares e encomendado pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) e pela Fundação SM. A pesquisa, que ouviu 3.584 docentes do País, evidencia o que muitos professores sentem nas redes pública e particular.
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Segundo Yves de La Taille, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), nos últimos anos houve uma redução do grau de valorização do professor. "Mas a redução não aconteceu apenas em relação ao professor, mas a valorização da sociedade em relação à política e até religião."
O que ajudaria a reverter esse quadro, segundo La Taille, é a mudança de atitude do professor em relação à docência. "As condições de trabalho não são as melhores, mas o professor, em vez de priorizar o relacionamento, deveria ter uma relação mais privada com a docência. Em vez de valorizar o afetivo, deveria dar ênfase à transmissão do conhecimento, ao seu desempenho."
A citação de La Taille explica outro dado: 31,6% dos professores consideram o ensino como "atividade ligada aos valores e à moral" e apenas 8,6% o consideram como "trabalho". Já o secretário-geral da OEI, Álvaro Marchesi, ressalta que, mesmo assim, os professores brasileiros são mais otimistas em relação ao futuro. "O estudo mostra que cerca de 80% deles vêem o futuro de forma positiva. Na Espanha, são 60% que enxergam dessa maneira." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
by yahoo
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
Reuni é aprovado por 35 universidades federais na primeira etapa
Reuni é aprovado por 35 universidades federais na primeira etapa
Da redação
Em São Paulo
Das 54 universidades federais, 35 aderiram ao programa Reuni (Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) nesta primeira fase. As instituições receberão recursos no primeiro semestre de 2008.
Mais 18 universidades podem aderir na segunda fase, entre 30 de outubro e 17 dezembro. O primeiro prazo para o envio de propostas de reestruturação para o MEC (Ministério da Educação) terminou nesta última segunda-feira (29).
Uma comissão da Secretaria de Educação Superior vai analisar tecnicamente as propostas apresentadas segundo a meta global do Reuni: elevar, em cinco anos, a taxa de conclusão média dos cursos presenciais para 90% e a relação de alunos de graduação em cursos presenciais para 18 alunos por professor.
Após a avaliação técnica, uma comissão, composta por 76 professores e pesquisadores, fará o exame do conteúdo das propostas. As sugestões devem atender ao decreto que instituiu o programa.
As propostas das instituições devem contemplar redução das taxas de evasão, aumento de vagas de ingresso no ensino noturno, revisão acadêmica, diversificação das modalidades de graduação, e articulação da educação superior com a pós-graduação e com a educação básica.
As universidades deverão flexibilizar os currículos para facilitar a mobilidade estudantil, intensificar o uso de tecnologias de apoio à aprendizagem e garantir a inclusão social.
O MEC divulga a lista das propostas aprovadas em 7 de dezembro. As universidades que não tiveram projetos aprovados podem apresentar recursos até 12 de dezembro. A lista definitiva das universidades que têm orçamento garantido para o primeiro semestre de 2008 sai em 21 de dezembro. As universidades assinarão um acordo de metas, com determinação de recursos e prazos das propostas.
Balanço
Os conselhos universitários de 11 das 35 universidades aprovaram a adesão por unanimidade (UFMT, UFTM, UFBA, UFAM, UFGD, UFSJ, UFMS, UFS, UFV, FFFCMPA e UFLA). Na votação do conselho de outras 11 universidades, houve abstenção, mas a UniRio teve o maior número: dos 75 conselheiros, 19 não votaram; 50 votaram a favor e 6 contra.
O total de investimentos previstos, que não inclui despesas de custeio e pessoal, é de R$ 2 bilhões entre 2008 e 2011. Adicionalmente, o orçamento de custeio e pessoal aumentará gradativamente até atingir, ao final de cinco anos, 20% a mais do orçamento executado em 2007.
by uol
Da redação
Em São Paulo
Das 54 universidades federais, 35 aderiram ao programa Reuni (Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) nesta primeira fase. As instituições receberão recursos no primeiro semestre de 2008.
Mais 18 universidades podem aderir na segunda fase, entre 30 de outubro e 17 dezembro. O primeiro prazo para o envio de propostas de reestruturação para o MEC (Ministério da Educação) terminou nesta última segunda-feira (29).
Uma comissão da Secretaria de Educação Superior vai analisar tecnicamente as propostas apresentadas segundo a meta global do Reuni: elevar, em cinco anos, a taxa de conclusão média dos cursos presenciais para 90% e a relação de alunos de graduação em cursos presenciais para 18 alunos por professor.
Após a avaliação técnica, uma comissão, composta por 76 professores e pesquisadores, fará o exame do conteúdo das propostas. As sugestões devem atender ao decreto que instituiu o programa.
As propostas das instituições devem contemplar redução das taxas de evasão, aumento de vagas de ingresso no ensino noturno, revisão acadêmica, diversificação das modalidades de graduação, e articulação da educação superior com a pós-graduação e com a educação básica.
As universidades deverão flexibilizar os currículos para facilitar a mobilidade estudantil, intensificar o uso de tecnologias de apoio à aprendizagem e garantir a inclusão social.
O MEC divulga a lista das propostas aprovadas em 7 de dezembro. As universidades que não tiveram projetos aprovados podem apresentar recursos até 12 de dezembro. A lista definitiva das universidades que têm orçamento garantido para o primeiro semestre de 2008 sai em 21 de dezembro. As universidades assinarão um acordo de metas, com determinação de recursos e prazos das propostas.
Balanço
Os conselhos universitários de 11 das 35 universidades aprovaram a adesão por unanimidade (UFMT, UFTM, UFBA, UFAM, UFGD, UFSJ, UFMS, UFS, UFV, FFFCMPA e UFLA). Na votação do conselho de outras 11 universidades, houve abstenção, mas a UniRio teve o maior número: dos 75 conselheiros, 19 não votaram; 50 votaram a favor e 6 contra.
O total de investimentos previstos, que não inclui despesas de custeio e pessoal, é de R$ 2 bilhões entre 2008 e 2011. Adicionalmente, o orçamento de custeio e pessoal aumentará gradativamente até atingir, ao final de cinco anos, 20% a mais do orçamento executado em 2007.
by uol
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
Gabinete: los 20 nombres que suenan
Gabinete: los 20 nombres que suenan
Por: Sebastián Campanario
La política argentina está lejos de ser una ciencia exacta, pero en las últimas semanas acuñó un teorema: la magnitud del cambio es inversamente proporcional a los votos obtenidos. A un resultado holgado, menos incentivo a "refrescar" el equipo y a reformular la estructura de ministerios. Ayer a la noche, muchas de las especulaciones en torno al futuro del gabinete de Cristina se cocinaban con esta lógica.
El pelotón de los que siguen figuran, en principio, el jefe de Gabinete Alberto Fernández, el canciller Jorge Taiana y Alicia Kirchner en Acción Social, una cartera que podría fusionarse con la de Salud. También el abogado Carlos Zannini, uno de los consejeros más influyentes del kirchnerismo, continuará en Legal y Técnica; y Miguel Peirano retendría el Ministerio de Economía.
En el Palacio de Hacienda aseguran que Peirano tiene un 80% de probabilidades de seguir. Mientras tanto, el economista Mario Blejer no se aleja mucho de Buenos Aires, por las dudas de que lo contacte Alberto Fernández. Podrían ofrecerle un cargo importante en Finanzas o en la relación con los organismos multilaterales. El nombre de Bernardo Kosacoff suena para Producción, en el caso de que Economía se separe entre este área y Hacienda y Finanzas, una idea que perdió algo de fuerza.
En Planificación, las mayores chances son para Daniel Cameron (hoy secretario de Energía), por encima de José López (secretario de Obras Públicas). Aquí ser aplica, como en ningún otro caso, el teorema del primer párrafo: "Si Cristina ganaba por el 50%, aumentaban las posibilidades de que siguiera De Vido", contaba anoche un funcionario.
Luego aparecen candidatos "multitasking": kirchneristas que aspiran a quedarse, con buenas probabilidades. Es el caso de Aníbal Fernández, que suena para Trabajo o Defensa, o para seguir en Interior. O el de Felipe Solá, que podría ir a un nuevo Ministerio de Medio Ambiente.
domingo, 28 de outubro de 2007
Catorce candidatos para 40 millones de argentinos
Catorce candidatos para 40 millones de argentinos
Se reparten entre peronistas, ex peronistas, radicales y ex radicales. También, dirigentes de izquierda y derecha. Cristina Kirchner
Conoció al Presidente en la facultad de Derecho de La Plata, antes del golpe del 76, cuando Néstor Kirchner tenía una figura desgarbada y usaba gruesos anteojos. Están juntos desde entonces y no sólo forman un matrimonio. Son, además, una sociedad política. Si gana la elección, Cristina Kirchner protagonizará un hecho inédito: le pondrá la banda presidencial su propio esposo. Platense, dos hijos (Máximo y Florencia), la actual senadora se hizo fama de cuadro político con mayúsculas dentro del PJ. Es una obsesiva de su propia imagen, lo que habla, claro, de su coquetería. Ama Santa Cruz, su provincia adoptiva, su verdadera casa, pero es legisladora por Buenos Aires, un paso obligado para darle fortaleza al proyecto de poder del kirchnerismo. Su CV dice que fue diputada provincial, nacional y convencional constituyente. Su gran salto mediático -mucho antes que el de su marido- fue en recordadas peleas con el gobierno de Carlos Menem por la defensa de los Hielos Continentales. Fue la "verduga" en las urnas del duhaldismo cuando en 2005 le ganó la elección a Chiche Duhalde y empezó así a construir, con el paraguas de la Casa Rosada, la candidatura presidencial. Con Kirchner en el poder mantuvo bajo perfil pero participó del núcleo chico que ha tomado las grandes decisiones de Gobierno.
MARIANO PEREZ DE EULATE
EDAD: 54 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADA
PROFESION. ABOGADA
ANTECEDENTES: FUE DIPUTADA PROVINCIAL Y NACIONAL. ES SENADORA POR BUENOS AIRES.
Elisa Carrió
"A los 15 años me recibí, a los 16 me casé, a los 17 ya tenía un hijo y un año después ya estaba separada; la vida me llevó puesta", dice medio en broma y un tanto en serio Elisa Carrió, madre de tres hijos. Dice que llegó a la política tarde, en 1994, de la mano de la UCR, cuando fue electa convencional constituyente. Carrió ya era abogada y docente universitaria. La política, de todos modos, no le era ajena: siempre recuerda cómo le gustaba seguir a su padre, Rolando "Coco" Carrió, caudillo radical, en los mitines políticos por el Chaco. A mediados de los 90, siendo ya diputada nacional, empezó a chocar y a votar distinto que sus correligionarios. Su desilusión alcanzó a Raúl Alfonsín. Carrió cobraba vuelo propio. Por entonces, tenía una buena relación con Cristina Kirchner, la diputada esposa del gobernador de Santa Cruz. Convencida de que la UCR estaba agotada, fundó el ARI. Como candidata a presidente de ese partido, en 2003, sacó más de 2.700.000 votos. Salió quinta. Meses atrás, sorprendió una vez más a propios y extraños. Renunció a su banca de diputada y a su afiliación al ARI. "Hay que hacer algo más grande", dijo. Fundó, entonces, la Coalición Cívica. Cuatro años después de su primer intento, Carrió cree haber madurado lo suficiente como para ser presidente del país.
HORACIO AIZPEOLEA
EDAD:50 AÑOS
ESTADO CIVIL: DIVORCIADA
PROFESION: ABOGADA
ANTECEDENTES: FUE CONSTITUYENTE Y DIPUTADA NACIONAL POR LA UCR Y EL ARI
Roberto Lavagna
Obsesivo y solemne hasta el extremo, está casado hace 37 años con una belga que conoció mientras estudiaba en ese país gracias a una beca. Tuvieron tres hijos varones. Es el primer candidato presidencial de origen peronista que recibe el apoyo oficial de la UCR. Raúl Alfonsín fue uno de los gestores de su irrupción en la carrera electoral, tras una larga trayectoria en cargos técnicos. Empezó en el 73 en el equipo económico de José Gelbard, siguió con Alfonsín y Fernando de la Rúa, y estuvo al frente del Palacio de Hacienda en las gestiones de Eduardo Duhalde y Néstor Kirchner. Asumió el puesto en medio de la mayor crisis económica del país, y se considera el padre de la recuperación. Desde entonces le gusta que lo llamen "piloto de tormentas". Asegura que su acierto fue apostar al consumo interno y a un dólar alto para favorecer las exportaciones. Peleó duro con el Fondo Monetario y motorizó el mayor canje de la deuda pública. En el 2005 se negó a acompañar a Cristina en su campaña bonaerense contra el duhaldismo y un mes después del comicio el Presidente lo sacó del Gabinete. Se negó a aceptar el ofrecimiento de una candidatura a jefe de Gobierno porteño por el kirchnerismo y armó un frente opositor con ex duhaldistas, la UCR, el MID y otros 25 partidos menores.
MARCELO HELFGOT
EDAD: 65 AÑOS.
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: LIC. EN ECONOMIA
ANTECEDENTES: EX MINISTRO DE ECONOMIA DE DUHALDE Y KIRCHNER.
Vilma Ripoll
Hace siete años, Vilma Ripoll sorprendió cuando fue electa legislador porteña. En 2003, resultó reelecta para el mismo cargo. Por entonces, sus antecedentes indicaban que había actuado como enfermera del área de terapia intensiva del Hospital Italiano, donde fue delegada sindical y opositora del gremio de la Sanidad. En 2005, se cambió de distrito: fracasó en su intento de ser diputada nacional por la provincia de Buenos Aires. Nacida en Firmat, Santa Fe, estudió en Rosario y estuvo exiliada durante la dictadura. Ripoll integra la conducción del Movimiento Socialista de los Trabajadores. Su compañero de fórmula es el actor y legislador, Héctor Bidonde.
EDAD: 53 AÑOS
ESTADO CIVIL: DIVORCIADA
PROFESION: ENFERMERA
ANTECEDENTES: FUE LEGISLADORA EN LA CIUDAD DE BUENOS AIRES
Néstor Pitrola
En el 2000, Néstor Pitrola fue uno de los creadores del Polo Obrero, el brazo piquetero del Partido Obrero que irrumpió con consignas socialistas en las agitadas calles de la Argentina. Hoy, con una coyuntura política distinta, es el candidato a presidente del PO y, a la vez, aspirante a diputado por la provincia de Buenos Aires, un cargo por el que peleó en 2005. Aquella vez no lo logró, pero obtuvo 100 mil votos. Levanta las mismas banderas que en los tiempos del "que se vayan todos": una alternativa obrera y socialista. Su programa de Gobierno prevé un salario igual a la canasta familiar, que estima en $ 2800, y un 82% móvil para los jubilados.
EDAD: 55 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: GRAFICO
ANTECEDENTES: MILITA EN LA IZQUIERDA MAS COMBATIVA DESDE LOS TIEMPOS DEL CORDOBAZO.
Raúl Castells
Raúl Castells está lejos de los días en que su movimiento era de los más nutridos en las marchas piqueteras; lejos de aquella protesta en el Congreso que terminó con Aldo Rico rodando por unas escaleras; lejos de las tomas de casinos, municipalidades y locales de Mc Donald's.
