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quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Ódio ao Bolsa Família e “doações” natalinas revelam a cara da “gente de bem”




http://bit.ly/2t7S9Ja


Ângela Carrato nos faz uma apreciação deste momento do País ; contempla as contradições que vão da Roda Viva do Brasil - Roda Gigante do Rio ao Bolsa Família e a miséria como presente de Natal.Sublinha ainda a autora A fome que avança no no nosso solo que a Geografia da Fome de Josué de Castro já nos apontava. Destaca Ângela a questão do ódio como algo imanente ao povo brasileiro , especialmente as Elites, Mídias  e claro o atual governo odiento.



Ângela Carrato: Ódio ao Bolsa Família e “doações” natalinas revelam a cara da “gente de bem”


por Ângela Carrato*, especial para o Viomundo
http://bit.ly/2t7S9Ja



EPISÓDIO 1 – A Roda Gigante do Rio de Janeiro, “a maior da América Latina”, foi inaugurada no início de dezembro. Uma volta de 18 minutos custa R$ 59. Caso a pessoa queira desfrutar a paisagem da cidade vista do alto com sua família e/ou amigos, o giro em cabine exclusiva sobe para R$ 259.

As filas para curtirem as emoções da “nova maravilha” são longas e não se tem notícia de reclamações contra os preços, que equivalem 60% do benefício mensal básico pago pelo Programa Bolsa Família (R$ 85,01).

EPISÓDIO 2 – Desde o início de dezembro, a maioria dos shoppings centers já estava enfeitada para o Natal.

Além do tradicional Papai Noel e dos símbolos natalinos – entre eles as anacrônicas neves e trenós puxados por renas em um país tropical – não faltaram também os espaços para doações.

Em Belo Horizonte, um dos mais sofisticados shoppings criou uma espécie de cercadinho para tal finalidade.

A coisa funciona mais ou menos assim: a pessoa entra no supermercado, compra do bom e do melhor para a ceia de Natal com a família e, na saída, antes de pagar, avista o cercadinho.

A pessoa então dá meia volta, coloca no já abarrotado carrinho de compras um pacote de biscoitos ou uma caixa de chocolate e vai toda feliz fazer a sua doação.

Não falta nem mesmo quem aproveite a oportunidade para elogiar a “ótima ideia” do shopping.

EPISÓDIO 3 – Em meados de novembro, muitos dos atuais frequentadores da Roda Gigante e outro tanto dos que agora fazem doações em shoppings não acharam nada demais em uma notícia publicada pela Folha de S. Paulo.

A notícia, veiculada na coluna Painel, dava conta de que o governo Bolsonaro pretende, a partir de 2020, começar a “desmamar” os beneficiários do Programa Bolsa Família (PBF).

TRATAMENTO INJUSTO E DESRESPEITOSO

Sem citar quem foi ouvido e sem precisar o que é e como funciona o PBF, criado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2004, o jornal da elite paulista que se pretende “ilustrada”, afirma que a ideia é ir reduzindo o valor pago para os beneficiários assim que arranjarem emprego.

Não ocorreu a nenhum jornalista da Folha de S. Paulo ou de qualquer veículo questionar o uso altamente pejorativo do termo “desmamar” em relação aos mais pobres e, menos ainda, perguntar às autoridades econômicas do governo federal quando a tal geração de empregos terá início.

Isso porque a agenda ultraliberal colocada em prática pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, aponta para direção oposta: um em cada três brasileiros em condições de trabalhar está desempregado e a precarização do trabalho avança de forma acelerada.

Igualmente não se viu nenhum leitor da Folha indignado com o tratamento injusto e desrespeitoso adotado pelo jornal e pelo governo contra os mais pobres.

O substantivo desmamar significa, nesse contexto, tirar o hábito, suspender a dependência, como se os pobres fossem os responsáveis pelas grandes mamatas que sempre existiram e voltaram a acontecer com força no Brasil após a vitória do golpe, travestido de impeachment contra Dilma Rousseff, em 2016.

Mamatas que Bolsonaro e sua turma não param de ampliar, ao mesmo tempo em que congelam o salário-mínimo e estão fazendo de tudo para acabar com o Programa Bolsa Família.

MAMATA DAS MAMATAS

Como explicar os gordos reajustes salariais que setores do judiciário tiveram nos últimos três anos, apesar do país estar em crise?

Como explicar que parlamentares, juízes e militares tenham ficado fora da Reforma da Previdência?

Como explicar, ainda, que a Reforma da Previdência dos militares tenha sido, na prática, um novo plano de carreira para o setor, com oficiais tendo reajustes de até 40%?

Como explicar, igualmente, o perdão de dívidas que Bolsonaro concedeu ao agronegócio e aos bancos, sem que nenhum integrante do atual governo e a mídia corporativa brasileira considerassem isso “mamata”?

É importante lembrar ainda a mamata das mamatas, como devem ser chamados os leilões do pré-sal, que têm vendido o futuro do Brasil a preço de banana para empresas multinacionais.

Em dezembro de 2010, no apagar das luzes de seu segundo mandato, Lula conseguiu aprovar o regime de partilha para a exploração do pré-sal, garantindo a atuação da Petrobras como operadora única e partícipe prioritária dos leilões.

Quadro que Dilma tentou manter, apesar da pressão dos tucanos, encabeçada por José Serra.

Foi exatamente nesse momento, em 2013, que as manifestações contra ela tomaram corpo e não pararam mais.

Para Lula e Dilma, o pré-sal era o passaporte para os brasileiros conseguirem uma educação e saúde de qualidade, mas os golpistas jogaram tudo isso por terra.

Aliás, uma das razões para o golpe de 2016 foi exatamente tomar o pré-sal dos brasileiros.

E isso caro leitor, isso não é mera especulação ou opinião. Está documentado. Basta ler o livro de Eduard Snowden, Eterna Vigilância (Editora Paneta, 2019) ou assistir ao filme-documentário de Oliver Stone, Snowden (2016). Para os interessados, o filme está disponível na Netflix.

Em se tratando do governo Temer, é importante não perder de vista que ele, dando continuidade a esse processo, isentou as multinacionais do petróleo, através da lei 13.586, de 2017, do pagamento de uma cifra superior a R$ 1 trilhão.

A lei em questão concede isenções fiscais para empresas de petróleo estrangeiras, provocando perda de arrecadação do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), isso num momento em que os golpistas creditavam ao PT ter “quebrado o Brasil”.

Mas nada disso foi considerado “mamata” pela Folha de S. Paulo ou por qualquer outro veículo da mídia corporativa brasileira.

Todos, aliás, aplaudiram e pediram mais: a privatização da Petrobras, da Eletrobras e do Banco do Brasil.

Recuando-se ainda mais no tempo, é possível lembrar outras mamatas que caracterizaram o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, quando mais de 100 empresas estatais foram privatizadas.

O caso mais grave foi o da Companhia Vale do Rio Doce, vendida por R$ 3,3 bilhões, quando somente as suas reservas minerais eram calculadas em mais de R$ 100 bilhões à época.

Uma vez privatizada, a Vale é a mesma mineradora que já provocou dois crimes ambientais e humanos em Minas Gerais – em Bento Rodrigues e em Brumadinho – e se recusa a pagar as devidas indenizações às vítimas, aos municípios e ao meio ambiente por ela destruído.

A “CASA GRANDE” CONTRA OS MAIS POBRES

Como diria o jornalista Mino Carta, a classe dominante brasileira, que ele prefere chamar de “Casa Grande”, continua tratando os mais pobres como se eles fossem parte da “Senzala”.

Vale dizer: a “Casa Grande” continua achando que pode tudo contra os mais pobres, em sua grande maioria descendente de pretos e de índios, escravizados e dizimados no passado e ainda hoje.

Basta verificar as estatísticas envolvendo a cor e a classe social da maioria dos mortos pela polícia em batidas nos morros e aglomerados das metrópoles brasileiras.

Basta verificar, igualmente, a cor e a situação econômica dos que são alvos de chacinas, no campo, por pistoleiros a mando dos “senhores de gado e de gente” para se perceber o tamanho da discriminação e da desigualdade no Brasil.

Ao contrário do que a “Casa Grande” acredita e divulga, o pobre não é pobre porque é preguiçoso ou incapaz.

O que tem faltado aos pobres brasileiros, na maior parte dos 519 anos de existência do Brasil é condição para se desenvolver. Condição que não faltou aos colonos nos Estados Unidos que, cedo, receberam terras e incentivos para cultivarem sua fazenda ou sítio.

