REDES

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

A deriva medieval da Internet


Por Max Read, na New York Magazine | Tradução: Antonio Martins Imagem: Camponeses pagando tributos a seus senhores, xilogravura do século XV

A matéria que OUTRAS PALAVRAS( http://bit.ly/2E7rBty) nos brinda faz-se necessária para vermos outros pátios,campos, espaços a que estamos submetidos,num beco sem saída.Voltamos ao medievo quando os camponeses se submetiam aos senhores donos da terra;hoje estamos envolucrados ao ciberespaço que já se conjumina ao espaço físico e somos escravos ao pensamento e desejos, ou seja,ao mando do poder.Nossas vidas estão aprisionadas.O poder sabe de nós e assim como diz o autor da matéria Max Read:" A estrutura da internet aponta para um arranjo que Bruce Schneider, um especialista em cibersegurança, chama de “feudalismo digital”. Por meio dele, os grandes proprietários – plataformas como o Google e o Facebook – estão se tornando nossos senhores feudais, e estamos nos reduzindo a seus vassalos.." O desejo de visibilidade ao aparecer na web(,ou melhor dizendo: há uma imposição de para SER, há que ESTAR),todavia ocorre   o contrário somos invisíveis pois apagaram nossas faces ,somos mascarados numéricos num algoritmo  que o panopticon nos põe algemas,nas patas e olhos.Somos servos obedientes.Estamos numa ditadura do mundo digital.A democracia desapareceu o que contadiz aquilo que Pierre Levy propunha,nos seus argumentos de suas obras.A Ágora de Levy é falsa. Pierre Levy-Paradoxos da comunicação.
 Paulo Vasconcelos

Abaixo matéria:  