Su mayor exposición este año fue en los programas de Marcelo Tinelli junto a su esposa, Nina Pelozo, concursante de Bailando por un Sueño. Castells nació en Santa Fe, se jubiló joven por una discapacidad leve y se instaló en el Gran Buenos Aires, donde conoció a su actual mujer y donde fundó el Movimiento Independiente de Jubilados y Desocupados. Hoy es un ferviente antikirchnerista.
EDAD: 57 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: DESOCUPADO
ANTECEDENTES: ES FUNDADOR DE UN MOVIMIENTO PIQUETERO
Alberto Rodríguez Saá
La política y la plástica son las dos grandes pasiones de Alberto Rodríguez Saá, candidato por el PJ disidente. Junto a su hermano Adolfo, ha conducido San Luis desde 1983. Para sus críticos, un "feudo": Adolfo gobernó por cinco mandatos y en 2003 le pasó la posta a Alberto. Saá renunció al Senado en 1994 tras calificar de "mamarracho" la reforma constitucional de Menem y Alfonsín. Volvió en 2000, y estuvo junto a su hermano en la semana en que fue presidente tras la renuncia de De la Rúa.
Lector inquieto, buen jugador de ajedrez y de bridge, Alberto dedica mucho tiempo a la plástica en su casa de campo de El durazno, a 25 kilómetros de la capital puntana. Ha expuesto en una docena de países y se dice que Amalia Fortabat tiene alguna obra suya. Se alió a Menem, al que siempre combatió; se considera "jefe de la oposición" y basó su campaña tratando de enarbolar las banderas justicialistas.
GUIDO BRASLAVSKY
EDAD: 58 AÑOS
ESTADO CIVIL: SEPARADO
PROFESION: ABOGADO
ANTECEDENTES: SENADOR NACIONAL Y GOBERNADOR DE SAN LUIS DESDE 2003.
Ricardo López Murphy
Sus padres le pusieron Ricardo en homenaje a Balbín e Hipólito por Yrigoyen. En el bautismo, Arturo Frondizi lo hamacó entre sus brazos para que no llorara mientras el cura le tiraba agua bendita. Con semejante prólogo, Ricardo Hipólito López Murphy —economista, republicano, liberal— no podía conocer otro destino que la política. En 2001, Fernando De la Rúa lo nombró ministro de Economía y Murphy anunció un gran recorte de gastos, entre ellos a las universidades públicas. Presionado, tuvo que renunciar. Pero en 2003 fue por la presidencia y quedó tercero con más de tres millones de votos. Desde entonces, sus ojos vieron cómo Néstor Kirchner no paraba de acumular poder. Su caso era la contracara. En 2005 quiso ser diputado por la provincia de Buenos Aires y salió quinto. Mauricio Macri, su socio, lo empezó a mirar de reojo. Durante esta campaña buscó que se bajara.
SANTIAGO FIORITI
EDAD: 56 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: LIC. EN ECONOMIA
ANTECEDENTES: MINISTRO DE DEFENSA Y DE ECONOMIA DE LA ALIANZA.
Pino Solanas
Habla de Patria, de San Martín, Mosconi, Baldrich y Perón. Defiende los recursos naturales de la Nación, y, en especial, el petróleo, blanco para él del mayor de los saqueos. Habla de las dignidades del pueblo desde cuando enfrentó a los ingleses en 1806 y 1807. Y utiliza como uno de los ejemplos la construcción de los científicos argentinos de la INVAP del reactor nuclear para Australia que se impuso a los prototipos presentados por empresas de EE.UU., Francia y Alemania. Se destacó como diputado y como constituyente. La cláusula de defensa de la identidad cultural es de su autoría. Con su cámara de cine, desde los 70 vino retratando la historia del país. Hace seis años, a riesgo de todo, estuvo con ella en medio de las sangrientas represiones de diciembre. Fue el comienzo de una serie de películas que hasta ahora cierra "Argentina latente". Ese país lleno de vida que, dice, quiere hacer realidad.
ARMANDO VIDAL
EDAD: 71 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: CINEASTA
ANTECEDENTES: FUE DIPUTADO NACIONAL Y CONVENCIONAL CONSTITUYENTE.
Luis Ammann
Luis Alberto Ammann fue uno de los fundadores del PH, con el que se buscó impulsar en la política las ideas del humanismo, en el que militó desde fines de los 60. Ammann nació en la ciudad cordobesa de Villa Dolores. Se licenció en Letras en Córdoba —pagó sus estudios trabajando de obrero metalúrgico— y ejerció el periodismo y la docencia. Vivió en España entre 1978 y 1982 y formó grupos humanistas en 11 países. En 1989 fue candidato a presidente por primera vez.
EDAD: 64 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: LICENCIADO EN LETRAS, PERIODISTA Y DOCENTE
ANTECEDENTES. FUNDO EL MOVIMIENTO HUMANISTA Y EL PH
Gustavo Breide Obeid
Gustavo Breide Obeid es por segunda vez candidato a presidente por el PPR, una fuerza de derecha, católica y nacionalista que fundó en 2002. Breide era capitán del Ejército y participó del alzamiento carapintada de la Semana Santa de 1987; en 1990, se sumó a la última y sangrienta asonada que encabezó Seineldín, por la que fue juzgado y pasó 7 años y medio preso. Es licenciado en Ciencias Políticas por la Universidad Kennedy y realizó el doctorado en Filosofía en la Universidad de Barcelona.
EDAD: 54 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: EX MILITAR, POLITOLOGO. PARTICIPO DE LOS ALZAMIENTOS CARAPINTAS EN LOS 80 Y 90. FUNDO EL PPR
José Montes
Nacido en Tucumán, Montes ya fue candidato a presidente en 1999. Sacó el 0,23% de los votos. Como aquella vez, más que competir por el sillón de Rivadavia, su intención es "difundir las ideas marxistas revolucionarias". Desde 1988, milita en el Partido de los Trabajadores Socialistas. Antes lo hizo en el Partido Socialista de los Trabajadores y en el MAS, del que fue cofundador. Para estas elecciones, su partido el PTS, logró aliarse con el MAS y el Partido de la Izquierda Socialista.
EDAD: 57 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO PROFESION: TRABAJADOR DEL ASTILLERO RIO SANTIAGO
ANTECEDENTES: FUNDO EL MAS, CON ZAMORA
Juan Ricardo Mussa
Desde 1972 participó en unas quince elecciones. Nunca pudo conseguir los votos suficientes para llegar al cargo al que aspiraba, ni siquiera para discutir en la pelea. Ahora va de nuevo por la Presidencia, tal como lo hizo en 2003, cuando salió último entre quince candidatos. Algo similar le ocurrió en la presidencial de 1999. Mussa no se amilana. Luego de varios contratiempos judiciales (le bocharon una de sus fórmulas y le aprobaron la otra sobre el filo) él va de nuevo por la Presidencia.
EDAD: 49 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: EMPRESARIO
ANTECEDENTES: FUE CANDIDATO EN 1999 Y EN 2003, EN LA QUE SALIO ULTIMO
by el clarin
Se reparten entre peronistas, ex peronistas, radicales y ex radicales. También, dirigentes de izquierda y derecha. Cristina Kirchner
Conoció al Presidente en la facultad de Derecho de La Plata, antes del golpe del 76, cuando Néstor Kirchner tenía una figura desgarbada y usaba gruesos anteojos. Están juntos desde entonces y no sólo forman un matrimonio. Son, además, una sociedad política. Si gana la elección, Cristina Kirchner protagonizará un hecho inédito: le pondrá la banda presidencial su propio esposo. Platense, dos hijos (Máximo y Florencia), la actual senadora se hizo fama de cuadro político con mayúsculas dentro del PJ. Es una obsesiva de su propia imagen, lo que habla, claro, de su coquetería. Ama Santa Cruz, su provincia adoptiva, su verdadera casa, pero es legisladora por Buenos Aires, un paso obligado para darle fortaleza al proyecto de poder del kirchnerismo. Su CV dice que fue diputada provincial, nacional y convencional constituyente. Su gran salto mediático -mucho antes que el de su marido- fue en recordadas peleas con el gobierno de Carlos Menem por la defensa de los Hielos Continentales. Fue la "verduga" en las urnas del duhaldismo cuando en 2005 le ganó la elección a Chiche Duhalde y empezó así a construir, con el paraguas de la Casa Rosada, la candidatura presidencial. Con Kirchner en el poder mantuvo bajo perfil pero participó del núcleo chico que ha tomado las grandes decisiones de Gobierno.
MARIANO PEREZ DE EULATE
EDAD: 54 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADA
PROFESION. ABOGADA
ANTECEDENTES: FUE DIPUTADA PROVINCIAL Y NACIONAL. ES SENADORA POR BUENOS AIRES.
Elisa Carrió
"A los 15 años me recibí, a los 16 me casé, a los 17 ya tenía un hijo y un año después ya estaba separada; la vida me llevó puesta", dice medio en broma y un tanto en serio Elisa Carrió, madre de tres hijos. Dice que llegó a la política tarde, en 1994, de la mano de la UCR, cuando fue electa convencional constituyente. Carrió ya era abogada y docente universitaria. La política, de todos modos, no le era ajena: siempre recuerda cómo le gustaba seguir a su padre, Rolando "Coco" Carrió, caudillo radical, en los mitines políticos por el Chaco. A mediados de los 90, siendo ya diputada nacional, empezó a chocar y a votar distinto que sus correligionarios. Su desilusión alcanzó a Raúl Alfonsín. Carrió cobraba vuelo propio. Por entonces, tenía una buena relación con Cristina Kirchner, la diputada esposa del gobernador de Santa Cruz. Convencida de que la UCR estaba agotada, fundó el ARI. Como candidata a presidente de ese partido, en 2003, sacó más de 2.700.000 votos. Salió quinta. Meses atrás, sorprendió una vez más a propios y extraños. Renunció a su banca de diputada y a su afiliación al ARI. "Hay que hacer algo más grande", dijo. Fundó, entonces, la Coalición Cívica. Cuatro años después de su primer intento, Carrió cree haber madurado lo suficiente como para ser presidente del país.
HORACIO AIZPEOLEA
EDAD:50 AÑOS
ESTADO CIVIL: DIVORCIADA
PROFESION: ABOGADA
ANTECEDENTES: FUE CONSTITUYENTE Y DIPUTADA NACIONAL POR LA UCR Y EL ARI
Roberto Lavagna
Obsesivo y solemne hasta el extremo, está casado hace 37 años con una belga que conoció mientras estudiaba en ese país gracias a una beca. Tuvieron tres hijos varones. Es el primer candidato presidencial de origen peronista que recibe el apoyo oficial de la UCR. Raúl Alfonsín fue uno de los gestores de su irrupción en la carrera electoral, tras una larga trayectoria en cargos técnicos. Empezó en el 73 en el equipo económico de José Gelbard, siguió con Alfonsín y Fernando de la Rúa, y estuvo al frente del Palacio de Hacienda en las gestiones de Eduardo Duhalde y Néstor Kirchner. Asumió el puesto en medio de la mayor crisis económica del país, y se considera el padre de la recuperación. Desde entonces le gusta que lo llamen "piloto de tormentas". Asegura que su acierto fue apostar al consumo interno y a un dólar alto para favorecer las exportaciones. Peleó duro con el Fondo Monetario y motorizó el mayor canje de la deuda pública. En el 2005 se negó a acompañar a Cristina en su campaña bonaerense contra el duhaldismo y un mes después del comicio el Presidente lo sacó del Gabinete. Se negó a aceptar el ofrecimiento de una candidatura a jefe de Gobierno porteño por el kirchnerismo y armó un frente opositor con ex duhaldistas, la UCR, el MID y otros 25 partidos menores.
MARCELO HELFGOT
EDAD: 65 AÑOS.
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: LIC. EN ECONOMIA
ANTECEDENTES: EX MINISTRO DE ECONOMIA DE DUHALDE Y KIRCHNER.
Vilma Ripoll
Hace siete años, Vilma Ripoll sorprendió cuando fue electa legislador porteña. En 2003, resultó reelecta para el mismo cargo. Por entonces, sus antecedentes indicaban que había actuado como enfermera del área de terapia intensiva del Hospital Italiano, donde fue delegada sindical y opositora del gremio de la Sanidad. En 2005, se cambió de distrito: fracasó en su intento de ser diputada nacional por la provincia de Buenos Aires. Nacida en Firmat, Santa Fe, estudió en Rosario y estuvo exiliada durante la dictadura. Ripoll integra la conducción del Movimiento Socialista de los Trabajadores. Su compañero de fórmula es el actor y legislador, Héctor Bidonde.
EDAD: 53 AÑOS
ESTADO CIVIL: DIVORCIADA
PROFESION: ENFERMERA
ANTECEDENTES: FUE LEGISLADORA EN LA CIUDAD DE BUENOS AIRES
Néstor Pitrola
En el 2000, Néstor Pitrola fue uno de los creadores del Polo Obrero, el brazo piquetero del Partido Obrero que irrumpió con consignas socialistas en las agitadas calles de la Argentina. Hoy, con una coyuntura política distinta, es el candidato a presidente del PO y, a la vez, aspirante a diputado por la provincia de Buenos Aires, un cargo por el que peleó en 2005. Aquella vez no lo logró, pero obtuvo 100 mil votos. Levanta las mismas banderas que en los tiempos del "que se vayan todos": una alternativa obrera y socialista. Su programa de Gobierno prevé un salario igual a la canasta familiar, que estima en $ 2800, y un 82% móvil para los jubilados.
EDAD: 55 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: GRAFICO
ANTECEDENTES: MILITA EN LA IZQUIERDA MAS COMBATIVA DESDE LOS TIEMPOS DEL CORDOBAZO.
Raúl Castells
Raúl Castells está lejos de los días en que su movimiento era de los más nutridos en las marchas piqueteras; lejos de aquella protesta en el Congreso que terminó con Aldo Rico rodando por unas escaleras; lejos de las tomas de casinos, municipalidades y locales de Mc Donald's.
Su mayor exposición este año fue en los programas de Marcelo Tinelli junto a su esposa, Nina Pelozo, concursante de Bailando por un Sueño. Castells nació en Santa Fe, se jubiló joven por una discapacidad leve y se instaló en el Gran Buenos Aires, donde conoció a su actual mujer y donde fundó el Movimiento Independiente de Jubilados y Desocupados. Hoy es un ferviente antikirchnerista.
EDAD: 57 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: DESOCUPADO
ANTECEDENTES: ES FUNDADOR DE UN MOVIMIENTO PIQUETERO
Alberto Rodríguez Saá
La política y la plástica son las dos grandes pasiones de Alberto Rodríguez Saá, candidato por el PJ disidente. Junto a su hermano Adolfo, ha conducido San Luis desde 1983. Para sus críticos, un "feudo": Adolfo gobernó por cinco mandatos y en 2003 le pasó la posta a Alberto. Saá renunció al Senado en 1994 tras calificar de "mamarracho" la reforma constitucional de Menem y Alfonsín. Volvió en 2000, y estuvo junto a su hermano en la semana en que fue presidente tras la renuncia de De la Rúa.
Lector inquieto, buen jugador de ajedrez y de bridge, Alberto dedica mucho tiempo a la plástica en su casa de campo de El durazno, a 25 kilómetros de la capital puntana. Ha expuesto en una docena de países y se dice que Amalia Fortabat tiene alguna obra suya. Se alió a Menem, al que siempre combatió; se considera "jefe de la oposición" y basó su campaña tratando de enarbolar las banderas justicialistas.