A reforma agrária naquele país tão decantada pelos ditos liberais brasileiros data de mais de 200 anos. A daqui, nunca saiu do papel.

Os Estados Unidos e também os principais países da Europa que, juntamente com o Japão fazem parte do chamado Primeiro Mundo, por mais de três décadas, entre os anos de 1946 e 1980, apoiaram através de uma série de programas sociais, os setores mais pobres de suas populações, no que ficou conhecido como welfare state, o Estado do Bem-Estar Social.

Foram essas políticas de cunho keynesiano (em referência ao economista inglês John Maynard Keynes que as criou) as responsáveis por países como Inglaterra, França, Alemanha e Itália terem conseguido se recuperar bem e rápido da destruição provocada pela Segunda Guerra Mundial.

Keynes (1883-1946) rompeu com a visão de livre-mercado em favor da intervenção estatal na economia, com a principal característica do Estado do Bem-Estar Social sendo a defesa dos direitos do cidadão.

A título de exemplo, entre as políticas colocadas em prática nesses países estavam muitas voltadas à habitação, educação, saúde, assistência social e segurança alimentar.

O ódio que a elite brasileira nutre contra Lula, portanto, está equivocado.

Nem ele e muito menos a esquerda brasileira inventaram o principal programa de renda de cidadania, conhecido como Bolsa Família.

O programa já havia sido criado há décadas pelos principais países capitalistas e se tornado uma das recomendações do insuspeito de qualquer flerte com socialistas e comunistas, Banco Mundial.

Renda de cidadania é parte do receituário do Banco Mundial para se superar a fome, a miséria e o subdesenvolvimento, mas a “Casa Grande” sempre preferiu desconhecer o assunto.

O grande mérito de Lula – e é mérito mesmo – foi o de ter dado forma, cara e a abrangência necessária ao programa de combate à fome no Brasil, que antes não passava de conversa para boi dormir.

GEOGRAFIA DA FOME

Desde o início do século XX que se falava em combate à fome no país.

Fome que foi das grandes responsáveis pelas levas de migrantes que deixavam o Nordeste em direção ao Sudeste e ao Sul por décadas a fio. Essas levas eram antecedidas por secas e sucedidas por farta liberação de verbas por parte do governo federal.

Os donos da “Casa Grande” pegavam essas verbas e o problema continuava, com esses senhores culpando o clima e os próprios atingidos.

Essa situação foi diagnosticada e denunciada pelo médico, cientista político, escritor e ativista, Josué de Castro (1908-1973) ao lançar em 1946 o livro Geografia da fome.

Obra clássica, o livro buscou tirar da obscuridade o quadro da fome no país, ao enfatizar as origens socioeconômicas da tragédia e denunciar as explicações deterministas que o naturalizavam.

Apesar de reconhecido por seu trabalho em todo o mundo, Josué de Castro, um dos primeiros dirigentes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e também embaixador brasileiro junto à ONU, estava na primeira lista de cassados pelo AI-5, quando os militares deram o golpe dentro do golpe, em 1968.

Como Josué de Castro, Lula é pernambucano e se não estudou na universidade os problemas apontados por seu conterrâneo, os sentiu na pele como criança e através de sua família, obrigada a vir para o Sul na carroceria de um pau de arara.

Razões de sobra, portanto, tinha Lula para lançar um programa que não só combatesse a fome como garantisse dignidade e desenvolvimento aos mais pobres.

Mesmo com o reconhecimento mundial que o Programa Bolsa Família (PBF) rapidamente obteve, a “Casa Grande” nunca aceitou a sua existência e, mais do que isso, jamais deixou de combatê-lo.

Desde os primeiros tempos, o PBF foi rebatizado como “Bolsa Esmola” e seus beneficiários tidos como “preguiçosos” e “avessos ao trabalho”.

As mesmas acusações que a “Casa Grande”, no passado, imputou aos índios e depois aos negros por ela escravizados.

CRÍTICAS E PRECONCEITOS

Sou testemunha ocular do jogo sujo que a mídia corporativa brasileira sempre fez com o PBF e com todos que recebem esse benefício.

Durante cinco anos (2006-2010) coordenei a Assessoria de Comunicação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), na gestão de Patrus Ananias.

Quando cheguei lá, a mídia não escondia sua vontade de acabar o MDS, sob o argumento de que as políticas sociais “gastavam muito”.

A título de comparação, a atual folha anual de pagamentos do PBF é de R$ 29,5 bilhões, atendendo a um total de 13,2 milhões de pessoas.

Enquanto isso, a folha salarial anual do Poder Judiciário é de R$ 82,2 bilhões, contemplando um universo de apenas 448,9 mil pessoas.

Curiosamente essa mídia sempre considerou as políticas sociais como gasto e nunca como investimento na melhoria da vida da população brasileira, como são tidas em todos os países minimamente civilizados.

Já o dinheiro que a elite sempre obteve de programas governamentais voltados para a agricultura, pecuária, indústria e comércio, mesmo quando empregados em ações que não tinham nada a ver com a finalidade ao qual se destinavam, jamais foram alvo de críticas.

Basta lembrar os milhões que deveriam ter sido aplicados na agropecuária e na indústria brasileira e viraram apartamentos de luxo em Paris, Nova Iorque ou mesmo sofisticadas coberturas em Ipanema.

Apesar das estatísticas nacionais e internacionais apontarem, ano a ano, para o sucesso do PBF no que ele pretendia – quebrar o ciclo de pobreza inter-geracional, garantir escola e saúde para as crianças das famílias de baixa renda – a mídia brasileira nunca deu trégua em suas críticas.

Ao invés de noticiar e informar sobre um programa que garantia comida na mesa dos mais pobres o ano inteiro, a mídia insistia em tentar encontrar exemplos de corrupção entre os seus beneficiários, a fim de justificar o seu fim.

Como em qualquer atividade, também existia corrupção no PBF, mas ela nunca superou 0,0035 do total dos beneficiários, que chegou a alcançar 13,5 milhões de brasileiros.

A corrupção no PBF é das mais baixas de que se tem notícia no país e no mundo.

Mesmo assim, ela deve ser debitada à atuação de agentes das prefeituras encarregados de realizar o cadastro dos candidatos a beneficiários.

Se o processo começava truncado, não havia como, no MDS, em Brasília, isso ser detectado antes da primeira visita da equipe de saúde à família beneficiária.

A maioria esmagadora da população nunca soube e continua não sabendo disso.

Na época em que o PT estava no governo, o que a mídia mais fazia era insinuar que Lula controlava quem entrava no programa, quando eram as prefeituras de todos os municípios brasileiros, independente de qual partido estivesse no poder, as responsáveis pelo ingresso do interessado no Cadastro Único e, de lá, passar a ter acesso às políticas sociais do governo federal.

A mídia brasileira, aliás, nunca explicou nada sobre o que é e como funcionamento o PBF, limitando-se a criticá-lo sem qualquer argumento a não ser o preconceito alimentado pelas elites contra os mais pobres e contra qualquer governo que tente mudar esse quadro.

O ESCÂNDALO DO FOGÃO E DA GELADEIRA

Em meados de 2008 a campanha contra o BF ficou tão agressiva, com mentiras sendo ditas e repetidas quase diariamente pelos jornais O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, além das revistas semanais (exceção para Carta Capital), que decidi recorrer ao site Observatório da Imprensa, na época, dirigido pelo jornalista Alberto Dines, para que pelo menos uma parcela do público tomasse conhecimento do que estava acontecendo.

E o que estava acontecendo era o seguinte: a mídia inventava casos de corrupção e não publicava os desmentidos que o MDS enviava.

Se não me engano, foi exatamente nessa época que o colunista de Política de O Globo, Merval Pereira, escreveu um texto acusando os beneficiários do PBF de estarem fazendo uma espécie de corrupção com o dinheiro que recebiam ao comprar fogão, geladeira e máquina de lavar ao invés de comida.

O referido colunista, que chegou a falar em escândalo, não tinha sequer se dado ao trabalho de ler o que determinava a lei que criou o PBF. Em momento algum estava disposto o que o beneficiário deveria fazer com o recurso.

Pelas pesquisas de que dispúnhamos, 90% utilizavam o benefício para alimentação, mas alguns casos também se valiam dele para comprar, em muitas prestações, fogões e geladeiras essenciais para o preparo e conservação dos alimentos.