A deriva medieval da Internet

Senhores a quem entregamos a riqueza de nossos dados. Programas e objetos “encantados” que comandam nossas vidas. O conhecimento comum controlado, como na Inquisição. “Novas” tecnologias ameaçam conjurar vasto retrocesso
No final de agosto, um barco de velas pretas apareceu no porto, carregando uma visionária de 16 anos, uma garota que navegara do norte distante através de um grande oceano. Uma multidão de moradores e viajantes, encantados por suas profecias, reuniu-se para lhe dar boas vindas. Ela viera para falar às nações da Terra, para advertir-nos de nossas vaidades e da catástrofe que se aproxima. “Havia quatro gerações saudando-a e dizendo, em cânticos, que a amavam”, observou o escritor Dean Kissick. “Quando ela pisou em terra, pareceu algo messiânico”.
Não posso ter sido a única pessoa a sentir que estava vivendo, estranhamente, nas páginas de um épico fantástico, no momento em que Greta Thunberg desceu em Nova York. Durante a maior parte de minha vida, o paradigma para imaginar o futuro foi a ficção científica distópica. Em cada foto de uma cidade reluzente de neon, em cada história de ciberguerra sem regras e limites, refletiam-se as visões ultramodernas e hipercapitalistas de escritores cyberpunk como Wiliam Gibson, cujo trabalho foi tão influente que moldou a forma como os primeiros arquitetos da internet compreenderam sua criação. Mas onde se encaixaria, no futuro noir e high-tech que me ensinaram a esperar, uma menina profetisa navegando do norte gelado para confrontar os reis e rainhas do planeta? Que conto de ciber intriga corporativa incluiria uma visionária liderando um exército de crianças em marchas pelo globo?
Refletindo depois, percebi que a história lembra menos o futuro cyberpunk de Gibson que o passado fantástico de J.R.R. Tolkien; menos tecnologia e cibernética que mágica e apocalipse. A internet não parece estar nos transformando em sofisticados ciborgues, e sim em camponeses medievais rudes, extasiados por um sempre presente reino de espíritos e cativos de senhores autocráticos e distantes. E se não estivermos sendo impulsionados rumo a um futuro cyberpunk, e sim atirados em algum passado pré-moderno fantástico?
Em minha própria vida quotidiana, eu já me relaciono constantemente com forças mágicas ao mesmo tempo sinistras e benevolentes. Observo de longe, através do cristal, os movimentos de meus inimigos. (Ou seja, eu odeio-e-sigo pessoas no Instagram ou Facebook). Leio histórias sobre símbolos amaldiçoados tão poderosos que tornam incomunicativo qualquer um que os contemple (Ou seja, glifos Unicode que paralisam seu iPhone). Recuso-me a escrever os nomes de inimigos míticos por temer trazê-los a minha presença, assim como os membros de tribos proto-germânicas usavam o termo eufemístico marrom, em vem de urso, para não invocar um deles. (Ou seja, intencionalmente altero palavras como Gamergate quando as escrevo)1. Realizo rituais supersticiosos para obter a aprovação dos demônios (Ou seja, daemons, os programas autônomos de retaguarda sobre os quais a computação moderna se desenvolve).
Esta estranha dança de rituais e superstições irá se tornar ainda mais intensa na próxima década. Graças a smartphones ubíquos e ao cellular dataa internet tornou-se uma espécie de camada sobrenatural instalada no topo de vida quotidiana, um reino facilmente acessível de poder temível, visões febris e batalhas espirituais apocalípticas. O medievalista Richard Wunderli descreveu o mundo dos camponeses do século XV como algo “encantado” – “limitado apenas por uma barreira translúcida e porosa, que levava ao reino mais poderoso dos espíritos, demônios, anjos e santos”. Não soa tão diferente de um mundo em que barreiras literalmente translúcidas separam-nos dos trolls, demônios e ícones pop-star a cujas menções no Twitter, e comentários no Instagram, eu deveria fazer uma peregrinação quase religiosa.
A estrutura da internet aponta para um arranjo que Bruce Schneider, um especialista em cibersegurança, chama de “feudalismo digital”. Por meio dele, os grandes proprietários – plataformas como o Google e o Facebook – estão se tornando nossos senhores feudais, e estamos nos reduzindo a seus vassalos. “Nós vamos abastecê-los com o dados que emanam de nossa navegação, em troca de vaga proteção contra saqueadores que buscam brechas de segurança”. O senso de impotência que podemos sentir diante da justiça algorítmica opaca das megaplataformas – e o senso de mistério que tais mecanismos deveriam engendrar – não teriam parecido estranhos para um camponês medieval. (Uma vez que você tenha explicado, é claro, o que significa um algoritmo).
E à medida em que a internet enfeitice cada vez mais objetos – “smart” TVs, “smart” fornos, “smart” alto-falantes, “smart” vibradores – sua lógica feudal abarcará também o mundo material. Você não possui mais o programa de seu telefone, assim como um camponês não possuía seu lote de terra. E quando seu carro ou fechadura de casa forem igualmente encantados, um senhor distante poderá expulsá-lo fácil e arbitrariamente. Os robôs de assistência ao consumidor aos quais você entregou seu caso serão tão impiedosos e incapazes de perdão como um xerife medieval. Izabella Kaminska sugere, no Financial Times, que no âmbito do controle quase feudal do capitalismo de compartilhamento por seus contratantes, há “potencial para o retorno da estrutura de guildas”. Motoristas de aplicativos, por exemplo, podem, em algum momento, criar um corpo independente credenciador, para garantir a portabilidade dos dados e da reputação entre as “fronteiras” dos “senhores” (ou seja, Uber, 99 ou Lyft), assim como os artesãos usavam o pertencimento a uma guilda como credenciais, no início do milênio passado.
Para onde esta camada de mágica, carregada espiritualmente e organizada à moda feudal, levaria nossa política e cultura? Poderíamos olhar para governantes como Donald Trump, que manejam o poder como um rei absolutista ou um papa caviloso e que fala, como diversos observadores notaram, como um herói grego ou um senhor de guerra anglo-saxão. Ou seja, no estilo fanfarrão e altamente repetitivo da poesia época, característica das culturas orais.
Paradoxalmente, o caráter efêmero e a densidade rala dos textos nas mídias sociais estão recriando as circunstâncias de uma sociedade pré-letrada: um mundo em que a informação é rapidamente esquecida e nada pode ser facilmente consultado. (Como os monges medievais copiando Aristótoles, o Google e o Facebook coletarão e ordenarão o conhecimento do mundo; como a igreja católica medieval, controlarão rigorosamente sua apresentação e acessibilidade). Sob tais condições, a memorabilidade e a concisão – as mesmas qualidades que podem fazer alguém hábil no Twitter – serão mais valorizadas que a força do argumento; e líderes políticos bem-sucedidos, para os quais a verdade factual é menos importante que a perpétua repetição de um mito duradouro, focarão no auto-engrandecimento repetitivo,
Tudo isso, é claro, ocorrerá diante de um pano de fundo de desastre: um mundo natural volátil, em ruínas, estranho e imprevisível em sua força e violência. Está ficando cada vez mais difícil prever o tempo, e os efeitos da mudança climática atiraram no território das dúvidas o vasto conhecimento que tornava o mundo familiar e governável. A natureza aparece para nós como tempestades aniquiladoras, incêndios furiosos, enchentes épicas, uma manifestação literal de nossos pecados terrestres. Presos numa cena pré-letramento, governados por ilusionistas e nepotistas, cativos de senhores feudais, circundados por ritual e magia – é de surpreender que nos voltemos a uma garota visionária, para nos salvar do apocalipse que se aproxima?
1Alusão intraduzível: refere-se a polêmica antifeminista ocorrida nos EUA – ver Wikipedia (Nota de Outras Palavras)

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

A. Fernández posse presidente da Argentina- VEJAM NOVOS VÍDEOS E O OLHAR DE CRISTINA PARA MACRI





CRISTINA APONTA A VERGONHA DO JUDICIÁRIO-LAWFARE SEMELHANÇA AO JUIZO CONTRA LULA, DILMA ETC.LONGO,MAS VALE AO MENOS VER TRECHOS...GENIAL La declaración de Cristina que "NO quieren que veas"

Ignácio de Loyola Brandão-Conversa com Roseann Kennedy -

El Frasco, medios sin cura: El golpe detrás del golpe

LAS MENTIRAS DEL ADIÓS DE MACRI- por Víctor Hugo Morales


segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

POR QUE ESTUDAR BAUDRILLARD ? Paulo A C Vasconcelos

JEAN BAUDRILLARD por wikipedia

Jean Baudrillard: Do Texto ao Pretexto eBook Kindle

Jean Baudrillard: Do Texto ao Pretexto por [Paulo Vasconcelos]

Baudrillard se constitui para algum de nos intelectuais do Brasil, um caso a parte – pensamento diferenciado- pensamento complexo do intelectual preocupado com uma contemporaneidade e, com a crise do paradigma do valor- sua preocupação mais genérica-.Valor aqui entendido em todos seus sentidos.