GUIDO BRASLAVSKY
EDAD: 58 AÑOS
ESTADO CIVIL: SEPARADO
PROFESION: ABOGADO
ANTECEDENTES: SENADOR NACIONAL Y GOBERNADOR DE SAN LUIS DESDE 2003.
Ricardo López Murphy
Sus padres le pusieron Ricardo en homenaje a Balbín e Hipólito por Yrigoyen. En el bautismo, Arturo Frondizi lo hamacó entre sus brazos para que no llorara mientras el cura le tiraba agua bendita. Con semejante prólogo, Ricardo Hipólito López Murphy —economista, republicano, liberal— no podía conocer otro destino que la política. En 2001, Fernando De la Rúa lo nombró ministro de Economía y Murphy anunció un gran recorte de gastos, entre ellos a las universidades públicas. Presionado, tuvo que renunciar. Pero en 2003 fue por la presidencia y quedó tercero con más de tres millones de votos. Desde entonces, sus ojos vieron cómo Néstor Kirchner no paraba de acumular poder. Su caso era la contracara. En 2005 quiso ser diputado por la provincia de Buenos Aires y salió quinto. Mauricio Macri, su socio, lo empezó a mirar de reojo. Durante esta campaña buscó que se bajara.
SANTIAGO FIORITI
EDAD: 56 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: LIC. EN ECONOMIA
ANTECEDENTES: MINISTRO DE DEFENSA Y DE ECONOMIA DE LA ALIANZA.
Pino Solanas
Habla de Patria, de San Martín, Mosconi, Baldrich y Perón. Defiende los recursos naturales de la Nación, y, en especial, el petróleo, blanco para él del mayor de los saqueos. Habla de las dignidades del pueblo desde cuando enfrentó a los ingleses en 1806 y 1807. Y utiliza como uno de los ejemplos la construcción de los científicos argentinos de la INVAP del reactor nuclear para Australia que se impuso a los prototipos presentados por empresas de EE.UU., Francia y Alemania. Se destacó como diputado y como constituyente. La cláusula de defensa de la identidad cultural es de su autoría. Con su cámara de cine, desde los 70 vino retratando la historia del país. Hace seis años, a riesgo de todo, estuvo con ella en medio de las sangrientas represiones de diciembre. Fue el comienzo de una serie de películas que hasta ahora cierra "Argentina latente". Ese país lleno de vida que, dice, quiere hacer realidad.
ARMANDO VIDAL
EDAD: 71 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: CINEASTA
ANTECEDENTES: FUE DIPUTADO NACIONAL Y CONVENCIONAL CONSTITUYENTE.
Luis Ammann
Luis Alberto Ammann fue uno de los fundadores del PH, con el que se buscó impulsar en la política las ideas del humanismo, en el que militó desde fines de los 60. Ammann nació en la ciudad cordobesa de Villa Dolores. Se licenció en Letras en Córdoba —pagó sus estudios trabajando de obrero metalúrgico— y ejerció el periodismo y la docencia. Vivió en España entre 1978 y 1982 y formó grupos humanistas en 11 países. En 1989 fue candidato a presidente por primera vez.
EDAD: 64 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: LICENCIADO EN LETRAS, PERIODISTA Y DOCENTE
ANTECEDENTES. FUNDO EL MOVIMIENTO HUMANISTA Y EL PH
Gustavo Breide Obeid
Gustavo Breide Obeid es por segunda vez candidato a presidente por el PPR, una fuerza de derecha, católica y nacionalista que fundó en 2002. Breide era capitán del Ejército y participó del alzamiento carapintada de la Semana Santa de 1987; en 1990, se sumó a la última y sangrienta asonada que encabezó Seineldín, por la que fue juzgado y pasó 7 años y medio preso. Es licenciado en Ciencias Políticas por la Universidad Kennedy y realizó el doctorado en Filosofía en la Universidad de Barcelona.
EDAD: 54 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: EX MILITAR, POLITOLOGO. PARTICIPO DE LOS ALZAMIENTOS CARAPINTAS EN LOS 80 Y 90. FUNDO EL PPR
José Montes
Nacido en Tucumán, Montes ya fue candidato a presidente en 1999. Sacó el 0,23% de los votos. Como aquella vez, más que competir por el sillón de Rivadavia, su intención es "difundir las ideas marxistas revolucionarias". Desde 1988, milita en el Partido de los Trabajadores Socialistas. Antes lo hizo en el Partido Socialista de los Trabajadores y en el MAS, del que fue cofundador. Para estas elecciones, su partido el PTS, logró aliarse con el MAS y el Partido de la Izquierda Socialista.
EDAD: 57 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO PROFESION: TRABAJADOR DEL ASTILLERO RIO SANTIAGO
ANTECEDENTES: FUNDO EL MAS, CON ZAMORA
Juan Ricardo Mussa
Desde 1972 participó en unas quince elecciones. Nunca pudo conseguir los votos suficientes para llegar al cargo al que aspiraba, ni siquiera para discutir en la pelea. Ahora va de nuevo por la Presidencia, tal como lo hizo en 2003, cuando salió último entre quince candidatos. Algo similar le ocurrió en la presidencial de 1999. Mussa no se amilana. Luego de varios contratiempos judiciales (le bocharon una de sus fórmulas y le aprobaron la otra sobre el filo) él va de nuevo por la Presidencia.
EDAD: 49 AÑOS
ESTADO CIVIL: CASADO
PROFESION: EMPRESARIO
ANTECEDENTES: FUE CANDIDATO EN 1999 Y EN 2003, EN LA QUE SALIO ULTIMO
by el clarin
sábado, 20 de outubro de 2007
Oliviero Toscani, fotógrafo, publicitário e grande provocador: "Somos todos anoréxicos
20/10/2007
Oliviero Toscani, fotógrafo, publicitário e grande provocador: "Somos todos anoréxicos"
Laura Lucchini
Em Milão
A fotografia de uma mulher esquelética e completamente nua deu a volta ao mundo depois de aparecer em enormes outdoors distribuídos por cidades como Paris e Milão. Essa imagem dramática era acompanhada de uma mensagem: "Não à anorexia No-l-ita". Tratava-se de uma campanha publicitária da marca italiana No-l-ita, para a qual o criador dessa imagem, Oliviero Toscani, trabalha hoje, depois de sua ruptura com a Benetton. Com seu tom cínico e amável ao mesmo tempo, ele recebeu este jornal na sede da equipe de futebol Inter de Milão, de cuja imagem também cuida.
Oliviero Toscani fez aquilo de novo. Ele é o autor da imagem que provocou a última grande polêmica no mundo da publicidade, ao enfocar o drama de uma garota, Isabel Caro, que sofre de distúrbios alimentares e pesa 31 quilos. Toscani, hoje com 65 anos, trabalhou para a marca de roupas Benetton entre 1982 e 2000, e a imagem da empresa foi identificada com suas fotografias mais polêmicas: a de um doente de Aids que parecia um Cristo de Mantegna rodeado por seus familiares, ou os retratos dos condenados à morte no Texas. Estes provocaram a ruptura de seu casamento com a Benetton, que durou 18 anos. Hoje, como na época, meio mundo foi contra ele por explorar o sofrimento alheio. E ele, como na época, muito seguro de si, parou para observar o efeito em cadeia produzido por sua provocação. "Somos todos anoréxicos. A isso se deve o sucesso", afirma.
Campanha que mostra modelo anoréxica, fotografada por Toscani, é visto em rua de Roma
El País - Como nasceu a idéia de uma campanha de publicidade sobre a anorexia?
Oliviero Toscani - Não nasceu. Eu não tenho nenhuma idéia. Sou um homem sem idéias. E não sou publicitário. Faço o que penso. Fotografo o que vejo e quero ser testemunha do meu tempo. Sendo fotógrafo, faço as imagens que considero necessário fazer como jornalista.
EP - Faz parte de um projeto mais amplo sobre a anorexia?
Toscani - Faz parte do projeto do meu trabalho, o que sempre fiz. A anorexia é um problema sobre o qual trabalhei durante anos. Também fiz um filme que foi apresentado no festival de cinema de Locarno (Suíça), que se chama "Bianca ha 16 anni" (Bianca tem 16 anos). Tive a oportunidade de encontrar um promotor que financiou a idéia. Esse promotor é a No-l-ita, uma empresa de roupas [para a qual fez a última de suas campanhas polêmicas], e isso é ainda mais interessante.
EP - Uma das críticas que fazem ao senhor é a de usar o corpo de uma pessoa doente para vender um produto.
Toscani - Não me interessam as críticas. Quer dizer, me interessam só até certo ponto. Há críticas em todas as direções. Se esta for uma, está bem, a escuto.
EP - O senhor trabalhou muito tempo como fotógrafo de publicidade. Nunca fez uma imagem só para vender um produto?
Toscani - Todas as imagens servem para vender algo. Em um jornal também se escrevem matérias para vender o jornal. Tudo pertence ao poder da economia. Temos de perceber isso. Há dois tipos de arte. Uma que é só mercado. Falo da arte oficial, essa que consideramos verdadeira. Falo de escultura e pintura, que só servem para enfeitar as casas dos ricos. Existe outra arte, a da comunicação, que é contaminada: é a que eu faço. A arte sempre foi contaminada. Além disso, a arte sempre existiu a serviço de um poder. Primeiro foi o poder religioso, depois o político, agora o econômico. O poder precisa da arte e a arte precisa do poder.
EP - Capturar experiências tão dramáticas e reduzi-las a imagens estilizadas que se repetem milhares de vezes... não corre o risco de neutralizá-las, de torná-las menos incômodas para os outros?
Toscani - Penso que trazem muitos riscos. Criatividade e risco andam juntos. Mas de que riscos você fala?
EP - Do risco de neutralizar o drama que representam ou de transformá-las em imagens entre muitas outras...
Toscani - Não creio que sejam neutras, já que você veio aqui me perguntar sobre elas, como outros jornalistas. E creio que tocaram a consciência individual de todos. Porque no fundo uma campanha contra a anorexia é uma campanha dirigida a todos. Cada indivíduo é anoréxico em alguma parte. Todos sofremos de anorexia de alguma forma. Por isso precisamos cada vez mais de vestidos, de camisas, saltos altos, batons. Precisamos de um carro grande, de uma casa em um lugar e em outro. Tudo isso é anorexia. Temos anorexia nas relações com nossos corpos, mas também em relação aos outros. Temos anorexia em relação ao nosso trabalho e nossa condição humana. Cada pessoa é anoréxica à sua maneira. Por isso a campanha fez tanto sucesso.
EP - Que conseqüências têm essas provocações?
Toscani - Creio que quando se utiliza a palavra "provocação" logo se pensa em algo negativo.
EP - Não...
Toscani - Bem, então a provocação é útil. Provocar significa ter a generosidade de suscitar um interesse. Provocar a possibilidade de perceber que existe um ponto de vista diferente. Outro modo de viver. Outra escala de valores. Provocar a dúvida de que talvez nosso ponto de vista não seja o único. A provocação, nesse sentido, é a finalidade principal da arte. Não foi o que fez Goya durante toda a sua vida? E Picasso? Eles não fizeram outra coisa além de provocar.
EP - O senhor pensa em fazer outras campanhas sobre temas delicados?
Toscani - Vamos ver. Creio que a condição da mulher ainda está no nível da escravidão.
EP - O senhor busca a beleza também na representação de imagens dolorosas?
Toscani - Creio que há beleza na tragédia. A pintura espanhola demonstrou isso. Há muitas coisas muito belas mas que são feias, e outras muito feias mas belíssimas.
EP - O que é a beleza?
Toscani - A beleza não tem nada a ver com a moral. Não coincide com a estética. Não é só estética. A beleza é um conjunto de coisas, como a música... é intangível. A beleza é conseqüência de uma reflexão individual.
EP - Em um livro que o senhor publicou, cita com freqüência Pier Paolo Pasolini. Pasolini era comunista e católico e defendia fortemente as duas opções. Que valores o senhor tem?
Toscani - Não sou nem comunista nem católico, sou laico. Mas não um laico triste como são normalmente os laicos italianos e talvez também os espanhóis. Cito Pasolini porque me interessa sua lucidez. Mas era um beato. Não era comunista, era católico antes de tudo. Os verdadeiros comunistas são desses católicos que cheiram a incenso e a igreja. Meus valores... Não estou aqui para dar valores. Não sou capaz.
EP - Em seu livro, o senhor ataca a "monocultura" e o consumismo. Mas viveu muitos anos da publicidade. Não vê aí uma contradição?
Toscani - Quando uma pessoa se encontra em um engarrafamento, xinga o engarrafamento e diz: "Merda, este engarrafamento me faz perder tempo". Um engarrafamento é normal. É uma condição na qual nos cabe estar às vezes. Se ando pela rua e respiro o ar poluído, não tenho por que ficar contente de respirar ar poluído. Por que você se queixa do ar poluído e anda pela rua? Porque temos de andar pela rua, não se pode andar em outro lugar.
EP - De que maneira o senhor atua contra a "monocultura" e o consumismo?
Toscani - Primeiro, porque nunca entrei em um banco na minha vida. Nunca. Sempre houve alguém que o fez por mim. Logo, sou uma pessoa particularmente privilegiada e afortunada, porque entendo certas coisas e percebo que sou privilegiado. Tenho uma autodisciplina.
EP - Sente falta de seu trabalho na Benetton?
Toscani - Não, absolutamente. Só me resta uma desilusão: que não tenham entendido que era preciso continuar com a campanha contra a pena de morte. Eu continuei trabalhando contra a pena de morte, mas eles tiveram medo. Mas agora, com tudo o que está acontecendo, poderiam ser muito importantes. Não tiveram essa inteligência.
EP - Quer criar algo parecido com a No-l-ita?
Toscani - Não, eu sou livre. Não preciso de uma marca.
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2007/10/20/ult581u2295.jhtm
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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Gullar lembra Oiticica e Clark e ataca arte contemporânea
Foto Rascunho
Ferreira Gullar lembra Oiticica e Clark e ataca arte contemporânea
Em entrevista à Folha, poeta e crítico maranhense de 77 anos relaciona a arte dos dias de hoje a uma "pretensão descabida" e destaca sua influência sobre os nomes centrais do neoconcretismo
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2010200708.htm
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Leia a seguir trechos da entrevista com Ferreira Gullar, na qual reforça a importância de seus livros-poema e relembra a cisão que envolveu concretistas em São Paulo com os neoconcretistas no Rio. (MARIO GIOIA)
FOLHA - O que te motivou a fazer esse livro?
FERREIRA GULLAR - Eu não costumo planejar as coisas, vêm inesperadamente. Depois que eu adoto a idéia, eu sou sistemático, e aí é outra coisa, mas eu nunca planejei fazer esse livro. Surgiu do fato de que, escrevendo eventualmente colaborações daqui e dali, enfim, voltam as questões da arte concreta e neoconcreta. As pessoas me perguntavam coisas, e coisas que eu lia e não correspondiam à realidade. Eu que fui o autor do manifesto, o autor da teoria do não-objeto, modéstia à parte, tive uma participação decisiva na criação desse movimento, mas chegou um momento em que eu me afastei.
Então, ele seguiu em frente, e aí tomaram conta dele [risos]. Grande parte do que fiz não publiquei, como os livros-poema. Idéias que ficaram no manifesto foram sendo postas de lado e se criou uma teoria e uma interpretação do movimento que eu acho que não corresponde exatamente à verdade. Então, eu digo: é necessário botar as coisas nos seus devidos lugares, até para as pessoas compreenderem que é um movimento importante da arte brasileira. Há a contribuição da Lygia [Clark], do Hélio [Oiticica], do Amilcar [de Castro], do Weissmann, enfim, do grupo todo, e é muito importante.