Uma parcela ínfima o utilizava para gerar alguma renda, como no caso dos que compraram máquina de lavar e passavam a prestar serviços em sua comunidade.

Por essas e outras, Lula e o ministro Patrus sempre pensaram em transformar o PBF em uma política de Estado, para que não ficasse ao sabor dos interesses de cada governo.

Só que a correlação de forças no Congresso Nacional nunca ajudou. Naquela época, toda vez que o assunto era ventilado, uma espécie de campanha mais reforçada ainda contra o programa tomava conta da mídia e a ideia acabava adiada.

A presidente Dilma Rousseff deu continuidade ao PBF, enfatizando, através da Busca Ativa, chegar até os pobres mais difíceis de serem localizados e aos que menos conhecem – quando conhecem – os seus direitos: os moradores de rua nos grandes centros urbanos, os habitantes das fronteiras e dos locais quase inacessíveis, além de tribos indígenas e de quilombolas.

Para quem não sabe, os indígenas brasileiros e os descendentes de escravos também têm direito ao PBF.

A mídia, como sempre, nunca mostrou isso ao seu público e manteve o mesmo padrão de criticar e estigmatizar um direito de cidadania.

CARIDADE E ÓDIO

No governo Bolsonaro, que não esconde sua aversão aos pobres, a mídia corporativa brasileira se sente à vontade para propor o que sempre quis: acabar com o que ela considera “mamata”: alimentação e dignidade para quem precisa e interromper o ciclo de pobreza no país.

Isso sob o silêncio cúmplice daqueles para os quais torrar em 18 minutos dois terços do valor mensal do PBF não vale nada. Como não valem nada as doações que fazem a felicidade dos “cidadãos e cidadã de bem” nessa época natalina.

O que esses cidadãos de bem se esquecem é que as pessoas comem todos os dias e o que elas querem não é caridade, mas condições para terem acesso a uma vida melhor.

Para quem não sabe, uma criança que não ingerir a quantidade necessária de calorias por dia até os 7 anos de idade, está prejudicada para o resto da vida.

Depois, essa “Casa Grande” ou essa “elite do atraso”, como prefere denominá-la o sociólogo Jesse de Souza ainda vem falar em meritocracia ou das maravilhas da livre concorrência no mercado de trabalho.

Se depender de Bolsonaro, o PBF em 2020 será tão desfigurado que tende a acabar.

Na prática, ele já está destruindo o programa por dentro, ao reduzir ao máximo o número de pessoas que nele ingressam e ao reduzir e acabar com vários dos demais 19 programas que atuam junto com o PBF, envolvendo o contra-turno na escola para crianças e jovens, qualificação para mulheres e jovens, creches e os Centros de Assistência Social (CRAS).

Para quem rebate dizendo que Bolsonaro agora é a favor do PBF que tanto combateu, a ponto de ter instituído o 13º salário para o programa, isso prova exatamente o contrário.

Prova que ele não entendeu nada. O beneficio do PBF não é um salário que o governo paga a quem é pobre. É um direito que todo brasileiro pobre tem, é um direito de cidadania.

Ao instituir o 13º, o que Bolsonaro quer – e está conseguindo – é jogar os pobres contra os muito pobres, especialmente num país onde a precarização do trabalho cresce de forma exponencial. Mas esse é um assunto complexo, que fica para outro artigo.

Por agora basta pensar apenas, nesse dia de Natal, que a atual política econômica já devolveu o Brasil ao Mapa da Fome da ONU e que os mais de 20 milhões de brasileiros das classes D e E que tinham ascendido à classe C, estão de volta à miséria.

Mas nada disso preocupa as “pessoas de bem”. Elas dormirão tranquilas depois do passeio na Roda Gigante, de fazerem alguma caridade ou de ceiarem com a família e os amigos.

O ódio aos pobres ficará reservado para os outros dias do ano.

*Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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#AngelaCarrato  #BolsaFamíliaNatal 

25 Anos sem Tom Jobim

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

'Conversando con Correa': Cristina Fernández de Kirchner

Pataxó: donde nació la resistencia

Esta es mi tierra - Brasil: Desarrollismo y discriminación



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En Brasil existen 305 pueblos indígenas, con 274 idiomas diferentes de los cuales el 37,4 % de los mayores de 5 años habla una lengua indígena.
El número total de indígenas suma 896.917 personas. Unas 324.834 viven en centros urbanos y 572.083 en áreas rurales, lo que corresponde a un 0,47 % de la población total del país. La población indígena se concentra especialmente en las zonas remotas del occidente, difícilmente accesibles y que desde algunos paradigmas se consideran poco desarrolladas, posturas que cuestionan las oenegés como Survival International.
Estas regiones son la Amazonía, Mato Grosso y áreas vecinas a éstas, puesto que de los territorios costeros están totalmente extintos, ya sea por mestizaje u otras razones. El pueblo indígena más numeroso es el guaraní, con 51.000 integrantes, y sin embargo ha perdido prácticamente la totalidad de su territorio. Durante los últimos 100 años casi toda su tierra les ha sido robada y transformada en vastas y secas redes de haciendas ganaderas, plantaciones de soja y caña de azúcar.
Muchas comunidades viven hacinadas en reservas masificadas y otras bajo refugios de lona improvisados en los bordes de las carreteras. La Amazonía brasileña es el hogar de más pueblos indígenas no contactados que ningún otro lugar del mundo. Según la Fundación Nacional del Indio (FUNAI) se piensa que hay al menos 77 grupos de indígenas aislados en la selva.
Su decisión de no mantener contacto con otros pueblos indígenas o con foráneos se debe, casi con certeza, a los desastrosos encuentros previos y a la invasión y destrucción continua de la selva, su hogar.
La mayor parte de esta población se distribuye en las 698 “tierras indígenas” (106,7 millones de ha), donde reside el 57,7 % de los indígenas. 83 de estas tierras indígenas están habitadas por un número menor a las 100 personas. 28 etnias se encuentran en situación de aislamiento voluntario. La tierra indígena con mayor población indígena es la yanomami, en Amazonas y Roraima, con 25.700 indígenas.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Universidades: herramientas de transformación en América Latina y el Caribe





Nodal -sempre atenta as questões que afetam a formação nossa da América Latina e Caribe.As Universidades possuem papel decisivo na formação do humanismo, especialmente as universidades Públicas que se distanciam do Neoliberalismo faminto de sangue.As Universidades também nos sustentam nosso conhecimento científico com base na nossa própria realidade, sem desprezar os conhecimentos provindos de outros hemisférios, mas coadunando-os a nossa realidade.