O meio acadêmico se depara com Baudrillard a partir dos anos 70 e mais intensamente nos anos 80, até porque é a partir de sua obra Sistema dos objetos(1968) – que nos aparece suas reflexões. Seu pensamento sociológico -apresenta um novo desenho epistemológico, dentro da ótica de analisar o social ,pelas filigranas da tessitura do consumo.

Partindo das influencias da Escola de Frankfurt, ele depura seu pensamento na macro estrutura marxista da economia política, todavia indo mais além com Mauss Weblen, Battaille.Seu discurso faz arte de um bloco novo dos anos 6o em que se conjuga o marxismo e a teoria psicanalítica- como foi o caso de Marcuse.

A sua sociologia dialoga assim com outras ciências para melhor entender o sujeito e seu social- na trama que ele coloca o consumo- universo amplo que também ultrapassa a visão apenas econômica , mas se estende numa bipolaridade tônica do real/ imaginário.

A teia em que o sistema produz e manipula os objetos – portanto passam por óticas – da sociologia- antropologia- economia – à psicanálise- esta entendida lacanianamente- sobretudo- o que permite seu exacerbar no uso da lingüística.
Em que pese caminhar de modo bipolar quanto a psicanálise no sentido de tentar desautorizá-la quando a uma série de categorias suas- como principio do prazer, principio da realidade, etc.. Baudrillard é dual ,contraditório, pois se há uma recusa sua recusa , e com isso uma derrubada da mesma, face seu pensamento, isso parece dar-lhe o direito de usufruir de algumas de suas categorias para outro fim, e assim se ajuntar para explicar o social. Aqui se finca seu estilo paratático/parafrásico, delineando seu estilo retórico provocador, as então linguagens intelectuais, sobretudo francesa.

Estudar Baudrillard é, portanto, se deparar com um pensamento novo, polêmico e por mais intricado que seja, desde seu estilo a sua forma de argumentação é interessante adentrarmos ao modo de pensar para observarmos como ele se coloca diante das implicadas querelas e contradições que no social residem. E que nos parece permitir a ele ser também controverso.

O que nos prendeu e prende em Baudrillard é um discurso,que permite pensar de modo interdisciplinar, por mais que isto implique em ruptura e reconstruções epistêmicas , e permita ver de modo amplo a nossa contemporaneidade, bem como, avançar ainda numa perspectiva marxista, sob um olhar novo, diante de um social diferenciado que emerge , e sacode a sociedade. Ao mesmo tempo um pensamento que tenta desestabilizar paradigmas postos , como alguns do marxismo, no uso do valor ligando-a semiologia e a psicanálise, no que concerne ao imaginário – real e o simbólico.

Ao mesmo tempo destaca-se no autor sua forma de envergar o consumo , não só numa perspectiva econômica, mas atrelada a uma visão – -digamos assim do imaginário social, em que o sujeito se enreda por uma trama que , sendo a que o suporta, entretanto , cerca o sujeito enredando-o numa trama mais ampla, em que a possibilidade de se desalienar desta trama, não passa por uma perspectiva do repensar-se isoladamente nem teoricamente apenas mas de retomar coletivamente, em todas a s nuances a ordem da vida e seus valor.

O que é mais interessante no autor, é como ele cerca o consumo, numa visão semiótica, em que os signos não apenas dizem os objetos mas colam- se ao sujeito formando uma segunda pele, o que sem isso não o faz se constituir como sujeito ativo da trama de identidade, mas que agora só se torna exeqüível no e pelo consumo.

Se a perspectiva do signo apreende esse sujeito na sua amplitude de representação , ele também esta retido na trama do seu imaginário num domínio, profundamente denso, em que a sua consciência se esfacela, na sedução das peripécias imaginarias que ao se tornar público , público- comunicável, na e pela linguagem, ou, ao se tornar visível , concomitantemente faz opaco o sujeito e credibilizando a linguagem, faz uma espécie de invisibilidade de si e manipulável na sombra e trama das mesmas visibilidades. Se estas dizem, dizem anonimamente, e sorrateiramente escraviza, na e pela sedução do que foi acreditado.
O corpo e a sexualidade em Baudrillard é um dos álibis, da sedução usadas pelas visibilidades do consumo, que ao atentar para o perceptível ,a fasta o deglutidor da imagem e , agora o sujeito é mais um tragado na visibilidade,.Agora sendo visível, é a anomia, um estereótipo. Na desculpa do ver –ser visível, de acreditar no visível, o sujeito perde sua identidade visível e torna-se uma mutação- numa freqüência repetidora do que não existe, senão estereotipadamente.
Baudrillard ao tomar a perspectiva do corpo e da sexualidade avança em sua obra, para o erótico , sedutor de nossa contemporaneidade , de modo a buscar , nas possíveis e supostas ações da psicanálise a contribuição para consumo exacerbado do erótico.Será?

O corpo, sempre foi cotejado pelas revoluções econômicas industriais ,e agora seria o mais belo objeto, para a sedução do projeto d e manipulação e sedução do sujeito, culminando com a tomada do sujeito pelo consumo, pela des-naturalização do mesmo e sua conseqüente derrocada de identidade.