FOLHA - Você mostra a cisão entre os grupos paulista e carioca na poesia e nas artes entre os concretos e os neoconcretos?
GULLAR - São coisas diferentes. A arte concreta e a poesia concreta são, de fato, preponderantemente paulistas. Houve contribuição do grupo do Rio no começo e, sobretudo, quando se refere à poesia, a gente começou mais ou menos junto e tal, mas depois houve a ruptura em condição de discordâncias teóricas, que eram, na verdade, expressão de uma tendência que preponderava mesmo no grupo de São Paulo. Já preponderava entre os pintores com o Waldemar Cordeiro.
A gente aqui no Rio achava ele racional demais, muito excludente das outras complexidades. Depois, com os poetas, quer dizer, com a tese de uma poesia que era feita segundo um plano piloto, coisas com as quais nós não concordávamos.
Era muito mais teoria do que prática. A poesia será feita segundo fórmulas matemáticas... Aí não é possível fazer. Eu considero charlatanismo dizer uma coisa que não pode ser feita. O movimento neoconcreto não nasceu como uma resposta ao concretismo de São Paulo. Essa cultura nasceu em meados de 57, o movimento neoconcreto só nasce em 59, quase dois anos depois.
FOLHA - Você considera que o primeiro marco da sua obra é "Luta Corporal", em 1954? E, na época, qual era a sua relação com poetas de gerações anteriores, como João Cabral, Drummond, Murilo Mendes, Manuel Bandeira?
GULLAR - Quando eu comecei a fazer poesia em São Luís do Maranhão, tinha 17, 18 anos, nem conhecia esses poetas. Não conhecia ninguém. Eu costumo dizer que São Luís era Macondo, lá ainda se fazia poesia parnasiana. Quando eu tomei conhecimento da poesia moderna, foi uma coisa estranha, surpreendente. Em seguida, eu procurei ler sobre aquilo, entender, aderir a essa visão nova e de maneira mais radical do que os próprios poetas da época. E daí "Luta Corporal" ter se tornado mesmo tão exclusivo, que terminou com a desintegração da linguagem, porque não aceitaria qualquer princípio a priori para fazer poesia. Qualquer norma agora, nada eu aceitaria. Esse fato me levou a desintegrar tudo.
Quando eu descobri esses poetas, quer dizer, Drummond, Murilo Mendes, eles contribuíram para me revelar, evidentemente, uma outra visão do que era a poesia. Uma poesia mais ligada ao mundo cotidiano, às constâncias atuais, à realidade material do mundo. Lia todos os dias esses poetas, Bandeira, Murilo, Drummond, lia, relia. Depois, comecei a descobrir os outros poetas do mundo, Rilke, foi uma revelação quando eu conheci a poesia dele, aí depois Rimbaud, Mallarmé.
FOLHA - Você defende a idéia de que a poesia neoconcreta tem uma nova sintaxe, mas não um novo verso...
GULLAR - Veja bem, o Augusto de Campos e o Haroldo de Campos tinham publicado um artigo em que eles diziam que se tratava de buscar um novo verso para a poesia. Aí eu falei para eles: não se trata de um novo verso, se trata de uma nova sintaxe, porque o verso já era. A sintaxe foi desintegrada, tem de ser buscada uma nova sintaxe. O que o grupo de São Paulo fez? Eles criaram, de fato, uma nova sintaxe, que foi a idéia do poema visual, o poema cuja construção não é a sintática, a sintaxe vocabular, a sintaxe da língua, mas o que eles dizem: as relações de proximidade e semelhança entre as palavras. Então, é uma outra forma de construir o poema. Isso é uma coisa nova, eles que fizeram.
FOLHA - Por que sua poesia partiu para o tridimensional? Seus poemas estão em exposições de artes...
GULLAR - Pois é, comecei a fazer o livro-poema. Como eu posso construir um poema que obrigue o leitor a ler palavra por palavra e que no final resulte em uma estrutura visual? Procurei criar um livro que obrigasse o leitor a ler palavra por palavra. Esse fato foi decisivo no neoconcreto. O que distingue a poesia concreta? A participação do espectador na obra de arte. E nasceu do livro-poema, mas eu não inventei nada.
FOLHA - No livro, você diz que seu poema "Fruta" influenciou a série dos "Bichos", da Lygia Clark?
GULLAR - O "Fruta" já é um objeto, ele não é mais um livro. A maneira como ele abre é como se você estivesse assim abrindo uma flor, você tira uma pétala, abre outra pétala, abre outra e aí no fundo está a palavra "fruta" [Gullar pega um "Bicho" e mostra as semelhanças do movimento da escultura]. A Lygia estava desintegrando a pintura e tirando do plano o elemento tridimensional. Estava fazendo os "Casulos", que inchavam a tela, que criavam uma terceira dimensão. Ela partiu para criar uma coisa no espaço, que não é uma escultura, na verdade, é uma coisa que nasce da pintura.
FOLHA - E você diz que seu "Poema Enterrado" influenciou projetos de Hélio Oiticica.
GULLAR - Sim. Depois que eu fiz "Fruta", que já era um objeto, eu pensei: bom, vou fazer objeto a partir de agora. Não vou fazer mais nem livros nem coisas parecidas com livros. Depois, vamos fazer algo com a participação corporal. Agora, não é só a mão que vai participar, agora é o corpo inteiro. E como será? Eu tenho de entrar no poema. Eu imaginei entrar no poema e aí bolei o "Poema Enterrado", que é uma sala no fundo do chão, em que o cara desce por uma escada, abre a porta e entra no poema e lá tem os cubos. Tem lá um cubo vermelho, você levanta, depois tem um cubo verde, você levanta e depois tem um cubo menor que você pega do chão e lê a palavra: "rejuvenesça".
Então, eu publiquei o projeto desse "Poema Enterrado" no Suplemento Literário do "Jornal do Brasil". Aí o Hélio Oiticica leu e me ligou. Falou: "Cara, achei genial, vamos construir. Meu pai está construindo uma casa nova aqui na Gávea Pequena e eu vou dizer a ele para a gente construir o "Poema Enterrado" no quintal". O pai depois se rendeu e construiu o "Poema Enterrado". Quando nós fomos ver, no dia da inauguração do poema, tinha chovido na véspera, o poema estava inundado [risos].
O "Poema Enterrado", do final de 59, teve influência sobre o trabalho do Hélio. Anos depois, os projetos "Cães de Caça", que o Hélio fez, são labirintos que a pessoa percorre, quer dizer, tem essa participação corporal, é uma coisa que foi antecipada pelo "Poema Enterrado". Não estou querendo dizer que eu sou o genial criador da arte neoconcreta. Nós éramos um grupo e havia uma permuta permanente de idéias.
FOLHA - Você fala no livro que Lygia Clark e Hélio Oiticica enveredaram por um campo sensorial.
GULLAR - Essas experiências-limite foram desenvolvidas pela arte neoconcreta e levadas às últimas conseqüências. Quando a própria Lygia, depois dos "Bichos", começa a fazer experiências com a fita de Moebius no "Caminhando", começa a cortar coisas e a experiência seria ficar cortando infinitamente aquelas formas. Ela própria disse que isso não era mais arte. Depois, ela própria transformou aquilo em terapia, os objetos relacionais. Quando o Hélio faz, por exemplo, os "Parangolés", ele não está mais no terreno da experiência formal, de alguma coisa que eu construo. É uma pessoa qualquer que bota um pano nas costas, tem a ver com uma porta-bandeira de Carnaval.
FOLHA - Você está desencantado com o atual estado da arte e da crítica?
GULLAR - Sim, claro. Porque não tem sentido o cara fazer um tipo de suposta arte que não tem artesanato, não tem técnica, não tem princípio, não tem norma, não tem objetivo nenhum. A gente sabe que não pode ser ensinada para ninguém. O que eles vão deixar para a outra geração? O quê? Como se vê mosca em microscópio? É uma pretensão descabida. Até Bach teve que aprender música para poder compor.
É publicada uma série de bobagens, e a crítica participa disso. Fica aí escrevendo coisas que não tem pé nem cabeça. O que você vai escrever? O cara bota larva de mosca... O que a crítica vai dizer? Essas larvas são boas, são belas larvas? Então, não há crítica para isso. Então, o crítico está sendo expulso e não percebe. Então ele fica escrevendo bobagens, sociologias, especulações filosóficas em torno da larva da mosca. Ah, o que há?
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2010200708.htm
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quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Uma amostra da nova poesia brasileira
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Trópico
Uma amostra da nova poesia brasileira
Rodrigo Petronio
É mestrando em literatura espanhola na USP e autor de "História Natural" (poemas, selo Gargântua) e "Transversal do Tempo" (ensaios, Imprensa Oficial de Pernambuco, no prelo).
É grande a dificuldade de se fazer uma antologia como “Na Virada do Século - Poesia de Invenção no Brasil” em um país tão carente de debate sobre poesia como o nosso. É um tipo de trabalho que acaba sempre gerando polêmicas e muitas vezes chama a atenção menos por seus méritos e mais para seus lapsos ou para inadequações garimpadas por especialistas.
“Na Virada do Século”, organizada por Claudio Daniel e Frederico Barbosa, faz parte de um projeto mais amplo, na verdade. Integra um conjunto de livros que abrange a poesia que vai de Anchieta a Augusto dos Anjos, em um primeiro volume, já publicado, e a que vem do modernismo e chega aos anos 70, em Paulo Leminski e Sebastião Uchoa Leite, em um segundo volume, ainda inédito.
Os poetas selecionados nesse terceiro volume estão unidos pelo fato de terem iniciado sua atividade literária por volta dos anos 80 e 90, à exceção de alguns poucos, que, já publicados antes dessas décadas, só nelas tiveram tiragens maiores e maior atenção da crítica.
Há algum tempo a editora Landy vem se destacando por investir em títulos muitas vezes de circulação restrita, com projetos gráficos diferenciados. Assim, lançou as “Cartas Filosóficas”, de Voltaire, e “Forças Estranhas”, conjunto de contos do excelente Leopoldo Lugones, infelizmente um tanto esquecido pelo cânone literário.
“Na Virada do Século” é composto de 46 poetas de vertentes e procedências diversas, não havendo um predomínio exclusivo de Rio de Janeiro e São Paulo. Quanto aos critérios de escolha, os organizadores optaram por autores que, segundo eles, tivessem uma obra poética inventiva e de qualidade, ambos critérios que contribuem também para fornecer certa unidade à gama de tendências de seus integrantes.
Há, no entanto, uma série de linhas de força a partir das quais podemos agrupá-los. Ricardo Aleixo e Antonio Risério partem do substrato negro e da mitologia africana presente nos orikis para a composição de seus cantos, ao passo que Carlito Azevedo e Claudia Roquette-Pinto, recentemente premiada com o Jabuti por seu livro “Corola” e uma das presenças mais interessantes do livro, seguem o caminho da pesquisa formal e da poesia construtiva.
A vertente construtiva se espraia também em Eduardo Sterzi, Ronald Polito, Tarso de Melo, Kleber Mantovani e Fabiano Calixto, embora com certas variantes de dicção que exploram mudanças de sentido de caráter minimalista. Já em um caminho oposto se encontram os poemas fortes e vociferados de Ademir Assunção, Joca Reiners Terron, Ricardo Corona e Rodrigo Garcia Lopes, que retomam o repertório da beat generation e da contracultura para compor uma poesia de apelo visual acentuado e de desarticulação sintática.
Os dois organizadores também estão presentes na antologia. No prefácio, justificam tal inclusão como uma escolha recíproca um do outro e, a despeito do que essa iniciativa possa gerar de temeroso, dizem que isso é o resultado de uma confiança mútua nos critérios críticos e no valor poético de cada um deles.
A poesia de Claudio Daniel, 40, autor de “A Sombra do Leopardo” (Azougue), transita entre referências a filosofias orientais e à estética neobarroca cubana, explorando a capacidade plástica da linguagem e das imagens, enquanto a de Frederico Barbosa, 41, autor de “Nada Feito Nada” (Perspectiva), traduz a experiência árida da vida metropolitana em uma linguagem poética que se torna cada vez mais sugestiva. E talvez seja a sugestão, a metáfora em alto grau de condensação, o fio condutor de todas essas poéticas da atualidade, já que esse é o traço marcante da maior parte da poesia que tem sido produzida.
Os poemas de Donizete Galvão, outro ponto alto da antologia, partindo de uma temática ligada à terra, aos objetos cotidianos, à memória e aos resíduos do tempo, arranja esse mundo mudo, que Francis Ponge classificou como a única pátria do homem, a partir de um tratamento muito acurado da linguagem e um olhar certeiro. Já Glauco Mattoso exibe seu riso ácido e indefectível em uma seleção de poemas que contém muitos traços de sua produção literária até hoje.
Um dos nomes a ser destacado é o de Antônio Moura, que domina bem o ritmo, recortando o verso de maneira muito peculiar. Há também o de Contador Borges, discípulo de René Char e dono de uma imagética muito pessoal, e Maurício Arruda Mendonça, poeta que consegue guiar o olhar do leitor na sua vertigem de imagens.
O livro conta com um espaço especial para os poetas inéditos, ou seja, aqueles que não têm livros impressos mas que já publicaram poemas em revistas literárias, coletâneas ou na Internet. Dentre eles se destacam sobretudo André Dick e Micheliny Verunschk.
Em tempo, algumas justiças sejam feitas. A inclusão dos poetas Cacá Moreira de Souza e José de Paula Ramos Jr. e a omissão de nomes como Augusto Massi, Heitor Ferraz e Fábio Weintraub, entre outros, nos induz a pensar que a balança guiada pelo binômio invenção-qualidade pesou sem muita justificativa em favor do primeiro critério. Porque a qualidade não precisa necessariamente estar associada a esse conceito de pesquisa formal que os organizadores relevaram na escolha dos nomes, e não raras vezes é possível encontrar uma aparente radicalidade formal cujo único objetivo é camuflar propostas vazias de interesse e ornamentar concepções poéticas que são, em sua essência, fracas e rebarbativas. Aqui parece que as divergências estéticas prevaleceram sobre o bom senso, o que é de se lamentar.
A antologia poética de Claudio Daniel e Frederico Barbosa pode ser vista apesar disso como um bom recorte. Isso não nos impede, como é de praxe ocorrer, de enfileirarmos uma série de novos nomes e fazermos nossa reivindicação, pois se o mérito da iniciativa se esgotasse em si mesmo, não haveria ressonâncias e debate, ou seja, boa parte de seu valor se perderia.
Por que não Paulo Ferraz, Fabrício Corsaletti e Chantal Castelli, que estão despontando agora, já têm livros publicados e um trabalho bastante sólido? Por que não Dirceu Villa e Cídio Martins, as vozes mais fortes da poesia nascente? Fica a crítica em forma de sugestão, para uma edição futura dessa obra ou para outras possíveis antologias que apareçam por aí.
Na Virada do Século – Poesia de Invenção no Brasil é o terceiro volume de um projeto editorial maior. Falem um pouco desse projeto.