Universidades: herramientas de transformación en América Latina y el Caribe

Dolly Montoya Castaño*
por http://bit.ly/3728q0B
“Las universidades y este congreso pueden y deben trabajar armónicamente para que las instituciones educativas sean escuela de virtud, de pensamiento y de acción, proyectada hacia la solución de los problemas nacionales y universales, hija de su tiempo, abierta a todo y a todos, enemiga irreconciliable del enquistamiento y de la anquilosis”. Estas palabras, que expresan parte del carácter, esencia y responsabilidad social de la universidad latinoamericana, fueron mencionadas por el rector de la Universidad de San Carlos de Guatemala, doctor Carlos Martínez, anfitrión del Primer Congreso de Universidades Latinoamericanas realizado en septiembre de 1949.
Ese primer congreso significó el nacimiento de la Unión de Universidades de América Latina y el Caribe (Udual), una organización que en la actualidad reúne cerca de 500 universidades e instituciones de educación superior de 22 países y es reconocida por la Unesco como órgano regional de asesoría y consulta. Esta organización, además de promover el intercambio académico entre sus instituciones afiliadas, ha centrado sus esfuerzos en la defensa de la autonomía universitaria, la libertad de pensamiento, cátedra e investigación como herramientas para la promoción del desarrollo social, económico y cultural de América Latina y el Caribe en condiciones de dignidad humana y justicia social.
Durante la segunda mitad del siglo XX los golpes de Estado, dictaduras y autoritarismos vividos en varios países de la región hacían de las universidades, por la naturaleza libre del conocimiento, escenarios para resguardar la vida y defender la democracia. En aquel contexto, la Udual fue probada en su capacidad para servir como organización de respaldo, mediación y denuncia internacional para la protección de los derechos humanos y la defensa misma de las universidades y los universitarios.
En la actualidad América Latina vive un período de convulsión social, política y económica. En Bolivia, a causa de las controversias y acusaciones en las últimas elecciones; en Venezuela, por la profunda crisis social y el éxodo de millones de hermanos venezolanos; en Ecuador, por la eliminación de los subsidios a los combustibles; en Haití, por la generalizada escasez de alimentos y gasolina; en Chile, porque pese a sus indicadores económicos es aguda la desigualdad, y en nuestro país, por la violencia contra los líderes sociales, el hastío de la corrupción y una extendida crisis en la educación.
Aun con las particularidades de cada país, debemos asumir que hay elementos que pueden ser comunes. Reconocernos como la región más desigual del planeta evidencia parte del problema. La intensidad de las movilizaciones en nuestros países muestra también que las demandas sociales se han acumulado y crecido mucho más rápido que las respuestas paquidérmicas de los sistemas e instituciones responsables en el Estado. Pese al crecimiento económico de la región en la década pasada, los países en Latinoamérica no han logrado garantizar los derechos sociales a la salud, al empleo digno, la jubilación decente y, menos aún, a la educación de calidad para todos.
Este contexto representa un enorme reto para las universidades latinoamericanas como centros de gestión del conocimiento, motor de innovaciones sociales, científicas, técnicas y tecnológicas necesarias para mejorar las condiciones de vida de nuestras comunidades en sus territorios. De igual manera, es una oportunidad para reafirmar la misión universitaria de formar ciudadanos integrales que actúen éticamente y que como profesionales tengan un elevado compromiso social.
Este reto y oportunidad para la universidad latinoamericana ha sido así reconocido por la Udual en el marco de su XX Asamblea General, realizada los pasados 28 y 29 de noviembre. En esta asamblea también se renovó la mesa directiva de la Unión. Como reconocimiento a la Universidad Nacional de Colombia y a su trayectoria como proyecto científico y cultural en la construcción de nación, expresión de una universidad que es socialmente responsable, fui elegida como nueva presidenta de la Udual para el periodo 2019-2022. Considero que esta elección constituye también una responsabilidad para el conjunto de universidades e instituciones educativas en Colombia, para que trabajemos juntas y, acorde a nuestra capacidad de respuesta a los problemas y necesidades locales, seamos ejemplo y apoyo para los países de la región.
Como evidencia, frente al actual periodo de movilizaciones hemos dispuesto los campus de la Universidad Nacional como escenarios de encuentro, diálogo y construcción académica de propuestas sociales para un mejor país. De igual manera, hemos ofrecido nuestra institución como garante y gestora del gran diálogo social que se debe emprender para que, como sociedad, lleguemos a las propuestas y acuerdos necesarios para los cambios sociales que reclama nuestra población. Así, hemos convocado también a nuestra comunidad universitaria a no cesar en la actividad académica de formación, investigación y en el trabajo con las comunidades. No hay mejor escenario para pensar, cuestionar y hacer avanzar a la sociedad que una universidad abierta, en pleno funcionamiento, que —como lo señalaba el doctor Martínez— no se anquilosa, ni se queda quieta.
Es tiempo para que Colombia y toda América Latina confíen en sus universidades como el mejor instrumento para transformar la sociedad. Desde la Udual reafirmamos nuestro propósito de contribuir al desarrollo de una sociedad libre, pacífica y democrática en favor de los ideales de unidad latinoamericana, de respeto a la dignidad humana y de justicia social.
* Rectora, Universidad Nacional de Colombia.
#universidades 

A Google é a gigante norte-americana essencialmente capitalista

(Shutterstock)

Ana de Hollanda por capturas do Facebook
Ana de Hollanda, nossa exministra da Cultura, com base no artigo abaixo (.http://bit.ly/2MjMZQO) nos aponta sérios danos deste gigante faminto americano a serviço do capital.aproveita e fez coptação para a sua derrubada do cargo..Vamos aos textos:



Taí: essa é a Google, oligopólio norte-americano da internet, que defende o uso de informações e obras culturais de terceiros sendo que, quem as produziu não receba nada ou quase nada; é a multi-trilhardária empresa do Vale do Silício que, além de não criar conteúdos, ganha uma quantia incalculável em propagandas, na exibição de produções de terceiros; é a Google que cooptou um pessoal que se apresentava como "de esquerda" para defender o que chamava de "copyleft", por disponibilizar gratuitamente o fruto de trabalhos alheios; essa é a empresa que financiou uma campanha de baixíssimo nível, mentirosa e caluniosa contra quem defendesse os direitos autorais e, no meu caso como Ministra da Cultura, depois de várias ameaças pessoais e chantagens, exigiu minha demissão, a suspensão do anteprojeto da Lei dos Direitos Autorais e a aprovação de um Marco Civil da Internet cheio de regras que favorecem a empresa.

A Google é a gigante norte-americana essencialmente capitalista que, assim como no Brasil, tenta impor seus interesses, sem limites, no mundo todo.
Alguém ainda acredita que a a Google é "left"?
..........................................................................................................................................................................................http://bit.ly/2MjMZQO

Google demite engenheira que criou ferramenta de alerta sobre direitos trabalhistas

Kathryn Spiers entrou com uma reclamação contra o Google no Conselho Nacional de Relações Trabalhistas alegando que a demissão foi injusta


SÃO PAULO – Kathryn Spiers, uma ex-engenheira de computação da Google, foi demitida na semana passada após modificar, sem autorização prévia, uma ferramenta interna nos servidores da empresa para enviar mensagens informando sobre os direitos trabalhistas dos funcionários.

A ferramenta servia, a princípio, para disparar informações sobre a segurança interna da companhia e era uma extensão do Google Chrome exclusiva para funcionários da empresa.

Após a modificação feita por Kathryn, o mecanismo começou, através de pop-ups, a enviar mensagens sobre quais são e como funcionam os direitos trabalhistas dos funcionários. Também chamava atenção para a declaração do Google de que empregados podem se organizar em coletivos para discutirem diversas questões laborais sem sofrer represálias.


Tais direitos foram publicados pelo Google em setembro por determinação de um órgão governamental, que obrigou a companhia a informar seus funcionários sobre direitos laborais.

“O Google não é uma companhia tradicional, colocar um cartaz com a nota na cafeteria não é nem de longe uma maneira efetiva de notificar seus funcionários”, afirmou Kathryn em entrevista ao Business Insider.

O alerta feito por Kathryn aparecia assim que os funcionários visitassem a página sobre a política interna do Google ou o site de uma empresa não identificada envolvida em tentativas de enfraquecimento de sindicatos.

A funcionária, que trabalhava na parte de segurança da informação da empresa, foi suspensa horas após a modificação ter sido descoberta e demitida na última sexta-feira (13).
Reação da funcionária e posicionamento do Google

Na última segunda-feira (16), Kathryn entrou com uma reclamação contra o Google no Conselho Nacional de Relações Trabalhistas dos Estados Unidos (NLRB, na sigla em inglês) alegando que a demissão foi injusta e arbitrária.

A engenheira alega que tinha plena autoridade para usar o sistema interno para alertar os funcionários sobre as políticas internas da empresa e que não esperava ser demitida por isso.


Segundo a empresa, a funcionária foi demitida não por conta do teor da mensagem, mas sim por alterar sem autorização uma ferramenta interna da companhia, o que fere diretamente as políticas do Google.

“A questão aqui é que uma engenheira de segurança usou de maneira indevida uma ferramenta de segurança e privacidade para criar um pop-up que não era sobre segurança ou privacidade”, afirmou uma porta-voz do Google em entrevista à Reuters. “Esta pessoa fez isso sem autorização e sem justificativa do ponto de vista de negócios.”
Quinta funcionária demitida em menos de 30 dias

Em novembro, o Google demitiu quatro funcionários por violarem suas políticas de segurança de dados. Eles alegam que foram retaliados por tentar organizar trabalhadores. Mesma alegação que Kathryn fez ao NLRB.

O Trabalhadores de Comunicações da América (CWA, na sigla em inglês), um grupo sindical dos Estados Unidos, encaminhou uma queixa ao NLBR sobre as cinco demissões consideradas arbitrárias.

Segundo a entidade sindical, a demissão dos funcionários foi ilegal porque teve como objetivo principal impedir os funcionários de reivindicarem seu direito de participarem de atividades organizadas e coletivos trabalhistas.

