José L. do Regor por Vacatusa |
José Lins é um autor que fez o chão de uma literatura
brasileira a partir de sua Paraíba-Pilar, terra de Geraldo Vandré também. Seu
nome foi feito a sua época dominada pelos editores do eixo poderoso Rio e São
Paulo , mas lançado foi sucesso-Menino de Engenho-1932.
Sua obra é extensa e vai do romance ao conto e crônicas. Reconhecio
no Brasil e fora pela academia e editores e seus leitores, claro. Vania
Kaasch,professora da Universidade de
Hamburgo fala do autor, em que menciona suas oitivas textuais de qualidades
insuperáveis , na descrição do homem brasileiro e sua vida tostada pelo azedo
do capital, a época a cana de açúcar.
Durante os anos 80 e 90, alguns críticos querendo notabilidade,
desdenharam de José Lins, chamaram a sua literatura de Literatura menor,
contrariando o grande Editor Nacional Jose Olympio. Outros tempos, e quem tem
boca diz o que quer, e quem acredita, faz menor.
Há quem o compare a Proust, o que renego, ele era paraibano,
brasileiro, adotado pelo Rio, mas incomensurável; sua madeleine era um bolachão, soda se preferir, mas tão
gostoso ou mais que o bolinho francês, seu chá o caldo de cana ou o café fraco
açucarado . Um memorialista que ultrapassa isto pelo simples do seu povo, povo
brasileiro, não é apenas do nordeste, mas da barriga toda brasileira.... às
minhas criaturas, aos rudes homens do cangaço, às mulheres, aos sertanejos
castigados, às terras tostadas de sol e tintas de sangue, ao mundo fabuloso do
meu romance, já no meio do caminho....ultima crônica de O Melhor da Crônica Brasileira", José
Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1997, pág. 33.
A fliporto,2013, recentemente homenageou-o, e ,coincidências
a parte em seguida, é lançado a obra Flamengo é puro amor -2013 (), com
crônicas de Zé Lins sobre o futebol e com destaque para o seu lado Flamengo.A
obra foi organizada por Marcos Castro que quer destacá-lo como um cronista do esporte de excelência. Agradecimentos a parte, ZéLins
tinha seu lado futebolístico forte, mas sua oba ficcional é muito, muito além
disto, é um monumento jamais ultrapassado, e ainda não lido como deveria
ser,ele foi um cartógrafo de um País miserável, dos senhores de engenhos, do
nordeste, como os colegas senhores da cafeicultura Carioca e Paulista, tal e qual.
Ele não adornou sua obras, mesmo na crônica esportiva, o
texto seu, ficcional era cruel para
poder dizer da infância ao poder adulto, dos patriarcas e matriarcas do pais.
Da descrição de subjetividades emaranhadas ao capital e desmazelo politico do
brasil, a o encaminhamento dos ex escravos à cidade. Sua obra é uma crônica
etnográfica deste brasil rural. Amigo de G. Freyre fazia as suas confabulações e trocaram
idéias que não se distanciavam antropologicamente.
Mas o fato é que Zé Lins fez a crônica futebolística e a
renovou, sim renovou-a, não ficou no bla-blá de times entre eles, mas de uma
questão nacional, que envolvia, mídia dinheiro e fama. Ele fez criticas severas a um futebol que reina entre São
Paulo e Rio, cariocas e paulistas, ele apontou as mazelas de uma acentuada
profissionalização e as vantagens do capital. Ele inaugurou a moderna crônica
do futebol, e saiu com Mario Filho, filho de um Pernambucano Nelson Rodrigues-
fluminense , renovando o campo da escrita do futebol e trazendo reflexões ate então não feitas pelo cronismo
esportivo.
....
Não quis Mário Filho que encerrasse a minha carreira na
crônica esportiva e me chamou para o convívio do seu jornal. Confesso que já
começava a sentir saudades da coluna que me dera tantos trabalhos e tantas
alegrias. A primeira vaia da minha vida conquistei por causa de uma palavra
mal-interpretada, numa crônica de bom humor. E a experiência da vaia valeu o
“caviloso” pouco conhecido.
A um escritor muito vale o aplauso, a crítica de elogios,
mas a vaia, com a gritaria, as “laranjas”, os palavrões, deu-me a sensação da
notoriedade verdadeira. Verifiquei que a crônica esportiva era maior agente de
paixão que a polêmica literária ou o jornalismo político. Tinha mais de vinte
anos de exercício de imprensa e só com uma palavra arrancava da multidão
enfurecida uma descarga de raiva como nunca sentira.
Volto à crônica com o mesmo ânimo, com o mesmo flamenguismo,
com a mesma franqueza. Nada de fingir neutralidade e nem de compor máscara de
bom moço. Mas só direi a verdade. .....
(7/3/1945)