Claudio Daniel: Existe um livro sedutor, chamado Cinco Séculos de Poesia, que apresenta uma mostra da poesia clássica brasileira, desde Anchieta até Augusto dos Anjos. Este livro foi organizado pelo poeta Frederico Barbosa, que, além de sua obra pessoal como criador, tem se dedicado também à crítica literária e ao trabalho de editor de textos como os Sermões de Vieira e a poesia de Camões, publicados pela editora Landy. Pois bem, no prefácio a Cinco Séculos, o autor fez uma promessa: continuar a antologia, publicando mais dois volumes, um dedicado à poesia brasileira do período entre o modernismo e os anos 70, e um outro enfocando a produção contemporânea, do final do século 20.
Pois bem, como eu estava organizando, também, uma seleção de poetas recentes, foi até natural o nosso encontro, que permitiu juntarmos esforços para realizar o segundo livro da trilogia, que é Na Virada do Século. Trabalhar com Fred, que hoje além de parceiro intelectual é meu amigo, foi algo muito prazeroso, e certamente aprendemos muito um com o outro. Enfim, esse foi um trabalho empolgante, que agora oferecemos aos leitores e aos críticos, e sobretudo ao tempo, que, como diz Fred na sua introdução, é o maior de todos os críticos literários.
Frederico Barbosa: O projeto tem inspiração no trabalho de antologistas do passado, como Manuel Bandeira, Sérgio Buarque de Holanda e Andrade Muricy. Inicialmente pretendi, com o livro Cinco Séculos de Poesia, apresentar uma seleção dos grandes poetas brasileiros anteriores ao modernismo. A idéia foi incluir os poemas mais canônicos, assim como aqueles mais inventivos, que muitas vezes não são os mais conhecidos, de poetas como Gonçalves Dias, Olavo Bilac ou Álvares de Azevedo.
Pretendia continuar o projeto com a poesia do modernismo, mas é uma empreitada por demais trabalhosa, mesmo porque há de se negociar direitos autorais com famílias por vezes bem pouco receptivas etc. Ao conhecer o Claudio Daniel, descobri que ele fazia uma antologia dos anos 90. Resolvemos, então, juntar nossos esforços para fazer Na Virada do Século. Sem o Claudio, esse volume não seria possível. Aprendi tanto com ele, que já o convidei para organizar o volume do modernismo comigo. Além disso, a Landy, por sugestão minha, vai publicar livros de poetas e prosadores contemporâneos brasileiros e portugueses. Creio que será uma coleção muito significativa.
Quais foram os critérios adotados para selecionar os poetas e os poemas? E a pesquisa do material, como foi feita?
Daniel: Paixão e rigor, gozo sensual e reflexão sobre a escritura estão presentes em qualquer trabalho com a criação poética. Não é possível haver “neutralidade”, nem uma suposta objetividade científica, sobretudo em antologias, que são recortes parciais da produção de um período. Há método e normas, há critérios e um trabalho meticuloso, mas que andam de mãos dadas com a intensidade, a cumplicidade, o envolvimento com os autores e textos selecionados.
Quando Fred e eu resolvemos nos lançar à aventura de organizar Na Virada do Século, partimos de algumas pistas iniciais: queríamos mostrar o que havia de mais criativo e inovador na poesia brasileira mais recente, produzida nos anos 80 e 90, e não apenas no habitual eixo Sul-Sudeste, mas também em outras regiões do país, para dar uma abrangência nacional à mostra. De fato, comparecem autores como Antônio Moura, do Pará, Micheliny Verunshk, de Pernambuco, Antônio Risério, da Bahia, André Dick, do Rio Grande do Sul, e muitos outros nomes e estados.
Porém, não concordamos, de maneira nenhuma, com pressupostos da teoria dos gêneros. Não incluímos nenhum autor apenas por ser negro, judeu, mulher ou homossexual; julgamos textos e processos criativos, e não características biológicas ou pessoais. Houve um critério rigoroso, com certeza, na avaliação dos trabalhos, que privilegiou poetas comprometidos com a experimentação estética, com a invenção, ainda que não filiados a uma única concepção ou escola.
Há abrangência e multiplicidade em nossas escolhas, que incluem autores que partiram do neobarroco, da “Language poetry”, da poesia marginal e de outras vertentes estéticas, mas excluímos, de maneira programática, as linhas mais conservadoras, como o neoparnasianismo, que estão fora de nosso campo de interesse. Por outro lado, embora o livro privilegie autores que estrearam nos anos 80 e 90, achamos oportuno, também, incluir alguns poetas que, embora tenham estreado nos anos 70, com livros de pequena tiragem e custeados pelos próprios autores, só obtiveram fortuna crítica mais recente: é o caso de Antônio Risério, Glauco Mattoso e Júlio Castañon Guimarães.
A pesquisa foi realizada em anos de leitura, não só dos livros de dezenas ou centenas de poetas, mas também de revistas e sites de literatura que surgiram no período. Reunimos, ao todo, 46 poetas numa antologia que vem mostrar a falácia de certas premonições de sibilas do apocalipse, que não se cansam de repetir o refrão de que não há nada de novo na poesia atual. Certamente, muitos não vão gostar da escolha dos nomes, dizendo que faltaram este ou aquele, mas não é possível agradar a gregos e baianos, felizmente.
Barbosa: Gostaria de acrescentar que toda escolha é passível de revisão. Mesmo sendo, como a nossa, pautada por critérios poéticos e não pessoais, como ocorre em muitas que rolam por aí, especialmente aquelas “para inglês ver”. Já vi até um certo antologista de incrível caráter que, depois de brigar com alguns poetas por ele incluídos numa antologia dessas, resolveu eliminá-los de futuras edições. Pode? Como nunca se poderá conhecer toda a produção poética de um país tão cheio de poetas como o Brasil, é óbvio que muita coisa boa acaba ficando de fora.
Já descobri, desde que fizemos o livro, alguns poetas bem interessantes que poderiam muito bem constar da antologia, como o paraibano André Ricardo Aguiar. Além disso, falta, na seleção, exemplos da poesia visual, de autores como Avelino Araújo, de Natal, ou mesmo de autores presentes na seleção, como Arnaldo Antunes, Antonio Risério e João Bandeira. Foi uma opção editorial. Mas espero publicar, logo, uma antologia integralmente voltada para a poesia visual.
Na introdução do livro, vocês dizem que dois critérios fundamentais para a seleção dos autores foram a inventividade e a qualidade. Esses critérios não se chocaram, já que há uma série de autores que têm qualidade mas não se filiam tão explicitamente a esse conceito de invenção que vem das vanguardas e, mais especificamente, da poesia concreta?
Daniel: Confesso que não tenho o menor interesse pela poesia bem comportada, convencional e canônica, pela lírica de “estrelas alfa” e “virgens cem por cento”, de que falava o Manuel Bandeira. Prefiro o “poema sórdido”, assim como o mestre pernambucano. Gosto de poemas de alto impacto, que me levem a nocaute. E a poesia que me surpreende, fascina e encanta é aquela que trabalha com a linguagem da maneira mais radical, rompendo com as normas lineares do discurso e da sintaxe, renovando o léxico e os códigos de referências simbólicas.
Essa vertente poética, sem dúvida, dialoga com aspectos da poesia concreta, do tropicalismo, mas sem ficar restrita aos postulados do “Plano Piloto”. Os poetas da nova geração, que reunimos nesta antologia, têm múltiplas filiações e pesquisas culturais e lingüísticas. Temos desde poetas como Josely Vianna Baptista, que faz uma interessante releitura do neobarroco, até Tarso de Melo, que busca a síntese e a estranheza a partir da visão incomum sobre o cotidiano; para não falar de Rodrigo Garcia Lopes e Ademir Assunção, que incorporaram influências da música pop, do cinema, das histórias em quadrinhos e outras mídias, ou de Ricardo Aleixo, que fez pesquisas sobre o oriki, o poema-ritual de origem africana.
Dizer que todos esses autores são “concretistas” seria um ledo e ivo engano. São jovens que pesquisam, insatisfeitos com a banalidade da mídia, novas modalidades de criação. Isto, para mim, é poesia. É a poesia que faz sentido hoje.
Barbosa: Qualidade sem inventividade não é arte, é burocracia, é papo furado, papo de otário. O conceito de “invenção” não foi criado pelas vanguardas, muito menos pela poesia concreta. Invenção é tudo na poesia, desde Homero. O resto é conversa para boi dormir, picaretagem.
O papel das revistas é fundamental, sobretudo para os iniciantes. Vocês acham que há no Brasil uma boa cultura de meios de divulgação, como revistas especializadas, jornais, sites e editoras?
Daniel: Poesia no Brasil sempre foi mercadoria de contrabando. Somos todos passageiros clandestinos, que insistem em escrever poemas e mais poemas, quase sempre à margem da imprensa diária, da televisão, da universidade e, muitas vezes, até do mercado editorial. Por quê? É difícil saber. Talvez seja uma doença, ou um vício. O fato é que os poetas da nova geração organizam recitais, criam fanzines, sites e revistas de literatura, como Medusa, Monturo e Babel para fazer circular a sua produção, ainda que na contracorrente.
A internet contribuiu, talvez, para levar a poesia a um público mais amplo, e hoje existem sites de ótima qualidade, como Popbox, Caos e o site do próprio Frederico Barbosa. Acredito que todas essas publicações e páginas virtuais, assim como as antologias, com as suas possíveis lacunas e desníveis de realização, constituem registros ou documentos consistentes daquilo que fomos capazes de criar.
Barbosa: A divulgação da literatura produzida no Brasil hoje é péssima. A grande imprensa dedica seu pouco espaço a best sellers como Harry Potter, a livros idiotas escritos por adolescentes que vão ao shopping ou mesmo ao trabalho de certos críticos universitários caquéticos que não fazem mais do que reproduzir velhos conceitos ultrapassados e incapazes de dar conta da produção contemporânea. Ao contrário do Claudio, eu tenho enorme desconfiança mesmo da revistas de poesia. Em geral representam “clubinhos” e seus editores se pautam por critérios totalmente pessoais. Escrevi até um poema sobre o assunto, que vai aí em primeira mão:
ação entre amigos
dois ou três poetas
– medíocres –
montam revista
são donos do mundo:
– abrimos as portas!
seus amigos
batem palmas
lá fora
ninguém ouve
seus vivas
ninguém os lê
lá fora
é só tiro
só desgraça
raiva e vaia
mas
dois ou três poetas
– medíocres –
batem palmas
seus amigos
são donos do mundo
montam revista
batem-se palmas...
batem-se palmas...
batem-se palmas...
Qual é a importância da cultura e da erudição para um poeta?
Daniel: Creio que a importância da cultura para o poeta é a mesma que para o cidadão em geral, ou seja, contribuir para formar a sua visão de mundo, e portanto sua cidadania e liberdade de escolha, a partir do conhecimento histórico e das realizações artísticas e intelectuais que marcaram o nosso planeta. Para o trabalho poético, as referências culturais podem ser interessantes como sugestões de temas, ou para a escolha de palavras, formas ou citações, mas isso não é essencial para se fazer um bom poema, que pode ser tão simples e profundo como “velha lagoa / salta uma rã / rumor de água”, do poeta-samurai Matsuo Bashô...
Por outro lado, nos últimos anos, podemos notar, na poesia de nossa geração, um excesso de referências cultas, e muitas vezes o resultado é algo artificial e afetado, uma espécie de maquiagem de drag queen. É preciso ter cuidado com as citações, com os diálogos intertextuais, para que eles não se sobreponham ao olhar do próprio poeta sobre as coisas; sobretudo, em minha opinião, deve haver sinceridade no texto poético, mesmo quando o autor está mentindo, já que o ofício do camaleão faz parte da escritura e das obsessões de qualquer escritor ou artista. É preciso sinceridade na verdade, e ainda mais na mentira.
Barbosa: É isso aí. Cultura e erudição são fundamentais para qualquer ser humano. O que é lamentável é a ostentação de cultura, em geral feita por pessoas que a têm apenas como verniz. Na poesia é a mesma coisa. Estou farto de poetas “novo cultos”, para os quais a poesia é um veículo de esnobismo cultural.
Heidegger escreveu O Que É Metafísica? e Sartre, O Que É Literatura?. Se fosse pedido a vocês um livro desse gênero, o que diriam em linhas gerais? Ou seja, o que é poesia?
Daniel: Poesia, para mim, é encantamento. É surpresa. Transformar as palavras em música orgânica, em pinturas vivas. O bom poema, como dizia Huidobro, é um pequeno universo, com sua própria fauna e flora, e não um eco ou reflexo de algo exterior à sua própria lógica semântica e estrutural. A poesia é a arte da resistência à banalidade, pois o poeta não se conforma à monotonia do cotidiano, à repetição mofada de ícones da indústria cultural, enfim, a uma suposta realidade, previsível e vulgar. Ele prefere dizer não a uma ordem carcomida e construir novas possibilidades de uma realidade alternativa, através de seus poemas.
O poeta é um criador de realidades; pelas relações inusitadas entre as palavras, ele articula novas formas de pensamento, e logo novos modelos de mundo. Esse é o potencial subversivo da linguagem, é a sua ação política. Quando você apenas reproduz formas de escritura petrificadas, ainda que abordando temas “sociais”, não estará fazendo nada além de reproduzir os modelos de idéias vigentes na sociedade.
Ao romper com esses padrões e propor outros modos de comunicar idéias e sensações, o poeta não está conduzindo uma insubordinação aparente, mas uma transformação profunda, que produz novos conteúdos, numa rebelião contra o banal imediato e o lugar-comum. Os poetas que me interessam atuam nessa linha, como Maiakóvski, Blake, Rimbaud, Augusto de Campos, entre muitos outros de diferentes épocas, climas e latitudes.
Muito do que nasceu sob o signo da ruptura e do experimentalismo já foi assimilado pela indústria cultural. A subversão da linguagem, em arte, ainda tem um significado político?
Daniel: Acredito que exista uma tensão permanente entre a arte e a sociedade. Cabe ao artista questionar, sempre, as formas viciadas de viver, sentir e pensar, refletir criticamente sobre o estabelecido, e não se pode cumprir esta missão por meio de formas estéticas convencionais, como o realismo. É preciso criar sempre novos instrumentos de guerrilha cultural, pois não é possível questionar estruturas sociais sem colocar em xeque também o mecanismo do pensamento e a linguagem que são produzidos por essas mesmas estruturas.
Como dizia o poeta russo Vladimir Maiakóvski, “sem forma revolucionária, não existe arte revolucionária”. É claro que a indústria cultural se alimenta da subversão que produzimos: tudo aquilo que foi sinal de inconformismo nos anos 60, como por exemplo o rock and roll e a revolução sexual, já foi incorporado à telinha da Globo.
É a maneira que o sistema encontra para renovar a sua própria linguagem e conteúdos, para fortalecer e ampliar seu domínio e, ao mesmo tempo, esvaziar o potencial demolidor das vanguardas, diluir ou amortecer o seu impacto. Estamos jogando xadrez com um adversário muito inteligente, e nossa tarefa é criar cada vez mais dificuldades para que ele tenha dificuldade em assimilar e processar esses dados e, um dia, quem sabe, entre em curto-circuito.
Valorizar o novo: não seria isso um velho modismo?
Daniel: E valorizar o velho, seria um novo modismo? Vou te contar uma história: quando li o poema Tudo Está Dito, do Augusto de Campos, aos 18 anos, confesso que senti uma profunda angústia. Pensei: depois disso, o que é possível fazer? Depois, quando li o Finnegans Wake, do Joyce, senti a mesma coisa em relação à prosa: caramba, esse sujeito explodiu a linguagem, e não dá para escrever mais nada. Creio que muitas pessoas de minha geração sofreram impacto semelhante.