50 anos da Pedagogia do Oprimido Paulo Freire Recife

Nasce Urmedium, plataforma iraní que combate la censura

El Frasco, medios sin cura: Censurando por la “libertad”

Alicia, eterna 'Giselle

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sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

O caso de Karol Eller é um ótimo exemplo


Foto arquivo -Mauricio Pelegrini
Conheço Mauricio, um ser e tanto, intelectual- UNICAMP - História- Michel Foucault.
Ora em Paris, seu doutorado,  nos brinda com a matéria que capto do seuFacebook :
...........
Texto da Odara Da Matta Soares
É inacreditável como a Esquerda brasileira consegue ser facilmente manipulada e atraída por arapucas e provocações da Direita.
O caso de Karol Eller é um ótimo exemplo de como as pautas LGBTI, e da Esquerda brasileira, não sabem como, nem onde, se posicionar diante de algum dilema moral ou ambiguidade ideológica.
Karol Eller é uma FASCISTÓIDE há anos! Ela está, no mínimo, meia década defendendo ideias e interesses da Extrema Direita Neoliberal. Se posicionando ao lado de Aécio, Cunha, Bolsonaros, Olavo de Carvalho e outras figuras de mesma estirpe. Está, estes anos todos, fazendo discursos anti-minorias, INCLUINDO discursos anti-Feministas e anti-LGBTI. Está desde sempre defendendo Meritocracia, interesses Estadunidenses, discursos pró-armamentistas, enfim, sendo INSTRUMENTO e VOZ de nossos algozes e opressores, tendo se tornado parte integrante deste sistema. Ela não é uma vítima, muito menos é inocente.
"Ain, mas ela levou uma surra"
Diz a Esquerda com bandeira Anti-Fascimo que até ontem dizia que com fascista não se discute, que fascista conversa com o corturno na cara.
"Ain, mas ela é mulher e lésbica"
Então o fato dela pertencer a grupos de minoria isentam ela de ser fascistóide? Agora devemos perdoar opressores e algozes quando estes forem parte de um grupo de minoria social? Pois se sim, isso faz destas pessoas as ARMAS PERFEITAS dos inimigos. Vamos relevar Damares e a Jeanine Áñez Chávez por serem mulheres, ignorando toda opressão que defendem, democracias que derrubam e pessoas que prejudicam. Vamos perdoar Fernando Holiday pelas desonestidades, farsas e posicionamentos dele, pois ei, é negro.
NÃO É ASSIM QUE A COISA FUNCIONA!
"ain, mas ela apanhou por homofobia e lesbofobia"
Será mesmo?
Onde está o saudável Ceticismo?
Estamos falando do CULTO Bolsonarista, os mesmos que orquestraram uma falsa facada pra vencer uma eleição. O mesmo grupo que não tem escrúpulos em culpar os Índios, ONGs e até o Leonardo DiCaprio como responsáveis pelo incêndio que eles mesmos organizaram via Whatsapp. O mesmo grupo que inventa "kit gay", "ideologia de gênero", "marxismo cultural" e "mamadeira de piroca" pra criar medo e alimentar a intolerância no brasileiro. O mesmo grupo que quer te convencer que a Ditadura Militar não foi ditadura, que não se impôs via golpe, mas por revolução popular, e que um torturador é herói da nação. O mesmo grupo que nega racismo, diz que a escravidão foi benéfica pros negros e que a culpa é dos africanos. Enfim, o mesmo grupo que sempre chamou de "mimimi" e "vitimismo" as vítimas de LGBTIfobia, Racismo, Feminicidio, etc. O Grupo, aliás, da qual Karol faz parte e as ideias que defende.
O outro lado desta história conta uma versão bem diferente desta história, sobre uma Karol Eller sobre influência de cocaína e álcool, se passando por autoridade, ARMADA, arrumando treta e começando a briga. Algo MUITO CONDIZENTE com o comportamento esperado e comprovado de Bolsonaristas. Vemos diariamente relatos do tipo.
Entendam a armadilha que a Direita Fascistoide faz pra essa Esquerda deboísta que se acham Cristo e Buda:
1- Eles SABEM que nós vivemos dizendo que "nunca devemos duvidar da vítima"
2- Eles SABEM que dizemos que "não devemos soltar a mão de ninguém"
3- Eles SABEM que os grupos supostamente LGBTI (mas que resumem TUDO à homofobia) não toleram episódios de "homofobia"
4- Eles SABEM que dizemos que Fascistas/Nazistas não merecem pena e que quem se senta com eles é também um deles.
Sabendo de tudo isso, criam uma armadilha (que não é a primeira nem será a última - lembrem do maquiador bolsominion). Ao afirmarem, COM AJUDA DELA (que devo lembrar, senta ao lado dos fascistas), que foi um episódio de Homofobia. Pronto, armadilha montada e todo mundo da esquerda hegemônica cai nela facilmente.
O objetivo? Criar caos e ruptura. O famoso "Dividir e Conquistar", como estratégia.
Aí temos uma CORTINA DE FUMAÇA prefeita.
O incidente não foi - assim espero, mas não duvido - planejado, mas uma vez que ocorreu, está sendo usado perfeitamente com estes objetivos.
Se não ficamos do lado dela, dirão que somos "hipócritas" e demos as costas a uma lésbica "só por ser bolsonarista"
Se ficamos do lado dela, dirão que "pra ajudar lésbica, esquecem que é bolsomibion, mas quando é homem hetero, mesmo arrependido, é culpado e opressor, que, portanto, somos "hipócritas"
Entenderam a jogada? Não importa como vocês se posicionem, eles vencem com o episódio mesmo assim, pois não temem a desonestidade. Pra eles os fins justificam os meios.
Enquanto as Esquerdas debatem se deve dizer "eu avisei" ou ficar do lado da "vitima; Se o fato de ser Fascista precede ao fato de ser mulher ou lésbica, ou se é o contrário; Se devemos acreditar incondicionalmente nela por ser mulher ou se iremos cair no que pode ser mais uma farsa do Culto Bolsonarista, eles estão ali PRIVATIZANDO NOSSA ÁGUA, passando e vetando leis com uso DA BÍBLIA, barbarizando pobres, trabalhadores, mulheres, negros, índios, meio ambiente e muito mais, pra beneficiar a burguesia e seus interesses colonialistas e capitalistas.
Temos que parar de morder estes anzóis que nos jogam.
Temos que parar de acreditar que ser de Esquerda é ser pacifico, zen, namaste, deboísta.
Temos que parar de relevar minorias que traem seu grupo pra se aliarem aos algozes opressores. Essa gente é tão - ou MAIS - inimiga do que os demais.
E a Karol? Aprendeu com o ocorrido? QUE NADA. Agora mesmo ela está usando e sendo usada pelo Regime Bolsofascista pra desacreditar militância feminista, militância LGBTI, e dizer que "Olavo tem razão". Não tem que ficar do lado dela. Ela NÃO É uma de nós, é um instrumento da Direita Conservadora. É disso que devemos nos lembrar.
Texto da Odara Da Matta Soares

O Rio de Janeiro de Lima Barreto

PARA TODOS BOAS FESTAS SEM CONSUMO EXAGERADO



PARA TODOS BOAS FESTAS SEM CONSUMO EXAGERADO-PAZ /AMOR E RESPEITO AO OUTRO COM AS DIFERENÇAS RESPEITADAS-QUE ESTEJAMOS EM SINTONIA COM O HUMANO QUE É TÃO FRÁGIL.
PAZ,PAZ.

Derecho a la vida - Detrás de la noticia

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Crise: espaço e representação


Resultado de imagem para espaço
Pt Wikipedia


Crise: espaço e representação

Profa.Dra.Elza Dias Pacheco – ECA/USP, DR. Paulo Alexandre Cordeiro de Vasconcelos –ECA-USP









“a presença só é presença a distância, e esta distância é absoluta, ou seja irredutível.” M. Blanchot



Resumo
O presente artigo busca discutir alguns pon- tos críticos nas relações entre espaço e inteligência e as novas propostas midiáticas – internet e os projetos de educação, do ponto de vista do imaginário e da cognição, na estrutura inteligente perpassada pela ordem da representação nos valores da escrita, leitura e imagem.