A obra de Baudrillard , estréia então para nós brasileiros nas suas três grandes reflexões- sobre o objeto- o consumo- e a força do signo, o que na verdade corresponderiam respectivamente aos seus títulos- Sistema dos Objetos- Sociedade do Consumo- Por uma Crítica a Economia Política do Signo.
Estas obras já nos chamavam atenção por essa plêiade de tramas do consumo, e que ao mesmo tempo ele tenta re-argumentar trazendo de modo novo- a semiótica e a Psicanálise ao seu discurso, numa visão de envolvimento com corpo – e o erótico.
Por outro lado, ele não recusando o marxismo, busca uma nova contribuição partindo dos seus novos encaminhamentos reflexivos, e indo mais além em que, chama a psicanálise a semiologia- a falar - a contribuir sobre a exacerbação do consumo, face as estratégias da sexualidade e do imaginário sedutor expostas na visibilidade sígnica.

Para Baudrillard nesta primeira fase de sua obra falar do consumo é ter que falar dos discursos visíveis e neste aspecto não se furtaria a falar da publicidade.
Matéria sobre a qual soube Baudrillard investir com tanta força, de modo a trazer um perfil diferente, crítico sobre este tipo de comunicação, que com ele recebe um estudo crítico denso, e chega mesmo a fazer escola , de modo a que, quem depois de Sistema dos objetos , envereda pelo campo crítico da Publicidade E propaganda inegavelmente deixará de cita-lo, pois sua obra tangiversa a ação da publicidade, refletindo sobre sua ação combinada a outras ações sociais do consumo, ou entre outras pelo desataque que o autor concede para o esplendor social dos objetos industriais , e do poder de sedução das imagens e sua lógica combinada para o consumo e status

A combinatória de suas reflexões em o Sistema dos Objetos e A sociedade do Consumo, permitiu ao grande publico divisar com um autor que na sua densidade de pensar - ou numa reflexão macrocósmica do consumo adentrou para a mídia, a publicidade, e o lazer. A partir de então o autor é incluído no hall daqueles que discutem a mídia, o que a meu ver é estreitar a proposta baudrillardiana. A mídia e a publicidade , são fatos concorrentes para um fenômeno maior do seu pensamento que é a ordem do valor e o sujeito social.


Em que pese tais equívocos o que Baudrillard quer nos chamar atenção é da variantes formas de circulação do valor, e os meios pelos quais esses adentram, e em que medida a mídia não produz sua contribuição á ordem do valor humano, e em assim sendo , rediz valores que não são de outra ordem ,mas que para mais valorar o objeto cria armadilhas ao sujeito de modo que o seduz, e o recobre para indefiní-lo no social.

A indefinição do valor na ordem sócia, em Baudrillard, é algo que se presentifica de ponto a ponto em sua obra, chamando a tenção para a banalização de um pacto humano, que ora , na contemporaneidade opera de forma adversa ao pacto humanista e que com isso ascendemos a fenômenos estranhos, ou na sua linguagem a “fenômenos extremos “ , como o da banalização e entropia do sentido.
Pensar Baudrillard é degustar sentidos e interpretações que ele cuida em resgatar em minúncias colhidas no social, e em que se recusa a acreditar ,pois para acreditar teria que abrir mão da existência aguda que pede coerência e indagação permanente, e como hermeneuta seria desaparecer.

Chegamos ao êxtase da descredibilidade, ou ai reside uma outra ordem indevassada que não temos como aspira-la senão entrando na plena inconsciência do ser perdido, sujeito desmantelado no social.?

Refletir com Baudrillard é perpassar a ordem do exato, para se imiscuir numa outra perspectiva em que ele enxerga um sujeito fragilizado e agonizante.

Desde sua obra - As trocas simbólicas e a morte – 19....;- até a sua obra mais estruturada como corpus de indagação, e refiro-me a Transparência do mal –19.....= o autor explode em gritos para pedir uma definição deste homem contemporâneo, que na visão dele também grita nesta parafernália de proposições e verdades em que ele diz não encontrar coerência.
Por outro lado buscar uma compreensão da obra deste autor é produzir um
mergulho vasto de sua obra sem deixar de contemplar a sua poiesis nos escritos
tidos como não acadêmicos- em que pese o mesmo afirmar que não escreve para a academia- refiro-me aqui as suas obras – COLL MEMORIES I , II E III, ou mesmo seus artigos para o jornal Liberation nos anos-
Pensamos que sua obra poética- no conjunto de suas memórias tem o mesmo viço inquietante sobre a valorização da a condição humana, em que ele traz para um cotidiano mais chão suas indagações existenciais.
Este poeta às vezes se aparenta a poetas do absurdo, mas no que pese assim sê-lo, ele na verdade torna absurdo aquilo que lhe toca pela forma estranha, difícil de ser digerida, enfim, também absurda. Todavia há um Baudrillard claro, manso, no sentido da estética, na conjugação das formas literárias, imprevisível no aproveitamento da literatura , re-significador constante. Denso na verticalização das palavras e da meta estabelecida a poetar.

Baudrillard ascende a um discurso novo que, na verdade, já se prenunciava em suas instâncias teóricas em: A Transparência do Mal, As Estratégias Fatais, Da Sedução e mesmo em América, no entanto chega a tornar-se fatal em suas Coll Memories.