Claro, nessa situação, só há duas saídas possíveis: ou você recusa o caminho da invenção e faz o retorno a formas fáceis, canonizadas pela tradição, para fugir ao problema, fazer de conta que ele não existe, como o marido traído que tira o sofá da sala, para tentar evitar o adultério; ou por teimosia e resignação prossegue na vereda experimental, buscando sempre outras possibilidades de escritura, sem esperança e sem temor.
Para quem prefere o retorno ao passado, há muitas facilidades disponíveis: é possível escrever sonetos, com métrica e chave de ouro; imitar os românticos, usando retórica, palavras arcaicas e imagens helenizantes; ou fazer versinhos bem simplesinhos (que bonitinhos!), à maneira de certo modernismo. Sinceramente, prefiro continuar a investigar repertórios e autores que têm alguma coisa nova a dizer do que trilhar estradas gastas. Há poetas hoje que, a partir do construtivismo, da contracultura e de outras referências contemporâneas estão obtendo excelentes resultados, como o Joca Reiners Terron, que publicou Animal Anônimo, ou a Jussara Salazar, que faz livros artesanais como Jardim de Retratos.
Às vezes tenho a impressão de que há muito sectarismo nas letras: troca de favores e defesa de grupos mais do que debate de idéias.
Daniel: Acredito que o debate de idéias faz falta, sim, em nossa vida literária. Hoje, temos poetas que assumem concepções estéticas e filosóficas bem distintas uns dos outros, o que poderia levar a discussões interessantes no âmbito universitário ou na imprensa. Porém, o que predomina, como você mesmo diz, é esse sectarismo, que recorda a adesão a esse ou aquele time de futebol ou escola de samba.
Por um lado, isso é positivo, já que não se faz poesia sem paixão, mas, por outro, pode levar a uma visão distorcida e preconceituosa das coisas. Esse tipo de disputa ou contenda, porém, não é nenhuma novidade na história da literatura. No prefácio ao Serafim Ponte Grande, que é um grande documento de nossas letras, Oswald de Andrade já se referia aos poetas que “trocavam tiros entre rimas”. Também na Comédia de Dante podemos notar que o poeta incluiu no inferno alguns de seus desafetos.
Creio que o artista, até por sua psicologia, já analisada por Jung, assume muitas vezes atitudes narcísicas, que podem levar a toda sorte de equívocos, grosserias e atitudes intolerantes, daí a necessidade do constante exercício do bom senso e da autocrítica. Porém, se o sectarismo e a intolerância são males que precisam ser evitados, creio ser ainda mais nociva a postura de uma suposta “neutralidade”, como bem diz o Fred, pois, na maioria das vezes, essa atitude apenas mascara a adesão aos cânones vigentes, ou seja, uma acomodação a pretensas verdades estabelecidas.
Prefiro definir às claras aquilo que penso, sem meias palavras, do que fingir imparcialidade. Em poesia, em arte, não é possível ser imparcial: você defende uma estética, uma visão de mundo, que inevitavelmente entram em choque com outras opiniões. Porém, uma coisa é o debate, a divergência, outra coisa são insultos ou ataques pessoais: vamos discordar, polemizar, mas sem perder a civilidade e (por que não?) a amizade com aqueles de quem discordamos.
Barbosa: Debate de idéias? Onde? Há mais debates de idéias nos espetáculos de luta livre. Não só não se discutem idéias, nesse país, como alguns pseudocríticos chegam até a defender a ação dos “grupinhos” de amigos que se espalham por aí como saúvas.
Na número 53 da revista “Cult”, por exemplo, saiu uma resenha de uma coleção de livretos publicados pela editora 7Letras. Assina-a uma espécie de conselheiro Acácio (leia-se “O Primo Basílio”, do Eça) com pendor poético de Wando -sim, o colecionador de calcinhas-, o senhor Fábio Weintraub, ele mesmo membro de um grupo especializado em se autodefender com veemência, atacando qualquer um cuja inventividade pareça-lhe ameaça à sua mediocridade avassaladora, capaz de escrever frases brilhantes e precisas como: "Bastando orvalhar alguns de seus fios para indicar a sinergia que há por trás de semelhante empreitada, fato, por si só, digno de nota em tempos de fragmentação e entropia".
Para júbilo do crítico, essa nova coleção de opúsculos “se trata de uma ação entre amigos”, que, sempre acaciano, o resenhista denomina de “trabalho que floresce a partir do pequeno círculo de sociabilidade constelado em torno da editora 7Letras...”. Pode? É a defesa explícita dos grupos e da troca de favores. Pois são exatamente esses membros de grupelhos que se dão bem nesse país. Lima Barreto já via e sentia isso muito bem. Não creio que o pior sejam os insultos.
Acho fundamental que as pessoas briguem e até se agridam na defesa das suas idéias. Considero o “pacifismo intelectual” uma atitude bovina e mediocrizante. O insuportável é que os pseudocríticos só elogiam ou xingam para defender seus interesses pessoais. O pensamento em geral é : “Não vou ofender fulano porque posso precisar dele depois” ou “vou atacar sicrano para me dar bem com aqueles outros que são seus inimigos”. E por aí a coisa vai. Se tudo é assim nesse país, por que na poesia seria diferente?
O que falta à literatura brasileira?
Daniel: Eu acredito que a literatura brasileira, hoje, é uma das mais interessantes do mundo. Temos autores do nível de Augusto e Haroldo de Campos, Sebastião Uchoa Leite, Wilson Bueno, Josely Vianna Baptista, Júlio Castañon Guimarães, Nelson de Oliveira, para citar poucos nomes, e só de escritores vivos (se fossemos recorrer ao passado, um Machado de Assis, que para mim não é inferior a Balzac ou Flaubert). Não faltam os bons autores, nem os bons livros.
O que precisamos é de melhor distribuição nas livrarias e de maior divulgação na imprensa e na mídia eletrônica, em especial. Por que não há programas de literatura, na televisão, para o público jovem? Além disso, creio que o ensino de literatura nas escolas deveria incluir, também, aquilo que se faz hoje, para que os alunos vejam que a poesia não é apenas algo (em geral chato) que aconteceu no passado, mas que é algo vivo, que está ocorrendo no presente, à nossa volta. Aproximar o jovem do livro é algo fundamental, e, nesse sentido, creio que seria interessante, também, haver algum tipo de programa que leve os escritores até as escolas. Porém, o Brasil carece de uma política cultural mais eficiente, o que sem dúvida nos levaria a um outro tipo de discussão, para além dos limites desta entrevista.
Barbosa: Nada falta a uma literatura que teve Gregório de Matos, Gonçalves Dias, Machado de Assis, Augusto dos Anjos, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Drummond e João Cabral, entre outros. Ou que tem hoje Sebastião Uchoa Leite, Augusto e Haroldo de Campos. O que falta a muitos escritores e principalmente críticos brasileiros é coragem e caráter.
Os poetas da antologia
Ademir Assunção
Anelito Oliveira
Amada Ribeiro Neto
André Dick
Angela de Campos
Antonio Moura
Antonio Risério
Arnaldo Antunes
Cacá Moreira de Souza
Carlito Azevedo
Carlos Ávila
Claudia Roquette-Pinto
Cláudio Daniel
Cláudio Nunes de Morais
Contador Borges
Donizete Galvão
Eduardo Sterzi
Elson Fróes
Fabiano Calixto
Fabrício Marques
Frederico Barbosa
Glauco Mattoso
João Bandeira
Joca Reiners Terron
Jorge Lúcio de Campos
Jorge Padilha
José de Paula Ramos Jr.
Josely Vianna Baptista
Júlio Castañon Guimarães
Jussara Salazar
Kleber Mantovani
Lau Siqueira
Luiz Roberto Guedes
Matias Mariani
Maurício de Arruda Mendonça
Micheliny Verunschk
Paulo César de Carvalho
Reynaldo Damazio
Ricardo Aleixo
Ricardo Corona
Rodrigo de Souza Leão
Rodrigo Garcia Lopes
Ronald Polito
Sergio Cohn
Takeshi Ishihara
Tarso de Melo
O livro:
Na Virada do Século - Poesia de Invenção no Brasil. Editora Landy (tels. 11 3088-4776/ ou 3081-4169 ou 3891-0840, 348 págs., R$ 35,00.
Rodrigo Petronio
É mestrando em literatura espanhola na USP e autor de "História Natural" (poemas, selo Gargântua) e "Transversal do Tempo" (ensaios, Imprensa Oficial de Pernambuco, no prelo).
Trópico
Uma amostra da nova poesia brasileira
Rodrigo Petronio
É mestrando em literatura espanhola na USP e autor de "História Natural" (poemas, selo Gargântua) e "Transversal do Tempo" (ensaios, Imprensa Oficial de Pernambuco, no prelo).
É grande a dificuldade de se fazer uma antologia como “Na Virada do Século - Poesia de Invenção no Brasil” em um país tão carente de debate sobre poesia como o nosso. É um tipo de trabalho que acaba sempre gerando polêmicas e muitas vezes chama a atenção menos por seus méritos e mais para seus lapsos ou para inadequações garimpadas por especialistas.
“Na Virada do Século”, organizada por Claudio Daniel e Frederico Barbosa, faz parte de um projeto mais amplo, na verdade. Integra um conjunto de livros que abrange a poesia que vai de Anchieta a Augusto dos Anjos, em um primeiro volume, já publicado, e a que vem do modernismo e chega aos anos 70, em Paulo Leminski e Sebastião Uchoa Leite, em um segundo volume, ainda inédito.
Os poetas selecionados nesse terceiro volume estão unidos pelo fato de terem iniciado sua atividade literária por volta dos anos 80 e 90, à exceção de alguns poucos, que, já publicados antes dessas décadas, só nelas tiveram tiragens maiores e maior atenção da crítica.
Há algum tempo a editora Landy vem se destacando por investir em títulos muitas vezes de circulação restrita, com projetos gráficos diferenciados. Assim, lançou as “Cartas Filosóficas”, de Voltaire, e “Forças Estranhas”, conjunto de contos do excelente Leopoldo Lugones, infelizmente um tanto esquecido pelo cânone literário.
“Na Virada do Século” é composto de 46 poetas de vertentes e procedências diversas, não havendo um predomínio exclusivo de Rio de Janeiro e São Paulo. Quanto aos critérios de escolha, os organizadores optaram por autores que, segundo eles, tivessem uma obra poética inventiva e de qualidade, ambos critérios que contribuem também para fornecer certa unidade à gama de tendências de seus integrantes.
Há, no entanto, uma série de linhas de força a partir das quais podemos agrupá-los. Ricardo Aleixo e Antonio Risério partem do substrato negro e da mitologia africana presente nos orikis para a composição de seus cantos, ao passo que Carlito Azevedo e Claudia Roquette-Pinto, recentemente premiada com o Jabuti por seu livro “Corola” e uma das presenças mais interessantes do livro, seguem o caminho da pesquisa formal e da poesia construtiva.
A vertente construtiva se espraia também em Eduardo Sterzi, Ronald Polito, Tarso de Melo, Kleber Mantovani e Fabiano Calixto, embora com certas variantes de dicção que exploram mudanças de sentido de caráter minimalista. Já em um caminho oposto se encontram os poemas fortes e vociferados de Ademir Assunção, Joca Reiners Terron, Ricardo Corona e Rodrigo Garcia Lopes, que retomam o repertório da beat generation e da contracultura para compor uma poesia de apelo visual acentuado e de desarticulação sintática.
Os dois organizadores também estão presentes na antologia. No prefácio, justificam tal inclusão como uma escolha recíproca um do outro e, a despeito do que essa iniciativa possa gerar de temeroso, dizem que isso é o resultado de uma confiança mútua nos critérios críticos e no valor poético de cada um deles.
A poesia de Claudio Daniel, 40, autor de “A Sombra do Leopardo” (Azougue), transita entre referências a filosofias orientais e à estética neobarroca cubana, explorando a capacidade plástica da linguagem e das imagens, enquanto a de Frederico Barbosa, 41, autor de “Nada Feito Nada” (Perspectiva), traduz a experiência árida da vida metropolitana em uma linguagem poética que se torna cada vez mais sugestiva. E talvez seja a sugestão, a metáfora em alto grau de condensação, o fio condutor de todas essas poéticas da atualidade, já que esse é o traço marcante da maior parte da poesia que tem sido produzida.
Os poemas de Donizete Galvão, outro ponto alto da antologia, partindo de uma temática ligada à terra, aos objetos cotidianos, à memória e aos resíduos do tempo, arranja esse mundo mudo, que Francis Ponge classificou como a única pátria do homem, a partir de um tratamento muito acurado da linguagem e um olhar certeiro. Já Glauco Mattoso exibe seu riso ácido e indefectível em uma seleção de poemas que contém muitos traços de sua produção literária até hoje.
Um dos nomes a ser destacado é o de Antônio Moura, que domina bem o ritmo, recortando o verso de maneira muito peculiar. Há também o de Contador Borges, discípulo de René Char e dono de uma imagética muito pessoal, e Maurício Arruda Mendonça, poeta que consegue guiar o olhar do leitor na sua vertigem de imagens.
O livro conta com um espaço especial para os poetas inéditos, ou seja, aqueles que não têm livros impressos mas que já publicaram poemas em revistas literárias, coletâneas ou na Internet. Dentre eles se destacam sobretudo André Dick e Micheliny Verunschk.
Em tempo, algumas justiças sejam feitas. A inclusão dos poetas Cacá Moreira de Souza e José de Paula Ramos Jr. e a omissão de nomes como Augusto Massi, Heitor Ferraz e Fábio Weintraub, entre outros, nos induz a pensar que a balança guiada pelo binômio invenção-qualidade pesou sem muita justificativa em favor do primeiro critério. Porque a qualidade não precisa necessariamente estar associada a esse conceito de pesquisa formal que os organizadores relevaram na escolha dos nomes, e não raras vezes é possível encontrar uma aparente radicalidade formal cujo único objetivo é camuflar propostas vazias de interesse e ornamentar concepções poéticas que são, em sua essência, fracas e rebarbativas. Aqui parece que as divergências estéticas prevaleceram sobre o bom senso, o que é de se lamentar.
A antologia poética de Claudio Daniel e Frederico Barbosa pode ser vista apesar disso como um bom recorte. Isso não nos impede, como é de praxe ocorrer, de enfileirarmos uma série de novos nomes e fazermos nossa reivindicação, pois se o mérito da iniciativa se esgotasse em si mesmo, não haveria ressonâncias e debate, ou seja, boa parte de seu valor se perderia.
Por que não Paulo Ferraz, Fabrício Corsaletti e Chantal Castelli, que estão despontando agora, já têm livros publicados e um trabalho bastante sólido? Por que não Dirceu Villa e Cídio Martins, as vozes mais fortes da poesia nascente? Fica a crítica em forma de sugestão, para uma edição futura dessa obra ou para outras possíveis antologias que apareçam por aí.
Na Virada do Século – Poesia de Invenção no Brasil é o terceiro volume de um projeto editorial maior. Falem um pouco desse projeto.