1- Localizando

A crise da representação, desde Nietzsche, é a crise do homem e de seu tempo, inclusive da Escola, e isto é propício para acreditar- mos na Teletopia. Exercício de estratégias do poder sobre o saber e, ironicamente, em tempos de globalização. O espaço é o foco, como lembra Virilio, as distâncias são engessadas a custa de um espaço que se curvou ao tempo. Tende-se a uma confusão entre um espaço do saber em crítica constante, função dialógica, com um espaço da informação ou espaço que colabora na arquitetura dialógica mas que não exonera o grupo presencial, função da política no sentido amplo.. O es- paço do saber é o espaço em que predomina a corporalidade dos sujeitos na soma das diferenças e no tato mais profundo com o real. O espaço do saber é crítico, pois há de preponderar às diversidades para ser inclusivo. O espaço como categoria fundante do homem perpassa suas genealogias, assim como o do corpo. O corpo, do ponto de vista da física, habita o espaço e isto lhe constitui. Assim as idéias de corporalidade e espacialidade se imbricam.
A matéria é também noção genética que constitui o corpo e o espaço. Estar, é constituir-se de matéria numa corporalidade espacial. O espaço é, pois, lugar do corpo,da matéria e nele se constitui o sujeito do conhecimento. O conhecimento é a forma de dizer e constituir o espaço. O espaço, em quaisquer que sejam suas predicações, se constitui na arquitetura do humano sustentado por um duplo da fisicalidade e do psíquico.

O sujeito implicado no espaço, ao conhecê-lo, o faz de modo significativo, na condição de homo-semioticus e daí então atribui sentido, e por assim fazê-lo, procede à marca e apreensão da matéria, corpus de conhecimento. A história da educação é a história do sentido e compreensão do homem, na ordem do valor, ou valores, e sob esta regulação está a sua produção de conhecimento. A história dos saberes se proclamou pela ordem de significação expressiva das linguagens e dos seus discursos respectivos. Fundada estava também a ordem da representação.

A representação é a certidão e o esforço, magnitude humana na consecução do seu projeto da chamada inteligência. Nesta, fundam-se os paradigmas do espaço, do tempo, da compreensão da matéria, do signo, da representação, das linguagens, discurso e conhecimento.
A comunicação, em sua estrutura genética, finca-se na ordem da corporeidade da matéria humana e estrutura inteligente e, filogenicamente, se expressa através da representação discursiva. Tal ordem lhe permitiu adentrar ao campo das próteses midiáticas e, num verdadeiro rizoma, alastra-se com po- tência dialógica, o que permitiu constituir os investimentos midiáticos na ordem de uma mundialização da cultura, da economia, do consumo, construindo suportes para um projeto instrucional. Aglutina-se aqui o real e o virtual como projetos para educação.

Alguns paradigmas que cercam o nosso tema necessitam de apresentação de modo a situá-los para assim criarmos uma seqüência ou decomposição temática do que queremos abordar.

2-A leitura como forma de entender o mundo

Antes de tudo é preciso que entendamos o significado do conceito de leitura e escrita para que possamos mergulhar nas implicações de nosso enfoque. Ler, é antes de tudo dar, dar sentido, propor sentido, perceber, decifrar, interpretar, colher, percorrer, inquirir, reconhecer. A escrita é o alvo da leitura. O campo é o da escrita sobre o qual é percorrido pela leitura.

O mito como estrutura filogênica humana, se estabelece na conjugação dos dois tempos – da Escrita e da Leitura. O mito se estrutura pela linguagem, e como forma de leitura do mundo, deixa rastros de escrita no corpo da cultura. Entendamos aqui, que tanto a escrita como a leitura, se dá no campo do visível, palpável, perceptível, sem necessariamente ser palavra, sem ser reduzido ao seu registro pleno enquanto escrita alfabética.

A escrita é o espaço, em que se deita o mundo e sua colcha de sentidos e significa- dos, tramada nos mais diversos pontos em que a linha do espaço possa convergir e se articular. A escrita é leitura, pois se lê pelo que se dá na visibilidade.O que se faz visível, é o que esta em relação com o dizível, é o que se conecta em visibilidade e ascende ao poder da leitura como escritura. A trama do espaço, da matéria, é a trama da linguagem, constituída nas suas ofertas de liga e trama e estratégia. A linguagem é a que esculpe o campo no espaço e faz a trama do texto. Posta sobre o espaço em matéria, debruça-se o texto para na trama da linguagem ser escritura e leitura, como síndrome de cumplicidade.

O conhecimento ou o saber ou o sabor do outro (numa visão barthesiana) - assim se estriba nas rédeas da representação, mediada pelos estribos da linguagem, tecida na escrita cúmplice da leitura. Todo sujeito do conhecimento se diz pelo seu objeto.Todo objeto pressupõe o sujeito que lhe decifra na representação à qual vive ou se lhe diz.

A representação é uma forma de se fazer apresentar o objeto da materialidade crua do mundo para transversá-lo pela trama do signo, da palavra, etc..e assim outra vez apresentá-lo. A representação é da ordem do sígnico ou simbólico, do real possível e do imaginário.
É através da representação e do triádico – simbólico-imaginário e real – que vai se compondo ao longo do processo histórico as realidades representativas que perpassarão a escritura, seja ele desde a simples escrita, aos discursos híbridos – vídeo, tv, redes – nas suas diversidades textuais ou intertextuais.

Como haveremos de refletir, o hipertexto decorre deste processo, ou seja, de um pro- cesso de representação rizomático, numa visão deleuziana, todavia, em que prepondera a condição dialética perceptiva do escritor versus leitor, ou como diria Barthes, de um sujeito da leitura com desejo de usurpar o lugar do escritor. Este comportamento, tem sido nos dias de hoje, aquele a que se pre- tende o aprendizado pela via da web.

O leitor com força de querer ser o autor, e ai estaria o saber fluido na educação a distância, entretanto, o leitor no sentido amplo, como situamos no início, não se reduz
a um campo sígnico, mas a todos os possíveis campos sígnicos de modo a permitir uma visão de complexidade e de totalidade, de intertextualidades. Reduzir a leitura a um campo é forma de exclusão e de negação do espaço ao leitor – maior sujeito do saber, e sempre autor e co-autor de um projeto coletivo do ser. Reduzir a leitura ao verbal é uma hipertrofia do saber, é diluir um imaginário em frações.

3 -O conhecimento/representação e imaginário

O Co-Construtivismo seja na perspectiva Piagetiana ou Vygotskyana não se furtam em reconhecer a idéia de representação ou do caráter do signo como elementos centrais ao conhecimento.
Piaget partindo do caráter biológico do conhecimento, e assim o faz principiando pelo caráter da ação-motriz enquanto destaque de uma ação mediada pelo corpóreo, parte para outra interface do conhecimento na ordem psíquica e semiótica, em que observa a presença da imitação e sua projeção em uma arquitetura em que se destacam os esquemas e estruturas. Salienta o mesmo que, a inteligência é da ordem bipolar biológica e psíquico-semiótica, e é nesta instância complexa que se instaura a representação e as- sim a comunicação. A imitação para ele é forma prefigurada da representação em que pontuam as condutas mediadas por comportamento sensório- motor.

A imitação na perspectiva de Baldwin, re- vista em Piaget, se faz a partir de um sujeito em sua corporeidade e num modelo, no en- tanto, outro sujeito aparece, para o qual se projeta a imitação simples e diferida, e em ambas, a categoria da presença física é estruturante. Tal conduta permite levar o sujeito ao domínio futuro do conceito de abstração e assim a uma concepção da representação e do virtual.

Há aliás uma concordância entre os co- construtivistas no sentido de que, a representação é elemento construtivo do conhecimento (Piaget, Vygotsky e Wallon). O espaço entretanto, para Piaget, é alvo de considerações para a sua compreensão do que vem a ser a inteligência na sua diversidade complexa, biopsíquica. ( Piaget: apud Francastel-128 :1988).

O espaço na criança é inicialmente “POSTURAL E ORGÂNICO” ou, o corpo , é o seu movimento. Sucede-se a este o espaço projetivo em que ai se encontram os corpos – outros – predicados de qualidades e sinto- mas, o movimento, a constância, entre outros fenômenos. A terceira fase é aquela em que surge a função semiótica do signo, em que através deste a realidade deverá se submeter. Aqui há uma partilha ou submissão do real ao campo do signo, da representação.

O Espaço do desenho infantil, na sua su- cessão de etapas é bem a história da sucessão destes espaços. Para Piaget o espaço é, sobretudo, a ação do que inicialmente representação.
A conquista de um espaço perspectivo é conquista sígnico-lógica, em que demanda os transversamentos de estruturas e esquemas que pervertem a materialidade concreta para adentrar em estratégias do signo nas suas nuances lógico-matemática e assim ascender a um espaço euclidiano.
A leitura das imagens em quaisquer dos seus suportes ajudam a criança a inserir- se nesta fase do espaço medido, projetivo. A imagem, e a imaginação, respectivamente nas formas materiais-imagem figurada e imateriais - imagens mentais, imaginação - permitem promover as estratégias geométricas que representam a realidade. A representação do espaço tridimensional em espaço bidimensional.