Em Coll Memories I(1992a), Baudrillard nos sacode não só nas entrelinhas mas numa nova figuração poética de seus contrapontos. Suas imagens chegam a uma figuração plástica imaginária como a de um escultor ou performático. Ele chega a ser metalingüístico ao se posicionar sobre a formalidade da obrigação da escritura teórica:

"... nada pior do que esta obrigação da pesquisa, da referencia e da documentação que se instalou no campo do pensamento, e que é o equivalente mental e obsessional da higiene ..." (Baudrillard:1992 a: 99)

Como literatura poética, a densidade da sua afirmativa não carece de contextos argumentativos, aliás fato comum em sua própria produção teórica . Na poesia não poderia deixar de ser mais ainda. A síntese do seu estilo, quer teórica ou poeticamente, faz vibrar um modo diferente de dizer. Sua busca sintética é como uma réplica da desmedida crítica midiática, ou como ele mesmo diz:

"A verdadeira alegria da escrita está na possibilidade de sacrificar um capítulo inteiro por uma única frase , uma frase inteira por uma única palavra; de tudo sacrificar por um efeito artificial ou uma aceleração do vazio." (Baudrillard:1992a: 30)

O poeta Baudrillard é brillhante na sua poiesis tecida na escritura dura, mas simultaneamente doce e densa. Sendo acasalado ao sensível é feitor também do mesmo e consegue poeticamente apontar nos outros, outros teóricos, este mesmo sensível quando assim os flagra. Se discorda deles na sua tessitura teórica, os critica, no entanto não lhes nega a poética ali desnuda. Ao poetar sobre os outros teóricos os enlaça pela estética fazendo alastrar sua sensibilidade e reconhecer as alter-poiesis. Deste modo diz de outros teóricos bramindo poeticamente:

SOBRE ADORNO E BENJAMIM

“-...há uma nostalgia da dialética, em Bejamim e Adorno por exemplo. A dialética mais sutil sempre acaba na nostalgia. Por outro lado, e mais profundamente (em Bejamim e Adorno mesmo_ , existe uma melancolia do sistema incurável e invulnerável à dialética. Ela é que hoje vem à tona por entre as formas ironicamente transparentes...”

SOBRE LACAN

“Lacan tem razão: a linguagem não indica o sentido; ela está no lugar do sentido. Mas o que daí resulta não são efeitos de estrutura, são efeitos da sedução. Não há uma lei que regula o jogo dos significantes, mas uma regra que ordena o jogo das aparências. Mas talvez tudo isso queira dizer a mesma coisa..."

SOBRE BATAILLE, ARTAUD E KLOSSOWSKI

"... há heresias mais paradoxais. A soberania( Bataille ), a crueldade (Artaud), o simulacro ( Klossowski). A sedução.”

SOBRE HEIDDEGGER

"...Se olharmos bem a essência ambígua da técnica, perceberemos a constelação, o movimento estelar do secreto...( heidegger)"

SOBRE FOUCAULT, BARTHES E SARTRE

"... Morte de Foucault. Perda da confiança em seu próprio gênio. Ser uma referência absoluta é o perigo da vida... Sartre ainda morre pomposamente. Barthes e Foucault desapareceram discretamente, prematuramente. A era dos grandes literatos e retóricos que suportavam alegremente a glória acabou...”

SOBRE BORGES

"...Borges e sua face cega de mulher asteca, de velho gatuno da metáfora, diante da qual passam sem comovê-lo, sobre seus olhos abertos, os clarões de magnésio. Os cegos parecem manter a cabeça fora d’água. Mas são dotados para a irrealidade e para a astúcia... Ponha um tigre dentro de sua biblioteca e retire-lhe a visão: é Borges...”

Baudrillard chega a um requinte poético ao tentar se dizer e o faz com o mesmo preciosismo com que sabe re-significar a palavra ou fazer uso astuciosamente, borgianamente, da metáfora, instrumento que ele não divisa poeticamente como simulacro, mas usando-a com o rigor do bom gourmet literário francês:

"...brinquei com a paixão, brinquei com a ternura, brinquei com a ruptura, brinquei com a tristeza. Fiz o máximo na expressão da tristeza, como antes fizera o máximo na aparência da sedução. Às vezes me parece que nada fiz senão dar a aparência das idéias. Mas é de fato a única saída que nos cabe num mundo especulativo sem saída: produzir os signos mais satisfatórios de uma idéia...." (Baudrillard:1992a:27)

Consegue assim, em sua poética, mais dizer e não pede coerência se toda ela é derrocada, se a verdade se relativiza, e aí temos o Baudrillard filósofo puro, nietzschiano, na credibilidade.

Assim pensando, não arredamos o pé de uma contemplação ao pensar baudrillardiano senão também pelo viés de sua poesia, e isto tem sido sua última sistemática literária e é com a poesia, mesmo com A Arte da Desaparição (1997 a), que esta obra é uma apologia a Warhol.

Mas, se então assim pensamos, por uma outra condição do nosso estudo, a metódica, poderemos pela poesia adentrar no universo amplo de seu pensamento.