Claudio Daniel: Existe um livro sedutor, chamado Cinco Séculos de Poesia, que apresenta uma mostra da poesia clássica brasileira, desde Anchieta até Augusto dos Anjos. Este livro foi organizado pelo poeta Frederico Barbosa, que, além de sua obra pessoal como criador, tem se dedicado também à crítica literária e ao trabalho de editor de textos como os Sermões de Vieira e a poesia de Camões, publicados pela editora Landy. Pois bem, no prefácio a Cinco Séculos, o autor fez uma promessa: continuar a antologia, publicando mais dois volumes, um dedicado à poesia brasileira do período entre o modernismo e os anos 70, e um outro enfocando a produção contemporânea, do final do século 20.
Pois bem, como eu estava organizando, também, uma seleção de poetas recentes, foi até natural o nosso encontro, que permitiu juntarmos esforços para realizar o segundo livro da trilogia, que é Na Virada do Século. Trabalhar com Fred, que hoje além de parceiro intelectual é meu amigo, foi algo muito prazeroso, e certamente aprendemos muito um com o outro. Enfim, esse foi um trabalho empolgante, que agora oferecemos aos leitores e aos críticos, e sobretudo ao tempo, que, como diz Fred na sua introdução, é o maior de todos os críticos literários.
Frederico Barbosa: O projeto tem inspiração no trabalho de antologistas do passado, como Manuel Bandeira, Sérgio Buarque de Holanda e Andrade Muricy. Inicialmente pretendi, com o livro Cinco Séculos de Poesia, apresentar uma seleção dos grandes poetas brasileiros anteriores ao modernismo. A idéia foi incluir os poemas mais canônicos, assim como aqueles mais inventivos, que muitas vezes não são os mais conhecidos, de poetas como Gonçalves Dias, Olavo Bilac ou Álvares de Azevedo.
Pretendia continuar o projeto com a poesia do modernismo, mas é uma empreitada por demais trabalhosa, mesmo porque há de se negociar direitos autorais com famílias por vezes bem pouco receptivas etc. Ao conhecer o Claudio Daniel, descobri que ele fazia uma antologia dos anos 90. Resolvemos, então, juntar nossos esforços para fazer Na Virada do Século. Sem o Claudio, esse volume não seria possível. Aprendi tanto com ele, que já o convidei para organizar o volume do modernismo comigo. Além disso, a Landy, por sugestão minha, vai publicar livros de poetas e prosadores contemporâneos brasileiros e portugueses. Creio que será uma coleção muito significativa.
Quais foram os critérios adotados para selecionar os poetas e os poemas? E a pesquisa do material, como foi feita?
Daniel: Paixão e rigor, gozo sensual e reflexão sobre a escritura estão presentes em qualquer trabalho com a criação poética. Não é possível haver “neutralidade”, nem uma suposta objetividade científica, sobretudo em antologias, que são recortes parciais da produção de um período. Há método e normas, há critérios e um trabalho meticuloso, mas que andam de mãos dadas com a intensidade, a cumplicidade, o envolvimento com os autores e textos selecionados.
Quando Fred e eu resolvemos nos lançar à aventura de organizar Na Virada do Século, partimos de algumas pistas iniciais: queríamos mostrar o que havia de mais criativo e inovador na poesia brasileira mais recente, produzida nos anos 80 e 90, e não apenas no habitual eixo Sul-Sudeste, mas também em outras regiões do país, para dar uma abrangência nacional à mostra. De fato, comparecem autores como Antônio Moura, do Pará, Micheliny Verunshk, de Pernambuco, Antônio Risério, da Bahia, André Dick, do Rio Grande do Sul, e muitos outros nomes e estados.
Porém, não concordamos, de maneira nenhuma, com pressupostos da teoria dos gêneros. Não incluímos nenhum autor apenas por ser negro, judeu, mulher ou homossexual; julgamos textos e processos criativos, e não características biológicas ou pessoais. Houve um critério rigoroso, com certeza, na avaliação dos trabalhos, que privilegiou poetas comprometidos com a experimentação estética, com a invenção, ainda que não filiados a uma única concepção ou escola.
Há abrangência e multiplicidade em nossas escolhas, que incluem autores que partiram do neobarroco, da “Language poetry”, da poesia marginal e de outras vertentes estéticas, mas excluímos, de maneira programática, as linhas mais conservadoras, como o neoparnasianismo, que estão fora de nosso campo de interesse. Por outro lado, embora o livro privilegie autores que estrearam nos anos 80 e 90, achamos oportuno, também, incluir alguns poetas que, embora tenham estreado nos anos 70, com livros de pequena tiragem e custeados pelos próprios autores, só obtiveram fortuna crítica mais recente: é o caso de Antônio Risério, Glauco Mattoso e Júlio Castañon Guimarães.
A pesquisa foi realizada em anos de leitura, não só dos livros de dezenas ou centenas de poetas, mas também de revistas e sites de literatura que surgiram no período. Reunimos, ao todo, 46 poetas numa antologia que vem mostrar a falácia de certas premonições de sibilas do apocalipse, que não se cansam de repetir o refrão de que não há nada de novo na poesia atual. Certamente, muitos não vão gostar da escolha dos nomes, dizendo que faltaram este ou aquele, mas não é possível agradar a gregos e baianos, felizmente.
Barbosa: Gostaria de acrescentar que toda escolha é passível de revisão. Mesmo sendo, como a nossa, pautada por critérios poéticos e não pessoais, como ocorre em muitas que rolam por aí, especialmente aquelas “para inglês ver”. Já vi até um certo antologista de incrível caráter que, depois de brigar com alguns poetas por ele incluídos numa antologia dessas, resolveu eliminá-los de futuras edições. Pode? Como nunca se poderá conhecer toda a produção poética de um país tão cheio de poetas como o Brasil, é óbvio que muita coisa boa acaba ficando de fora.
Já descobri, desde que fizemos o livro, alguns poetas bem interessantes que poderiam muito bem constar da antologia, como o paraibano André Ricardo Aguiar. Além disso, falta, na seleção, exemplos da poesia visual, de autores como Avelino Araújo, de Natal, ou mesmo de autores presentes na seleção, como Arnaldo Antunes, Antonio Risério e João Bandeira. Foi uma opção editorial. Mas espero publicar, logo, uma antologia integralmente voltada para a poesia visual.
Na introdução do livro, vocês dizem que dois critérios fundamentais para a seleção dos autores foram a inventividade e a qualidade. Esses critérios não se chocaram, já que há uma série de autores que têm qualidade mas não se filiam tão explicitamente a esse conceito de invenção que vem das vanguardas e, mais especificamente, da poesia concreta?
Daniel: Confesso que não tenho o menor interesse pela poesia bem comportada, convencional e canônica, pela lírica de “estrelas alfa” e “virgens cem por cento”, de que falava o Manuel Bandeira. Prefiro o “poema sórdido”, assim como o mestre pernambucano. Gosto de poemas de alto impacto, que me levem a nocaute. E a poesia que me surpreende, fascina e encanta é aquela que trabalha com a linguagem da maneira mais radical, rompendo com as normas lineares do discurso e da sintaxe, renovando o léxico e os códigos de referências simbólicas.
Essa vertente poética, sem dúvida, dialoga com aspectos da poesia concreta, do tropicalismo, mas sem ficar restrita aos postulados do “Plano Piloto”. Os poetas da nova geração, que reunimos nesta antologia, têm múltiplas filiações e pesquisas culturais e lingüísticas. Temos desde poetas como Josely Vianna Baptista, que faz uma interessante releitura do neobarroco, até Tarso de Melo, que busca a síntese e a estranheza a partir da visão incomum sobre o cotidiano; para não falar de Rodrigo Garcia Lopes e Ademir Assunção, que incorporaram influências da música pop, do cinema, das histórias em quadrinhos e outras mídias, ou de Ricardo Aleixo, que fez pesquisas sobre o oriki, o poema-ritual de origem africana.
Dizer que todos esses autores são “concretistas” seria um ledo e ivo engano. São jovens que pesquisam, insatisfeitos com a banalidade da mídia, novas modalidades de criação. Isto, para mim, é poesia. É a poesia que faz sentido hoje.
Barbosa: Qualidade sem inventividade não é arte, é burocracia, é papo furado, papo de otário. O conceito de “invenção” não foi criado pelas vanguardas, muito menos pela poesia concreta. Invenção é tudo na poesia, desde Homero. O resto é conversa para boi dormir, picaretagem.
O papel das revistas é fundamental, sobretudo para os iniciantes. Vocês acham que há no Brasil uma boa cultura de meios de divulgação, como revistas especializadas, jornais, sites e editoras?
Daniel: Poesia no Brasil sempre foi mercadoria de contrabando. Somos todos passageiros clandestinos, que insistem em escrever poemas e mais poemas, quase sempre à margem da imprensa diária, da televisão, da universidade e, muitas vezes, até do mercado editorial. Por quê? É difícil saber. Talvez seja uma doença, ou um vício. O fato é que os poetas da nova geração organizam recitais, criam fanzines, sites e revistas de literatura, como Medusa, Monturo e Babel para fazer circular a sua produção, ainda que na contracorrente.
A internet contribuiu, talvez, para levar a poesia a um público mais amplo, e hoje existem sites de ótima qualidade, como Popbox, Caos e o site do próprio Frederico Barbosa. Acredito que todas essas publicações e páginas virtuais, assim como as antologias, com as suas possíveis lacunas e desníveis de realização, constituem registros ou documentos consistentes daquilo que fomos capazes de criar.
Barbosa: A divulgação da literatura produzida no Brasil hoje é péssima. A grande imprensa dedica seu pouco espaço a best sellers como Harry Potter, a livros idiotas escritos por adolescentes que vão ao shopping ou mesmo ao trabalho de certos críticos universitários caquéticos que não fazem mais do que reproduzir velhos conceitos ultrapassados e incapazes de dar conta da produção contemporânea. Ao contrário do Claudio, eu tenho enorme desconfiança mesmo da revistas de poesia. Em geral representam “clubinhos” e seus editores se pautam por critérios totalmente pessoais. Escrevi até um poema sobre o assunto, que vai aí em primeira mão:
ação entre amigos
dois ou três poetas
– medíocres –
montam revista
são donos do mundo:
– abrimos as portas!
seus amigos
batem palmas
lá fora
ninguém ouve
seus vivas
ninguém os lê
lá fora
é só tiro
só desgraça
raiva e vaia
mas
dois ou três poetas
– medíocres –
batem palmas
seus amigos
são donos do mundo
montam revista
batem-se palmas...
batem-se palmas...
batem-se palmas...
Qual é a importância da cultura e da erudição para um poeta?
Daniel: Creio que a importância da cultura para o poeta é a mesma que para o cidadão em geral, ou seja, contribuir para formar a sua visão de mundo, e portanto sua cidadania e liberdade de escolha, a partir do conhecimento histórico e das realizações artísticas e intelectuais que marcaram o nosso planeta. Para o trabalho poético, as referências culturais podem ser interessantes como sugestões de temas, ou para a escolha de palavras, formas ou citações, mas isso não é essencial para se fazer um bom poema, que pode ser tão simples e profundo como “velha lagoa / salta uma rã / rumor de água”, do poeta-samurai Matsuo Bashô...
Por outro lado, nos últimos anos, podemos notar, na poesia de nossa geração, um excesso de referências cultas, e muitas vezes o resultado é algo artificial e afetado, uma espécie de maquiagem de drag queen. É preciso ter cuidado com as citações, com os diálogos intertextuais, para que eles não se sobreponham ao olhar do próprio poeta sobre as coisas; sobretudo, em minha opinião, deve haver sinceridade no texto poético, mesmo quando o autor está mentindo, já que o ofício do camaleão faz parte da escritura e das obsessões de qualquer escritor ou artista. É preciso sinceridade na verdade, e ainda mais na mentira.
Barbosa: É isso aí. Cultura e erudição são fundamentais para qualquer ser humano. O que é lamentável é a ostentação de cultura, em geral feita por pessoas que a têm apenas como verniz. Na poesia é a mesma coisa. Estou farto de poetas “novo cultos”, para os quais a poesia é um veículo de esnobismo cultural.
Heidegger escreveu O Que É Metafísica? e Sartre, O Que É Literatura?. Se fosse pedido a vocês um livro desse gênero, o que diriam em linhas gerais? Ou seja, o que é poesia?
Daniel: Poesia, para mim, é encantamento. É surpresa. Transformar as palavras em música orgânica, em pinturas vivas. O bom poema, como dizia Huidobro, é um pequeno universo, com sua própria fauna e flora, e não um eco ou reflexo de algo exterior à sua própria lógica semântica e estrutural. A poesia é a arte da resistência à banalidade, pois o poeta não se conforma à monotonia do cotidiano, à repetição mofada de ícones da indústria cultural, enfim, a uma suposta realidade, previsível e vulgar. Ele prefere dizer não a uma ordem carcomida e construir novas possibilidades de uma realidade alternativa, através de seus poemas.
O poeta é um criador de realidades; pelas relações inusitadas entre as palavras, ele articula novas formas de pensamento, e logo novos modelos de mundo. Esse é o potencial subversivo da linguagem, é a sua ação política. Quando você apenas reproduz formas de escritura petrificadas, ainda que abordando temas “sociais”, não estará fazendo nada além de reproduzir os modelos de idéias vigentes na sociedade.
Ao romper com esses padrões e propor outros modos de comunicar idéias e sensações, o poeta não está conduzindo uma insubordinação aparente, mas uma transformação profunda, que produz novos conteúdos, numa rebelião contra o banal imediato e o lugar-comum. Os poetas que me interessam atuam nessa linha, como Maiakóvski, Blake, Rimbaud, Augusto de Campos, entre muitos outros de diferentes épocas, climas e latitudes.
Muito do que nasceu sob o signo da ruptura e do experimentalismo já foi assimilado pela indústria cultural. A subversão da linguagem, em arte, ainda tem um significado político?
Daniel: Acredito que exista uma tensão permanente entre a arte e a sociedade. Cabe ao artista questionar, sempre, as formas viciadas de viver, sentir e pensar, refletir criticamente sobre o estabelecido, e não se pode cumprir esta missão por meio de formas estéticas convencionais, como o realismo. É preciso criar sempre novos instrumentos de guerrilha cultural, pois não é possível questionar estruturas sociais sem colocar em xeque também o mecanismo do pensamento e a linguagem que são produzidos por essas mesmas estruturas.
Como dizia o poeta russo Vladimir Maiakóvski, “sem forma revolucionária, não existe arte revolucionária”. É claro que a indústria cultural se alimenta da subversão que produzimos: tudo aquilo que foi sinal de inconformismo nos anos 60, como por exemplo o rock and roll e a revolução sexual, já foi incorporado à telinha da Globo.
É a maneira que o sistema encontra para renovar a sua própria linguagem e conteúdos, para fortalecer e ampliar seu domínio e, ao mesmo tempo, esvaziar o potencial demolidor das vanguardas, diluir ou amortecer o seu impacto. Estamos jogando xadrez com um adversário muito inteligente, e nossa tarefa é criar cada vez mais dificuldades para que ele tenha dificuldade em assimilar e processar esses dados e, um dia, quem sabe, entre em curto-circuito.
Valorizar o novo: não seria isso um velho modismo?
Daniel: E valorizar o velho, seria um novo modismo? Vou te contar uma história: quando li o poema Tudo Está Dito, do Augusto de Campos, aos 18 anos, confesso que senti uma profunda angústia. Pensei: depois disso, o que é possível fazer? Depois, quando li o Finnegans Wake, do Joyce, senti a mesma coisa em relação à prosa: caramba, esse sujeito explodiu a linguagem, e não dá para escrever mais nada. Creio que muitas pessoas de minha geração sofreram impacto semelhante.