Esta última etapa esta na fase da inteligência abstrata ou formal . Agora pensemos, em que medida a escola dá ao desenho, à representação pictórica do mundo, o lugar necessário para entender as estruturas complexas da imagem?
A imagem nos suportes de revistas e de outros meios é calculada matemática e geometricamente , e em que medida isto é explicitado a criança?
Não se trata de apenas produzir um esté- tico, mas compreender as mutações do esté- tico pela ordem dos discursos técnicos que submeteram dia a dia a imagem ao governo da matemática. Ao mesmo tempo como aliar a imaginação ao quadro de novos suportes da imagem se não tivermos o conhecimento destes suportes?
Parece-nos então que na atualidade, medi- ante o reinado do virtual, se dá na estranheza igual, ou seja , sem compreendermos a relação numérica da imagem do mesmo modo que a matemática sustenta as estruturas do espaço em rede.

O Virtual reina e governa desde que a representação se estabeleceu pela ordem do pacto simbólico ou sígnico. Paira sobre nós uma idéia de novo virtual, em que se parece querer desconhecer a tensão dialética entre o real e virtual, ou sobrepor um novo virtual que pretende querer ser mais do que o aquilo que lhe deu potência, o real. As técnicas da representação parecem querer assumir lugar no papel da apresentação, e portanto, do real. Derivação desmedida do poder sobre o saber. Negação perplexa da inteligência ou crise das tecnologias da inteligência artificial.

A Medição cardiaca,d o coração, é o virtual possível em que se estriba a correspondência de freqüência, que permite fazer aparecer faces do que vem a ser a musculatura cardíaca. O gráfico é um flagra de um aspecto, não é o objeto, é o seu flagrar virtual possível.

A página da rede não é a pagus dos antigos mas tem potência para ser espaço, de se- meio, de cultivo de signos, de texto, de sen- tido, de discurso. Espaço de scriptu com potência para a leitura, pois é passível de ser marcada. Linguagem matematizada pelo compasso de digitus em que se freqüentam discursos reduzidos à ordem matematizada dos sistemas rizomáticos. Sistema panóptico da ordem sistêmica. Assim fomos do cálculo grego à sua arquitetura, da eletricidade nervosa ao vampirismo da imagem ôntico elétrica.

O espaço da rede recobre o social diante do que ele é em síntese: o representacional possível que ele entorna mas não se con- funde ao social. A rede é veiculo, faz uma veiculação, transporta, mas não é o visível do concreto material social.

Tal confusão faz-nos pensar numa igual contradição em que se pensa o tempo sobre o espaço, quando o tempo está para o es- paço e não sobre o mesmo. Pensamos pois que a inteligência artificial que formula um rizoma é mais uma das técnicas de representação, ou uma metáfora, do espaço, todavia, sempre lembrado como resultado da constância da inteligência humana praticada, estruturada numa corporeidade orgânica.

Antes de mais nada não nos pomos aqui como apocalípticos, mas como consumido- res críticos de uma nova história que se es-

4- Representação: rizoma / inteligência / virtual

A inteligência para Piaget é, sobretudo, a soma de constructos mentais em formas de equilibração, ou seja, o caráter da reversibiidade que nada mais é que a possibilidade de saber proceder num retorno ao ponto de início. É entender o deslocar no equilíbrio de ir e vir mentalmente, um desconstruir e reconstruir. O sujeito inteligente é o sujeito tocado, afetado pelo mundo na conformidade interna biopsíquica em que se processa o conhecer mediado pela lógica da ação ajustada nas linguagens. O caráter da inteligência é como o do rizoma, que por todos os lados se entra, se liga, se estrutura e se estende, se conjuga. A inteligência é múltipla, diversa, é tecida pela rede de conhecimentos, de compreensões do possível imaginável, da possibilidade de ser de modos diversos apresentado- reapresentado.
As linguagens, através da ferramenta sígnica, permitem a representação que é sem- pre da ordem do virtual. O virtual, já nos lembrara Deleuze - “não se opõe ao real, mas somente ao atual. O virtual possui uma plena realidade enquanto virtual” (Deleuze 1988:135). A representação é da ordem do código que a apresenta, e mais, ela o é pelo seu pulso virtual, ou seja, pelo poder de não sendo a mesma que a realidade que corres- ponde ela é a sua possível re-apresentação, correlação.
A pintura e o retrato não são a realidade, da mesma forma que, a representação dos batimentos cardíacos, suas curvas, não são escreve em outro estilo e que nos cumpre enquanto participes deste tempo repensar esta escritura. Aqui nossas considerações ficam endereçadas a uma perspectiva da criança em formação, em termos de crianças em situação de ensino fundamental.

5- Comunicação: rede-educação 

A comunicação está pois hoje, e é sobre- tudo o que se diz, nas próteses, portanto, na rede. Esta por sua vez sustenta-se numa espacialidade da imagem, assim, sua redução é primeira ao campo do visível em movimento que no e pelo movimento em luz, diz-se tornar mais comum ou mais expandida, alcançando a diversidade nas práticas das interfaces.
A comunicação aí é vista muito mais como informação, a comunicação fica assim presumida pela ordem da síntese em suporte e densidade discursiva. A educação pensada pela educação a distância, isolada do mundo presencial, é da ordem do visível pronto na sua sintaxe presumida de uma didática adestradora, exaurida na repetição do visível. Isto é demanda válida, todavia, com senões para efeito de uma educação formadora infantil.

O desejo na educação a distância excluindo o presencial, solapa o critério da representação para pretender ser a apresentação do mundo, pois em assim sendo derrapa, visto que é apenas ferramenta da representação.
Se a comunicação presume sempre o cálculo da entropia, re-traduzir a educação presencial ao campo dos instrumentais a distância deve ser ponderado. São bem-vindas as ferramentas e próteses que nos permitem aumentar o poder do imaginário, da comunicação e das ferramentas para educação, mas trocar a ferramenta pelo objeto ao qual ele produz é equivocar-se de igual forma entre os espaços do sujeito e de outro lado seu objeto. É a traição da inteligência por si mesma.

Não se deve confundir ato e potência como se percebe de igual modo ao afirmar a web como zona proximal na perspectiva vygotskiana. Antes de tudo a perspectiva de Vygotsky se dá em cima da competência da escola, portanto do ensino, isso quer dizer que sempre o social há que ser mediado pela interveniência do professor instrutor. De outro modo, é entender que no campo do conhecimento como fruto das relações so- ciais, há um espaço real construído imaginariamente pelo sujeito, há um outro com potência para ocupar este espaço imaginário do sujeito entendido como real e que, entre es- tes dois, funda-se um espaço proximal onde se dá a mediação. Entendamos que a mediação é sempre simbólica, portanto, é um processo de semiose, ou seja, de caráter absolutamente humano. A zona de desenvolvimento proximal é portanto zona colaborativa;

... de acordo com Vygotsky, para ob- ter uma avaliação abrangente do funciona- mento cognitivo de um indivíduo é necessário que nos ocupemos da atividade colaborativa e investiguemos esse tipo de atividade em que o indivíduo mais competente (adulto) “conduz” ou “medeia” o desenvolvimento do aluno. A investigação dessa atividade cola- borativa( na zona de desenvolvimento proxi- mal) jogará um facho de luz sobre a natureza das estratégias cognitivas do aluno e sobre aquelas funções que estão prestes a se de- senvolver( e que podem estar presentes tanto na atividade colaborativa como na assistida) (Daniels:237:1994).

Deste modo, pensamos que a web sendo uma ferramenta e signo pode ser potência para nascimento de uma zona de desenvolvimento proximal, tendo a mediação de um tutor, professor que conduza o fato a uma re- flexão cognitiva, não em um espaço virtual, mas em um espaço “real”, portanto presen- cial e vivo.

A educação, o ensino, antes de qualquer coisa é procedimento de seqüência, para li- dar não só com os saberes, erguidos em feixes disciplinares, mas para erigir a condição do humano, na sua arquitetura inteligente - que aglutina, para discutir.