Assim, pois, como poeta que é, e sobretudo por isso exclama, e não teme que sua retórica e ajustes teóricos se percam de entendimento, pois ele denuncia sua dor do mundo e das indagações:

“Não estou alienado.Sou definitivamente outro.Submisso na a lei do desejo mas ao artifício total da regra. Perdi todo o vestígio do desejo próprio.Só obedeço a algo desumano, que está inscrito não na interioridade mas nas únicas vicissitudes objetivas e arbitrárias do mundo......” o outro é o que me dá a possibilidade de não me reptir ao infinito.(T.do Mal 1990:185)

E assim como poeta, toma outra vez o texto para ser seu pretexto de inconformidade com a vida e até mesmo com o outro paradigma da psicanálise.

ALMAGRO EN SU LABERINTO 07/12/19

História da discriminação racial na educação brasileira - Silvio Almeid...

domingo, 8 de dezembro de 2019

Pepe Mujica. Fin de época

Café Com Boulos | Entrevista Boaventura

Las razones del golpe Tras el Telón - Bolivia: Las razones del golpe

Bolsonaro privatiza tres parques nacionales: incluye el lado brasileño de las Cataratas de Iguazú

http://bit.ly/38dUy50

O bicho privatizou mesmo?
SERÁ?
Breve sera : o AR, A AGUA,O .... A.....

LA REPÚBLICA

Los parques fueron incluidos en el Programa Nacional de Desestatización (PND) a través de los cual el presidente brasileño espera generar nuevos ingresos.
Los parques fueron incluidos en el Programa Nacional de Desestatización (PND) a través de los cual el Presidente brasileño espera generar nuevos ingresos. Este es sólo el comienzo un plan más amplio de privatizaciones, dijo el Ministro de Economía de Brasil, Paulo Guedes.
A través de un decreto el presidente de Brasil Jair Bolsonaro privatiza tres parques nacionales, entre ellos el lado brasileño de las Cataratas de Iguazú. Los parques fueron incluidos en el Programa Nacional de Desestatización (PND) a través de los cual el presidente brasileño espera generar nuevos ingresos. Se trata de los parques nacionales de Lençois Maranhenses (noreste), Jericoacoara (noreste) e Iguazú (sur). Estos espacios naturales paradisíacos podrán ser privatizados y entregados en concesión. Este es sólo el comienzo un plan más amplio de privatizaciones, dijo el Ministro de Economía de Brasil, Paulo Guedes.
El decreto fue publicado por el Diario oficial de la Unión (boletín oficial) el martes y tiene vigencia inmediata. Establece que las empresas que obtengan las concesiones tendrán que brindar apoyo para las visitas públicas. También deberán prever costos y generar acciones de apoyo a la conservación y gestión de los parques. La privatización recae tanto sobre los servicios como la infraestructura, así como la liberación del mercado aéreo a empresas extranjeras. El PDN en el cuál fueron incluidas estas privatizaciones está vigente en Brasil desde la década de 1990. Ese programa fue usado por varios gobiernos para dar en concesión bienes y servicios públicos al sector privado.
A través de un decreto el presidente de Brasil Jair Bolsonaro privatiza tres parques nacionales, entre ellos el lado brasileño de las Cataratas de Iguazú. Los parques fueron incluidos en el Programa Nacional de Desestatización (PND) a través de los cual el presidente brasileño espera generar nuevos ingresos. Se trata de los parques nacionales de Lençois Maranhenses (noreste), Jericoacoara (noreste) e Iguazú (sur). Estos espacios naturales paradisíacos podrán ser privatizados y entregados en concesión. Este es sólo el comienzo un plan más amplio de privatizaciones, dijo el Ministro de Economía de Brasil, Paulo Guedes.
El decreto fue publicado por el Diario oficial de la Unión (boletín oficial) el martes y tiene vigencia inmediata. Establece que las empresas que obtengan las concesiones tendrán que brindar apoyo para las visitas públicas. También deberán prever costos y generar acciones de apoyo a la conservación y gestión de los parques. La privatización recae tanto sobre los servicios como la infraestructura, así como la liberación del mercado aéreo a empresas extranjeras. El PDN en el cuál fueron incluidas estas privatizaciones está vigente en Brasil desde la década de 1990. Ese programa fue usado por varios gobiernos para dar en concesión bienes y servicios públicos al sector privado.
La medida contempla promover la llegada de más turistas al país. Para eso otorgará facilidades en la obtención de visas turísticas a ciudadanos de Australia, Canadá, China, Japón y Estados Unidos. Además establece la contratación del Banco Nacional de Desarrollo Económico y Social (BNDES) para que estudie las concesiones. Esta entidad también deberá llevar a cabo acciones de apoyo para la supervisión de servicios técnicos y la revisión de proyectos.
Según la legislación de Brasil, los parques nacionales son unidades de conservación federal. Esto quiere decir que son áreas naturales creadas y protegidas por el poder público. El uso de sus recursos naturales sólo se puede realizar de forma indirecta.
El Parque Nacional de Iguazú, ubicado en la frontera con Argentina, es internacionalmente conocido por las cataratas del mismo nombre. Es un área protegida de gran biodiversidad, con miles de especies de plantas y unas 400 de aves. Hasta hoy el gobierno de Brasil cobraba entradas para las visitas. La empresa responsable de su cuidado dependía de un órgano gubernamental. Con el decreto el estado se desprenderá de su gestión. Recibe a cerca de 1,7 millones de turistas por año.