Claro, nessa situação, só há duas saídas possíveis: ou você recusa o caminho da invenção e faz o retorno a formas fáceis, canonizadas pela tradição, para fugir ao problema, fazer de conta que ele não existe, como o marido traído que tira o sofá da sala, para tentar evitar o adultério; ou por teimosia e resignação prossegue na vereda experimental, buscando sempre outras possibilidades de escritura, sem esperança e sem temor.
Para quem prefere o retorno ao passado, há muitas facilidades disponíveis: é possível escrever sonetos, com métrica e chave de ouro; imitar os românticos, usando retórica, palavras arcaicas e imagens helenizantes; ou fazer versinhos bem simplesinhos (que bonitinhos!), à maneira de certo modernismo. Sinceramente, prefiro continuar a investigar repertórios e autores que têm alguma coisa nova a dizer do que trilhar estradas gastas. Há poetas hoje que, a partir do construtivismo, da contracultura e de outras referências contemporâneas estão obtendo excelentes resultados, como o Joca Reiners Terron, que publicou Animal Anônimo, ou a Jussara Salazar, que faz livros artesanais como Jardim de Retratos.
Às vezes tenho a impressão de que há muito sectarismo nas letras: troca de favores e defesa de grupos mais do que debate de idéias.
Daniel: Acredito que o debate de idéias faz falta, sim, em nossa vida literária. Hoje, temos poetas que assumem concepções estéticas e filosóficas bem distintas uns dos outros, o que poderia levar a discussões interessantes no âmbito universitário ou na imprensa. Porém, o que predomina, como você mesmo diz, é esse sectarismo, que recorda a adesão a esse ou aquele time de futebol ou escola de samba.
Por um lado, isso é positivo, já que não se faz poesia sem paixão, mas, por outro, pode levar a uma visão distorcida e preconceituosa das coisas. Esse tipo de disputa ou contenda, porém, não é nenhuma novidade na história da literatura. No prefácio ao Serafim Ponte Grande, que é um grande documento de nossas letras, Oswald de Andrade já se referia aos poetas que “trocavam tiros entre rimas”. Também na Comédia de Dante podemos notar que o poeta incluiu no inferno alguns de seus desafetos.
Creio que o artista, até por sua psicologia, já analisada por Jung, assume muitas vezes atitudes narcísicas, que podem levar a toda sorte de equívocos, grosserias e atitudes intolerantes, daí a necessidade do constante exercício do bom senso e da autocrítica. Porém, se o sectarismo e a intolerância são males que precisam ser evitados, creio ser ainda mais nociva a postura de uma suposta “neutralidade”, como bem diz o Fred, pois, na maioria das vezes, essa atitude apenas mascara a adesão aos cânones vigentes, ou seja, uma acomodação a pretensas verdades estabelecidas.
Prefiro definir às claras aquilo que penso, sem meias palavras, do que fingir imparcialidade. Em poesia, em arte, não é possível ser imparcial: você defende uma estética, uma visão de mundo, que inevitavelmente entram em choque com outras opiniões. Porém, uma coisa é o debate, a divergência, outra coisa são insultos ou ataques pessoais: vamos discordar, polemizar, mas sem perder a civilidade e (por que não?) a amizade com aqueles de quem discordamos.
Barbosa: Debate de idéias? Onde? Há mais debates de idéias nos espetáculos de luta livre. Não só não se discutem idéias, nesse país, como alguns pseudocríticos chegam até a defender a ação dos “grupinhos” de amigos que se espalham por aí como saúvas.
Na número 53 da revista “Cult”, por exemplo, saiu uma resenha de uma coleção de livretos publicados pela editora 7Letras. Assina-a uma espécie de conselheiro Acácio (leia-se “O Primo Basílio”, do Eça) com pendor poético de Wando -sim, o colecionador de calcinhas-, o senhor Fábio Weintraub, ele mesmo membro de um grupo especializado em se autodefender com veemência, atacando qualquer um cuja inventividade pareça-lhe ameaça à sua mediocridade avassaladora, capaz de escrever frases brilhantes e precisas como: "Bastando orvalhar alguns de seus fios para indicar a sinergia que há por trás de semelhante empreitada, fato, por si só, digno de nota em tempos de fragmentação e entropia".
Para júbilo do crítico, essa nova coleção de opúsculos “se trata de uma ação entre amigos”, que, sempre acaciano, o resenhista denomina de “trabalho que floresce a partir do pequeno círculo de sociabilidade constelado em torno da editora 7Letras...”. Pode? É a defesa explícita dos grupos e da troca de favores. Pois são exatamente esses membros de grupelhos que se dão bem nesse país. Lima Barreto já via e sentia isso muito bem. Não creio que o pior sejam os insultos.
Acho fundamental que as pessoas briguem e até se agridam na defesa das suas idéias. Considero o “pacifismo intelectual” uma atitude bovina e mediocrizante. O insuportável é que os pseudocríticos só elogiam ou xingam para defender seus interesses pessoais. O pensamento em geral é : “Não vou ofender fulano porque posso precisar dele depois” ou “vou atacar sicrano para me dar bem com aqueles outros que são seus inimigos”. E por aí a coisa vai. Se tudo é assim nesse país, por que na poesia seria diferente?
O que falta à literatura brasileira?
Daniel: Eu acredito que a literatura brasileira, hoje, é uma das mais interessantes do mundo. Temos autores do nível de Augusto e Haroldo de Campos, Sebastião Uchoa Leite, Wilson Bueno, Josely Vianna Baptista, Júlio Castañon Guimarães, Nelson de Oliveira, para citar poucos nomes, e só de escritores vivos (se fossemos recorrer ao passado, um Machado de Assis, que para mim não é inferior a Balzac ou Flaubert). Não faltam os bons autores, nem os bons livros.
O que precisamos é de melhor distribuição nas livrarias e de maior divulgação na imprensa e na mídia eletrônica, em especial. Por que não há programas de literatura, na televisão, para o público jovem? Além disso, creio que o ensino de literatura nas escolas deveria incluir, também, aquilo que se faz hoje, para que os alunos vejam que a poesia não é apenas algo (em geral chato) que aconteceu no passado, mas que é algo vivo, que está ocorrendo no presente, à nossa volta. Aproximar o jovem do livro é algo fundamental, e, nesse sentido, creio que seria interessante, também, haver algum tipo de programa que leve os escritores até as escolas. Porém, o Brasil carece de uma política cultural mais eficiente, o que sem dúvida nos levaria a um outro tipo de discussão, para além dos limites desta entrevista.
Barbosa: Nada falta a uma literatura que teve Gregório de Matos, Gonçalves Dias, Machado de Assis, Augusto dos Anjos, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Drummond e João Cabral, entre outros. Ou que tem hoje Sebastião Uchoa Leite, Augusto e Haroldo de Campos. O que falta a muitos escritores e principalmente críticos brasileiros é coragem e caráter.
Os poetas da antologia
Ademir Assunção
Anelito Oliveira
Amada Ribeiro Neto
André Dick
Angela de Campos
Antonio Moura
Antonio Risério
Arnaldo Antunes
Cacá Moreira de Souza
Carlito Azevedo
Carlos Ávila
Claudia Roquette-Pinto
Cláudio Daniel
Cláudio Nunes de Morais
Contador Borges
Donizete Galvão
Eduardo Sterzi
Elson Fróes
Fabiano Calixto
Fabrício Marques
Frederico Barbosa
Glauco Mattoso
João Bandeira
Joca Reiners Terron
Jorge Lúcio de Campos
Jorge Padilha
José de Paula Ramos Jr.
Josely Vianna Baptista
Júlio Castañon Guimarães
Jussara Salazar
Kleber Mantovani
Lau Siqueira
Luiz Roberto Guedes
Matias Mariani
Maurício de Arruda Mendonça
Micheliny Verunschk
Paulo César de Carvalho
Reynaldo Damazio
Ricardo Aleixo
Ricardo Corona
Rodrigo de Souza Leão
Rodrigo Garcia Lopes
Ronald Polito
Sergio Cohn
Takeshi Ishihara
Tarso de Melo
O livro:
Na Virada do Século - Poesia de Invenção no Brasil. Editora Landy (tels. 11 3088-4776/ ou 3081-4169 ou 3891-0840, 348 págs., R$ 35,00.
Rodrigo Petronio
É mestrando em literatura espanhola na USP e autor de "História Natural" (poemas, selo Gargântua) e "Transversal do Tempo" (ensaios, Imprensa Oficial de Pernambuco, no prelo).
domingo, 7 de outubro de 2007
Dejas de vivir si dejas de ser útil"
Dejas de vivir si dejas de ser útil"
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Santiago Fondevila | Girona | 04/10/2007 | Actualizada a las 03:31h
Llega algo alterado porque la escalera de emergencia del hotel estaba bloqueada, porque ha llamado a su secretaria pero - "como de costumbre, no tiene batería", dice- y ha tenido que llamar a Italia para que llamaran a... Pero ya está. Dario Fo, el Nobel juglar, inaugura esta noche en el teatro Municipal de Girona el festival Temporada Ata con un one man show a su más puro estilo. Osea, partiendo siempre del Misterio Buffo.
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Perfil
En contacto con la realidad
Ha superado los ochenta y su esposa, Franca Rame, se enfada mucho con él porque no para. Y no deja parar a sus ayudantes, que acaban despidiéndose. Lo cuenta mirando al vacío, De hecho, este juglar que les viene cantando las cuarenta desde hace años a los poderes establecidos, en defensa de los débiles (por eso le dieron el premio Nobel), mira poco a los ojos pero los tiene abiertos. Al fin, tras tanto actuar, sigue en lo mismo. Es un decir. Misterio Buffo, un espectáculo. No la llave,dice, para salir a escena. Porque en el espectáculo de ahora habla de los monjes de Birmania, de la política actual. Siempre en contacto con la realidad.
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MÁS INFORMACIÓNDario Fo abrirá la Temporada Alta con una denuncia a la crisis de Birmania
Edición Impresa: En contacto con la realidad
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PALABRAS CLAVE
Nobel, Italia, Rossini, Girona, Rafael, Miguel Ángel, Vaticano, Brecht
Todavía sobre los escenarios ¿Porque?
Porque es mi vida.
¿Pero no está cansado?
He visto morir a varios actores en escena, personas que con enfermedades terminales han querido trabajar hasta el último momento. Porque en nuestro trabajo, la vida es actuar.
¿No estará pensando en una muerte en escena?
Por supuesto que no pienso en una muerte tan romántica y épica, pero cuando uno es un fabulador como yo, es fundamental comunicar, plantear a los otros los problemas.... Porque vivimos una época dominada por la desinformación organizada desde el poder.
¿Cómo se puede seguir en la lucha, en la crítica a los poderes establecidos, en unos momentos en los que la mayoría incluso de izquierdas piensa que está todo casi perdido?
Sólo está perdido cuando se deja la lucha. Entonces si que está mortalmente perdido. Pero fíjese en los grandes autores alemanes, como Brecht, que vivieron el nazismo, tuvieron que huir, pero siguieron escribiendo.
¿Y qué fuerza le mantiene así? La conciencia de servir a alguien todavía. Mi madre, cuando estaba en el hospital con una enfermedad muy penosa, y eso que aún viviría varios años, me dijo: dejas de vivir si dejas de ser útil, cuando no te preocupas por alguien.
Entonces, mucha gente vive muerta en su individualismo. Pero ¿pueden hacer otra cosa?
Implicarse. Pensar que las cosas sí dependen de uno mismo.
Pero eso da miedo, produce angustia.
Lo contrario también. Es verdad que hay mucha indolencia. Miro el cielo de ahora, rojizo, y recuerdo el de hace cinco años, azul. Ahí está el problema del cambio climático, pero la gente coge su coche y sale a a la carretera sin preocuparse; pensando que serán los otros los que mueran.
¿Cómo están sus relaciones con la empresa del Vaticano?
He hecho un estudio sobre pintores como Rafael o Miguel Ángel en relación con los papados, y se han enfadado mucho. Lo único que he hecho es recoger la historia de esos papas inmorales, que organizaban guerras, que tenían amantes....
Usted hace un teatro popular, y en contacto con la realidad, pero hay una gran tendencia al teatro burgués para burgueses.
Así es. No sé si también aquí, pero en Italia se lleva lo que llamamos el teatro digestivo; el que no hace pensar. Un teatro antiguo, estancado, repetitivo. Luego están los espectadores que compran tres abonos de teatros distintos y van a la platea a dormir. Un crítico italiano decía que se duerme bien en el teatro ahora.
¿Y eso por qué?
Hay poco amor por el teatro.
¿Por qué sólo dirige ópera de Rossini?
La verdad es que no encuentro otros autores. Siempre que lo he intentado surgen imprevistos. Una vez iba a dirigir una obra del 1600 de un alemán... y se murió el tenor. Yo creo que Rossini quiere que acabe de hacer todas sus obras.
¿Sueña?
Sí, claro.
Cuando duerme, quiero decir.
¿Qué sueña entonces?
Es maravilloso: como soy escritor y director de escena tengo sueños muy bien construidos.
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Entrevista: máquinas terão consciência até 2020, diz futurólogo
http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2007/10/03/idgnoticia.2007-10-02.5202464661/
Entrevista: máquinas terão consciência até 2020, diz futurólogo
Por Peter Moon, especial para o IDG Now!
Publicada em 03 de outubro de 2007 às 07h00
Atualizada em 03 de outubro de 2007 às 10h56
E-mail Imprima Comente Erros? del.icio.us Digg a a a
São Paulo - O futurólogo da British Telecom, Ian Pearson, prevê advento de máquinas inteligentes e conexão do cérebro com a internet.
Você pode não concordar com ele. Pode mesmo não acreditar em nada do que ele diz. Mas a British Telecom acredita. Ian Pearson é o futurólogo de plantão da BT, a gigante de telecom do Reino Unido.
Pearson é pago para imaginar aonde as tecnologias atuais irão nos levar. Inteligência Artificial, modificação genética do ser humano, vírus inteligentes, civilizações imaginárias, a Second Life 10.0 e cenários terríveis como o do Exterminador do Futuro fazem parte do vasto leque de possibilidades na mira deste cientista.
De posse de novas informações, todos os anos ele atualiza a sua Linha Tecnológica do Tempo, onde se lê que a seleção inglesa de futebol irá perder para jogadores robôs em 2051.
Nesta entrevista exclusiva feita por telefone desde Londres, onde mora, Pearson fala sobre o seu ofício, pondera sobre os problemas para entender as máquinas inteligentes quando estas surgirem, e alerta para os grandes dilemas ético-morais decorrentes do avanço tecnológico que a humanidade terá, mais cedo ou mais tarde, que enfrentar.
Por que a BT tem um futurólogo?
Ian Pearson – A BT usa o termo futurista. É um termo mais internacional. Futurólogo é particularmente britânico. Gostamos de pensar que contar com futurólogos na BT é como olhar através do pára-brisa do seu carro quando está dirigindo sozinho no meio da neblina. Não se pode delinear uma imagem nítida do que está à frente. Procura-se detectar os obstáculos. Às vezes pode-se confundir uma silhueta à distância, mas poucos entre nós iriam guiar no meio de um nevoeiro sem se importar em olhar através do pára-brisa. Uma visão desfocada é muito melhor do que visão nenhuma!
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