A web-internet tem potência discursiva, mas não se confunde com o ato. O ato é a própria inteligência do sujeito que se erigiu a milhões de ano no projeto ontogenético hu- mano, a tecnologia por excelência, que propiciou criar suas próteses como a inteligência artificial
Assim, a máquina – o computador – traduz-se numa ferramenta de atalhos, de capacidade informática de forjar procedimentos inteligentes, de cálculo, e tem em suas conexões potência como hipersigno que é para promover o ensino-aprendizagem. Todavia, pensamos que tal ferramenta não dispensa, em situações de crianças e jovens, de estar provida de uma tutela, de instrutor /professor que permita, inclusive dialogicamente, adaptar, atualizar, repropor, situações significativas, tirando assim maior proveito na capacidade inteligente do aluno, bem como operando no potencial máximo da máquina enquanto ferramenta de mediação do conhecimento.
Barbero e Rey chamam atenção para o fato desta nova sociedade da informação invadir nosso meio, salientando então a necessidade da escola em inteirar-se, atualizar-se destas mediações, ou seja, assumindo esta “tecni- cidade midiática como dimensão estratégica da cultura”.(Barbero e Rey:47:1999)

6 -Tecendo alguns argumentos conclusivos

Já não se pode negar que o computador enredou o mundo, tomou a escrita, no sentido amplo, e sublinhou o texto escritural. A racionalidade técnica está forjando um tempo novo. Há uma nova espacialidade constituída, onde se incrementam cada dia supor- tes /interfaces que buscam a aproximação do mundo numa rede, mesmo com tantos excluídos.
Mas, se a escrita-verbal, ainda faz também excluídos, ela já é o suporte instituído a milhões de anos. Em sucessão, a imagem cinematográfica e videográfica/televisiva apor- taram e adentraram a nossa cultura. Esta- mos em um tempo da cultura do consumo da imagem instituída no mundo. O imagi- nário nosso está adestrado por esses dispositivos técnicos, que no fundo também estão inseridos no imaginário da imagem, a trama da fantasia, a lógica do hiper-real. Por outro lado, no imaginário humano, linca-se com a ferramenta de novas simulações, caso das máquinas computacionais.

Constitui-se assim para a escola motivo de pensar esta prótese como todas as outras, desde o livro, de modo a melhor estabelecer uma reflexão crítica sobre esses dispositivos e inseri-los quando conveniente for, sem que com isso aderir por aderir. É incontestável pensar aglutinar, ajustar tais próteses, mas dentro de um quadro reflexivo da educação, pois esta tem como dever refletir o novo. A escola é espaço social e do saber, portanto tem responsabilidade para com a sociedade em expor sua reflexão, vez que a ela a sociedade entregou o papel de realizar o processo de formação do sujeito.

Entendamos aqui, escola, como espaço dialógico entre professores/ alunos e seus técnicos outros, e mais, junto à comunidade que a freqüenta.
Se caminharmos de modelos interativos na educação ao participativo, poderemos caminhar para o modelo cooperativo de modo à sempre prestigiar o conjunto-professores/ alunos/ técnicos/ sociedade. Buscaremos pensar até a nuance de um novo espaço de aprendizagem, a sala de aula mais ampla, co- laborativa, mas jamais sem pensar o fator dialógico como aquele pensado em Vygotsky no âmbito da zona Proximal.

A didática tem profunda responsabilidade em tal empreitada até mesmo para esclarecer os caracteres das relações interativas que se manifestam nas relações homem-máquina. Assim se coloca Cunha Filho e Neves ao manifestar suas análises semióticas sobre o ciberobjetos e os hipersignos, em que denunciam a falsa redução a apenas a qualidade ativa dos objetos, quando na verdade também se presentificam na rede situações de experiências digitais de quase passividade.(NEVES et alli:2000)


7 -Bibliografia

BARTHES, Roland. A aula. Trad. Leila Perrone. São Paulo: Cultrix, 1983
DANIELS, HARRY(ORG) Vygotsky Em foco- pressupostos e desdobramentos. Trad E.J.Cestari e M.S.Martins. Cam- pinas, SP: Papirus Editora, 1994.
DELEUZE, Gilles e Feliz Guattari. Mil Platôs-Vol1–Trad A.G.NetoeC. Pinto Souza.São Paulo: Ed.34, 1995.
DELEUZE, Gilles.Diferença e Repetição. Trad L.Orlandi, Roberto Machado.Rio de Janeiro: Graal,1988.
FRANCASTEL, Pierre.A realidade Figura- tiva. Trad M.A.L.Barros. São Paulo: Perspectiva, 1982.
LEVY, Pierre. O que é virtual. Trad. P. Ne- ves. São Paulo: Ed. 34, 1996
LEVY, Pierre Cibercultura. trad C.I.da Costa.São Paulo: ed.34.1999.
LEVY, Pierre.Tecnologias da Inteligência. Trad C.I. da Costa.São Paulo: ed 34,1993.
MARTIN-BARBERO, Jesus e Germán Rey. Los Ejercicios Del ver. Madrid: Ger- disa,1999.
NEVES, ANDRÉ et alii (org) Projeto Vir- tus: educação e interdisciplinariedade no ciberespaço. Recife: Editora Uni- versitária UFPE;São Paulo: Editora da Universidade Anhembi Morumbi,2000.
PACHECO, Elza Dias. TV e criança: pro- dução cultural, recepção e sociedade. (Espanha), trabalho de pós – douto- rado realizado na Espanha, São Paulo, Eca/Usp, 1992.
PIAGET, Jean e INHELDER, Barbel. A psi- cologia da criança. Trad. O. Cajado. Rio de Janeiro, Ed. Bertrand do Brasil, 1989.
PIAGET, Jean. Psicologia da inteligência. Trad. N. C. Caixeiro. Rio de Janeiro, Zahar,1983 a.
VIRILIO, Paul. O Espaço crítico.Trad. P.R. Pires. ao Paulo: Editora 34, 1993.
VIRILIO, Paul. A Bomba informática.Trad L.V. Machado.São Paulo: Estação Liberdade, 1999.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Trad. J. C. Neto, L. S. M. Bar- reto e S. Cafeche. São Paulo, Livraria Martins Fontes, 1984.
VYGOTSKY, L. S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. in VYGOTSKY, L. S., Luria, A. R. & LEONTIEV, A. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Trad. M. P. Vilalobos. São Paulo, Ícone – Editora da Universidade de São Paulo, 1988.
WALLON, Henri. Do ato ao pensamento. Trad. J. S. Diniz. Lisboa, Moraes, 1979 a.

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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Na ponta do meu lápis tem apenas nascimento- MANOEL DE BARROS dizendo Paulo Freire




ELTON L.L. SOUZA FLAGRA FACE


"A justiça social tem que vir antes da caridade", ensina o educador Paulo Freire. Em seu método de alfabetização de adultos, Paulo Freire ensina algo que muito lembra Espinosa: o educador deve aprender com os educandos conhecendo-os não apenas como educandos, mas como agentes construtores da realidade em que vivem. Assim, o autêntico educador deve conhecer seus educandos não como objeto, como faz a douta academia, e sim como agentes que dão sentido ao mundo em que vivem. Mesmo que não saiba ler ou escrever, um homem dá sentido ao mundo em que vive por intermédio de palavras-ferramentas, as quais Paulo Freire chama de “palavras-geradoras”. 
As palavras-geradoras não vivem em livros ou dicionários, elas vivem no enunciado singular do homem no mundo. Assim, quem quer ensinar tem que aprender a ouvir tais palavras na fala social e coletiva. O professor é aquele que põe livros em sua fala, ao passo que o educador é aquele em cuja fala também se encontra a fala daqueles que com ele vieram aprender mais do que lições de livros.
As palavras-geradoras, autênticas palavras-potência, desenvolvem e explicam o sentido que nelas está implicado. Pois elas não são apenas palavras, elas são também ideias, percepções, cantares, repentes, sons ancestrais... As palavras do dicionário , ao contrário, são palavras-poder : elas não geram, elas apenas roubam a fala singular para impor uma fala abstrata, a fala sem gente da gramática . 

O sentido das palavras-geradoras não é apenas gramatical, pois elas estão umbilicalmente ligadas a um modo de vida, e nunca um modo de vida é apenas gramatical. Assim, a verdadeira pedagogia também é exercício ético da política, como pedagogia da autonomia. A palavra-geradora me lembra as palavras geradas do lápis do poeta Manoel de Barros, que dizia: “Na ponta do meu lápis tem apenas nascimento”. O contrário da palavra-geradora é qualquer uma que, mera palavra-destruidora, venha da boca de um fascista.