Certa vez, um homem navegando com seu balão

NSC TOTAL





Capturas do Face do amigo Ademir Figueiredo


*"Certa vez, um homem navegando com seu balão, por um lugar desconhecido, ficou completamente perdido.*
*Mas ao ver uma pessoa caminhando, reduziu a velocidade e a altitude do balão para 10m., e gritou para aquela pessoa:*
*- Hei, você aí, por favor. Você sabe onde eu estou?*
*E a jovem respondeu;*
*- Você está em um balão a 10 m de altura!*
*Então o homem lhe perguntou:*
*- Você é professora, não é?*
*A moça respondeu:*
*Sim... Puxa! Como o senhor adivinhou?*
*E o homem lhe respondeu:*
*- É simples. Você me deu uma resposta tecnicamente correta, mas que não me serve para nada...*
*Então a professora lhe perguntou:*
*- O senhor é Secretário de Educação, não é?*
*E o homem:*
*- Sou... Como você adivinhou???*
*E a professora:*
*- Simples: o senhor está completamente perdido, não sabe o que fazer, e ainda quer colocar a culpa na professora."*



comentários:

Ronaldo Correia de Brito

sábado, 7 de dezembro de 2019

EVO SE VA DE MÉXICO PARA CUBA POR UM TEMPO

As Benzedeiras de Minas - nossas médicas e psicólogas populares

¿Qué derecha tenemos en América Latina? E a canalhice de Vargas Llosa





Abaixo matéria do canalha esclerosado VARGAS LLOSA,que o grande * ATÍLIO BORON faz menção ,publicado pelo EL PAIS,que mencionou Atilio Boron




O fim de Evo Morales


http://bit.ly/34Y60jg

A Bolívia parecia perdida para a democracia e a legalidade, mas quem apoiava o ex-presidente não sabia do que seu povo valente é capaz em defesa de sua soberania e liberdade






Até quando continuaremos lendo que Evo Morales foi “o primeiro presidente indígena na história da Bolívia”? A frase é racista pois é dita como elogio do personagem, como se ser “indígena” fosse um valor em si mesmo e ressaltasse a condição de Chefe de Estado. E é também duas vezes inexata, já que a Bolívia teve vários presidentes indígenas (alguns ditadores), como o Peru, México, Equador e Guatemala, e basta ouvir Evo Morales falar para saber que não é um índio, e sim um mestiço cultural, como o somos boa parte dos latino-americanos, oportunamente.



Os bolivianos se livraram dele não porque seja “índio” (o que não é), mas porque através de inúmeras armações manobrou para permanecer quatorze anos no poder, contra a Constituição boliviana. E se dispunha, mediante uma grotesca fraude em que a eleição foi suspensa por dois dias pelos membros do Supremo Tribunal Eleitoral (agora presos e acusados pela Justiça), a ficar indefinidamente no Governo, como costumam fazer todos os caudilhos militares e civis latino-americanos. Para o bravo povo boliviano foi demais, e na formidável mobilização que a tentativa de fraude provocou participaram não só todas as classes medias, como também bom número de indígenas, como os liderados por Marco Pumari, e todas as localidades da Chiquitanía do departamento de Santa Cruz, que não perdoam Evo Morales pelos incêndios que devoraram boa parte dessa região amazônica.

Agora, expulsos do país os aproximadamente oitocentos cubanos armados de dólares e de fuzis e um grande número de venezuelanos que serviam como tropa de choque do ex-mandatário, a Bolívia está calma, esperando as novas eleições que tanto a Câmara dos Deputados como a dos Senadores decidiram por unanimidade (sim, unanimidade), com os votos entusiasmados — por favor, acreditem em mim, ainda que lhes pareça mentira — dos congressistas do Movimento ao Socialismo (MAS), ou seja, o próprio partido de Evo Morales. Senadores e deputados decidiram também, por unanimidade, que o ex-presidente não poderá ser candidato nessas futuras eleições pois a Constituição o proíbe. As futuras eleições, organizadas por várias instituições internacionais dentre as quais estão as Nações Unidas, a União Europeia e a Organização dos Estados Americanos, terá, evidentemente, observadores independentes que garantirão a pureza dessas votações.

Então onde está o problema? Está nos vinte e três mortos, a maioria a tiro, saldo dos violentos distúrbios que ocorreram em diversas cidades da Bolívia pela fraude eleitoral que sublevou a população e a levou à rua para protestar. Quem atirou? A acusação de que foram os policiais e soldados ainda não foi provada e há razões mais do que suficientes para afirmar que os partidários do ex-mandatário, especialmente os cocaleiros de Chapare e os moradores de El Alto, militantes do MAS, estavam armados até os dentes (ainda estão) e causaram, pelo menos em parte, bom número dessas vítimas. Espero que os tribunais bolivianos estabeleçam os culpados com precisão e que sejam punidos com duras penas de prisão.
A Bolívia está em acalma, esperando as novas eleições decididas por unanimidade

Ainda que as políticas econômicas de Evo Morales em nada seguissem as do “socialismo do século XXI” (felizmente para os bolivianos), ele era um vassalo fiel e retórico de Cuba e da Venezuela e em seus discursos e pronunciamentos demagógicos enchia a boca elogiando Fidel e Raúl Castro, o comandante Chávez, Maduro, o casal despótico que desonra a terra de Rubén Darío, e lançava impropérios aos “imperialistas” e reacionários” do mundo inteiro. Cuba, Venezuela e Nicarágua estavam felizes com ele, evidentemente, e a melhor maneira de sabê-lo é o desespero desses três países ao descobrir que a Bolívia deixou de ser o dócil aliado com que contavam e que o mais provável é que daqui para frente esse país, recuperada sua democracia, se alinhe ao Grupo de Lima, ou seja os países democráticos do novo continente, que superam em grande número as ditaduras revolucionárias.

Que papel o México desempenhou nisso tudo? Tristíssimo, claro, uma reminiscência atroz do velho PRI que, quando estava no poder, se gabava de ser o país em que todos os perseguidos por esses malvados Governos sul-americanos encontravam asilo, e podiam vociferar à vontade contra seus verdugos, desde que não se metessem com o México, em que o Governo da vez cometia todas as violências possíveis e impossíveis à sombra da cômoda máscara progressista. O Governo de López Obrador se apressou em mandar um avião especial resgatar Evo Morales de seus supostos assassinos e recebê-lo com honras, ele e seu ex-vice-presidente (o Lavrenti Beria boliviano, Álvaro García Linera) e deixá-lo vociferar e caluniar seu país como vinha fazendo, e esconder o fato decisivo, ou seja, que o povo boliviano se levantou contra sua tirania em razão da fraude eleitoral que pretendia realizar, como disse, em um memorável discurso, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, o primeiro dirigente da Organização dos Estados Americanos que, em sua longa história, se preocupa decisivamente por impulsionar a democracia na América Latina.
O problema está nos 23 mortos, a maioria feridos de bala, que se produziram durante os distúrbios

Gosto muito da Bolívia, onde passei quase dez anos de minha infância, e sempre me irritei com os estúpidos preconceitos que encontro por todos os lados de europeus que se atrevem a menosprezar esse país, e a julgá-lo com valores diferentes dos utilizados para julgar os países europeus e sua própria pátria. Evo Morales, por exemplo. Quando viajou pela Europa, exibindo sua famosa chompita e repetindo as idiotices que costuma dizer em seus discursos, quantos europeus os escutaram embasbacados, como se fosse um macaquinho de zoológico e ainda por cima tagarela. Hoje esse secreto racismo explodiu na Europa à direita e à esquerda (principalmente à esquerda), enquanto o povo boliviano se mobilizava contra uma fraude eleitoral e, mais uma vez em sua história, conseguia retirar do poder um ditadorzinho corrompido. Se esse adjetivo parece exagerado aos meus leitores, tenham a bondade de acreditar nos próprios partidários de Evo Morales, ou seja, os deputados e senadores do MAS, que formam a maioria do Congresso boliviano, e que acabam de votar unanimemente a favor de novas eleições, porque reconhecem a fraude eleitoral que iria ocorrer.

A Bolívia parecia perdida à democracia e à legalidade. Não foi assim, graças à coragem e ao arrojo desse povo que, quando eu era garoto e morava em Cochabamba, até mesmo nos carnavais saía às ruas armado de facões, caso fosse preciso. Cuba, Venezuela e Nicarágua se apressaram em acreditar que tinham o povo boliviano em suas garras. Não sabiam do que esse povo corajoso é capaz em defesa de sua soberania e liberdade.




ATILIO BORON es un politólogo y sociólogo argentino, doctorado en Ciencia Política por la Universidad de Harvard. Nació en Buenos Aires el 1 de julio de 1943.

Borón llega a FLACSO como profesor e investigador en los inicios de la ELACP. En la década de los 80 se integra como Director del PLED (Programa Latinoamericano de Educación a Distancia en Ciencias Sociales), y en 1997 es designado Secretario Ejecutivo de CLACSO, cargo que ocupará por nueve años.

En 2004 le fue conferido el Premio de Ensayo Ezequiel Martínez Estrada de la Casa de las Américas, institución creada en el contexto del gobierno socialista encabezado por Fidel Castro, en La Habana, Cuba, por su libro Imperio & Imperialismo.

Es autor de varios libros de ciencia social y filosofía con orientación marxista y con una apuesta política clara de compromiso con el socialismo para América Latina. De sus publicaciones más reconocidas destacan “Tras el búho de Minerva. Mercado contra democracia en el capitalismo de fin de siglo” (2000), “Nueva hegemonía mundial. Alternativas de cambio y movimientos sociales” (2004) y “Consolidando la explotación. La academia y el Banco Mundial contra el pensamiento crítico” (2008).

En 2009 fue galardonado por la Unesco con el Premio Internacional José Martí por su contribución a la unidad e integración de los países de América Latina y el Caribe.

Actualmente es profesor de Teoría Política y Social en la Facultad de Ciencias Sociales de la Universidad de Buenos Aires desde 1986, investigador superior del CONICET (Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas) y director del PLED (Programa Latinoamericano de Educación a Distancia en Ciencias Sociales). Se desempeña también como columnista en diversos medios y conferencista. Actualmente es un intelectual orgánico del Partido Comunista de la Argentina y ha tenido siempre un compromiso político claro, con una vasta trayectoria académica siendo durante 9 años Secretario Ejecutivo del Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales CLACSO entre los años 1997 al
2006.http://bit.ly/33Z2fsp

Joao Brant EnClave Política: BRASIL ATUAL